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Na Intensidade do Coração

Na Intensidade do Coração

Sebastian Pereira

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5
Capítulo

Nicholas Andrich havia acabado de chegar em Nova Iorque. O jovem Galês, no entanto, mal podia prever o caos que sua chegada na Bernard High School, traria para sempre em sua vida; de todas as formas e do pior jeito. Lidar com seres humanos com autoestima elevada e pessoas vulgares logo tornou-se um ritual, mas era de longe o pesadelo menor comparado à presença insignificante Austin Moore. Austin Moore era o típico descolado. O popular. O aluno que todos gostariam de namorar, mas apenas Amber Johnson, possuía-o preso a si. De bela e mega inteligente, se rebaixa a fútil vontade de expor garotos e garotas no School News, o jornal-web da escola. Mas quando uma das notícias carrega a reputação de Nicholas, uma série de acontecimentos os envolve numa história inexplicável e cheia de reviravoltas. Porém, quando o coração frágil de Nicholas desperta-se na intenção de amar o playboy, as coisas complicam-se ainda mais com a chegada de um aluno misterioso que mudará o rumo de todos próximos a Nicholas de uma forma assustadora.

Capítulo 1 Prólogo

A passos calmos, Nicholas analisava o quarto da casa que passaria a ocupar. Era amplo, bem arrumado, como ele sempre apreciava. Livros devidamente organizados de acordo com o gênero, utilidade, e alguns que foram presentes antes de mudar-se para Nova Iorque, ainda mantinham-se encaixados próximo a estante. O closet espesso, com variedades de roupas, tênis, sandálias e agasalhos, já que em Gales o frio era comum durante o ano e na cidade que nunca dorme, não era diferente.

As paredes recém pintadas de cinza-opaco, transbordavam leveza. Aparelhos eletrônicos novos ornavam delicadamente sobre uma mesa de vidro próxima a janela. A cama King-size, repousava mais adiante, revestida com lençóis cinzentos e travesseiros negros. Uma tevê mais acima dava a impressão da riqueza conquistada pelo pai; uma porta mais ao fundo dava a noção do cômodo onde funcionava o banheiro. Mas deixou ele para vislumbrar mais tarde.

Analisou os detalhes dos quadros, fotos e esculturas pequenas, enfileiradas de acordo com seu valor. Seu pai não o decepcionou. Esperava não decepcioná-lo também.

Três batidas na porta de carvalho foram o bastante para tirá-lo da sintonia com o ambiente. Suspirou levemente e caminhou até ela, abrindo-a em seguida, revelando Robert, seu pai, encostado com os braços fortes no caixilho da mesma.

— Posso entrar? — ele perguntou.

Nicholas deu passagem. O homem quarentão entrou, analisando os pequenos detalhes, mas sem deixar escapar o olhar do único filho.

— O que achou do quarto? Gostou?

— Está muito bonito. O arquiteto soube dar um jeito, fora que os móveis e meus amados livros estão devidamente nos lugares. — disse ele.

Robert abriu um sorriso e concordou manejando a cabeça aleatoriamente.

— Que bom, meu filho — prosseguiu o homem, repousando suas mãos nos ombros de Nicholas. — Fico contente que está bem a ponto de ter superado deixar seus amigos para trás. Mas isso é muito importante para mim e para você.

— Sei disso — Nicholas asseverou, após— Só mais essa metade de ano, depois eu volto para Gales, afinal, vou fazer dezoito em breve. Se é importante para ti, pai, faço questão de me esforçar em deixá-lo feliz.

Robert o abraçou abruptamente. Deixou um beijo no rosto de Nicholas e o fitou.

— Que bom, Nick, que bom. Ó, o almoço está pronto. Sua aula começou já. Amanhã cedo o motorista irá levá-lo à sua escola — anunciou feliz. — Escolhi a melhor.

— Não precisava disso, pai.

— Ah, mas precisava sim. Seu material está aí. Hã, e seu fardamento também. Por favor, não demore filho, senão o almoço esfria.

— Vou descer daqui a pouco. Mas pode ir almoçar. Este fuso horário ainda é novo para mim. Estou sem fome.

