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AMOR DE SAFIRA E DIAMANTES

AMOR DE SAFIRA E DIAMANTES

Carla Fernanda

5.0
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3
Leituras
2
Capítulo

Um amor verdadeiro é como um diamante, dura pela eternidade, atravessa os tempos. Inquebrantável, verdadeiro valioso.

Capítulo 1 A Segunda Vítima

Andrey Oliveira chegou em sua luxuosa casa na rua Macau furioso, colocou o carro na garagem e subiu os degraus que conduziam ao segundo andar de dois em dois. Uma mulher de cabelos loiros, corpo de violão e rosto de boneca pelos seus vinte e um aninhos que acabara de completar, estava sentada no sofá folheando uma revista de moda e travando uma guerra consigo mesma por não conseguir decidir qual modelito comprar para a próxima festa.

O homem moreno alto, cabelos crespos e rosto um pouco deformado por manchas de acne, impecavelmente vestido, atravessou a sala de visitas em tom bege parando no bar de sucupira da sala de jantar. Se serviu de um copo de wisky , deu um gole na bebida e uma olhada na linda sala com seus móveis de sucupira, mas não viu nada, sua mente estava longe e em seu olhar somente continha o desejo de vingança. Num acesso de fúria, arrancou a passadeira de renda branca da mesa de sucupira de 12 cadeiras, fazendo com que a jarra de cristal contendo lindos lírios fosse ao chão, estilhaçando-se em mil pedaços.

A jovem mulher loira, assustando-se com o enorme barulho que ouvira, jogou a revista de moda que continha nas mãos sobre o tapete persa cinza, indo em busca de respostas para aquela confusão. Somente parou quando se deparou com a bagunça causada por seu companheiro na sala de jantar.

- Ficou louco, sabe quanto me custou este vaso de cristal?

-Não, mas também não me interessa, era meu, assim como esta casa e tudo que nela se encontra, paguei por tudo, inclusive por você, tudo me pertence.

A mulher loira permaneceu calada, teve medo do homem a sua frente que parecia transtornado. Ele foi até a janela, mas seus olhos não enxergavam nem a beleza dos casarões, nem o céu, nem as pessoas alegres que andavam pela bela e antiga Rua do Macau.

-Ela não quis lhe dar mais dinheiro, não foi?

Indagou Silvana.

-Não. E se não bastasse acho que está se relacionando com alguém.

Respondeu ele cabisbaixo.

-E que importância tem isso pra você, não são divorciados?

Ele permaneceu calado olhando o nada.

-Não me diga que descobriu que a ama?

Ele se virou e num ímpeto jogou o copo de wisk em direção a jovem mulher quase a acertando. Em seguida foi em direção a mesma, a segurando com força pelos ombros.

-Você não entende, ela me pertence, eu fui seu único homem e assim continuará a ser. Se ela não for minha novamente, não será de mais ninguém. O meu desejo por ela está acima das minhas forças e você sabe disso.

-Ora, por que não volta para ela então.

-Porque ela não me quer mais, não é como você, que compro qualquer minutos de prazer por uma ninharia.

-Não seja cínico Andrey, você está sentindo falta é apenas do dinheiro e do conforto que tinha as custas da coitada. Está com medo de que Pablo o mate por ter gastado o dinheiro das drogas dele e agora não tem como pagá-lo.

O homem moreno apertou ainda mais os ombros de sua atual companheira, machucando-a.

-Eu não pedi a sua opinião pedi? Responda.

-Não. Respondeu a mulher já chorando devido a dor nos ombros.

-Então fique calada para o seu próprio bem.

Ele a olhou com os olhos de um desejo intenso e enquanto beijava os delicados lábios femininos com violência rasgou a frente do delicado vestido de renda marrom, deixando à mostra o dorso da jovem mulher que soltou um grito e se afastou indo para o outro lado da mesa.

- O que pensa que está fazendo, dando uma de difícil agora?

-Não. Estou cansada, todas as vezes que você a vê me obriga a fazer amor. Tenho pena de você

Andrey, está doente, essa sua obsessão por Sabra só pode se doença, isto não é amor.

Você nunca a amou, sempre roubou o dinheiro dela para sustentar suas amantes e seu vício, a maltratava, a espancava, por isso se divorciaram. E mesmo assim não consegue ficar sem desejá-la?

-Tem três segundos para sair da minha frente ou eu juro que a matarei.

Silvana, assustada, foi para o seu quarto e trancou a porta. Sem pensar, pegou uma mala e começou a colocar suas jóias, roupas e tudo que lhe pertencia e que caberia nesta. Iria embora, não podia mais conviver com tanta violência. Era justo, estava colhendo o fruto do que plantara, tantas vezes humilhara Sabra, além de ser uma das muitas amantes de Andrey.

Antes de sair olhou pela fresta da porta entreaberta do escritório, ele acabara de enrolar um cigarro de maconha e já o estava acendendo. Saiu pé ante pé e assim que ganhou a garagem, correu até o carro e deu a partida. Iria voltar para a humilde casa de sua mãe na cidade de Gouveia. Com o dinheiro que pegara de Andrey e depositara no banco daria para se virar por algum tempo até arrumar um emprego decente.

