Está é uma obra de ficção apenas com o intuito de entreter o leitor. Falas, ações e pensamentos de alguns personagens não condizem com os da autora. O livro contém descrições eróticas explícitas, cenas gráficas de violência física, verbal e linguajar indevido. Indicado para maiores de 18 anos. Como a história se passa na Rússia, o significado das palavras estrangeiras encontra-se num glossário oferecido no início do livro. Sobre trademark ™, a autora reconhece aos legítimos donos das empresas e marcas citadas nesta ficção o devido crédito, agradecendo o privilégio de citá-las pelo grau elevado de importância e credibilidade no mercado.
Kyara Smirnov
"Pode abrir os olhos, meu amor. Você já
está em casa."
As palavras pareciam gentis, contudo, foi a
voz que imediatamente reconheci que me fez abrir
os meus olhos, em pânico.
- Boris?
Tentei me levantar, mas eu me sentia
aturdida, então, apenas me rastejei pela cama
tentando colocar o máximo de distância possível
entre nós dois. A minha cabeça pesava e eu sentia
como se meu corpo tivesse sido sacudido e girado
em várias direções.
- Onde eu estou? - indaguei fracamente
- O que estou fazendo aqui, Boris?
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Aos pouquinhos, parte do que eu
conseguia recordar vinha como flashes em minha
mente. A visita de Sonya, o presente de casamento
que ela disse que iria me dar.
Meu casamento.
- Dmitri!
Ao chamar por ele, os olhos cheios de
rancor de Boris caíram sobre mim, ele avançou em
minha direção, agarrando forte meus braços.
- Nunca mais suje sua boca com o nome
dele - ordenou ele, fixando os olhos carregados de
ódio nos meus.
Sempre temi a Boris, conhecia seu lado
cruel e como ele se transformava em uma pessoa
emocionalmente instável, mas nunca senti tanto
pavor como agora. Ele tinha ultrapassado todos os
limites e seria capaz de qualquer coisa.
- Você me sequestrou - acusei-o e
tentei me soltar sem sucesso - Um dia antes do
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meu casamento.
Um dos meus braços foi liberado quando
ele passou a mão em meu rosto. Isso me lembrou
Dmitri e de seu toque suave em mim.
- Nunca permitiria que se casasse com
ele - avisou Boris - Eu já disse, Kyara, você é
minha. Sempre foi e sempre será.
Boris era louco, não havia outra forma de
poder descrevê-lo. Amar alguém não era forçá-la a
ficar com você, mas sim, deixar que ela decidisse
se queria ficar, como Dmitri havia feito na Suíça.
- Você tem que me libertar, Boris -
disse angustiada - Se Dmitri...
Ele segurou firme o meu queixo, apertando
forte meus lábios, impedindo que eu continuasse a
falar. Lágrimas se formaram em meus olhos, de dor
e de desespero.
- Já disse para não falar dele. Não me
obrigue a ser violento com você para que entenda,
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Kyara.
Ao som de sua ameaça, entendi uma coisa,
não havia nada que eu pudesse dizer para conseguir
fazê-lo mudar de ideia, pelo menos não agora. Eu
tinha era que me manter viva, até encontrar uma
forma segura de sair daqui, porque eu sairia daqui
ou morreria tentando.
Isso me fez lembrar de algo que Irina me
disse uma vez sobre Dmitri. Excluindo os dias que
estive trancada no quarto e passei fome, nunca tive
realmente o desejo de fugir dele, não como sentia
com Boris. Porque por mais que eu tenha sido
mantida contra a minha vontade por algum tempo e
sido privada de minha liberdade, eu nunca consegui
ver nos olhos de Dmitri o mesmo tipo de escuridão
e maldade.
- Eu sei que você pode estar confusa
agora - disse ele ao me soltar - Estava prestes a
realizar o sonho de toda garota na Bratva, ser a
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escolhida do Pakhan.
Nunca almejei esse sonho, pelo contrário,
sempre desejei ir para bem longe desse mundo. Eu
me apaixonei por Dmitri e não pelo o que ele
representava. Aceitava e entedia o Pakhan porque
era parte de quem ele era, mas eu sempre iria
preferir sermos apenas Kyara e Dmitri, o casal que
teve dias incrivelmente lindos nas montanhas.
- Você ainda irá conseguir isso, minha
pequena - Boris se afastou da cama e eu me
encolhi mais contra a cabeceira - Vou acabar com
o Milanovic e serei o novo Pakhan.
Sem que eu pudesse controlar, um ganido
angustiado escapou de minha garganta. Pensar que
Boris pudesse ao menos tentar ferir Dmitri me
aniquilava por dentro.
- Vou dar um tempo para que assimile
tudo - disse ele antes de caminhar em direção à
porta - Descanse e depois voltamos a conversar.
