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NARRAÇÃO JANAÍNA
Renato abre a porta para sair e algo em mim se desespera. Não sei ao certo o que sinto, só sei que não quero que vá embora. Minha mão empurra a porta da mão dele, que se fecha com tudo. Agradeço por estar atrás de seu corpo agora para pedir isso.
- Fica!
Nunca pedi para um homem ficar comigo. Nunca quis que um homem ficasse ao meu lado como desejo que Renato fique. Isso me assusta. Isso mostra que ele está certo. Já criamos um vínculo, um sentimento, uma necessidade um do outro. Ele não se mexe ou responde.
- Fica comigo!
Escuto seu suspiro pesado.
- Você quer que o meu pau fique ou quer o homem que te deseja e quer ser seu?
Respiro fundo e ando até sua frente. Renato me olha como se quisesse entrar em meus pensamentos e decifrar minhas loucuras. É assim que me sinto em seu olhar. Uma louca cheia de paranóias e que vive em seu mundo de forma estranha.
- Quero que fique e converse comigo. Quero agora um amigo que me escute e tente me entender. Você tem uma visão de um mamute sem coração, mas não faz idéia de como me tornei assim. Não sabe nada sobre mim, meus medos e minhas inseguranças. Está disposto a entrar na minha vida a força, mas não está se importando de como isso pode me causar pavor, medo.
Viro e fecho a porta. Volto a encará-lo e sem dizer mais nada, pego sua mão e o arrasto para o meu quarto. Renato me segue sem dizer nada, o que é bem anormal. Ele hoje parecia cheio de razão e foco em me calar. Entramos em meu quarto e fecho a porta.
- Deita na cama!
Ele tenta não sorrir.
- Vou deitar de roupa.
Reviro meus olhos.
- Tire pelo menos os sapatos.
Enquanto ele retira os sapatos, pego uma camisola na gaveta e tiro meu roupão. Quero rir ao ouvi-lo resmungar que é sacanagem. Visto a camisola e deixo o roupão na cadeira.
- Podia ter me pedido pra virar.
- Podia ter virado sem eu pedir.
Nos encaramos querendo rir.
- Deita!
Ordeno e vou para a cama. Nos deitamos e ficamos frente a frente. Puxo a coberta e nos cubro.
- Assim vou dormir.
Resmunga se aconchegando mais.
- Ai não vai ouvir o mamute.
Respiro fundo e coloco minhas mãos embaixo do meu rosto.
- Meus pais sempre foram um casal seco. O típico casal que empurra o casamento com a barriga. Minha mãe era infeliz cuidando da casa e fazendo trabalhos informais de costura. Meu pai trabalhava fora até tarde todos os dias. Quando estava em casa era um posso de grosseria.
- Já sei de onde vem o seu lado mamute.
Olho pra ele brava.
- Desculpa! Pode continuar.
- Eu não sei o que é ser afetuosa ou receber afeto. Fui criada de forma seca, assim como minha irmã, mas Sophi tinha uma alma livre e corajosa. Ela queria viver, amar, curtir as coisas. Meu foco foi sempre trabalhar, estudar e ser alguém na vida para não depender nunca de ninguém.
- Conseguiu!
- Sim! Mas não foi fácil. Quando Sophi engravidou e contou aos meus pais, eles surtaram e a expulsaram de casa. Não pensei duas vezes a seguir com ela pra fora da casa dos meus pais. Ela precisava de ajuda e não podia lhe virar as costas.
- Isso é amor de irmã!
- Podia ser um pouco. Por outro lado também estava disposta a me livrar da vida infeliz com meus pais.
- Como foi com sua irmã?
- Difícil! Sophi tinha um emprego com renda pequena e o meu tinha que arcar com a minha faculdade e nas despesas com a gente.
- Tiveram problemas com dívidas?
- Não! Acumulei trabalhos extras e conseguimos até fazer o enxoval da Alice.
Um sorriso bobo cresce em meus lábios.
- Estava tudo pronto para receber a pintinha, quando minha irmã...
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