O Gato Dele, Minha Mãe Morta

O Gato Dele, Minha Mãe Morta

Gavin

5.0
Comentário(s)
Leituras
8
Capítulo

Meu marido era o único neurocirurgião de plantão capaz de salvar minha mãe de um AVC, mas ele desligou o telefone na minha cara. Ele disse que estava ocupado demais procurando a gata da ex-namorada no meio de uma tempestade e que eu deveria parar com meus "dramas". Enquanto ele posava de herói para ela, minha mãe morreu sozinha, esperando por um socorro que ele negou. Quando exigi o divórcio no dia seguinte, ele riu e levou a ex e a gata ao cartório para me humilhar. Ao ver a certidão de óbito, ele me acusou de falsificação e, num acesso de raiva, me empurrou contra uma mesa de vidro. Foi quando senti o sangue quente escorrer pelas minhas pernas. Ali, no chão frio, perdi o bebê que eu carregava em segredo, o último fio de esperança do nosso casamento. Só quando a médica confirmou a morte da minha mãe e o aborto é que Gabriel desabou, ajoelhando-se e implorando perdão. Mas já era tarde demais. Olhei para ele sem derramar uma única lágrima, peguei minha dignidade de volta e saí pela porta, deixando-o sozinho com a culpa que o assombraria para sempre.

Capítulo 1

Meu marido era o único neurocirurgião de plantão capaz de salvar minha mãe de um AVC, mas ele desligou o telefone na minha cara.

Ele disse que estava ocupado demais procurando a gata da ex-namorada no meio de uma tempestade e que eu deveria parar com meus "dramas".

Enquanto ele posava de herói para ela, minha mãe morreu sozinha, esperando por um socorro que ele negou.

Quando exigi o divórcio no dia seguinte, ele riu e levou a ex e a gata ao cartório para me humilhar.

Ao ver a certidão de óbito, ele me acusou de falsificação e, num acesso de raiva, me empurrou contra uma mesa de vidro.

Foi quando senti o sangue quente escorrer pelas minhas pernas.

Ali, no chão frio, perdi o bebê que eu carregava em segredo, o último fio de esperança do nosso casamento.

Só quando a médica confirmou a morte da minha mãe e o aborto é que Gabriel desabou, ajoelhando-se e implorando perdão.

Mas já era tarde demais.

Olhei para ele sem derramar uma única lágrima, peguei minha dignidade de volta e saí pela porta, deixando-o sozinho com a culpa que o assombraria para sempre.

Capítulo 1

Manuela Ruas POV:

Enviei a mensagem. As palavras dançaram na tela, frias e definitivas. "Eu quero o divórcio."

Meu dedo pairou sobre o botão de enviar por um instante, mas não hesitei. Não havia mais nada para salvar. O ar no apartamento parecia pesado, denso, sufocando-me com memórias que eu queria apagar.

Meu celular vibrou imediatamente. Gabriel.

Eu sabia que ele ligaria. Ele sempre ligava quando eu tentava impor um limite. Era a única forma de conseguir a atenção dele.

Peguei o telefone. Meu coração batia tão forte que podia ouvi-lo em meus ouvidos.

"O que é isso, Manuela?" A voz dele era de irritação, não de preocupação. "Outro drama seu? Não pode ser. Você está tentando competir com uma gata agora?"

Eu fechei os olhos. As lágrimas que eu pensei terem secado voltaram a queimar.

"Gabriel..." Minha voz era um sussurro, rouca de tanto chorar.

"Não, Manuela. Eu não tenho tempo para isso. Yara perdeu a Luna. É uma tempestade lá fora! A gata está lá fora, sozinha e assustada! Você sabe o quanto a Luna é importante para ela."

Cada palavra dele era um golpe. Como um martelo batendo na mesma ferida, de novo e de novo.

"Minha mãe está morrendo, Gabriel."

Houve uma pausa do outro lado da linha. Uma fração de segundo de silêncio que me deu uma faísca de esperança. Talvez, apenas talvez, ele tivesse processado o que eu disse.

Mas então, ele riu. Um riso seco, sem humor, que me congelou até os ossos.

"Morrendo? Manuela, por favor. Eu acabei de falar com o médico dela. Ela está estável. Não tente usar a saúde da sua mãe para me manipular de novo. É baixo, até para você."

Eu não conseguia respirar. A bile subia pela minha garganta.

"Não estou manipulando você! Ela teve um AVC hemorrágico! Os médicos disseram que você é o único neurocirurgião de plantão que pode salvá-la!"

