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PRISIONEIROS DO AMOR

PRISIONEIROS DO AMOR

Dado Martins

5.0
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35
Capítulo

Helen confiava demais em seu segurança particular! Mais do que isso, ela estava completamente apaixonada por ele. E mesmo sendo uma mulher tímida, insegura e não tão bonita, conseguiu chamar atenção daquele homem másculo que faria qualquer coisa para protegê-la. Depois de uma incrível noite de amor com ele, conheceu dois sentimentos: A paixão avassaladora e a decepção! Raul era na verdade o líder dos sequestradores, que havia se aproximado dela na intenção de ganhar sua confiança e seu coração. Agora teria que lutar para continuar viva e odiar aquele homem que da noite para o dia fez dela sua prisioneira. Uma história de amor, paixão e ódio aonde nem tudo é o que realmente parece!

Capítulo 1 Presa na sua própria vida

Helen saiu da igreja e passou por seu segurança e viu que ele estava como sempre atento a tudo ao redor. Ela odiava ter um, mas viu-se obrigada a aceitar essa exigência de seu pai. Desde que se conhecia como gente via sua liberdade violada. Não podia ir para nenhum lugar sem que tivesse a tiracolo um capanga de seu pai.

Sua mãe havia morrido assassinada quando ela tinha treze anos.

Como isso aconteceu até agora era um mistério. Simplesmente uma noite, homens entraram em sua casa e a sequestraram. Dias depois exigiram o resgate. E mesmo a quantia sendo paga o corpo de sua mãe foi colocado sem vida em frente a mansão.

Estava sem roupas e a garganta cortada.

O laudo dissera que ela havia morrido há pelo menos doze horas atrás, ou seja: Já estava morta quando o resgate foi pago.

Aquilo havia mexido com ela.

Helen tinha pesadelos terríveis e há dez anos era obrigada a aceitar que um homem a acompanhasse aonde quer que fosse.

Seu nome era Raul. E já estava naquele cargo há pelo menos três anos.

Helen lembra quando o conheceu. Nunca teve um segurança tão bonito e atraente.

E Raul era isso. E muito mais!

Ele colocou uma mão em suas costas e a conduziu até o carro brindado parado à frente da igreja.

Ela entrou e ele logo a seguir, dando sinal para ao motorista que podiam ir.

- Não demorou muito hoje.

A voz dele era rouca e forte. E todas as vezes que o ouvia, sentia algo dentro dela inexplicável.

- Preciso terminar um quadro e não estava muito inspirada hoje nas minhas orações.

Ele deu um risinho debochado.

- Preciso que você escolha outra igreja para suas orações Helen... Essa aqui está muito afastada e muito visada.

- Ah... Não Raul, eu gosto dessa. Minha mãe vinha aqui e tem essa coisa em memória à ela.

Ele a olhou sério:

- Sinto muito Helen! Mas será necessário.

Ela cruzou os braços irritada.

- Eu não tenho escolha, certo?

- Exatamente. – Respondeu ele.

Helen encostou a cabeça no encosto do carro.

Droga!

- Que vida miserável. Daria tudo para ser uma mulher comum!

Raul a olhou e olhou o relógio:

- Muitas mulheres queriam sua vida!

- Pra quê Raul? Hoje é sexta feira e uma pessoa normal estaria sentada num bar, restaurante, na rua comendo um cachorro quente... Eu tenho que ir correndo para casa, pois uns loucos buscam-me sequestrar há mais de dez anos!

- Correto!

Ela fechou os olhos, totalmente irritada.

- Você não se importa não é? Tem sua vida! É livre!

- Eu fico vinte quatro horas por dia da minha vida atrás de você. Salvo os dias de minha folga!

Ele fez o sinal do indicador.

- Tenho um dia de folga Helen. Acha mesmo que sou livre?

Ele desviou o olhar para fora do carro, à noite começando a cair.

- Mas você tem escolha Raul. Eu não!

- Não tenho escolha.

- Se você quiser, pode conseguir outro emprego e viver sua vida. E eu?

Sua voz era triste e Raul a encarou, seus olhos eram frios e sem expressão.

- Estamos chegando.

Helen viu as luzes da mansão e suspirou. Ele deveria achá-la essas meninas ricas e mimadas que não tinham direito a reclamar de absolutamente nada. Olhou de novo a mansão. Teria a noite de sempre: Na frente de uma tela. Captando sentimento e colocando nela. Durante anos esse era seu hobby principal. A vida estava desfilando na sua frente e o que ela fez de emocionante? O que era sua vida? Além de ir à igreja e voltar correndo para pintar? Nunca teve grandes amizades, os rapazes que conheceu no período da faculdade tinham pânico dos seguranças que viviam em seu encalço. Só conseguiu dar seu primeiro beijo na formatura e mesmo assim, o rapaz havia sido empurrado para longe dela.