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Vou esperar que esteja mais acolhedora.
Saltei da cama quando a porta do quarto
fechou logo após Boris sair. Uma vertigem me fez
tatear o ar até encontrar a parede onde consegui me
equilibrar. Poderia ser algum sintoma da gravidez,
mas eu tinha certeza que ainda era efeito do
clorofórmio que Sonya usou para me manter
desacordada e, assim, poder me sequestrar.
Será que teria algum efeito colateral para o
meu bebê? Apoiei as costas contra a parede e levei
a mão ao meu ventre.
Lágrimas pesadas deslizaram pelo meu
rosto. Eu nem havia contado a Dmitri sobre o nosso
filho, e me arrependia tanto por isso. Agora, eu
estava longe, nas mãos de um louco que poderia
fazer qualquer coisa comigo e com nosso filho
porque odiava o pai dele.
Não, eu precisava manter isso em segredo.
Precisava manter a calma e tentar agir com
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racionalidade. Eu não deixaria que Boris ou
qualquer outro colocasse em risco a vida de um
inocente que nem tivera a oportunidade de vir ao
mundo, cruel, mas que teria pessoas que o
amariam.
Rastejei-me até a porta, estava trancada,
isso não foi surpresa alguma para mim, mas eu
precisava tentar. Fiz o mesmo caminho de volta,
sustentando-me na parede, já que ainda não tinha
total controle do meu corpo, no entanto, fui em
direção à janela em vez da cama.
Esta não era a mansão Kamanev, percebi
isso assim que abri os olhos. Este quarto não era
igual a nenhum dos que tinha em minha antiga
casa. Quando puxei a cortina, o pânico começou a
me fazer suar frio.
Existiam grades com espaço apenas para
uma mão. O material da janela antiga e os ferros
novos soldados nele indicavam que foram
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colocados há pouco tempo. O pouco que conseguia
ver ao redor da casa também não animava muito.
Muitas árvores revelando um floresta densa e
muros altos.
Isso queria dizer que Boris estivera o
tempo todo arquitetando seu plano monstruoso de
me arrancar de Dmitri, e Sonya, a quem sempre
amei e protegi, havia agido ao lado dele, traindo a
minha confiança. Tudo o que eu vivia agora era
culpa dela, pois, eu teria fugido de Moscou naquela
mesma semana em que ela pediu minha ajuda para
enganar Boris e o médico dele.
Eu não conseguia me arrepender
totalmente por ter saído em socorro de Sonya –
embora ela nunca tivesse merecido a minha ajuda –
porque com isso, mesmo com a confusão inicial,
duas coisas maravilhosas tinham acontecido em
minha vida: Dmitri e nosso bebê.
Também havia todas as outras pessoas que
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entraram em minha vida para ficar e que jamais me
fariam sofrer como Sonya fazia. Vladic e seu jeito
irônico, sempre arrancando um sorriso de mim;
Irina com sua inteligência, fazendo-me olhar com
coragem meus sentimentos, e me tratava com mais
consideração e respeito do que minha irmã de
criação a vida toda; Amarillo, Darya, Kalina e seus
avós. Tantas pessoas boas que eu queria muito
rever, pessoas que eu desejava compartilhar minha
felicidade.
Fiquei olhando para o céu escuro. Eu
gostava de observar a lua e descobri que Dmitri
também apreciava. Pensar nele me causava um
novo tipo de dor, uma dor literalmente física que
começava em meu coração e irradiava por todo o
meu corpo. Enquanto novas lágrimas deslizavam
por meu rosto, eu pensava em tudo o que poderia
estar acontecendo em casa.
Quando ele havia percebido que eu já não
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estava mais lá? Ele acharia que fugi ou perceberia
logo de início que eu havia sido levada à força?
Quanto tempo Dmitri e Vladic levariam para me
encontrar? Eles conseguiriam me encontrar? Como
ele estava se sentindo ao saber que horas antes de
fazermos nossos votos um ao outro, eu tinha sido
arrancada dos seus braços? Ele saberia que foi o
Boris ou imaginaria que foi algo da Tambovskaya
em retaliação?
Eram tantas perguntas rondando minha
cabeça que cheguei a me sentir fraca. Olhei para a
lua uma última vez e voltei para a cama. Escorei
contra os ferros da cabeceira e ergui minhas pernas
abraçando os joelhos, enquanto o choro
inconsolável que eu tentava com muito custo
controlar, vencia a batalha sobre mim.
Como eu sentia falta dele. Do seu abraço,
do seu carinho, de me sentir protegida do mundo
com ele.
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- Dmitri - solucei enquanto me afogava
nas lágrimas banhando meu rosto - Venha nos
encontrar, meu amor.