"AVC?" Ele disse a palavra como se fosse uma piada. "Manuela, eu estou no meio de uma emergência real aqui. Uma gata assustada. Você não entende? É uma vida!"

Minhas mãos tremiam incontrolavelmente. A imagem do rosto pálido da minha mãe, a forma como ela se agarrou à minha mão antes de desmaiar, tudo voltou com força brutal.

"Gabriel, por favor! Por favor, venha! É a minha mãe! A mãe que você prometeu cuidar quando me casei com você!"

"Não é hora para chantagem emocional, Manuela. Você sempre faz isso. Sempre um drama. Eu estou ocupado salvando uma vida que realmente precisa de mim. Não a sua mãe, que está perfeitamente bem, ou a sua sanidade, que parece estar em frangalhos."

A cada palavra, eu sentia um pedaço de mim se quebrar. Ele tinha razão. Eu o havia chantageado, sim. Mas não por mim. Por ela. Por minha mãe, Dona Cila, a única família que me restava no mundo.

Lembrei-me do dia do nosso primeiro aniversário de casamento, poucas horas antes. O jantar que eu havia preparado, as velas, a música suave. Eu tinha esperança. Tinha a inocência de acreditar que, talvez, ele pudesse começar a me ver.

Ele sequer tocou na comida. O telefone dele tocou, era Yara. A gata dela, Luna, havia fugido durante uma tempestade repentina.

Ele se levantou da mesa como se fosse um chamado de emergência médica.

"Eu preciso ir, Manuela. A Luna está assustada. Yara precisa de mim."

Eu tentei argumentar. "Mas Gabriel, é o nosso aniversário. Eu preparei tudo..."

Ele sequer me ouviu. Seus olhos já estavam longe, focados na sua "primeira paixão", como ele a chamava.

Quando ele saiu, a tempestade lá fora parecia espelhar a que se formava dentro de mim.

Foi quando o telefone tocou de novo. O número do hospital.

Minha mãe.

E agora, aqui estava ele, zombando da minha dor, da minha súplica.

"Não me ligue mais, Manuela", ele disse, a voz ficando mais dura. "Estou quase encontrando a Luna. Sua mãe está em boas mãos. Pare de fazer drama. Eu ligo quando terminar aqui."

Então, ele desligou.

Eu fiquei ali, com o telefone na mão, ouvindo o som da chamada encerrada. O eco do seu último 'clique' era o som da minha esperança morrendo.

Eu continuei ligando. Dez vezes. Vinte vezes. Trinta.

Ele não atendeu.

O hospital ligou novamente. Os médicos tentaram, mas sem o especialista, as chances eram mínimas.

Dona Cila não resistiu.

Eu desabei no chão frio do meu quarto, o lugar onde eu o esperava todos os dias, o lugar onde eu sonhava com um amor que nunca viria. Minha mãe se foi. A única pessoa que me amava incondicionalmente, a razão pela qual eu havia aceitado me casar com Gabriel, se foi.

Meu mundo virou pó.

Peguei meu celular novamente. A mensagem que eu havia enviado para ele no início da noite - "Eu quero o divórcio" - parecia uma piada cruel agora.

Não era mais um desejo. Era uma necessidade. Uma única verdade que restava na minha vida estilhaçada.

Não era mais raiva, nem dor. Era um vazio frio, um buraco negro onde meu coração costumava estar.

Flávia, minha melhor amiga, chegou correndo. Ela me encontrou encolhida no chão, com os olhos vermelhos e inchados, o corpo tremendo em espasmos silenciosos.

Ela não disse uma palavra. Apenas me abraçou, um abraço apertado que me fez sentir um fio de calor na escuridão.

Ela pegou meu celular. Seus olhos se arregalaram ao ver as chamadas perdidas e a última mensagem de Gabriel.

Ela ligou para ele. Sua voz, geralmente tão forte, falhou ao dar a notícia.

"A Dona Cila... ela morreu."

Ouvi Gabriel do outro lado, ainda indiferente. "Morte? Manuela não está mais com essas piadas, Flávia. Ela está chateada porque eu fui ajudar a Yara com a gata."

Flávia respirou fundo. Sua voz se tornou um aço frio. "Não é piada, Gabriel. Sua sogra, Dona Cila Lins, faleceu há duas horas. Deu a Deus por falta de socorro. Um socorro que você, o único de plantão, negou a ela."

Houve um silêncio pesado. Um silêncio que me fez tremer.

Então, Flávia me entregou o celular. Ela estava pálida. Seus olhos mareados encontravam os meus.

"Olha isso, Manuela", ela disse, a voz embargada.

