Minha garganta estava fechando, o choque anafilático tomando conta do meu corpo por causa do amendoim que minha meia-irmã, Kécia, havia escondido no macaron. Mas Jonas não ligou para a emergência. Ele revirou os olhos, me chamou de "dramática" e entregou a pulseira Cartier vintage da minha falecida mãe - a única herança que me restava - para Kécia, apenas para consolá-la. Acordei na emergência sozinha, apenas para descobrir que meu pai havia me vendido para salvar sua empresa. Fui forçada a me casar com Gabriel Salles, o "Príncipe Adormecido", um homem que, segundo rumores, estava em estado vegetativo permanente. Jonas ficou com Kécia, acreditando na mentira de que ela era sua salvadora de infância. Ele não sabia que fui eu quem o salvou anos atrás. Ele não se importava que ela tivesse tentado me matar. Mas no dia do meu casamento, enquanto eu estava no altar pronta para assinar minha vida, meu noivo em coma de repente apertou minha mão. Gabriel Salles estava bem acordado, e ele queria vingança tanto quanto eu. Quando Jonas finalmente descobriu a verdade e invadiu o casamento implorando por perdão, eu o encarei friamente. "Você está invadindo propriedade privada, Sr. Chaves." "Eu sou a Sra. Salles agora."
Minha garganta estava fechando, o choque anafilático tomando conta do meu corpo por causa do amendoim que minha meia-irmã, Kécia, havia escondido no macaron.
Mas Jonas não ligou para a emergência.
Ele revirou os olhos, me chamou de "dramática" e entregou a pulseira Cartier vintage da minha falecida mãe - a única herança que me restava - para Kécia, apenas para consolá-la.
Acordei na emergência sozinha, apenas para descobrir que meu pai havia me vendido para salvar sua empresa.
Fui forçada a me casar com Gabriel Salles, o "Príncipe Adormecido", um homem que, segundo rumores, estava em estado vegetativo permanente.
Jonas ficou com Kécia, acreditando na mentira de que ela era sua salvadora de infância.
Ele não sabia que fui eu quem o salvou anos atrás. Ele não se importava que ela tivesse tentado me matar.
Mas no dia do meu casamento, enquanto eu estava no altar pronta para assinar minha vida, meu noivo em coma de repente apertou minha mão.
Gabriel Salles estava bem acordado, e ele queria vingança tanto quanto eu.
Quando Jonas finalmente descobriu a verdade e invadiu o casamento implorando por perdão, eu o encarei friamente.
"Você está invadindo propriedade privada, Sr. Chaves."
"Eu sou a Sra. Salles agora."
Capítulo 1
Ponto de Vista de Kiara Campos:
O grito que rasgou minha garganta foi engolido pelo rugido da cidade lá fora, mas a dor no meu peito parecia mais alta do que qualquer sirene. Jonas Chaves, o homem que eu amava mais do que minha própria vida, tinha acabado de triturar meu coração até virar pó e, só para garantir, entregou os pedaços para minha meia-irmã.
Passei minha vida inteira tentando ser o suficiente para alguém. Minha mãe, antes de morrer; meu pai, antes de se casar novamente; e então Jonas. Sempre Jonas. Eu achava que o tinha conquistado. Achava que sua frieza era um desafio, sua distância um quebra-cabeça para resolver com meu amor infinito. Eu estava errada. Terrivelmente errada.
Na semana passada, Kécia, minha meia-irmã, levou macarons para a cobertura de Jonas. Eram de pistache, ela disse. Mas eu vi os pequenos fragmentos de amendoim, triturados e misturados ao verde vibrante. Minha alergia a amendoim era severa, fatal. Todos sabiam. Especialmente Kécia.
Jonas, parado ao lado dela, com a mão descansando casualmente na lombar dela, sorriu para mim. Ele disse: "Kiara, não seja dramática. Kécia fez isso para nós. Você vai insultá-la recusando?"
As palavras dele foram como um tapa. Minha garganta apertou, não pela alergia ainda, mas pela humilhação. Os olhos de Kécia, arregalados e inocentes, me desafiavam.
Olhei para Jonas, buscando um lampejo de preocupação, um sinal do homem protetor que eu imaginava que ele fosse. Não havia nada. Apenas aquele sorriso arrogante e desdenhoso. Ele achava que eu estava sendo "dramática". Ele achava que eu estava com "ciúmes".
