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Assassinas em Rosa Choque

Assassinas em Rosa Choque

Morena Paz

5.0
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941
Leituras
27
Capítulo

Em um mundo utópico, onde deuses vivem entre os humanos, comandam suas cidades e se relacionam com eles, os filhos das duas partes são conhecidos como Mestiços, e eles carregam um poder de um de seus pais. Milena De Angelis, filha de um famoso bilionário, é uma garota comum. Socialite, mimada e egoísta, a garota é mandada pelo seu próprio pai para outro país para que aprenda uma lição de vida: o valor do verdadeiro esforço. Irritada com seu pai, ela tenta conseguir o dinheiro da maneira mais fácil, para poder voltar a sua vida boa, entrando para a vida do crime. Porém, o que Milena não esperava, depois de ser procurada pela polícia e ter que realmente se esforçar pra conseguir tudo o que queria, era que ela iria realmente aprender o valor da conquista, da lealdade e do amor dentro da sua própria facção.

Capítulo 1 Prólogo

Batuco meus dedos nervosamente em cima do livro que repousa em meu colo.

Fico repassando todas as discussões que tive com meu pai antes dele me mandar embora. E quanto mais eu penso nisso, mais raiva eu sinto. Não consigo entender como um homem pode mandar sua própria filha, sua única filha, para longe sem nenhum motivo valido. Lembro-me perfeitamente do dia que ele disse que queria me mudar para um outro país, eu estava saindo para fazer compras, quando ele interrompeu a saída da casa dizendo que precisava conversar comigo. Me levou até a sala, e quando sentamos frente a frente, ele olhou para mim e me disse:

- Mel – Era como ele me chamava quando eu era pequena – Eu sei que as coisas ficaram difíceis depois que perdemos sua mãe, e eu sei que tentei recompensar a falta dela da maneira que eu pude.

Percebi que ele estava nervoso pois ficava passando a mão em seus cabelos pretos repetidamente. Mas não queria ouvir aquela conversa melancólica. Já sabia o rumo dela, que ele me amava, que queria fazer o melhor para mim, e que achava que a falta dela estava me afetando de alguma maneira. Não estava. Perder minha mãe foi doloroso, claro, mas não foi algo que afetou meu psicológico a ponto de eu ter me tornado outra pessoa. Minha mãe sempre fez tudo para minha, era ela quem cuidava de mim enquanto meu pai trabalhava. Apesar de estar sempre ocupada resolvendo questões da casa, organizando eventos para o meu pai e sendo a diplomata com as famílias dos sócios dele, ela sempre conseguia arrumar tempo para mim, para me ensinar tudo que ela sabia. Diferente do meu pai. Desde que minha mãe morreu, eu fui criada pelas empregadas e babás, o que não durou muito tempo, pois eu expulsava todas elas, então comecei a cuidar de mim mesma sozinha, da melhor maneira que eu pude. Olho para o relógio, queria chegar no shopping antes do horário do almoço para poder comer em meu restaurante favorito. Então olho para o meu pai, com um sorriso enorme, coloco a minha mão em cima das suas e falo:

- Sim papai, você foi ótimo, agora posso ir? Estou super atrasada, quero comprar algumas roupas novas, não faço isso já faz duas semanas. E logo depois tenho um horário com a massagista e a manicure...

- Era exatamente o que eu queria dizer, você não se importa, não dá a mínima para nada além do dinheiro e do seu próprio conforto. - Sua voz saiu alta, o que me fez pular com o susto que tomei. - Eu tentei te educar da melhor maneira que pude, mas hoje percebo que te dar tudo que você queria só a fez virar uma mimada egoísta. Você só se importa com você e faz qualquer coisa para atingir o seu objetivo, mesmo que isso magoe outras pessoas, mesmo que magoe quem você ama. Por isso, Milena, eu te quero fora daqui.

Ele fala isso, e imediatamente parece aliviado, como se tivesse tirado um peso das costas. Fico perplexa diante suas palavras, então fico calada por alguns segundos, tentando assimilar cada palavra dita.

- Então você está me expulsando de casa?

Percebo em seu rosto que ele também assimilou o que tinha acabado de dizer, e de alivio, sua expressão passou para preocupado e nervoso.

- Milena não é bem assim... Você sabe que eu te amo e que eu quero o melhor para você...

- Para onde você acha que eu vou? – O ódio já tinha tomado conta de mim, então elevo minha voz o máximo possível – Eu tenho dezoito anos, pai, não é como se eu tivesse uma casa, e um trabalho! Nem formação eu tenho!

- E você planeja isso? Você pelo menos se inscreveu para alguma faculdade como eu havia aconselhado? Se você me disser agora que no mínimo você está matriculada em alguma faculdade, eu acabo essa discussão aqui.

