Um Casamento Fundado em Mentiras

Um Casamento Fundado em Mentiras

Gavin

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Capítulo

Para salvar o império de sua família, a CEO Eliana Reis, conhecida como a "Rainha de Gelo", aceitou um casamento arranjado com o artista rebelde Gabriel Lobo. Ela o via como uma variável caótica a ser gerenciada, um mero negócio. Ela nunca esperou ser apenas um peão no jogo de amor dele. A verdade devastadora era que seu marido estava desesperadamente apaixonado por outro homem, André, e o casamento deles era uma farsa completa para causar ciúmes nele. Quando Eliana tentou se divorciar, sua própria família, que sabia do segredo o tempo todo, a açoitou brutalmente. Mais tarde, Gabriel a beijou à força em público para provocar seu amante, um ato que terminou com André a deixando inconsciente. No hospital, a única preocupação de Gabriel era proteger André, provando que a dor dela não significava nada perto de sua obsessão. Ela era uma ferramenta, totalmente descartável. Essa traição final despertou uma fúria que derreteu o gelo. Após uma retaliação violenta, ela cortou os laços com seu passado e começou a celebrar sua liberdade. Mas a festa foi interrompida abruptamente quando Gabriel apareceu, seus olhos queimando com uma fúria destinada apenas a ela.

Capítulo 1

Para salvar o império de sua família, a CEO Eliana Reis, conhecida como a "Rainha de Gelo", aceitou um casamento arranjado com o artista rebelde Gabriel Lobo. Ela o via como uma variável caótica a ser gerenciada, um mero negócio. Ela nunca esperou ser apenas um peão no jogo de amor dele.

A verdade devastadora era que seu marido estava desesperadamente apaixonado por outro homem, André, e o casamento deles era uma farsa completa para causar ciúmes nele.

Quando Eliana tentou se divorciar, sua própria família, que sabia do segredo o tempo todo, a açoitou brutalmente. Mais tarde, Gabriel a beijou à força em público para provocar seu amante, um ato que terminou com André a deixando inconsciente.

No hospital, a única preocupação de Gabriel era proteger André, provando que a dor dela não significava nada perto de sua obsessão. Ela era uma ferramenta, totalmente descartável.

Essa traição final despertou uma fúria que derreteu o gelo. Após uma retaliação violenta, ela cortou os laços com seu passado e começou a celebrar sua liberdade. Mas a festa foi interrompida abruptamente quando Gabriel apareceu, seus olhos queimando com uma fúria destinada apenas a ela.

Capítulo 1

Ponto de Vista de Eliana Reis:

Quando concordei em me casar com Gabriel Lobo, eu o via como uma jogada calculada, não como um homem. O império da minha família exigia uma fusão, e Gabriel era o herdeiro rebelde - uma variável caótica que eu pretendia gerenciar, não sentir. Eu deveria saber, desde o início, que os cálculos precisos pelos quais eu vivia jamais dariam conta das equações bagunçadas e selvagens do coração dele.

Gabriel Lobo era um furacão. Ele era o tipo de pessoa que entrava em um lugar e instantaneamente se tornava o dono dele, não por poder ou dinheiro, mas por pura energia indomável. Eu ouvia histórias sobre ele, sussurros de festas noite adentro, instalações de arte improvisadas e um desprezo casual por qualquer coisa que se parecesse com uma agenda. Ele era um fotógrafo aclamado, um artista cujo trabalho era tão selvagem e imprevisível quanto sua vida. Ele vivia para criar, para provocar, para sentir tudo de uma vez.

Eu, Eliana Reis, existia em um universo diferente. Meu mundo era construído sobre planilhas, reuniões de diretoria e um controle impecável. Eles me chamavam de "Rainha de Gelo", e não era um apelido que eu combatia. Emoção era uma fraqueza, uma variável que poderia colocar tudo em risco. Minha vida era uma estratégia meticulosamente planejada, cada decisão um movimento de xadrez para assegurar o legado da minha família e, mais importante, para proteger uma promessa secreta que eu havia feito anos atrás.

