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Destinada ao diabo - Contrato de casamento

Destinada ao diabo - Contrato de casamento

emmawolf

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Capítulo

Léo Gallo, desde criança, aprendeu a tratar dos negócios da família. Sendo o mais velho de três irmãos, ele assumiu a liderança dos cassinos clandestinos de seu pai, sendo conhecido como o " el diablo", o homem mais rico e temido da cidade. Após perder o melhor amigo, e quase perder a sua irmã caçula, em uma guerra de gangues contra Gabriel Sorrentino, seu maior inimigo, decidiu que não estava disposto a continuar colocando os seus em risco, graças a vida incerta da máfia. Cansado dos trabalhos irregulares, ele encontra na jovem herdeira Maria Beatriz Savoia, a chance de viver a vida de um homem honesto. O maior objetivo de Gallo seria levar a jovem ao altar, mas sem revelar a sua verdadeira identidade, para se aproveitar do poder que ela exerce na alta sociedade. Determinado a se livrar dela na primeira oportunidade, após conseguir tudo o que queria, Gallo se surpreende ao perceber que ela não era a garota ingênua e vulnerável que imaginava, e que, assim como ele, tinha os seus próprios segredos e interesses no casamento.

Capítulo 1 O poderoso chefão

- E então, meu amor? Você já pensou a respeito da festa de aniversário que eu quero organizar para você aqui no cassino? - Camila mordeu os lábios, apreensiva, torcendo internamente para que, naquele momento, o homem dissesse que sim.

Léo respirou fundo, já tinha desistido de trabalhar a partir do momento que sua namorada surgiu repentinamente no seu escritório. Ela sempre se aproximava devagar, o dava alguns beijos, e sempre conseguia roubar toda a atenção do homem para si. Antes da loira invadir a sua sala, ele revisava planilhas importantes, e terminava de vistoriar os lucros de sua rede de negócios, como sempre. Formado em economia, muito circunspecto quanto a cada detalhe do capital de seus estabelecimentos, Gallo era o próprio diretor de finanças dos seus vinte e cinco cassinos clandestinos, apenas na sua cidade " Rosa Rossa", no sul do Brasil.

- Você faz mesmo questão dessa festa, não é? - Claro que faço, você merece pelo tanto que trabalha. Pensa bem, meu amor, seu bisavô construiu este cassino, o primeiro de Rosa Rosso. Ele criou tabuleiros de jogos diferentes, atraiu o público todo para cá, conseguiu ludibriar os fiscais, mas foi você quem criou todo um império a partir exatamente deste Cassino. Você inovou outros tabuleiros, mais modernos. Conseguiu atrair uma clientela mais sofisticada, é aqui que negócios importantes são feitos.

- Se refere a vendas de joias falsificadas, transações tráfico de diamantes, etc, como " negócios importantes"? - Léo arqueou uma de suas sobrancelhas, adquirindo um semblante sarcástico. - Brincadeira, são importantes mesmo.

- O que estou querendo dizer... - Continuou Camila, irritada com a interrupção. - É que você soube fazer amizade com essas pessoas, porque é o único que sabe trabalhar com elas, e por isso que homens como o Gabriel Sorrentino morrem de inveja. Porque você é tudo o que eles querem ser, você é tudo o que todo homem quer ser. Não é um mafioso qualquer, você é o imperador deles.

- E com a namorada que mais eleva a minha auto-estima. Mas eu preciso concordar.

- Então, Léo... - Camila acariciou os cabelos escuros do homem, deixando um beijo breve em seus labios. - É o seu aniversário de vinte e sete anos, precisamos comemorar, meu amor. Qual homem na sua idade tem tudo o que você tem? Olhe para a sua volta, foi aqui que tudo começou. Qual lugar seria melhor para comemorarmos mais um ano de sua vida.

- Tudo bem, Camila, tudo bem, me convenceu. Pode organizar a sua festa. Afinal de contas, o que eu consigo te negar? Te amo demais para isso.

Camila esboçou um sorriso largo, antes de praticamente se jogar nos braços dele, para beijá-lo. Aquela mulher tinha um feitiço tão especial, que era a única a conseguir dele quase tudo o que queria. Quase tudo, porque Gallo nunca mergulhava de vez em uma empreitada. Ele era louco por aquela mulher, mas era ainda mais pelo seu prestígio e pelo seu dinheiro. Ainda assim, nenhuma mulher nunca foi capaz de despertar nele aquele sentimento arrebatador que só sentia por Camila. Com ela, era capaz de virar o mundo pelo avesso.

...

Camila cumpriu com o prometido, quando disse que a festa no cassino seria grandiosa. Todos da família Gallo estavam presente. Arthur Gallo, o irmão do meio, Leonora Gallo, a caçula, tios, primos, e até a avó de Gallo, que com sua juventude e modernidade, se enquadrava muito bem no meio. Os melhores e mais antigos clientes estavam ali. Jogadores, apostadores, e também negociantes, todos indo prestigiar o grande " el diablo". Os jogos eletrônicos estavam a todo vapor, os apostadores investindo alto, tudo em homenagem ao dono do estabelecimento. As atenções se voltaram para Marllon, Camila e Gallo, que estavam bem no centro do cassino. A garota batia com a colher na taça, fazendo barulho o suficiente, para calar o burburinho de vozes.