Robert, então, despediu-se de Nicholas, já que após o almoço ele teria um encontro inadiável com seu sócio. Dois minutos depois, Nich desarrumou uma maleta que trouxe consigo, cheia de porta-retratos de sua mãe, uma pessoa com quem tinha poucas virtudes e nenhum momento conseguinte sucedente ao seu desaparecimento, informação esta que obteve com Melinda, sua fiel empregada, a pessoa que cuidou dele como filho e por quem supria grandes sentimentos. Robert nunca tocou no assunto, embora também não reclamasse do fato das fotografias de sua ex-esposa continuarem adornando o quarto de Nicholas, afinal de contas, ele tinha esse direito desde que não colocasse em nenhuma outra parte da mansão. Tanto daquela quanto a de Gales.

O nome Beatrice era uma injúria. Robert odiava quando perguntavam por ela, mas sempre arranjava uma desculpa esfarrapada para não responder a ninguém, principalmente a Nich, quem a tese sem exceção era recluso.

Nicholas arrumou delicadamente as fotografias e quando a fome o abateu, algumas horas mais tarde, desceu para comer algo. Seu pai, como previu, havia ido embora e a mesa encontrava-se sem a refeição. Foi à cozinha e viu Melinda lavando algumas louças e chegou mais perto dela.

— Tem como esquentar a comida para mim? — a voz, ainda que suave, fez a mulher dar um pulo para trás e colocar as mãos sobre o seio. — Te assustei?

— Um pouquinho — disse ela, secando-se no guardanapo— Pode ir na frente que logo irei levar sua comida, Andrich.

— Não gosto quando me chamam pelo segundo nome, Mel. Sinto-me… digamos… um pouco fora do comum. Mas eu espero você terminar. Não quero dar mais trabalho — salientou o jovem— Se não se incomodar, claro!

Melinda sorriu.

— Não incomoda. Sente-se e conte-me como foram as coisas nestas últimas semanas lá em Gales!

Nicholas puxou uma cadeira e sentou. Pôs um tanto de água no copo e bebeu devagar.

— Complicado, Mel. Não queria deixar meus amigos, nem decepcionar meu pai.

Melinda ligou o fogão e esquentou a panela e colocou um pouco de azeite.

— Sei mais ou menos como está se sentindo. Também não foi fácil deixar Cardiff para trás. Mas é necessário já que não conseguiria viver sem você.

Nicholas abriu um amplo sorriso. Também seria difícil conviver sem ela por perto. Observou atentamente a mulher picando as verduras, legumes e esquentando o Laverbread, um tradicional prato degustado em Cardiff, conhecido como “Caviar Galês”.

Entre segundos e mais segundos, ele resolveu questioná-la.

— Como os meus novos colegas de classe irão reagir ao ver um Galês de perto?

A pergunta soou imatura, Nicholas percebeu isso na resposta de Melinda.

— Irão, bom, querer ser você. Não é à toa que era charmoso na sua antiga escola.

— Não quis perguntar isso, na verdade. Mas será que hão de me aceitar?

Melinda desligou o fogo e o encarou.

— Sim, vão. Porém, não será fácil. Nada é eficaz de imediato.

Ela o serviu.

— Isso está com uma cara agradável — se referiu a comida.

— Se tivesse descido no horário, estaria melhor.

— Ah, sim, esse fuso está me matando no primeiro dia. Porém, irei me acostumar com o tempo.

Melinda assentiu.

— Estarei no escritório do seu pai caso queira alguma coisa. Tchau.

— Tchau, Mel!

A mulher se retirou, deixando Nicholas sozinho na sala-de-estar. O local bastante amplo lembrava o casarão de Cardiff, mas com uma arquitetura mais moderna, nos padrões da América. As paredes pintadas de branco refletiam a luz do enorme lustre pendurado no teto forrado do casarão, de forma inigualável. Nas taipas, quadros belíssimos impressionam a visão gloriosa de quem entra por ela. No amplo, móveis de madeiras nobres e esculturas pequenas, no entanto, tomavam espaço, embora a mais magnífica localiza-se mais ao fundo: a lareira. E, quatro metros depois, uma grande escada a qual levava aos demais aposentos. Sim, a vida de Nicholas era nobre, mesmo que o dinheiro não fosse tudo, ou que não comprasse tudo, em sua visão.