Teve que sair às pressas sem mesmo conseguir o contato dele para quem sabe marcarem um encontro.

Uma noite ela conseguiu fugir, tinha dezesseis anos. E aquele dia havia sido o mais triste e violento de toda sua vida. Com a ajuda da sua babá, que na época ainda morava lá, uma espécie de acompanhante e governanta. Ivone planejou uma festa com suas colegas e sem que os seguranças soubessem, ela saiu. Com a promessa que voltaria antes de amanhecer. Como a festa era a fantasia, a chance de ser descoberta era mínima.

Porém naquele dia um dos seus colegas resolveu dar a Helen uma das piores experiências, que nenhuma mulher gostaria passar.

Roberto era seu nome, o garoto mais bonito da escola, simplesmente queria ficar com ela naquela noite e então depois de beber algumas cervejas ela havia ido para um quarto com ele. As coisas foram ficando tensas quando ele percebeu que ela ainda era virgem. Mesmo insistindo que Roberto fosse carinhoso o rapaz simplesmente não conseguiu controlar-se e o que deveria ter sido sua incrível primeira transa, foi uma cena de horror, que ela nem gostava de lembrar. No final, depois que Roberto havia gozado, se levantou da cama e riu de sua pouca experiência. Em seguida entraram mais dois rapazes e abusaram dela, mesmo sob seu protesto. Depois de praticarem o ato, eles foram embora deixando uma envergonhada e triste menina deitada sobre a cama, nua e sem coragem de sair.

Ela lembra que o sol já começava a surgir quando seu pai e Ivone chegaram a casa. Seu pai aos berros perguntando o que havia acontecido e Ivone chorando pedindo desculpas. Isso custou à demissão da amada Ivone! Depois disso, elas nunca mais se viram.

O pai nem mesmo permitiu que se despedisse da velha amiga.

Ivone ficou tão preocupada que ela não retornou no horário combinado que acabou confessando que havia ajudado Helen para ir à festa. Seu pai havia praticamente arrastado ele até aonde acontecia a festa, e quando a encontraram daquela forma lastimável, furioso havia demitido a sua babá.

Meses depois os três rapazes haviam sido presos. Era impossível que o grande magnata do petróleo deixasse que eles saíssem impunes daquilo.

Eles confessaram que haviam feito amor com ela, mas com seu consentimento. Então, eles acabaram sendo libertos. Porém, meses depois Helen ficou sabendo da morte dos três rapazes, o carro que eles estavam perdeu o controle e todos haviam perdido a vida no acidente.

E essa havia sido sua única experiência sexual de sua vida.

Ela tinha hoje vinte e três anos e zero de experiência sexual.

Depois disso entrava em pânico quando via um homem. E somente depois que Raul passou a ser seu segurança, que ela percebeu que havia baixado a guarda.

Não queria admitir, mas sentia uma forte atração pelo empregado de seu pai. Seu segurança particular!

Raul Monteiro era uma figura máscula!

Tinha trinta e um anos e solteiro. Era a única coisa que sabia daquele misterioso homem.

Seu corpo forte bem distribuído nos seus um metro e oitenta e cinco de altura, sua pele sempre bronzeada devido a seus trabalhos ao sol. Ela cansou de vê-lo passar correndo, se exercitando no imenso quintal da mansão.

Ela ficava de sua janela, escondia, vendo o correr. Suas pernas musculosas e um corpo que parecia ter saído de uma revista.

Vivia numa mansão com seu pai e dezenas de empregados. Em quase todos os cômodos uma câmera.

Quem entrasse ali nunca conseguiria sair sem ser visto ou abatido por um dos seguranças altamente treinados.

Ela saiu do carro sendo ajudada por Raul. Ele a conduziu até a entrada principal e depois voltou já pronto a sair.

- Raul. – Helen o chamou e ele parou dando meia volta.

- Preciso falar com você!

Ele olhou ao redor e entrou junto com ela na espaçosa sala.

- Raul, por favor, você precisa me ajudar! Eu quero sair! E eu só confio em você pra isso...

Ele estava sério, parecendo não entender o que ela dizia.

- Você quer sair e quer que eu te ajude?

- Eu quero ir num lugar especial! Mas só com você... Sem aquele monte de seguranças atrás da gente! Em alguns dias é meu aniversário Raul, seria um presente...