- Obrigado, obrigado pela atenção. - disse Marllon, assim que todos se voltaram para eles. - Bom, espero que estejam aproveitando essa festa maravilhosa organizada pela Camila, para o nosso querido Gallo, o el diablo, como costumam chamá-lo. - Ele se voltou para o rapaz mencionado, que, em consideração, fez o mesmo.

Além de sua família, eram pouquíssimas as pessoas que Gallo respeitava e admirava. Marllon, com certeza, estava no topo. Os dois cresceram juntos, como irmãos, e essa amizade perdurou por muitos anos.

- Um brinde ao melhor amigo, irmão, sobrinho, primo, neto... - Continuou Marlon, erguendo a taça de vinho branco que levava em uma das mãos. - Um brinde ao homem que é respeitado, mas que também é temido. Ao jovem multi-milionário mais bem sucedido de Rosa Rosso. Ao el diablo.

- Ao el diablo - Todos, ao redor, exclamaram, também levantando suas taças.

Tudo estava perfeitamente em ordem, Gallo estava muito feliz. E aquela alegria teria perdurado, se bem depois do brinde, uma bala certeira não tivesse atravessado o coração do seu melhor amigo.

Tudo aconteceu em câmera lenta, embora a bala, quando saía do revólver, percorresse uma alta velocidade. Marllon pendeu para trás, as pernas cambaleando. O sangue pouco a pouco se esvaindo de seu corpo. Ele caiu no chão, já agonizando. Gallo ficou tão desesperado, que a sua frieza de um homem de negócios clandestinos foi por água abaixo.

Ele amparou o corpo do amigo, e se debruçou sobre o mesmo. Não entendia o que estava acontecendo. El diablo sempre soube como lidar com aquele tipo de situação. A segurança dos seus cassinos sempre foi reforçada. Como Camilla havia feito questão de dizer, quando o convenceu a dar aquela festa, Gallo sempre foi o intermediário de transações perigosas. Além do cassino clandestino que herdou, no qual sonegava impostos, e recebia todo o tipo de gente da barra pesada, Gallo tirava porcentagens de comércios como tráfico de diamantes, falsificações de jóias, quadros, entre outros artefatos.

Nenhum dinheiro que circulava ali era declarado, e foi assim, que Gallo pegou um patrimônio já grande - que herdou com os irmãos-, mas que, com suas habilidades matemáticas, ele quadruplicou tudo.

Ele sabia lidar com qualquer tipo de desentendimento. El diablo era respeitado e temido, e ninguém nunca tinha se atrevido a atirar nem para cima, quanto mais em uma pessoa, quando o mesmo estava por perto.

Uma pessoa dele.

Com a respiração ofegante e os olhos verdes ardendo em lágrimas, Gallo se voltou para cima, puxando o seu revólver da cintura, antes de ficar de pé.

Assim como ele, Arthur e Leonora, além do restante de sua família, faziam o mesmo. Ele foi o único que identificou um rosto conhecido.

- Gabriel Sorrentino. - Rosnou Gallo, sua voz saindo mais como um rosnado.

O homem mencionado, acompanhado de toda a sua turma, com um sorriso sarcástico, deu um passo para a frente.

- Leonardo Gallo... Ou será que devo falar " El diablo?"

- Você vai pagar muito caro pelo que acabou de fazer. Matou uma das pessoas mais importantes do mundo para mim, e eu vou arrancar a sua cabeça e pendurar na parede do meu clube, para me lembrar, todos os dias, quando olhar para a sua cara sem vida, que eu ganhei. - disse Gallo, a voz severa e fria.

- Faça isso, dispare a primeira bala. Haverá uma matança. Muitos dos meus homens morrerão, mas dos seus também.

Gallo precisava ter inteligência emocional. Não podia correr o risco de perder mais ninguém. Camila, sua namorada, se protegia atrás dele. Ela engoliu em seco, nervosa, quando o olhar insinuante de Gabriel a encontrou. Ela desviou, rapidamente, se Gallo percebesse qualquer ligação entre os dois, estaria perdida.

- O que você quer? Por que fez isso? Por que o Marllon? Por que não atirou em mim? - Perguntou Gallo, tentando se manter frio.

- Porque eu quero te ver sofrer. Quero tirar todos que você ama, todos. Quero te ver perder tudo. E acredite, eu vou conseguir. - Gabriel, cheio de si, recuou alguns passos para trás, com a arma ainda apontada.

Gallo esperou que o homem saísse do local, para devolver o seu revólver para o lugar de sempre.

Virou-se para trás, olhando o seu melhor amigo morto. Primeiro, precisava tomar providências quanto a um enterro decente, depois ele arranjaria uma forma de fazer justiça.

Ninguém enfrentava o el diablo e saía impune.

...

Depois de tranquilizar os seus clientes, e antes de se trancar em seu escritório e tomar várias doses de uísque, até o álcool exercer poder em sua mente para levá-lo ao sono profundo, Gallo interrogou todos os seguranças que estavam trabalhando no cassino, naquela noite.