Depois do almoço, Nicholas resolveu sentar no sofá e aguardar a noite cair, mas antes que isso fosse cumprido, o som da campainha soou no cômodo. O garoto levantou preguiçoso, caminhou até a porta e a abriu, revelando um rapaz alto e de olhar esverdeado, cabelos negros e um pircing no nariz. Usava roupas escuras, estilo gótico, mas assim que o jovem sorriu, notou um diferencial. Ele estendeu a mão.

— Prazer, Alec, seu vizinho.

Nicholas hesitou por três segundos, mas o cumprimentou.

— Satisfação! Me chamo Nicholas. Na verdade é Nicholas Andrich, mas prefiro só o primeiro nome ou apenas Nich.

Alec pareceu confuso, mas relaxou.

— Legal. Então, vai me convidar para entrar?

Hesitou novamente, mas a leveza de Alec o consumiu. Deu passagem ao rapaz e este entrou na sala com total cuidado.

— Sente-se — ele indicou o sofá.

Alec sentou. Nicholas, entretanto, preferiu ficar de pé no momento.

— Então… como entrou na propriedade?

— Pulei o muro! — afirmou.

— O quê?

— To brincando, cara. Seu pai e meu pai trabalham juntos. Desde que o Robert chegou aqui em Nova Iorque, me aproximei dele que me contou sobre você — Nicholas estarreceu. — Fica tranquilo… não foi nada demais. Ah, e respondendo sua pergunta anterior, seu segurança abriu o portão pra mim.

Mais aliviado, Nicholas prosseguiu com suas indagações.

— Hã… mora onde mesmo?

— Na casa frente a sua. Quando quiser ir lá, será muito bem vindo, Nich.

Nicholas assentiu, mesmo tendo certeza absoluta que não iria, todavia pela falta de tempo e, o mais óbvio, preguiça.

— Vou sim — mentiu.

— Que bom. Ah, fui eu quem indicou sua nova escola para ele — Nich arregalou os olhos. — É, pois é, eu estudo lá.

Seria quase impossível se livrar dele. Pensou Nicholas.

— Tem dezessete anos?

— Dezoito, na verdade. Fiz há pouco tempo.

— Hum… legal.

Alec insistiu.

— E você?

— Eu o que?

— Tem que idade?

— Ah, sim, tenho dezessete. Brevemente farei dezoito.

— Vai ter festinha?

— Hum… não.

— Não vai ter festinha, cara? — Alec parecia pasmo— Nem um bolinho? Nada?

— Não. Na verdade, sei muito pouco sobre esta cidade. Fora que não tenho amigos.

Alec mordeu os lábios.

— Ah, mas você é um cara bacana… acho que fará amigos rápidos. Posso te ajudar com isso. Sou um dos mais populares na Bernard High School, conheço bastante gente. Além do mais, eles moram aqui por perto. Ficaria mais fácil.

— Não vai ser necessário, Alec. — enfatizou o jovem. — Mas obrigado pela gentileza de vim até aqui. Muito educado da sua parte.

Alec, no entanto, fez uma proposta.

— Que tal ir comigo amanhã para a escola?

Nicholas pensou e tomou uma decisão.

— Outro dia. Meu pai vai me levar amanhã à escola.

— Entendi — Alec levantou desapontado. — Bom, espero que vá um dia lá em casa. Meu irmão mais velho faz uma pipoca doce de comer rezando e lamber os dedos.

Nicholas sorriu. Ele observou o garoto caminhar até ele e depois encurtar o caminho até a porta.

— Vejo você na escola, certo?

— Certo! Nos vemos lá.

Ele abriu a porta e Alec saiu por ela, indo em direção ao portão. Nicholas fechou-a, e caminhou se jogando no sofá.

— Ah, que garoto chato. Chato, porém, bonito.

Nicholas não comentava com ninguém sobre sua orientação sexual, porém o receio de ser julgado quando fosse revelado não existia. Ser bissexual não era um bicho de sete cabeças, não até se apaixonar.

Na manhã seguinte era uma terça-feira. Seis e meia no horário local. Acordou com o despertador ressoando no quarto a dentro. Ficou sentado sobre a cama e esperou o corpo revitalizar as forças. Feito isso, levantou-se caminhando em direção ao banheiro.