Nosso casamento era um absurdo arranjado, um mal necessário para fundir o Grupo Reis com as Indústrias Lobo. Minha família, mergulhada em tradições rígidas e dinheiro antigo, via Gabriel como um ativo incivilizado. Ele os via, eu suspeitava, como a gaiola dourada que o havia aprisionado. E eu? Eu era apenas mais uma peça do quebra-cabeça corporativo, a CEO programada para o sucesso, não para a emoção, para garantir nossa fusão vital.

A primeira vez que o encontrei formalmente, na grandiosa e sufocante sala de jantar da mansão dos Reis, ele chegou duas horas atrasado. Sua jaqueta de couro preta parecia deslocada contra o mogno polido e os cristais. Seu cabelo, uma bagunça escura e rebelde, caía sobre olhos que brilhavam com desafio e algo parecido com diversão. Ele se jogou em uma cadeira, empurrando para o lado um guardanapo perfeitamente dobrado.

"Então, você é a noiva", disse ele, sua voz um ronco baixo que arranhou a formalidade silenciosa da sala. Ele não olhou para mim, mas para meu pai, um desafio em seus olhos. O maxilar do meu pai se contraiu.

"Gabriel, você está atrasado", afirmou meu pai, sua voz carregada com o tipo de autoridade que geralmente fazia homens adultos murcharem.

Gabriel simplesmente deu de ombros, um gesto descuidado. "Trânsito. Ou talvez eu só não quisesse vir." Ele sorriu de lado, tomando um longo gole de água de um delicado copo de cristal. Minha mãe ofegou suavemente.

O rosto do meu pai era uma máscara de fúria fria. Isso era inaceitável. Não era assim que as coisas eram feitas em nosso mundo. Ele estava prestes a explodir, eu sabia. Mas meu avô, o patriarca, apenas pigarreou.

"Gabriel", disse o vovô Reis, sua voz surpreendentemente calma, "Seu pai já se desculpou pela sua... falta de pontualidade." Ele lançou um olhar incisivo para o pai de Gabriel, que parecia mortificado. "No entanto, esta aliança é crucial para ambas as nossas famílias. Esperamos que você a trate com o respeito que ela merece."

O olhar de Gabriel finalmente piscou para mim, um olhar rápido e avaliador. Encarei seus olhos com minha frieza habitual. Ele o segurou por um instante a mais do que a maioria, um brilho curioso ali. Foi quando senti um leve tremor na minha mão, uma sensação desconhecida. Apertei meu garfo com mais força.

Ele viu. Seus olhos se estreitaram quase imperceptivelmente, uma ruga tocando seus lábios. Ele olhou para minha mão, depois de volta para o meu rosto, uma estranha suavidade substituindo seu desafio anterior. "Você está bem?", ele perguntou, sua voz inesperadamente gentil. Foi tão fora de personagem, tão deslocado, que a sala inteira ficou em silêncio. A pergunta não era para a plateia, mas para mim.

Eu quase recuei. Ninguém nunca me perguntava se eu estava bem. Era uma fraqueza, uma distração. Eu era Eliana Reis, eu estava sempre bem. Dei-lhe um aceno seco, recuperando minha compostura.

"Você parece um pouco... pálida", ele continuou, inclinando-se ligeiramente para a frente, seus olhos fixos nos meus. "Tem certeza de que quer fazer isso?"

Minha família se mexeu desconfortavelmente. Meu pai pigarreou, pronto para intervir. Mas antes que pudesse, Gabriel fez algo completamente inesperado. Ele empurrou a cadeira para trás, levantou-se e caminhou até o meu lado da mesa. Ele estendeu a mão, não para me tocar, mas para gentilmente colocar uma mecha de cabelo solta atrás da minha orelha. Seus dedos roçaram minha pele, um contato fugaz que enviou um choque pelo meu braço.

"Olha, eu não sei em que tipo de gaiola você viveu", disse ele, sua voz baixando, quase um sussurro, mas alta o suficiente para todos ouvirem. "Mas se você está presa nisso comigo, eu te prometo uma coisa. Vou me certificar de que você respire." Ele se virou para o meu pai, um sorriso imprudente no rosto. "Ela é minha agora. Lidem com isso."

Meu coração martelava contra minhas costelas, um ritmo frenético que eu não reconhecia. Gabriel Lobo tinha acabado de me declarar sua, não com arrogância, mas com uma estranha e feroz proteção. Era ilógico, impulsivo, totalmente caótico. E pela primeira vez em muito tempo, senti algo se agitar dentro de mim - uma pequena faísca no gelo.