Eu olhei para a tela. Era o Instagram de Yara. Uma foto dela, sorrindo, na praia, com Luna nos braços.

A legenda dizia: "Meu papai Gabriel encontrou a Luna! Que alívio! Meu herói!"

Minha visão embaçou. O mundo inteiro pareceu girar.

Gabriel estava lá, rindo na praia com Yara e a gata, enquanto minha mãe morria sozinha no hospital.

Ele escolheu a gata.

Ele escolheu a ex-namorada.

Ele me acusou de drama e mentiras.

E minha mãe, a única pessoa que valia a pena na minha vida, se foi por causa da sua negligência.

A dor era tão intensa, tão aguda, que eu senti como se um raio tivesse me atingido. Meu corpo parou de tremer. Minhas lágrimas secaram.

Eu não chorei mais. Não havia mais lágrimas. Apenas um frio cortante que se instalou dentro de mim. O tipo de frio que te transforma em pedra.

Eu não iria perdoá-lo. Nunca. Essa era a minha verdade agora.

Continuar lendo

Outros livros de Gavin

Ver Mais
Quando o Amor Morre no Asfalto

Quando o Amor Morre no Asfalto

Moderno

5.0

Estava grávida de sete meses, o mundo parecia perfeito. A minha cunhada, Clara, e eu íamos para casa, um dia normal como tantos outros. De repente, o som de metal a rasgar. O carro capotou e o impacto atirou-me contra o vidro. Lá dentro, o pânico começou. O meu Miguel, o meu marido, o pai do meu filho, chegou ao local. Mas ele correu para a sua irmã, que gemia com um braço partido. Enquanto eu, com a barriga a sangrar, lhe suplicava ajuda, ele gritou: "Espera, Sofia! Não vês que a tua cunhada está ferida?". A última coisa que vi antes da escuridão foi ele a confortar Clara, enquanto eu sangrava sozinha. Perdi o nosso filho. No hospital, ele e a sua mãe culparam-me pelo acidente. "Talvez tenha sido para melhor", a minha sogra disse, referindo-se à morte do meu bebé. E Miguel, o meu Miguel, permaneceu em silêncio. Não me defendeu, como nunca me defendera. Percebi que toda a minha vida com ele tinha sido uma mentira. Aniversários esquecidos, dinheiro desviado para a Clara, a minha gravidez minimizada. Tudo sempre girou em torno dela, da sua irmã, do seu "laço inquebrável". Eu e o nosso filho éramos sempre a segunda opção. Como pude ser tão cega? Como pôde um homem que jurou amar-me e proteger-me abandonar-me assim? O meu filho não morreu por um acidente, mas pela frieza e egoísmo do homem que amei. Eu não estava louca, a minha dor não era apenas luto. Era raiva. Uma raiva fria e calculista. Não queria vingança, mas justiça. "Quero o divórcio." As palavras saíram com uma força gelada. Eu não pediria nada dele, apenas a minha liberdade. Mas então, descobri o extrato bancário. 5.000 euros para as facetas dentárias da Clara, pagos com o nosso dinheiro, enquanto ele me dizia que tínhamos de "apertar o cinto". Esta não era apenas uma traição emocional; era fraude. Eles queriam guerra? Iam tê-la. E eu ia ganhar a minha vida de volta.