Minutos depois, de banho tomado, voltou ao quarto. Escolheu uma cueca entre suas tantas opções e a vestiu. O fardamento da Bernard High School havia sido separado na noite anterior. Consistia numa calça moletom escura, sem detalhes, com a camisa laranja adornada de um brasão negro, simbolizando um dragão, entre os peitos. O casaco — também obrigatório —, unia as duas cores de maneira harmônica. O tênis, com exceção, era branco, cano alto, o qual fazia seu estilo.

Vinte minutos depois, já vestido, o rapaz encarou-se no espelho pendurado na parede do quarto. Nicholas Andrich era alto; dono de um olhar azul profundo fazendo jus aos fios loiros e sobrancelhas negras. O rosto anguloso e quase quadrado destacava a beleza britânica de seus pais. A pele branca denunciava que o rapaz nunca pegou um bronze na vida.

O fardamento caiu perfeitamente em seu corpo. Não era nem apertado e nem frouxo, mas adequado. Arrumou o cabelo num topete alto, apanhando a bolsa escolar e saindo em direção à porta, com destino a sala-de-estar.

Ao chegar no local, o lugar de seu pai encontrava-se vazio, o que resultou no primeiro questionamento do dia.

— Cadê meu pai?

— Bom dia, Andrich. O Dr. Robert saiu há pouco, mas deixou avisado para ir sem ele à escola, pois deixou tudo acertado com a diretora Blanche.

Nicholas assentiu com veemência.

— Beleza! Eu vou indo então.

— Ei? Não vai comer nem uma fruta?

— Não, obrigado. Preciso me apressar, não quero chegar atrasado no meu primeiro dia. Seria um erro gravíssimo.

— Uma maçã, pelo menos. Leva uma maçã, Nich.

Ele cedeu. Tomou duas das três maçãs que Melinda estendia a ele e deixou um beijo no rosto dela.

— Até mais tarde, Mel!

— Cuidado, filho.

— Não precisa se preocupar. Sou bastante responsável.

Sim, e não havia dúvidas. O receio de Melinda, no entanto, restringia-se somente a violência da cidade grande, pois diferente de Cardiff, a capital de País de Gales, Nova Iorque era vinte vezes maior; o que fez disparar o coração da mulher ao ver seu filho-de-criação saindo pela porta.

— Oh, meu Deus, cuide dele.

O carro estacionou no amplo estacionamento da Bernard High School. O prédio era num formato de castelo, lembrava muito Buckingham, na Inglaterra, só que menor um pouco. As torres um pouco menos cumpridas; a pintura cinza-opaca, com diversas janelas. O jardim incrivelmente cuidado, chegou a parar ali e permitir-se a fotografar as rosas brancas, vermelhas e azuis, ressaltando a bandeira estadunidense. Haviam poucos alunos nos pátios menores, e Nicholas saiu do carro rumo a inspeção de materiais e objetos. A passos calmos, aproximou-se de um homem mediano com os cabelos grisalhos sentado em uma cadeira à espera de alguém. Talvez fosse ele e incontáveis estudantes que ali estudavam.

— Bom dia — argumentou o senhor, ao vê-lo. — É aluno novo?

— Bom dia — respondeu Nich com um sorriso de orelha a orelha. — Sim, aluno novo. Preciso ter acesso a sala da diretora Blanche, seria possível?

O velho assentiu.

— Qual seu nome? Nome e sobrenome, além da série e turma!

Ele abriu a bolsa e retirou um recorte de papel com número da sala que não havia gravado.

— Nicholas Andrich Harrison Ramsey. Terceiro ano do ensino médio; turma 12, sala 62, segundo andar.

O homem deu um sorriso.

— É daqui mesmo de Nova Iorque?

— Não, sou de Cardiff, a capital de Gales.

Ele arqueou uma sobrancelha. Suas mãos correram dentro de uma caixa a procura de algo. Dois minutos depois, o homem chamado por Pietro, estendeu um cartão com seus dados.

— É sua passagem para o progresso. É só passar nas catracas e ir a qualquer lugar desta escola. Bem-vindo a Bernard High School; o lugar de grandes campeões. Boa sorte, jovem!

Com o impulso daquelas palavras, Nicholas se moveu em direção a área escolar restrita a sala da diretora a qual ficava ali mesmo no térreo. Sua procura não demorou tanto, logo encontrou. Pressionou a campainha e aguardou o retorno, antes de trinta segundos uma mulher negra de cabelos cacheados e sorriso perfeito e alinhado, apareceu diante dele.