Andrey ouviu um barulho de carro vindo de sua garagem, saiu na janela e viu que era Silvana partindo. Não se importou, quando ela sentisse falta do conforto que tinha voltaria. E se não voltasse melhor seria, já que tinha outros planos para sua vida amorosa. Tinha problemas mais importantes para pensar naquele momento, devia dinheiro para o chefão do tráfico da região em que morava. Apesar de ser o homem de confiança de Pablo não poderia arriscar, tinha que arrumar o dinheiro que pegara escondido e perdera em uma transação ilícita descoberta pela polícia. Perdera toda a carga de drogas que comprara e agora devia o dinheiro que investiu a Pablo, ou arrumava o dinheiro ou seria um homem morto. Voltou para o escritório e começou a fumar seu cigarro, pelo menos naquela hora se sentia bem, viajando em seus delírios, pelo menos seus monstros não lhe faziam tão mal quanto sua vida.

Ao terminar de fumar ainda se sentia mal, não conseguia parar de pensar em Sabra, em seu olhar em frente ao espelho. Ela estaria pensando em alguém? A última vez que viu aquele brilho em seu olhar fora quando a conhecera, ela era apenas uma menina, tinha 16 anos e era sua aluna de educação física. Foi fácil se encantar por ela. Linda, meiga, inteligente e rica, mas ingênua e foi mais fácil ainda seduzi-la. Seu plano dera certo, quando ela engravidou o pai obrigou-a a casar. Mas Sabra perdeu o bebê meses depois e ele nunca abriria mão de sua mina de ouro. Ela fez faculdade de direito e logo se tornou uma famosa advogada ambientalista, montou um escritório de consultoria jurídica ambiental em sociedade com uma amiga e tamanho foi o sucesso que em pouco tempo tiveram que expandir o negócio, contratar mais advogados e mesmo assim, sempre havia uma lista de espera de clientes tamanho a demanda de serviços. Sendo assim, aos poucos Andrey deixou de trabalhar como professor e passou a viver as custas de sua esposa. Tinha que admitir se no início teve um desejo surreal por aquela jovem, só se casou por comodismo, para ter uma vida melhor, esperava crescer no mundo das drogas e qual maneira melhor do que ser genro do delegado da cidade e marido de uma grande advogada. Mas aos poucos descobriu que seu sogro era um homem muito justo e honesto e as dificuldades do seu mundo de crimes continuaram as mesmas. Então passou a ameaçar Sabra que se caso ela se separasse dele a mataria. Viveu assim por onze anos, mas um dia, após uma briga ela chamou a polícia e o expulsou de casa. Sua menina virou uma mulher e ele já não exercia mais domínio sobre ela.

Sua cabeça girava, um pouco pelo efeito do cigarro, um pouco pela enxurrada de lembranças e ciúmes, precisava de algo mais forte para apagar e esquecer de tudo e de todos. Foi até o cofre e pegando um pequeno pacote contendo um pó branco o abriu, espalhando um pouco de seu conteúdo sobre a mesa e aspirou o mesmo. Deste momento em diante se perdeu

em seus delírios. Quando acordou já era noite, levantou-se tremendo e com a boca seca. Com dificuldade enrolou outro cigarro de maconha e assim que terminou de fumar, já se sentindo melhor, tomou um banho e foi para o computador trabalhar. Tinha que terminar as planilhas de distribuição da nova remessa de drogas de Pablo. Passou toda a noite trabalhando, ou melhor, lutando entre o trabalho no computador e seus pensamentos. Muitas vezes se viu absorto em quem seria o homem que transformara Sabra em outra mulher. Novamente ele viu nela a menina com a qual casara. Quem quer que fosse, ele iria descobrir, e com certeza mataria o crápula que ousara encostar-se àquele corpo que lhe pertencia. Quem quer que fosse pelo menos era mais inteligente do que ele, estava dando a sua ninfa o valor que ele nunca lhe deu. Quando foi para a cama já passavam das cinco da madrugada, às oito horas a campainha tocou e o homem moreno foi obrigado a se levantar e atender a porta. Quando a abriu despertou imediatamente de qualquer resquício de sono e cansaço que ainda possuía.

-Pablo, veio cedo hoje hein?

-Chega de conversa mole, vim buscar as planilhas de distribuição do produto, o pessoal tá impaciente.

-Já está tudo pronto, passei a noite trabalhando nisso. Acompanhe-me até o escritório.

Pediu Andrey.

Pablo acompanhou seu mais fiel comparsa até o escritório. Pelo trajeto foi reparando na bagunça na sala de jantar e olhou para Andrey interrogativo.

-Confusões de ontem à noite.

Respondeu Andrey.

-Silvana ainda está dormindo?

Perguntou Pablo.

-Não, foi embora.

-Como assim, embora?

Indagou Pablo novamente em tom de reprovação.