O macaron tinha gosto de medo e traição. Minha língua inchou primeiro, depois meu esôfago. O mundo inclinou. O pânico arranhou minha garganta, mas Jonas já estava no telefone, não para o serviço de emergência, mas para seu assistente, mandando reagendar uma reunião. Kécia segurava a outra mão dele, a imagem da inocência preocupada.
Acordei na emergência, meu peito queimando, meu corpo fraco. Jonas não estava lá. Kécia não estava lá. Apenas uma enfermeira, verificando meu soro.
"Seu pai ligou", disse ela gentilmente. "Ele está mandando alguém para te buscar."
Meu pai. Não Jonas. Não o homem com quem eu planejava pedir para passar a eternidade comigo.
Hoje, apenas dias depois de sair do hospital, eu o encontrei. Jonas. Não comigo, não vendo como eu estava, mas no Leilão Beneficente da Sotheby's. Ele estava dando lances, o maxilar tenso de concentração, os olhos fixos no palco. E então eu vi. A pulseira Cartier vintage. A pulseira da minha mãe. Aquela que ela usava todos os dias, a que ela amava mais do que qualquer outra joia.
Era minha. Deveria ser minha. Meu pai tinha prometido para mim após a morte dela, mas então Débora, minha madrasta, o convenceu a vendê-la por "caridade", o que significava financiar o novo spa de bem-estar da Kécia.
Jonas venceu o lance. Uma quantia exorbitante. Meu coração disparou momentaneamente. Ele comprou para mim. Ele lembrou. Ele se importava.
Eu quase acreditei.
Entrei na cobertura, um discurso de pedido de casamento ensaiado na minha cabeça, um anel de diamante, da minha avó, apertado na minha mão. Jonas estava perto das janelas do chão ao teto, as luzes de São Paulo servindo de pano de fundo cintilante. Ele parecia magnífico, intocável.
Ele se virou, a caixa da Cartier na mão. "Kiara", disse ele, a voz monótona. "Você voltou."
"Sim", sussurrei, minha voz tremendo com uma esperança que eu agora sabia ser tola. "Eu... eu vim te ver."
O olhar dele oscilou para a pequena caixa na minha mão, depois voltou para o meu rosto, um leve sorriso de canto brincando em seus lábios. "O que é isso?"
"Nada", menti, escondendo rapidamente atrás das costas. Não era assim que eu tinha imaginado. "Jonas, sobre a pulseira... Eu sei que estava no leilão. Você... você conseguiu?"
Ele assentiu, um gesto casual que destruiu meus nervos. "Sim, consegui. Kécia adora joias vintage."
Minha respiração falhou. O ar saiu dos meus pulmões em um suspiro agudo e doloroso. "Kécia?" A palavra foi quase inaudível.
Ele ergueu uma sobrancelha, um aceno desdenhoso com a mão. "Sim, Kécia. Ela mencionou o quanto admirava o gosto da sua mãe. Achei que seria um gesto bonito."
Um gesto bonito? A última memória tangível da minha mãe, um "gesto bonito" para Kécia? A mulher que quase me mandou para o necrotério?
"Jonas", eu disse, minha voz subindo, a compostura cuidadosamente construída se estilhaçando. "Aquela pulseira pertencia à minha mãe. É uma herança de família. Significa algo para mim!"
Ele suspirou, um som longo e exasperado. "Kiara, você é sempre tão dramática. É apenas uma joia. Kécia é sensível. Você a assusta quando fica assim."
Sensível? Kécia? A mestre manipuladora que se fazia de vítima em todos os cenários?
Senti um pavor frio rastejando pelas minhas veias. Não era apenas a pulseira. Era tudo. A maneira como ele sempre ficava do lado dela, sempre racionalizava a crueldade dela, sempre descartava meus sentimentos. Ele não apenas a tolerava. Ele a protegia.
"Jonas", implorei, minha voz falhando, "por favor. Dê para mim. Eu compro algo ainda melhor para a Kécia. Qualquer coisa que ela quiser."
Ele balançou a cabeça, os olhos endurecendo. "Já é dela. Eu dei para ela." Ele fez uma pausa, depois acrescentou: "Por que você é tão obcecada por bens materiais, Kiara? Não pega bem."
Minha mente girou. Bens materiais? Isso não era sobre bens materiais. Isso era sobre minha mãe, sobre mim, sobre o valor que ele dava aos meus sentimentos, que era claramente zero.
