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Capítulo 1
O portão de ferro lentamente com um rangido abafado.
Dois jardineiros conversavam baixo enquanto cuidavam dos arbustos na lateral do jardim. Um outro, mais velho, cuidava das flores que margeavam o caminho de pedras até a entrada principal. Era uma rotina silenciosa, como sempre, para os funcionários.
A casa em si era imponente. Um lugar bonito, mas... sem vida.
E no centro da fachada frontal, havia um enorme painel de vidro. Uma janela que ocupava quase toda a parede da sala de estar, como uma moldura para um quadro vivo.
Atrás daquele vidro, havia um homem.
Sentado em uma poltrona reclinável adaptada, ele parecia esculpido ali. Imóvel. Os braços repousando sobre o apoio, os olhos fixos no jardim que mudava a cada estação: mas ele, não.
Leon.
Seu corpo estava ali, mas sua alma... talvez ainda estivesse no asfalto daquela noite.
***
Dentro da casa, o ar era fresco, silencioso, perfumado com flores, depositadas por vários ambientes, como a lavanda. Tapetes felpudos, estantes alinhadas, quadros emoldurados com sobriedade. Cada detalhe parecia ter sido escolhido para alguém que, agora, já não se importava com nada.
- Quer um café? - perguntou Caio.
Isis balançou a cabeça, nervosa. Seus olhos, inquietos, captavam cada canto do ambiente.
- Você pode deixar a bolsa ali - disse ele, apontando para um banco perto da parede.
Ela obedeceu. Tinha vinte e um anos, a expressão jovem e o olhar firme, mas havia algo nela que ia além da idade. Um cansaço antigo, escondido sob a maquiagem leve e o rabo de cavalo que havia sido amarrado às pressas.
- Eu sei que isso não é um trabalho comum - disse Caio, apoiando-se no balcão da cozinha, de frente para ela. - Mas eu não quero alguém com jaleco branco. Já temos médicos, fisioterapeutas, psicólogos... e nenhum deles alcançou ele.
- E você acha que eu vou alcançar? - ela perguntou, com curiosidade.
Caio olhou em direção à sala, onde Leon ainda estava, imóvel, encarando o jardim através do vidro.
- Eu acho que... você tem algo que ninguém aqui tem. Um jeito. Uma calma. Uma presença. Não sei explicar. - Ele suspirou. - E, sinceramente, estou ficando sem opções.
Isis cruzou os braços, pensativa.
- O que exatamente espera que eu faça?
- Converse com ele. Assista televisão. Leia em voz alta. Coloque música. Leve ele pro jardim. Fale sobre o seu dia, conte histórias... qualquer coisa. Mesmo que ele pareça uma estátua, acredite: ele escuta.
Ela o olhou nos olhos.
- E por que eu?
- Porque quando você entrou naquela porta, ele piscou. Foi a primeira coisa que ele fez em dois anos.
Isis se calou.
O som de um relógio badalando preencheu o silêncio entre os dois.
Caio apontou para a sala, onde Leon estava.
- Ele está ali. E ele precisa de alguém que não tenha medo do silêncio.
Ela respirou fundo, pegou sua bolsa e caminhou em direção à sala. Quando se aproximou da grande janela de vidro, sentiu um arrepio.
Ela parou diante dele.
- Oi, Leon. Sou a Ísis. Fui contratada pra ficar aqui com você. E... bom, parece que temos um longo caminho pela frente. Espero que você não se incomode com gente que fala demais.
Ele não respondeu. Claro que não.
Mas, por um instante, o sol refletiu nos olhos dele... e Ísis jurou ter visto um leve brilho.
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