— É um dos novatos, estou certa?

— Sim, sou o Nicholas Andrich, filho de Robert Ramsey.

A mulher contentou-se.

— Entre, por favor. Irei lhe dar algumas informações e brevemente levarei você a sua sala.

Nicholas entrou. A diretora Blanche indicou uma cadeira ao rapaz que parou um instante para analisar a organizada sala dela. Tudo bem limpinho, branquinho e em seu devido lugar. Na parede, um cartaz exibia onze garotos. Cinco perfilados e outros cinco agachados, pareciam ter tirado a fotografia durante uma espécie de campeonato. Sim, sua suposição estava correta, certificou-se disso quando viu um troféu na estante ostentando o poderio olímpico da Bernard.

— Quando foi isso? — ele perguntou.

A diretora Blanche olhou-o por cima dos óculos e parou de escrever no computador.

— Ano passado. Final do CIF, o campeonato interescolar de futebol, aqui o famoso soccer.

— Ganharam?

— Não, infelizmente. Os meninos perderam de virada.

— E este troféu?

— Ganhamos há muitos anos. Nosso único em cinco finais disputadas.

A resposta pareceu contentar o rapaz que voltou a olhá-la.

— Seu pai deixou livre a sua escolha de uma das disciplinas complementares. Qual deseja incluir no seu período semanal?

Ela entregou uma pequena ficha. Todas as atividades complementares restringiam-se aos esportes.

— Pode ser o futebol. Ops, Soccer!

Blanche anotou toda feliz. Após terminar a consulta escolar, a diretora levantou-se.

— Vamos, irei apresentá-lo aos seus novos colegas.

As mãos de Nicholas denunciavam a ansiedade, era visível pois estavam suadas.

Blanche o conduziu por uma série de corredores até o segundo andar do prédio, onde começava a sequência de sala enumeradas de sessenta em diante. A dele era sessenta e dois. A porta encontrava-se encostada e por eximia educação, Blanche pediu que entrasse primeiro para anunciar. Ela abriu e entrou. Todos os alunos que encontravam-se em silêncio, paralisaram. Não era costume de Blanche ficar zanzando pelas salas, mas aquela tinha uma exceção.

— Bom dia, professora Rosana. Bom dia alunos.

Todos saudaram com um bom dia, suave.

— Alguma novidade sobre nossa participação no campeonato neste ano, diretora? — perguntou Austin Moore, o selecionado capitão daquele ano.

— Minha rápida visita é sobre outra coisa, Austin, querido. A sala de vocês, como bem sabemos pela ficha de frequência, ganhou dois novos alunos — ela prosseguiu. — Anne, que veio ontem, no primeiro dia, o rapazinho que irei lhes apresentar agora. Pode entrar, querido.

Nicholas esfregou as mãos uma na outra e entrou. Quando pôs os pés naquela sala, recebeu diversos olhares; alguns suspiros profundos e excitantes, outros com muita contestação, afinal ele era bonito.

— Uau, que gato! — Milena deixou escapar o pensamento erótico e a fanfic que formulou depressa na cabeça, mas reverteu em seguida. — Quero dizer, uau, bem-vindo.

— Obrigado! — foi evasivo na resposta.

Blanche tomou a frente.

— Este é Nicholas Andrich Harrison Ramsey; é natural de Cardiff, em Gales.

— Apenas Nicholas, por favor — pediu o rapaz, atencioso. — Espero me dar super bem aqui.

Todos mantiveram uma certa cautela no começo, mas Nicholas já sabia que isso haveria.

— Bom, por favor, ajudem ele e nossa querida Anne com tudo que precisarem — asseverou a diretora, revirando para encarar a professora Rosana. — Ele é seu a partir de agora.

Rosana assentiu. Blanche deixou a sala, mas Nicholas prosseguia frente a classe. Assustou-se quando as mãos da professora tocaram os ombros singelamente.

— Bem-vindo, querido. Sente-se junto de Anne, para que possam se conhecer.

Anne levantou a mão, em indicação. Nicholas caminhou até ela, porém os olhares continuaram, não sabia até quando, pois os sussurros e seu nome foram praticamente ditos e escritos em papéis a aula inteira.

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