No Altar da Traição

No Altar da Traição

Romance

5.0

Meu coração batia forte. Finalmente, o dia do meu casamento com Juliana havia chegado. Trabalhei anos em dois empregos para sustentar não só a mim, mas a toda a família dela. O pai bêbado, a mãe doente, os irmãos que precisavam de tudo. Eu faria de novo, mil vezes, por amor. Mas enquanto o padre começava a cerimônia, algo estava errado. O sorriso dela não estava ali. Ela olhava fixamente para a porta. De repente, as portas se abriram com um estrondo. Um homem alto e elegante entrou. "Marcelo!", a voz de Juliana soou, surpresa e feliz. Para meu choque, Juliana correu para os braços dele. Eles se abraçaram diante de todos, um abraço que não era de amigo. Fiquei paralisado no altar, meu sorriso congelado, uma máscara patética. Perguntei: "Juliana, o que está acontecendo?" Ela se virou para mim, o rosto contorcido em desdém. "Ricardo, me desculpe, mas eu não posso fazer isso. Eu não posso me casar com você." O salão se encheu de sussurros e risos abafados. Marcelo passou um braço possessivo pela cintura dela e me mediu de cima a baixo. "Você realmente achou que ela se casaria com um Zé Ninguém como você?" A humilhação era uma onda física, quente e sufocante. Olhei para a família dela. O Sr. Carlos deu de ombros, tomando um gole da garrafa escondida. Tios e primos, que ajudei tantas vezes, me olhavam com pena e desprezo. Eles sabiam. Todos sabiam. Eu era um palhaço no meu próprio circo. Meu coração, antes cheio de felicidade, era agora um buraco vazio. Tudo pelo que trabalhei desmoronou em um instante de traição pública. Fiquei ali, sozinho no altar, enquanto minha noiva me trocava por um homem mais rico. A dor era tão intensa que parecia irreal. Mas então, Juliana estendeu um maço de notas. "Tome. É para... Compensar pelo seu tempo. Pelos gastos com essa festa ridícula." O insulto foi tão cruel que até os parentes fofoqueiros dela ficaram constrangidos. Olhei para o dinheiro, para o rosto dela, e uma clareza fria me atingiu. Eu não precisava da caridade dela. Porque, há poucas semanas, meus pais biológicos me encontraram. Eu era um Almeida. O único herdeiro de uma das famílias mais ricas do país. Enquanto ela me humilhava por ser pobre, eu era, na verdade, infinitamente mais rico do que Marcelo. "Não, obrigado, Juliana. Pode ficar com o dinheiro. Você vai precisar mais do que eu." Eu estava livre. Finalmente. Eu era o tolo útil, o burro de carga que financiou a vida da família dela. Agora, a dor se transformava em raiva gelada. Minha bondade, lealdade e sacrifício não foram amor; foram exploração e manipulação. Eu não era o noivo traído. Eu era a vítima de um golpe cuidadosamente orquestrado. Enquanto caminhava para pegar minhas coisas, Marcelo e seus brutamontes me bloquearam. Juliana me acusou de persegui-la, de ser um parasita. Ela me jogou o dinheiro outra vez. Eu o tirei do bolso e o deixei cair no chão. "Eu não preciso da sua caridade, Juliana." Com um celular velho, disquei o número que aprendi de cor. "Pai? Aconteceu uma coisa. Podem vir me buscar?" Meu pai biológico respondeu: "Já estamos a caminho. Cinco minutos." Eu não lutaria mais. Eu iria embora. Na manhã seguinte, minha casa estava cercada. Juliana, Marcelo, o Sr. Carlos e toda sua comitiva me zombavam. "Olhem só! O sem-teto. Passou a noite na rua. Você não é nada sem nós!" O Sr. Carlos cuspiu no chão. Levantei a cabeça, exausto, mas sem dor. "Você já terminou, Juliana?" Ela zombou: "Terminei? Eu nem comecei! Você vai aprender o que acontece quando se cruza o meu caminho." Mas então, um ronco suave de motores preencheu o ar. Um Rolls-Royce Phantom preto polido apareceu no fim da rua. Seguido por dois Mercedes-Benz. Juliana, ambiciosa, pensou que fossem os contatos de Marcelo. Mas a porta do Rolls-Royce se abriu, e um mordomo impecável saiu. Ele ignorou a todos, caminhou até mim, fez uma reverência profunda e disse: "Senhor Ricardo. Perdoe-nos pelo atraso. Seus pais estão esperando no carro." O mundo de Juliana parou. "Senhor Ricardo?" O que era isso? Marcelo riu nervosamente: "Isso é uma piada? Ele é um Zé Ninguém!" O mordomo se virou, com um olhar gelado: "Eu sugiro que o senhor meça suas palavras ao se dirigir ao único herdeiro da família Almeida." O nome "Almeida" pairou no ar como uma bomba. A família mais rica do estado. O rosto do Sr. Carlos ficou branco. Juliana começou a tremer. A porta do outro lado do Rolls-Royce se abriu. Meus pais. Elegantes. Poderosos. Juliana tentou novamente, desesperada. "Ri... Ricardo... eu... eu não sabia... Me perdoe... eu te amo..." Eu me levantei do banco. Passei por ela como se ela fosse invisível. Abraçei minha mãe. Apertei a mão do meu pai. Eu não senti nada. Apenas um vazio absoluto. Meu pai se virou para Marcelo: "Vamos ver como seus negócios se saem quando todos os seus contratos forem cancelados e seus empréstimos forem cobrados. Hoje." E para a família de Juliana: "Quanto a vocês... aproveitem a casa. A ordem de despejo será entregue amanhã." Juliana correu atrás de mim. "Ricardo, por favor! Foi um erro! Eu amo você! Podemos começar de novo!" "Adeus, Juliana", eu disse. Entrei no Rolls-Royce. Eu estava indo para casa.

Você deve gostar

Capítulo
Ler agora
Baixar livro