Era como óleo e água, fogo e gelo, dois elementos que deveriam se repelir, mas naquele momento, uma estranha e inegável atração havia começado a florescer.

Nossa vida de casados era um estudo de contrastes. Meus dias começavam às 5 da manhã, uma rotina precisamente agendada de exercícios, resumos de notícias e estratégias corporativas. Cada refeição era planejada, cada minuto contabilizado. Eu administrava o Grupo Reis com a eficiência de uma máquina, sem deixar espaço para espontaneidade ou desvio.

Gabriel, por outro lado, acordava com o sol, ou às vezes, nem isso. Ele pintava, fotografava, desaparecia em seu estúdio por dias a fio, emergindo apenas para comer ou por uma nova ideia. Minha rotina perfeita o deixava louco. Eu podia ver na maneira como seus olhos se contraíam quando eu olhava para o meu relógio, ou na maneira como ele suspirava dramaticamente quando eu me recusava a desviar do nosso horário de jantar.

"Eliana, por que você vive assim?", ele perguntava, exasperado, jogando as mãos para o alto. "É como viver com um robô. Você não pode simplesmente... respirar?"

Ele tentou de tudo para quebrar minha compostura. Deixou respingos de tinta em meus terninhos brancos impecáveis, tocou rock em volume máximo durante minhas ligações matinais, pregou peças em nossa equipe e, às vezes, apenas às vezes, ele jogava fora meu café da manhã cuidadosamente preparado, substituindo-o por alguma comida de rua gordurosa. Eu enfrentei cada provocação com uma calma gelada, um olhar vazio e uma continuação silenciosa e inabalável da minha rotina. Ele era uma variável caótica, e eu fui programada para gerenciar o caos.

Uma noite, ele chegou em casa com um brilho travesso nos olhos. Ele tinha conseguido ser preso por correr nu por uma fonte pública, alegando que era "arte performática". Os advogados da família Reis já estavam cuidando do caso, mas a notícia estava começando a vazar. Meu pai estava furioso, ameaçando cortar sua herança.

Entrei em seu estúdio, onde ele estava calmamente desenhando. "Gabriel", afirmei, minha voz tão plana como sempre. "A diretoria está exigindo uma explicação. Seu pai está considerando deserdá-lo."

Ele ergueu os olhos, impassível. "E o que a Rainha de Gelo propõe?" Seus olhos me desafiaram a reagir.

"Proponho que você emita um pedido formal de desculpas, se comprometa com um projeto de arte pública que se alinhe com nossa responsabilidade social corporativa e garanta que não haja mais incidentes."

Ele jogou seu carvão sobre uma tela. "Não foi isso que eu perguntei." Ele se levantou, caminhando até ficar diretamente na minha frente, seu cheiro selvagem de artista preenchendo meu espaço. "Eu perguntei o que você propõe. O que você sente sobre isso? Você sente alguma coisa, Eliana?" Sua voz era baixa, quase suplicante.

Encarei seu olhar, sem vacilar. "Meus sentimentos são irrelevantes. Meu dever é mitigar os danos à empresa."

Ele riu, um som áspero e sem humor. "Irrelevantes? Certo. Eu quase esqueci. Você não tem sentimentos." Ele passou a mão pelo cabelo, sua frustração palpável. Ele estava desesperado por uma reação, qualquer reação. "Sabe, há muitas mulheres que matariam para estar casadas comigo. Mulheres que realmente sentem as coisas."

"Estou ciente do seu valor de mercado, Gabriel", eu disse, uma faísca de algo em meu peito que parecia... irritação. "No entanto, desaconselho o uso de tais táticas. Isso só prejudicará ainda mais sua imagem pública e, por extensão, a da empresa."

Seu maxilar se contraiu. "Você acha que isso é apenas sobre escândalo?" Sua voz estava carregada de descrença, depois de algo mais frio. "Você realmente não entende, não é?" Ele se aproximou ainda mais, seu rosto a centímetros do meu. "Você está tão desesperada para proteger sua pequena fachada perfeita que nem consegue reconhecer uma conexão humana real."

Eu o encarei de volta, meu coração batendo em um ritmo irregular. "Eu entendo os parâmetros do nosso acordo, Gabriel."

