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Sem Fronteiras Para o Amor

Sem Fronteiras Para o Amor

Jean S.D

5.0
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123
Leituras
9
Capítulo

“Diferente dos países, que tem fronteiras como delimitadoras de suas extensões, o amor não tem barreiras para segurá-lo. Nada o impede de te atingir, pois é incomensurável” Entre países de culturas completamente diferentes, Gael, um jovem de dezenove anos, parte em uma viagem para a Tailândia junto de seus pais. Eles resolvem se estabelecer no país devido aos negócios da familia com uma empresa famosa de Bangkok. Mas, o que ele não esperava, era que estar em um oceano de segredos e surpresas indesejadas, poderia fazê-lo despertar um amor extremamente proibido, ao qual nem mesmo fronteiras seriam capazes de segurá-lo.

Capítulo 1 Uma Notícia Inesperada

Todos nós temos um lugar secreto ou especial em nossas vidas. Aquele lugar que consegue mandar todas as suas frustrações embora como se você nunca tivesse passado por elas antes. Este lugar secreto ainda pode ser encontrado pelas pessoas que não tem o seu lugar especial no mundo, seja ele em qualquer lugar que te faça se sentir melhor consigo mesmo e com seus pensamentos.

{Cidade de Ilhabela-SP, Brasil}

Em uma praia afastada da sociedade, deserta, sem nenhuma movimentação ou ruídos de pessoas por todos os lados, um jovem e belo garoto chamado Gael estava aproveitando seu lugar secreto. Seus olhos cor de caramelo acompanhavam freneticamente cada balançar das ondas a poucos metros de distância dele, produzindo um som tão relaxante que até os músculos mais tensos desapareceriam. O céu acima do mar cintilava tanto quanto o mesmo em diversos tons variados do azul, com pequenos pedaços de nuvens se movimentando lentamente ao redor do sol escaldante do meio-dia.

Gael estava sentado abaixo de uma grande amendoeira, sentindo a brisa refrescante do mar tocando em sua pele bronzeada.

Ao se deitar com a cabeça entre as raízes aéreas da árvore, o foco de sua visão voltou-se para as folhas e galhos dançando em sincronia com o auxílio da brisa do mar.

Aquele era o seu momento, o momento de Gael relaxar e tirar um cochilo de seus turbilhões de pensamentos. Mas assim como a vida de todo brasileiro, que não tem sossêgo nem por um minuto no seu dia a dia, o dele não seria diferente.

No bolso de sua bermuda, o som e sensação de seu celular vibrando fez toda aquela paz interior desaparecer. Ele se sentou novamente sobre a areia e ajeitou o cabelo cor de mel em um rabo de cavalo. O vento da praia não deixava os fios ondulados quietos nem por um segundo sem que eles incomodássem a sua visão.

Ao retirar o telefone do bolso, aproximou o celular mais um pouco e leu o enunciado: “Chamada de voz, Pai”, atendendo no mesmo instante.

_Alô?

_Oi filhão_respondeu uma voz descontraída._Onde você está?

_Na praia, por que? Aconteceu alguma coisa?

_Já devia saber_disse a voz em um tom feliz._Preciso que volte para a empresa. Eu e Teresa temos que lhe dar uma notícia.

Gael ficou intrigado.

_Eu realmente preciso voltar agora pai? Da última vez que eu deixei de aproveitar o meu dia, a Teresa contratou um professor de Linguagens particular sem que eu e você soubéssemos.

_Isso já é passado meu filho. Não chega nem perto do que temos para lhe contar. É algo muito importante. Você precisa vir imediatamente.

Em sua expressão, Gael ainda parecia receoso quanto a essa “notícia” do pai, principalmente por que Teresa estava envolvida. A brisa fria do mar deu-lhe uma sensação de gelar o estômago, o que naquele momento não pareceu ser um bom sinal.

De qualquer modo, a única forma de descobrir do que se tratava, seria indo até a empresa.

_Ok_suspirou Gael._Chego aí em dez minutos.

Gael desligou a chamada e guardou o celular no bolso. Ao olhar para as ondas se agitando no litoral e colidindo com um amontado de rochas, retirou um colar com uma concha em formato de chifre de unicónio de dentro da camiseta. Seu olhar se fixou naquele lugar por pelo menos dois minutos, como se seus pensamentos o tivessem levado para além das águas do mar.

Ele parou de girar a concha de um lado para o outro e se levantou, tapeando as roupas para retirar os grãos de areia que se grudaram a elas.

_Não tive muito tempo para conversar com você... Mas prometo voltar assim que puder.

Gael coletou seus chinelos da areia e caminhou pela praia em direção a uma trilha de cascalho ladeada por matos e arbustos espinhosos. O carro estava bem proximo dalí, em uma rua deserta de terra vermelha. Ele abriu a porta e entrou dentro do automóvel, colocando a cinto de segurança e partindo para o centro da cidade.