Um calafrio repentino percorreu meu corpo, uma clareza tão nítida que doía. Esse homem, Jonas Chaves, ele não me amava. Ele nem me via. Eu era apenas alguém para "domar", uma patricinha bonita para ter no braço, um lugar-tenente até que alguém mais conveniente aparecesse. Ou melhor, um lugar-tenente para outra pessoa. Kécia.
"Jonas", eu disse, minha voz surpreendentemente firme, apesar do terremoto dentro de mim. "É isso que eu sou para você? Um objeto? Um problema a ser gerenciado?"
Ele franziu a testa, uma onda de aborrecimento cruzando seu rosto. "Kiara, não seja ridícula. Você é minha namorada." Ele se aproximou, a mão alcançando meu rosto, um gesto ensaiado de afeto. Mas seus olhos eram frios, distantes. "Agora, pare com isso. Você está exagerando. Kécia está me esperando."
O toque dele parecia veneno. Eu me afastei, minha pele arrepiada. "Kécia está te esperando?" Eu ri, um som áspero e quebradiço que não chegou aos meus olhos. "Claro que está. Ela sempre está."
O anel de diamante na minha mão parecia pesado, zombeteiro. O discurso de pedido de casamento era uma piada grotesca.
"Jonas", eu disse, meu olhar fixo nele, minha voz perigosamente calma. "Se você sair por aquela porta hoje à noite, para ir ver a Kécia, com a pulseira da minha mãe... nós acabamos."
Ele zombou, um som de descaso. "Não seja infantil, Kiara. Não vou receber sermão de você." Ele caminhou em direção à porta, seus movimentos fluidos, despreocupados.
Minha garganta queimava. Meu peito doía. "Jonas!" Eu gritei, um som cru e desesperado. "Por favor! Não faça isso!"
Ele parou na soleira, virando a cabeça levemente. Seus olhos, geralmente tão intensos, estavam totalmente vazios. "Você está histérica. Vou ver a Kécia. Ela está chateada."
Então ele olhou para a caixa da Cartier, ainda na mesa. E ele a pegou.
Ele saiu.
A porta se fechou, um som final e definitivo que ecoou na vasta e vazia cobertura. Não foi um clique. Foi um golpe de marreta no meu coração. Ele a escolheu. De novo. Sempre ela. Ele deu a pulseira da minha mãe para ela.
Um frio se infiltrou em mim, mais profundo do que qualquer noite de inverno. Começou nos meus ossos e se espalhou, entorpecendo tudo. A dor era tão imensa que deu a volta e se transformou em uma calma aterrorizante.
Olhei para o anel na minha mão. Era lindo, brilhando sob os lustres. Mas representava uma mentira. Uma ilusão. Minha ilusão.
"Nós acabamos", sussurrei para a sala silenciosa, as palavras com gosto de cinzas na minha boca. "Nós acabamos absoluta e completamente."
Minhas mãos começaram a tremer, depois se fecharam. Jonas Chaves, o homem que eu amava, tinha me traído. Me humilhado. E ele nem se importava.
Meus olhos varreram a cobertura opulenta, a cobertura dele, onde eu tinha derramado tanto do meu amor, minha esperança, meus sonhos. Cada obra de arte, cada almofada escolhida com cuidado, cada cheiro persistente da colônia dele. Era tudo uma mentira.
Uma energia terrível e furiosa surgiu dentro de mim. Minha mão disparou, varrendo uma coleção de esculturas de vidro caras de uma mesa lateral. Elas caíram no chão de mármore, estilhaçando-se em mil fragmentos brilhantes, cada um refletindo os pedaços quebrados do meu coração.
O som foi ensurdecedor, revigorante.
Eu não ia apenas deixar Jonas. Eu ia apagá-lo. Cada memória, cada traço, cada último fragmento da vida que eu tinha tolamente construído ao redor dele.
Ele queria a Kécia? Ele podia ficar com ela. Ele podia ficar com todas as mentiras dela, as manipulações e a falsa inocência. Eu cansei de ser a vítima. Cansei de ser a substituta.
Eu queimaria tudo até o chão. E então, eu renasceria das cinzas.
Mas primeiro, eu precisava sair. Sair dessa gaiola de ouro e desgosto.
Fechei os olhos, respirei fundo e trêmula, e os abri novamente. O fogo na minha alma tinha sido extinto pela crueldade de Jonas, mas outro fogo, mais frio e mais duro, tinha acabado de acender.