- Eu quero saber quem foi que deixou o Gabriel Sorrentino passar. - Falou o homem, sombrio, caminhando de um lado para o outro. - Por mais que nem todos conheçam a cara daquele meliante, só podia entrar quem tinha convite.

- M-mas todos entraram com convite, senhor. Pode fazer as contagens de todos que recebemos. Foi justamente a quantidade que o senhor distribuiu. - Explicou o chefe dos seguranças, nervoso com o ocorrido.

Gallo franziu o cenho, refletindo.

- Como Sorrentino e o bando conseguiram convites? - Perguntou mais para si mesmo do que para o homem.

Por algum motivo, a sua própria memória quis apontar o caminho. Gallo não saberia explicar o porquê, mas o seu instinto aguçado apontou algo. Camila se encarregou de fazer e distribuir os convites.

Ela controlou a quantidade, e contou com a ajuda de Gallo e Leonora na hora da elaboração.

- Sua família, seus amigos mais próximos, clientes VIPs... Não estamos esquecendo de mais ninguém? - Perguntou Camila, sentada na poltrona do quarto de Gallo, mexendo no computador portátil.

Ela mesma era responsável pelo design.

- Eu jamais esqueceria o nome de alguém. Não esqueça que minha memória é fotográfica. - disse Gallo, convencido.

Ele estava sentado na poltrona ao lado de sua namorada.

- A minha não é tão boa quanto a dele, mas também não é de esquecer fácil. - Falou Leonora, jogada na grande cama de casal do irmão.

- Será que posso fazer vinte convites a mais? Se você autorizar, posso convidar algumas pessoas da minha família. - Pediu Camila, com um ar tão humilde, que Gallo nem cogitou em negar.

- Pode. Fique a vontade para convidar dos seus. Você é minha namorada e organizadora da festa. - Murmurou, inclinando o rosto para pousar um beijo nos lábios da mesma.

Ao cair em si, saindo de seu estado de transe ao relembrar de alguns dias antes, Gallo estremeceu de raiva. A única pessoa, além de Leonora e ele, a ter acesso aos convites, foi Camila. Se tivesse que acusar entre sua irmã e ela, ele não duvidaria, o sangue falava mais alto. Sem dizer nada, Gallo caminhou depressa até o seu carro. Foi imediatamente para a mansão que morava com a família, em um dos bairros mais nobres de Rosa Rosso. Entrou em casa como uma tempestade. Não perderia a chance de encostar Camila contra a parede. Ela teria que ter uma explicação muito boa para aquela sua dúvida.

- Camila! - Gritou o nome dela, assim que adentrou a sala de estar.

Ao invés da garota mencionada, quem apareceu foi a empregada, desesperada.

- Senhor, pelo amor de Deus. - Falou a mulher, quase aos prantos, assustando Gallo.

- O que está acontecendo? - Perguntou, confuso, intrigado, assustado.

Eram tantas as sensações que sentia ao mesmo tempo.

Estava tão preocupado, tão fora de si, a sua mente um turbilhão.

Especulava a possibilidade de sua namorada ser uma traidora, perdeu o seu melhor amigo, e agora, sua empregada estava pálida e assustada por algo que acabou de acontecer em sua casa.

Algo que ele não fazia ideia.

Quem mais teria morrido?

- A sua irmã, senhor... Ela foi atacada... E-ela...

- Cadê a Leonora? - Perguntou o homem, sombrio.

Estava desesperado, quase explodindo. Não suportaria se Sorrentino machucasse a sua irmãzinha. Dessa vez não importava quem fosse morrer, Gallo travaria uma guerra.

- A senhorita Leonora está na cozinha, eu não vi nenhum sangue, apenas o corte, mas liguei para a ambulância.

Gallo não deixou a mulher falar mais nada, logo correu na direção da cozinha. Leonora estava no chão, com um pano sobre o local do ferimento. Gallo arregalou os olhos ao ver o quão grave foi o ataque. O abdômen de Leonora não sangrava, e se ela não fosse atendida em poucas horas, morreria. O abdômen era uma cavidade, o que tornava a hemorragia interna. Não tinha nada para estancar, mas não podia condenar a ignorância da sua funcionária.

Ele se colocou de joelhos ao lado da irmã, que estava prestes a desmaiar, e ligou para a ambulância.

- Aqui quem fala é o el diablo. Se não chegar uma ambulância em no máximo dois minutos na rua imperatriz Leopoldina número 76, todos vocês estarão mortos em menos de vinte e quatro horas. - Ele desligou, em seguida, voltando-se para Leonora, que agonizava.

- F-f-foi....-

- Shiu, não fale, não faça esforço. A ambulância já está chegando, e você vai ser muito bem cuidada. Você vai ficar boa, e eu vou acabar com a raça daquele infeliz. Vou fazer um colar com as tripas do Sorrentino.

- Camila...

- O que? - Perguntou Gallo, intrigado ao ouvir o nome de sua namorada.

- Foi a Camila. - disse Leonora, antes de perder a consciência.

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