***

Enfim, Gael chegou ao predio principal da empresa de sua familia, a Corporação Salles(SallesCorp). Alí, se fabricavam e desenvolviam grande parte da tecnologia do país, desde de pesquisas biotecnológicas a recursos já usados pela maioria das empresas tecnológicas do século XXI.

O prédio era imenso, com mais ou menos vinte à trinta andares de altura. Era inteiramente feito de vidro espelhado do lado de fora, e a luz do sol que refletia nele se parecia mais com um imenso farol ligado durante o dia.

Gael se aproximou do portão de entrada com o carro e parou ao lado da cabine do porteiro.

_Bem vindo de volta, senhor Gael_cumprimentou o porteiro.

_Obrigado Walter_respondeu Gael sorridente.

O portão se abriu para o lado direito e ele avançou com o carro em direção ao estacionamento, parando bem ao lado da entrada do prédio.

_Nem no meu dia de folga eu tenho um descanso desse lugar_suspirou Gael desligando o carro e abrindo a porta.

_Bem vindo de volta, senhor Gael_disse uma voz feminina atrás dele.

O garoto se assustou tanto que bateu a porta do carro mais forte do que o comum. Uma garota trajada formalmente com um terno cinza e óculos estava parada a sua frente, segurando um tablet em seu braço direto e olhando para ele como se acabasse de ver um cachorrinho assustado.

_Q-Quem é você?

_Me desculpe senhor, não queria assustá-lo_a garota ergueu a mão constrangida._Meu nome é Anny. Sou a nova assistente pessoal do senhor Ulices.

Gael recuperou a postura e o fôlego.

_Então era isso que meu pai queria me contar?

_Ah...claro que não. Ele só me pediu para acompanhá-lo até o seu escritório assim que chegasse.

Gael olhou tão fixado nos olhos da garota, que ela desviou o olhar envergonhada. Ele ergueu sua mão e sorriu.

_É um prazer conhecê-la, Anny.

Os olhos da garota pareciam cintilar assim que Gael tinha acabado de terminar a frase. Suas bochechas ficaram um pouco rosadas, o que podia ser bem evidente se observasse com atenção.

_Anny?... Você tá bem?_perguntou Gael balançando a mão na frente dos olhos de Anny.

_E-Eu... Claro que sim, senhor_ela disfarçou a timidez._Vou te levar para o escritório do senhor Ulices.

A garota abraçou seu tablet como se ele fosse um bichinho de pelúcia e virou as costas para Gael, andando a frente dele em direção a porta de entrada para o prédio.

***

Ao abrir a porta do escritório, Gael vê seu pai Ulices e sua madrasta Teresa parados sobre a escrivaninha. Teresa tinha uma expressão séria e rígida como uma pedra, como se aquela mulher não tivesse nenhum tipo de sentimento ou gentileza por ninguém além de si mesma. Seu rosto tinha algumas marcas de expressão, e seu cabelo escuro como a noite era amarrado em um coque preso por uma caneta. Usava uma camiseta magenta de manga comprida, acompanhada por uma saia preta e um salto da mesma cor.

Só de olhar ela fazendo aquela pose de madame ao lado de seu pai, Gael começava a ficar extremamente tenso.

_Vou ser bem direta com você_disse Teresa em um tom ríspido, saindo detrás da escrivaninha e caminhando para perto de Gael._Vamos viajar juntos para a cidade de Bangkok, na Tailândia. Iremos ficar lá sem tempo previsto para retornar. E para a sua sorte, eu contratei aquele professor de Linguagens de quem você tanto reclama bem a tempo.

Gael cerrou os punhos e lembrou-se das dificuldades que passou durante um ano destas aulas de Linguagens. Ele realmente não tinha dificuldade alguma em escrever, entender ou falar tailandês, mas o que lhe deixava irritado era o fato do professor ser chato e insuportável durante as aulas. Estudava as linguas mais difíceis como a tailandesa, e se não estivesse correto nos três quesitos(escrever, entender e pronunciar), ele era praticamente chamado de imprestável pelo professor exigente.

Gael sempre pediu ao pai para acabar com as aulas daquele professor, mas a maldita madrasta sempre dava um jeito de convencê-lo a recusar seu pedido, dizendo que todo aquilo era apenas uma frescura que se tem no começo de todos os tipos de aulas.

_Mas por que ir para a Tailândia logo agora? Eu não quero abandonar tudo e deixar meus amigos para trás...

_Amizades são irrelevantes neste momento_Teresa o interrompeu._Elas servem apenas como um peso na vida de famílias de negócios como a nossa.