Olhei para ele com raiva, ele sabia que eu não tinha feito isso, e eu não esperava que ele fosse me obrigar a estudar e trabalhar, afinal ele tem dinheiro para sustentar um país inteiro durante o resto de nossas vidas. Além disso, se ele conversasse comigo por mais de dez minutos durante o dia, ele saberia que eu não sei o que eu quero fazer, ou se tem algo no qual eu sou boa, além de ser uma socialite. Então, sem pensar, me levantei e joguei as palavras com veneno na cara dele:

- Então é isso? Simplesmente porque eu não tenho um plano decidido agora, você vai me jogar fora como se eu fosse um sapato que não gosta mais? Eu deveria saber, era o que você ia fazer com a mamãe antes dela morrer, ela me contou sobre os casos que você estava tendo. Sabia que aqueles dias foram os mais miseráveis na vida dela? Claro que não sabe, o senhor nunca está por perto, sempre tem algo mais importante que sua família. Mas você não pode fazer isso, você não vai se livrar de mim só porque você não aguenta mais essa família.

Ele levanta a cabeça para me encarar e, para minha surpresa, não encontro raiva, mas sim decepção. Decepção por eu usar isso contra ele, por eu ser ter agido como a pessoa que ele acabou de falar que eu era. Sinto uma pontada leve de arrependimento no fundo da garganta, mas logo vai embora, tenho que manter o foco para faze-lo ficar arrependido só de ter sugerido essa ideia. Ele coloca a cabeça entre as mãos e respira fundo.

- Eu cometi um erro no meu casamento, eu consertei, sua mãe me perdoou. E eu cometi um erro com você, e pretendo consertar. Eu só quero que seja uma pessoa melhor. Que se preocupe com outras coisas, além de futilidades. Espero que me perdoe um dia por fazer isso dessa maneira.

Olho para ele incrédula.

- Não há maneira de eu te perdoar depois que você me mandar para viver debaixo da ponte.

- Mel, não estou te mandando para a rua. Eu já paguei o aluguel de uma casa durante os próximos três meses, e ela está abastecida com comida, te fiz uma conta bancaria com dinheiro suficiente para você sobreviver durante esse tempo. Já contratei um motorista para te levar até lá e reservei o jatinho para você chegar ao Brasil...

- Brasil? Você não tá satisfeito que eu saia de casa, você quer que eu vá embora do país?

- Não quero você vivendo a minha sombra, não quero que você pense que pode vir correndo atrás de mim na primeira dificuldade. E eu pensei que lá fosse ser um lugar bom, é onde sua mãe cresceu...

- Eu não sou minha mãe. – Respiro fundo e desvio o olhar dele para longe - Então vai ser assim? Você vai me mandar embora.

- Não é bem assim, eu vou estar sempre em contato, não vou deixar você correr perigo, nem passar fome...

- Para! Se for para ser assim, não quero que entre em contato, não quero falar com você, o senhor que está aqui na minha frente, não é mais meu pai.

Peguei minha bolsa e sai correndo, só virei a cabeça a tempo de ver que meu pai estava chorando, quando bati a porta de casa e entrei no meu carro, percebi que estava chorando também. Naquele dia tentei sair para as compras, mas meu pai já tinha cancelado meus cartões. Era uma coisa que ele planejava fazer a tempo. Depois disso não conversei mais com ele, além do essencial, sobre o dia da viagem e coisas do tipo.

A semana antes da viagem passei trancada em meu quarto, recusava a abrir a porta todas as vezes que ele batia nela, tentando falar comigo. Quando peguei o avião, não parei para me despedir, ele estava me esperando a porta de casa, porém eu o ignorei e bati a porta na sua cara. Ele não tentou ir atrás de mim.

Ouço a voz do piloto avisando que o avião ia pousar, me tirando do meu devaneio, então decido me olhar no espelho para parecer o mais perfeita possível quando for conhecer a nova cidade. Arrumo meus cabelos grandes, espessos e completamente pretos em um rabo de cavalo. Foco em passar um rímel em meus grandes olhos, que são da mesma cor do meu cabelo, e depois de passar um gloss, começo a olhar para mim mesma e perceber como sou parecida com meu pai, exceto pelo tipo físico que puxei da minha mãe, baixinha, pele bem clara, e corpo cheio de curvas. Começo a pensar que se ela ainda tivesse aqui nada disso estaria acontecendo, minha mãe era tudo para mim, antes de morrer em um acidente de carro há oito anos atrás. E então só sobrou eu e meu pai, eu até tenho um avô que não vejo há muito tempo, mas não sou muito próxima dele. Meu pai é minha única família. Era. Antes dele me mandar para longe.

Percebo que o jatinho já chegou ao chão, então logo afasto o pensamento. Fecho minhas botas que vem até minha coxa, ajeito meu vestido listrado, preto e branco, justo ao meu corpo cheio de curvas. Então levanto e boto meus óculos de sol. Repito em minha mente que tudo vai ficar bem. Paro por um segundo antes de descer do jatinho, e então sem mais nem menos, começo minha nova vida.

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