Ele olhou ao redor parecendo pensar no que ela pedia.

- Isso é muito importante pra você?

- Sim. Muito! Eu quero ver gente, dançar, beber! É pedir muito?

Ele ficou em silêncio, pensando no que ela dizia.

- Vou ver o que posso fazer!

Ela deu um gritinho de alegria.

- Calma, não comemore ainda. Eu disse que verei o que posso fazer!

Ela se aproximou dele e sua cabeça batia em seu tórax.

- Obrigada Raul, obrigada! Eu tenho certeza que você achará um meio.

Ele fez um gesto com a cabeça e saiu.

Helen rodopiou na sala feliz. Se existia uma coisa que Raul tinha de bom era, conseguir tudo que queria. Ele era inteligente e dedicado. E era o único que ainda trabalhava para o pai depois de tantos anos. Rubens Melquias confiava nele e ela também.

Sabia que ele daria sua vida para salvá-la.

Poderia ela confiar em mais alguém que ele para levá-la para sair durante à noite no dia de seu aniversário?

Sem falar que ela queria muito ficar a sós com ele.

Há muito tempo que sentia aquela atração por Raul. Ele era a perfeição em forma de homem, e por várias vezes ela imaginou sendo acariciada por aquelas mãos ou sentindo o calor de seu corpo. Mas ele parecia totalmente alheio a todos os seus olhares. Não era de se esperar que algum homem sentisse atraído por ela. Helen era uma mulher normal. Com seus longos cabelos de fogo! Como sua mãe a descrevia desde criança. Mas isso nunca havia sido motivo dela ser atraente. Ela se achava até mesmo feia.

Seu corpo era curvilíneo, mas sem graça. Ela se achava sem graça!

Não tinha aquela coisa sexy que via em várias mulheres.

Para começar ela não sabia conversar. Ficava perdida nas palavras. Principalmente depois do ocorrido naquela festa há dez anos atrás. Por isso havia optado pelas artes. Lá ela poderia criar, sem precisar dizer ou se mostrar.

Sua timidez era tanta que mesmo antes de sofrer aquele abuso, ela não conseguia uma aproximação com o sexo masculino. Apenas imaginava sua vergonha e humilhação. Fechou os olhos, sentindo o mesmo pânico querendo invadi-la de novo.

Não! Ela não podia continuar assim. Iria aguardar a resposta de Raul.

Isso seria uma comemoração para seu aniversário de vinte e quatro anos! O que passou! Passou!

Era isso!

Ela subiu ao terceiro andar da mansão e foi para sua galeria. Era ali que podia ser ela mesma, sem que ninguém questionasse. Seu pai achava aquela sua obsessão em ser uma pintora um desperdiço. Mas ele não entendia a sua necessidade de dizer alguma coisa e ali naquela tela ela conseguia ser ela. Sem medo.

Estava totalmente entregue a sua nova pintura quando ouviu um barulho na porta. Ela olhou desconfiada e perguntou:

- Quem é?

- Sou eu...

Ela teve um sobressalto reconhecendo aquela voz sensual e rapidamente colocou uma toalha sobre a tela.

- Entre.

Limpando as mãos no avental, viu quando Raul entrou no recinto. Ele havia tirado o paletó e estava penas com a camisa incrivelmente branca e a calca preta. Ele olhou ao redor e ela nunca entendia o que ele tanto procurava. Parecia sempre em alerta.

- Estive pensando no seu pedido.

Sua voz era sempre firme e sem emoção. Ela sentiu de novo seu sangue correr tão rapidamente que se sentia sem fôlego.

- E?

- O que você fará se seu pai descobrir que você saiu?

Ela sentou no sofá e fez sinal que ele a acompanhasse.

- Eu temo por você Raul a última pessoa que me ajudou há alguns anos, perdeu o emprego.

Ele assentiu.

- Conheço a historia!

Helen o olhou espantada e surpresa.

- Sim, seu pai contou sobre isso! Sobre sua babá, e deixou claro que, se isso um dia viesse acontecer de novo o destino da pessoa seria o mesmo.

Ela abaixou a cabeça totalmente desanimada. Quem em seu juízo perfeito iria enfrentar seu pai e perder o emprego?

- Mas, eu irei te ajudar.

Ela olhou para ele, entre surpresa e feliz...

- Sério!

Helen levantou num impulso, mas ele a conteve.

- Para começar, você deve parecer normal... Nada de mudar seu comportamento, ok?

Ela concordou.

- Por que você vai se arriscar para me ajudar?