_Nossa?_disse Gael furioso._Você não faz parte dessa família, Teresa.

_Como não?_perguntou Teresa em desdém, erguendo a mão e mostrando-lhe sua aliança._Devia ter refrescado sua memória antes de ter dado esse chilique.

_Teresa, por favor_pediu Ulices._Não fale assim com ele.

_Pode deixar pai... Eu não me importo com o que sai da boca dessa mulher_disse Gael, voltando seu olhar para a madrasta._Quanto ao que disse sobre meus amigos... Eles nunca foram um peso para eu chegar aonde estou hoje, formado no Ensino Médio e em cursos adicionais como este de Linguagens que me obrigou a fazer. O que fizeram por mim me ajudou na vida, e não atrapalhou como você mesma disse.

_Hunf. Acho que você...

_A discussão está encerrada, Teresa_disse Ulices ajeitando a gravata vermelha de seu paletó e se levantando da cadeira.

Apenas por observar o comportamento problemático entre Gael e Teresa, podia-se dizer que a relação entre aqueles dois sempre foi assim. Gael detestava Teresa com todas as suas forças, e não podia se duvidar muito de que Teresa sentia o mesmo.

A madrasta ainda parecia plena e confiante, como uma rainha obedecendo as ordens de seu rei sem deixar que o plebeu irritante notasse a sua fraqueza. Ela olhou fixadamente nos olhos de Gael com seu olhar tão desafiador quanto a morte.

_Se deseja saber, a decisão não coube somente a mim, mas em grande parte ao seu pai. Ele prefere que sua faculdade seja feita fora do país, já que as faculdades de Bangkok são umas das melhores para você se formar em medicina.

_Medicina? Mas vocês disseram que eu iria fazer Administração quando completasse dezenove anos_perguntou Gael confuso._Eu teria que me formar nessa área para assumir a empresa.

_Nós sabemos disso_respondeu seu pai._Queríamos que você seguisse somente o rumo dos negócios da família, como a Administração Geral. Mas, eu não posso impedí-lo de realizar o sonho de sua mãe.

Gael ficou sem palavras naquele momento. Tanto ele quanto o pai e a madrasta encararam o quadro na parede do escritório. Uma mulher com o mesmo olhar e trejeitos de Gael posava quase como uma Monalisa brasileira na pintura. Sua expressão parecia tão serena e calma que ela praticamente se assemelhava ao mar pintado atrás dela, contracenando com as ondas se arrastando na praia.

_Marina sabia que seu sonho era se tornar um grande médico para cuidar das pessoas assim como ela_Ulices entristeceu o olhar quando se virou para a pintura._Talvez ajudar a salvar pessoas que estão passando pelo mesmo que ela já passou.

Gael segurou as lágrimas o maximo que pôde, mas uma se recusou a não descer de seu olho. Ele a enxugou com sua mão e continuou a resistir.

_É por isso que...você vai fazer a faculdade de medicina em Bangkok. E aos dias livres e finais de semana, você vai ter aulas de Administração com um professor particular de lá.

Gael assentiu com a cabeça.

_Mas e vocês dois? O que vão fazer por lá?

_Eu e seu pai vamos resolver assuntos de negócios com uma possível parceira tailandesa, a ExzonCorp_disse Teresa._ Aliás, Anny viajará conosco para agendar as suas tarefas a partir de agora.

_E-Eu?!_perguntou Anny surpresa. Ela ainda estava parada perto da porta do escritório encarando a mulher._Mas isso não estava programado no meu contrato, senhora.

_Pode ir embora se quiser_respondeu Teresa._Uma assistente sempre tem que estar preparada para todo tipo de imprevisto. Se não consegue nem mesmo fazer isso, vou arrumar alguém que saiba...

_N-Não precisa, senhora Teresa_disse Anny desesperada._Vou preparar minhas malas e a agenda do senhor Gael com o resto da equipe. Com licença.

Anny saiu do escritório tão trêmula quanto uma vara verde. Gael não gostou nem um pouco de como Teresa a tratou, mas sabia que se falasse algo a respeito, isso deixaria seu pai ainda mais furioso com outra discussão.

_Bom, acho que já vou indo embora também_disse Gael.

_Espere filho_Ulices interveio._Antes de ir, devo lhe avisar que partiremos amanhã de manhã. Pedi as empregadas para arrumarem as suas malas e esperarem suas intruções sobre o que queria levar a mais na viagem.

Gael assentiu.

_Mas... Será que posso passar a tarde com meus amigos antes de voltar? Não quero desaparecer da vida deles assim de repente. Preciso de um tempo para contar a eles.

_Faça do jeito que achar melhor_respondeu Ulices._Mas volte antes do jantar por favor.

_Sim senhor.

Gael se dirigiu a porta e saiu do escritório em silêncio.

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