Eu repetia isso como se fosse uma oração.
Por minutos, por horas, não sei dizer, mas nunca
pareceu o suficiente.
Só percebi que havia cochilado quando a
porta foi novamente aberta e Boris entrou ao lado
de um homem alto e musculoso. Aquele era Feliks,
o Boyevik que sempre andava com ele e que agora
deveria ter se tornado o segundo em comando,
depois que Boris se tornou o Kapitan Kamanev.
- Você está horrível, mílaya - disse
Boris ao avançar pelo quarto em direção a mim.
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- Não me chame assim! - as palavras
escaparam da minha boca antes que eu pudesse
controlar minha raiva.
Apenas Dmitri usava essa forma carinhosa
comigo, Boris não tinha o direito de manchar isso.
- Por que não? - seu olhar duro caiu
sobre mim.
Precisava pensar rápido, eu não podia
dizer meus reais motivos a Boris, não tinha a menor
ideia de como ele iria reagir à resposta sincera.
- Era como Roman me trava - disse,
sabendo que a desculpa era fraca demais, mas no
momento era tudo que eu tinha - Me traz
lembranças desagradáveis.
A arrogância de Boris era tão grande
quanto sua tolice. Porque somente um tolo teria
coragem de enfrentar Dmitri como ele fazia.
- Eu dei um jeito nele, não foi? - ele
acariciou as maçãs do meu rosto com o polegar e o
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gesto fez meu estômago revirar - Farei com que
esqueça completamente Roman e o desgraçado do
Milanovic.
Roman foi só um encantamento juvenil
por quem eu sentia mais ter sido a razão dele ter
perdido a vida do que amargava lembranças
românticas interrompidas.
Mas com Dmitri? Ele era e sempre seria o
homem da minha vida. Nunca poderia amar alguém
como eu o amava. Ele estava dentro do meu
coração como em meu ventre.
- Mas olha para você - disse Boris,
movendo meu rosto de um lado a outro para me
assustar - Milanovic não a tratava bem, não é?
Eu havia perdido um pouco de peso com o
início da gestação, mas o Dr. Kushin disse que era
normal e que após o primeiro trimestre isso
mudaria, mas eu não podia dizer isso ao Boris,
então, me mantive em silêncio enquanto ele me
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analisava com seu olhar asqueroso.
- Eu vi que não queria ficar com ele no
dia que fui trocar a Sonya por você - confessou
ele - É claro que tive que dar um castigo nela
quando aquilo não foi possível.
Eu não queria ter qualquer sentimento de
empatia pela Sonya, por tudo que me fez, mas
nesse caso, não conseguia evitar. Parte da razão de
ela ser assim foi a criação que teve e por crescer
vendo Boris conquistando tudo o que queria pela
força. Fjodor Kamanev foi bom comigo, mas fez
um péssimo trabalho na construção do caráter do
filho.
- Tome um banho, há roupas que
comprei para você no guarda-roupa, depois, aprecie
o seu jantar. Eu te faria companhia, mas preciso
cuidar de alguns detalhes. Você entende, não é?
Queria Boris o mais distante possível de
mim. Queria nunca mais ter que colocar meus olhos
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nele. E pensar que minha última preocupação em
relação a Kamanev foi que não comparecesse ao
meu casamento.
- Depois, descanse um pouco, nos
veremos amanhã - disse ele - Teremos muito
tempo para ficar juntos, Kya. A vida toda.
Não se dependesse de mim. Observei
Boris sair novamente, dessa vez, com alívio. Pelo
menos ele ainda não havia forçado a barra, o que
poderia acontecer a qualquer momento.
A porta fechou-se atrás dele mais uma vez,
aguardei um pouco até ir à bandeja de comida. Eu
não agiria aqui como agi nos primeiros dias com
Dmitri, ficando dias sem comer. Além de precisar
de força para aproveitar o melhor momento para
escapar, tinha que pensar em meu filho.
Enchi minha boca até que as minhas
bochechas virassem duas bolas enormes e usei um
pouco de chá para engolir tudo.
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Então era isso. Eu precisava armazenar o
máximo de energia que conseguisse, manter a
frieza e estudar todas as possibilidades que me
ajudariam a escapar deste lugar.
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Capítulo 1 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 2 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 3 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 4 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 5 A Irmandade acima de tudo
08/03/2022
Capítulo 6 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 7 A Irmandade acima de tudo
08/03/2022
Capítulo 8 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 9 A Irmandade acima de tudo
08/03/2022
Capítulo 10 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 11 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 12 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 13 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 14 A Irmandade acima de tudo
08/03/2022
Capítulo 15 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 16 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 17 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 18 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 19 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
Capítulo 20 A Irmandade acima de tudo -
08/03/2022
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