Ele soltou uma risada engasgada, recuando. "Acordo. É tudo o que isso é para você, não é?" Ele se virou, balançando a cabeça. "Tudo bem. Você quer um casamento arranjado? Você conseguiu." Ele caminhou em direção à porta, depois parou. "Só para você saber, há outro tipo de acordo que eu poderia fazer. Um onde eu não preciso fingir que você existe." Ele bateu a porta, o som ecoando pela casa.

Eu fiquei ali, o silêncio de repente pesado. Aquela faísca de algo em meu peito se intensificou, um estranho aperto. Era preocupação? Ou apenas a irritação de uma variável imprevisível? Eu disse a mim mesma que era a segunda opção.

Na manhã seguinte, passei por seu estúdio. A porta estava entreaberta e eu o vi pela fresta. Ele estava ao telefone, sua voz baixa e intensa. Eu o ouvi dizer: "Sim, eu vou. Só preciso resolver algumas pontas soltas aqui." Ele soava... diferente. Resolvido.

Um pavor frio percorreu minha espinha.

Mais tarde naquela semana, Gabriel estava se preparando para uma gala de caridade, uma aparição forçada pela família Reis. Ele estava em frente a um espelho de corpo inteiro, ajustando sua gravata, parecendo impossivelmente bonito e totalmente entediado. Entrei no quarto, meu olhar varrendo-o.

"Você está usando as abotoaduras de safira que eu te dei", observei, minha voz plana.

Ele encontrou meus olhos no espelho, um desafio curioso ali. "Elas combinam com meu humor. Frio e duro." Ele fez uma pausa, depois sorriu de lado. "E quanto à outra noite, Eliana? Incomodou você?"

Eu sabia exatamente a que ele estava se referindo. A noite em que ele me provocara, desafiando minha fachada gelada. Eu não tinha reagido então, mas a memória havia permanecido, uma intrusão indesejada em minha mente ordenada.

"Nosso acordo estipula certas expectativas conjugais", respondi, minha voz neutra. "Eu estava apenas cumprindo minha parte do contrato."

Ele se virou completamente para mim, seus olhos queimando com uma intensidade que quase me fez recuar. "Contrato, hein? É por isso que você tinha gosto de fogo? Porque estava cumprindo suas obrigações contratuais? Ou havia algo mais se agitando sob esse gelo, Eliana?"

Minha respiração falhou. Eu odiava como ele podia dissecar facilmente minhas paredes cuidadosamente construídas. "A gala é hoje à noite", eu disse, desviando. "Precisamos sair em uma hora."

"Uma hora?", ele murmurou, seu olhar caindo para meus lábios. "Tempo de sobra para uma obrigação contratual, não acha?" Sua mão se estendeu, segurando meu queixo. Seu polegar roçou minha bochecha, uma faísca acendendo minha pele. "Vamos terminar o que começamos, Eliana. Vamos realmente sentir alguma coisa."

Antes que eu pudesse reagir, ele se inclinou, seus lábios encontrando os meus. Não foi um beijo gentil. Foi faminto, exigente, inquisidor. Senti uma onda de algo quente e desconhecido se desenrolar em meu ventre. Meu corpo respondeu, traindo meu controle rígido. Senti-me balançar, minhas mãos instintivamente alcançando seus ombros em busca de equilíbrio. Ele me puxou para mais perto, seus braços envolvendo minha cintura, levantando-me ligeiramente do chão. Meu coração batia forte, uma batida caótica contra minhas costelas.

Eu queria empurrá-lo. Queria dizer a ele que isso não tinha sentido, era uma distração. Mas seus lábios se moveram contra os meus com uma pressão insistente, um apelo desesperado por conexão que ressoou profundamente dentro de mim. Ele estava tentando acender um fogo que eu não sabia que possuía, ou talvez, um que eu havia meticulosamente enterrado.

Justo quando meus sentidos ameaçavam me sobrecarregar, um toque estridente e insistente rompeu a névoa. Meu celular. Gabriel recuou, seus olhos ainda escuros de desejo, mas uma faísca de irritação cruzou seu rosto. Ele olhou para o identificador de chamadas. Sua expressão mudou, endurecendo instantaneamente. O fogo em seus olhos morreu, substituído por algo frio e distante.