Raul não respondeu de imediato e vasculhava seu rosto e como sempre ela nunca sabia o que pensava.

Por fim ele respondeu:

- É seu aniversário!

- Ah, corta essa! – Disse ela rindo.

Ele deu um pequeno sorriso e ela o achou ainda mais encantador.

- Vamos dizer que gosto de uma adrenalina! E sua baba não foi contigo na tal festa. Eu vou, ficarei no seu calcanhar a noite toda.

Ela concordou animadíssima.

- E eu posso escolher o local?

Ele encolheu os ombros:

- É seu aniversário!

Ela já sabia exatamente aonde queria ir. Desde jovem que queria ir a um lugar aonde pudesse dançar a noite toda e quem sabe encher a cara?

Ela riu.

Mas dessa vez ela não estaria sozinha e Raul faria qualquer coisa para protegê-la.

- Eu quero dançar a noite toda Raul e beber, encher a cara!

Ele riu, agora mais à vontade.

- Sério isso?

- Sim... E você não tem medo que meu pai desconfie de alguma coisa?

- Para começar nós não iremos ao dia de seu aniversário... Isso levantaria suspeita.

Ela concordou.

- Antes ou depois?

- Antes...

Ela estava tão animada que queria sair dançando.

- Não demonstre nenhuma emoção, certo?

Ele repetiu.

- Meu Deus! Eu não acredito que farei isso de novo! A última vez que fui... Bem você já sabe.

- Você não deveria sentir-se envergonhada, não teve culpa de nada!

Ela foi até a janela e olhava perdida para fora:

- Sinto-me culpada sim! A pobre da Ivone perdeu o emprego e sei lá mais o que porque eu decidi ir numa festa aonde os rapazes...

Sua voz se perdeu, emocionada.

- Olha, é melhor deixar isso! É uma tolice minha querer repetir essa, nem sei ao certo que nome dá!

Raul se aproximou, ele tinha um cheiro de uma loção que a deixava sem conseguir respirar.

- Já te disse: Eu vou com você! E prometo que nesse dia nada de mal vai lhe acontecer! Prometo!

A voz dele era firme e lhe trouxe novamente paz e segurança.

- Ok, eu confio em você.

Ele a olhou com uma expressão indecifrável.

Helen estremeceu ante aquele homem. Será que algum dia ele a olharia como uma mulher atraente? Como seria se perder naqueles braços?

Ela talvez nunca soubesse a resposta daquela pergunta.

- Helen...

- Sim?

Raul parecia que lhe falaria algo, mas mudou de idéia, apenas comentou interessado:

- O que você está pintando?

Ela olhou para a tela e sentiu seu rosto pegar foto, se ele soubesse...

- Ah, são besteiras e...

Raul se aproximou da tela e ela pediu:

- Por favor! Não...

Ele parou em frente curioso.

- Você deveria querer que as pessoas vissem suas pinturas... Aquela ali, por exemplo. – disse ele mostrando uma das primeiras pinturas suas. Era uma mulher nua em cima de um cavalo. Seus cabelos ao vento misturavam com a crina do animal.

Ela quis falar sobre uma liberdade que ela sonhava, mas que estava presa a algo mais forte que ela.

- É o meu preferido. - Concluiu ele. – Confie em mim: Você tem talento!

Ela foi até ele e ambos olhavam a tela coberta.

Timidamente ela retirou o pano que a cobria.

Os olhos de Raul tornaram se brilhantes e com outro sentimento que ela não soube interpretar.

Diante deles estavam dois corpos nus: O homem segurava a mulher pelos cabelos, e ela olhava para ele cheia de desejo. Seus corpos estavam unidos, numa clara pose de posse. Era a cena de amantes que estavam saciando seus corpos num sexo selvagem.

Engolindo em seco Helen comentou:

- E... E então?

Sem afastar os olhos da tela ele concluiu:

- Definitivamente, agora esse é o meu preferido...

- Jura?

Ele apenas balançou a cabeça concordando.

- Preciso terminar algumas coisas, mas eu também gosto...

- Eu também...

Raul parecia hipnotizado pela pintura e Helen tentava ver o que se passava com aquele homem enigmático. Quase no mesmo instante seu rosto se tornou no homem frio e distante e comentou:

- Amanhã trago para você roupas que vai precisar sair e não ser notada.

Dizendo isso ele se voltou e saiu.

Helen conseguiu respirar de novo, sem perceber havia prendido o ar. Arrumou seus cabelos ruivos num rabo de cavalo tentando aplacar o calor que teimava incendiá-la todas as vezes que estava com seu segurança.

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