-Acho que voltou para a casa da mãe. Brigamos ontem e ela saiu sem me falar nada, mas levou todas as suas coisas.

Assim que chegou no recinto decorado em tom cinza, onde se encontrava o computador, Andrey pegou os papéis grampeados em perfeita ordem e os entregou ao homem moreno, de cabelos longos e tatuado. Após Pablo conferir se estava tudo certo se retirou do recinto indo em direção à saída. Só restou ao dono da casa acompanhar seu chefe até a porta de entrada da casa. Antes de sair Pablo deu um aviso a Andrey:

-É melhor que traga Silvana de volta o mais rápido possível, ela sabe demais, e se não conseguir fazer com que ela volte ou para você ou para nós, terei que coloca-la na lista de queima de arquivo.

-Pode deixar chefe, lhe darei uma resposta assim que puder.

-Você não entendeu, a resposta é para hoje. Os negócios estão indo muito bem e não posso correr o risco de que uma criança ponha tudo a perder. Se não tiver uma resposta até a noite a garota desaparece.

Assim que fechou a porta, Andrey caiu sentado no sofá florido da sala. Estava suando frio e seu corpo tremia, só que desta vez não era por falta da droga e sim por medo de ser descoberto pelo desfalque que fizera na conta de Pablo. Quanto à Silvana, o dinheiro que ela lhe roubara ele conseguira transferir de volta para sua conta, mas ainda não era o suficiente para pagar sua dívida. Iria procurá-la imediatamente e se ela não quisesse voltar para ele ou para o grupo, iria eliminá-la ele mesmo. Assim, poderia dizer a Pablo que foi ela que roubara o dinheiro do mesmo e por isso fugira de sua casa.

Uma mulher loira estacionou seu Vectra cinza metálico ao lado da matriz, no centro da cidade. Trajava um vestido estampado de malha até os joelhos, óculos escuros preto e uma bolsa preta a tira colo. Olhou bem de um lado para o outro e atravessou a rua entrando em uma instituição financeira que ficava na cidade de Diamantina. Não ficou na fila onde estavam várias pessoas, foi até o caixa eletrônico, levou a mão dentro da bolsa e retirou a carteira de couro preta. Ao abri-la a surpresa, não encontrou entre os cartões de crédito o cartão de sua conta. Não desanimou, subiu a pequena escada que levava ao segundo andar e procurou pelo gerente. Logo um homem baixo e gordo, vestido impecavelmente de terno e gravata, veio ao seu encontro.

-Bom dia, Sra. Oliveira!

-Bom dia, e, por favor, Silvana.

-Me desculpe, sente-se, por favor.

Disse o homem mostrando-lhe uma cadeira em frente a uma mesa clara com um computador e vários papéis em cima e em seguida sentou-se também em uma cadeira atrás da mesa.

- Em que posso ajudá-la?

- Bem, eu gostaria de fazer uma retirada em minha conta, mas pedir meu cartão. Mentiu a mulher

loira. Ela tinha certeza que Andrey o havia furtado. Era típico dele.

- Tudo bem. De quanto é a retirada?

- Quero retirar tudo.

- Está bem.

- O homem chamado Luis começou a digitar no computador.

- O numero da conta e a senha, por favor.

Após a mulher lhe dizer o que fora solicitado, o funcionário do banco ficou parado por alguns instantes e novamente começou a redigitar os números anteriores.

- Alguma coisa errada?

Perguntou Silvana preocupada.

- Tem certeza ser esta a conta senhorita?

- Tenho, por quê?

-Não consta nenhum saldo.

- Como é possível, ontem tinha 50 mil reais de saldo positivo.

- Sinto muito, vou olhar se teve alguma retirada.

Luiz digitou mais uma vez e olhou para Silvana com um suspiro de alivio.

-Achei o problema, houve uma retirada meia hora atrás. Tem idéia de quem possa ser?

- Sim, meu ex-companheiro.

A mulher loira saiu correndo, nem sequer se despediu do gerente que lhe foi tão educado. Não via nada em sua frente. Entrou no carro e deu a partida, assim que passou na Rua do Burgalhau freou bruscamente quando sentiu o aço frio do revolver em suas costas.

- Continue andando e nem pense em fazer alarde.

- Seu canalha, vou lhe mandar para a cadeia.

- Não existe lei quando se tem dinheiro.

A mulher loira colocou o carro em movimento e seguindo as coordenadas do homem armado, foi para fora da cidade. Andou muito em estrada de chão e só parou quando chegou à cachoeira dos cristais. Desceram e ainda sob a mira do revólver a moça caminhou bem a cima da cascata de águas cristalinas e se embrenharam mato adentro através de uma pequena trilha. Até que ele mandou que parasse e ambos pararam.

- Dou-lhe três segundos para decidir se vai voltar ou não para o Bando.

- Não quero mais participar de toda essa confusão, quero mudar de vida.

- É sua última palavra?

-Sim.

- E se eu lhe der até a tarde para pensar?

- A resposta será a mesma, N- A- O - ~.

- Então não me resta alternativa a não ser lhe dizer A- D- E- U-S.

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