Eu não ia apenas ir embora. Eu faria com que ele se arrependesse do dia em que pensou que eu era apenas uma garota de festa que ele podia domar.
Pisei sobre o vidro quebrado, as bordas afiadas mordendo as solas dos meus chinelos de cetim. Mal senti. A dormência era um escudo. Mas a raiva, essa era uma arma. Caminhei até o quarto, minha mente uma lousa em branco, mas minha determinação sólida como concreto.
Peguei uma grande mala de viagem no armário. A primeira coisa que coloquei foi a caixa de joias da minha mãe, aquela que Jonas não tinha encontrado, a que tinha as peças mais simples e queridas dela. Não a Cartier, mas as peças que guardavam memórias verdadeiras.
Então fui até a mesa dele, meus olhos escaneando os documentos. Eu sabia que ele guardava tudo aqui. E eu sabia exatamente o que estava procurando. O contrato. Aquele que meu pai havia mencionado, o acordo comercial que poderia salvar a empresa decadente da nossa família. Aquele que exigia que eu me casasse com um homem atualmente em estado vegetativo, Gabriel Salles.
Parecia que fazia uma vida inteira que meu pai tinha proposto isso. Naquela época, era uma ameaça, uma medida desesperada. Agora, era uma fuga.
Meus dedos roçaram o metal frio do anel de herança, ainda apertado na minha mão esquerda. Olhei para ele, depois o joguei na cama perfeitamente arrumada dele, onde pousou com um salto suave. Uma acusação silenciosa. Um adeus final.
Encontrei o contrato. Meu nome, Kiara Campos, já estava impresso na linha pontilhada. Um sorriso fraco e amargo tocou meus lábios.
Meu pai teria sua assinatura. E eu teria minha liberdade.
Jonas Chaves aprenderia que alguns incêndios, uma vez acesos, não podem ser apagados facilmente. Ele aprenderia que uma mulher desprezada não é um truque de festa, mas uma força da natureza. E eu começaria apagando cada traço dele da minha vida, começando por esta cobertura, por esta cidade.
A mala estava pronta. Olhei para trás, para os destroços da nossa vida compartilhada, e me virei. Não havia nada para mim aqui.
As portas do elevador se fecharam atrás de mim, me selando longe das ruínas do meu amor, e em direção a um futuro desconhecido onde eu finalmente pertenceria a mim mesma. Apertei o botão da garagem, meu coração batendo, não de medo, mas com uma determinação feroz e fria.
Isso não era um fim. Era um começo. Um começo sangrento, doloroso, mas absolutamente necessário.
Abri a porta do carro, o frio da noite um contraste agudo com o fogo queimando dentro de mim. Jonas se arrependeria disso. Eu jurava.
E ele nem saberia que eu tinha ido embora até que fosse tarde demais. Eu cansei de ser sua patricinha domesticada. Cansei de ser o saco de pancadas da Kécia. Eu cansei.
O motor rugiu, uma promessa de fuga. Meu celular vibrou no bolso. Puxei-o, vi o nome de Jonas piscar na tela e, sem um momento de hesitação, o bloqueei. Depois Kécia. Depois meu pai.
Um corte limpo. Uma nova vida.
Dirigi para longe, as luzes da cidade borrando atrás de mim, deixando para trás os restos estilhaçados de Kiara Campos, a garota festeira, e abraçando a mulher que estava prestes a renascer das cinzas. Ou melhor, a mulher que estava prestes a incendiar as cinzas.
Este era o meu adeus. Uma promessa silenciosa e violenta de que ele pagaria por cada lágrima, cada humilhação, cada herança roubada.
Ele aprenderia.
Eu não tinha ideia de quanto.
Capítulo 1
08/12/2025
Capítulo 2
08/12/2025
Capítulo 3
08/12/2025
Capítulo 4
08/12/2025
Capítulo 5
08/12/2025
Capítulo 6
08/12/2025
Capítulo 7
08/12/2025
Capítulo 8
08/12/2025
Capítulo 9
08/12/2025
Capítulo 10
08/12/2025
Capítulo 11
08/12/2025
Capítulo 12
08/12/2025
Capítulo 13
08/12/2025
Capítulo 14
08/12/2025
Capítulo 15
08/12/2025
Capítulo 16
08/12/2025
Capítulo 17
08/12/2025
Capítulo 18
08/12/2025
Capítulo 19
08/12/2025
Capítulo 20
08/12/2025
Outros livros de Gavin
Ver Mais