"Eu tenho que ir", disse ele, sua voz plana, sem emoção. Ele me soltou abruptamente, e eu tropecei para trás, me segurando na beirada da cama. O calor de seu corpo foi substituído por um frio repentino.

"Ir? Aonde?", perguntei, minha voz surpreendentemente afiada. A mudança súbita foi chocante, como uma queda brusca de temperatura.

Ele passou a mão pelo cabelo, já se virando. "Um lugar importante. Alguém precisa de mim." Ele pegou sua jaqueta. "Você pode vir, ou pode ficar. Não importa."

"Não importa?" Minha voz era quase um sussurro, mas a raiva estava subindo, quente e rápida. "Depois disso, você me diz que não importa?"

Ele parou na porta, de costas para mim. "O que você quer que eu diga, Eliana? Que sinto muito? Que foi um erro?" Ele não se virou. "Apenas... fique aqui. Eu volto mais tarde."

E então ele se foi. A porta se fechou com um clique, deixando-me sozinha no quarto opulento e silencioso. Meu corpo ainda vibrava com o fantasma de seu toque, um calor ardente contrastando com o frio súbito e profundo que me envolveu.

"Maldito seja, Gabriel Lobo!", sussurrei, minha voz rouca. Minha mente disparou. Alguém precisava dele. Um lugar importante. A súbita mudança, a frieza, a alteração familiar em seus olhos - tudo apontava para algo, ou alguém, específico. Uma raiva, fria e desconhecida, começou a ferver em meu estômago. Eu não seria deixada no escuro. Não por ele.

Peguei meu casaco e saí correndo, chamando meu motorista. "Siga o Gabriel Lobo", ordenei, minha voz tensa com uma urgência recém-descoberta. "Não o perca de vista."

Dirigimos pela cidade, a expansão urbana diminuindo lentamente para galpões industriais e então, surpreendentemente, para um bairro artístico movimentado e iluminado que eu raramente visitava, a Vila Madalena. O carro de Gabriel parou em frente a um prédio sujo e coberto de grafites que mais parecia uma fábrica abandonada do que um espaço de arte.

"Ele vai entrar aí?", perguntei ao meu motorista, a descrença colorindo meu tom. Este não era o tipo de lugar que um herdeiro dos Reis, ou mesmo dos Lobo, frequentava.

"Sim, senhora", confirmou o motorista.

Paguei-o e saí, apertando meu casaco. O ar estava denso com o cheiro de cerveja barata, tinta spray e algo mais... uma doçura pegajosa. Música alta e pulsante vibrava através do asfalto. Empurrei a pesada porta de metal, o barulho e o calor me atingindo como uma força física. Lá dentro, era um caleidoscópio de luzes de neon, corpos pulsantes e uma variedade estonteante de instalações de arte. Avistei Gabriel perto do centro, de costas para mim, conversando animadamente com alguém.

Quem era essa pessoa? Essa era a pergunta que queimava em minha mente. Movi-me pela multidão, cuidadosa para não ser vista. Ele estava animado, a cabeça jogada para trás em uma risada, um sorriso genuíno no rosto - um sorriso que eu nunca tinha visto dirigido a mim. Ele estava olhando para um homem, um homem com cabelos escuros, longos e desgrenhados, vestido com jeans rasgados e uma camiseta de banda desbotada. Ele parecia... familiar.

Então, o homem se virou, e meu sangue gelou. Era André Dantas. O meu André. Meu passado. Meu segredo. Ele estava cercado por várias mulheres, rindo e bebendo. Ele ergueu os olhos, seus olhos encontrando os de Gabriel. Gabriel sorriu, um sorriso genuíno e alegre, e então, ele abraçou André. Um abraço apertado e familiar. Meu mundo inclinou.

Naquele momento, uma das mulheres com quem André estava conversando se inclinou e o beijou. Um beijo demorado e possessivo. Gabriel viu. Seus olhos, fixos em André, se arregalaram ligeiramente, depois se estreitaram. Um flash de dor crua e agonizante cruzou seu rosto, seguido por algo muito mais perigoso.

Era possessividade. Era ciúme. Era uma emoção violenta e indomável que eu só via agora, tarde demais, queimando nos olhos de Gabriel. E era tudo direcionado a André.

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