/0/16947/coverorgin.jpg?v=7b5bf7759a79aaa95206b38caed24aed&imageMogr2/format/webp)
Por trás da vidraça da grandiosa cobertura, Lílian olhava o sol nascente que começava a dar seus tons dourados e alaranjados por entre o azul perdido no horizonte, aquele seria um dia lindo, pensou e que sorte ele teria em ter um dia tão abençoado justamente quando completava seus 20 anos, Chuck se aproximou da porta e observou a amiga com semblante triste que parecia divagar em pensamentos.
- É hoje o grande dia?
- Sim, é hoje.
- Aposto que não dormiu a noite toda.
- Nem mesmo um minuto. – Disse ela sorrindo, apesar de parecer tranquila ele sabia reconhecer aqueles olhos, eram olhos tristes, os mesmos olhos tristes que há 20 anos á acompanhavam.
Calmamente ele se aproximou dela depositando suas mãos em seus ombros.
- Deveria deitar-se e descansar um pouco, não esqueça que tem plantão hoje, Catherine irá ligar assim que o presente for entregue e lhe detalhar cada momento, tenho certeza que ela não deixará nada passar despercebido.
- E você acha que isso basta?
- Não basta?
- Eu preciso vê-lo Chuck, eu preciso olhar para ele, ver o quanto está crescido, ver o seu sorriso, o olhar de surpresa a explosão de sentimentos que irá ficar registrada na memória dele para toda vida.
- É arriscado, você prometeu a Cat que não iria!
- Mas eu preciso e sei que como mãe ela irá me entender, vou estacionar o carro do outro lado da rua e ele nem mesmo me verá, prometo que irei tomar muito cuidado.
- Isso é loucura Lílian...
- Eu preciso ver o meu Tiago.
Dito isso ela cruzou por ele engoliu o café tão apressada que acabou derrubando um pouco sobre a blusa branca, Chuck observou a amiga impaciente e preocupado, mas o que poderia fazer? Trancá-la ali não resolveria nada, Lílian pegou a bolsa sobre a mesa e saiu, horas arrumando o cabelo, horas tentando andar sem tropeçar.
Enquanto isso em São Paulo...
Sebastien acordou depois das nove, espreguiçou-se demoradamente na cama quando a empregada entrou para limpar seu quarto.
- Mas já Thereza?
- O sol está alto, menino, você deveria levantar-se, tomar um banho um café e ir para aula, até por que mesmo que saísse agora chegaria atrasado à faculdade.
- Para mais uma aula chata de teorias da comunicação, por que mesmo eu faço jornalismo?
Thereza olhou para ele sorrindo.
- Seu pai acha que é um bom curso.
- Por falar nele, ele está?
- Óh não, saiu faz tempo para o trabalho, hoje ele iria receber uma comitiva muito importante, estava animado, a empresa dele vai finalmente firmar parceria com uma empresa de fora do país! Não acha isso muito chique?
Sebastien riu do sotaque da pobre mulher, Thereza era uma mulher muito humilde que trabalhava do nascer do sol até o cair da noite, apenas por que gostava de estar ali, até hoje ele se perguntava como ela podia estar a tanto tempo na família de seu pai, ninguém suportava seu pai, nem mesmo ele, porém Thereza sempre estivera ali, era o braço direito e esquerdo de Seven e mesmo não recebendo rios de dinheiro, ela permanecia, Seb sabia que o pai podia pagar a mulher muito mais, porém não se metia nos negócios da casa.
- Gosta muito de trabalhar para o meu pai, não é?
- Seu pai é o melhor patrão que há nesse mundo, acho que deveria dar mais crédito a ele.
- Você sabe que há controvérsias e discordâncias não sabe?
Ele falou sorrindo, a mulher se aproximou dando tapinhas em seu rosto com carinho.
- Ainda assim, não trocaria ver esse seu rostinho de sono por nada no mundo.
Thereza tinha praticamente criado Sebastien já que o mesmo tinha perdido a mãe ainda garoto, tinha apenas cinco anos quando Cibele faleceu, o pai emendava uma noite em outra, perdido em trabalho e mais trabalho para tentar suportar a dor, e ele... Bom, Thereza tinha sido muito mais que uma mãe normal, fazia o lanche, levava ao colégio, buscava, brincava no jardim, ajudava com a lição de casa e é claro acobertava suas peraltices, como toda boa babá.
Sebastien e Tiago compartilhavam coisas que eles desconheciam em comum, porém com algumas tragédias particulares bastante distintas, ao contrário de Sebastien que não tinha a atenção do reconhecido Seven Kirtman, Tiago apenas reconhecia aquele nome de ver em revistas antigas e cartazes, mas isso é uma história para ser contada aos poucos com bastante tempo e cuidado, vamos prosseguir nossa história falando um pouco sobre Tiago, que humildemente iremos chamar por vezes de Kurt, um apelido gentil dado a ele por sua irmã mais nova e por alguns fãs dos bares em que tocava.
Tiago abriu os olhos calmamente naquele dia, ao levantar-se da cama ele pensou se deveria fazer o que sempre fazia no dia 13 de dezembro, abrir a vidraça sair na varanda e ficar ali, cuidando o movimento dos carros e as pessoas na rua, durante 20 anos essa tinha sido sua sina esperar por ela, e um dia, um dia ele sabia que isso aconteceria, ela cruzaria os limites daquele portão de madeira e viria até ele de braços estendidos dizendo: “hei, sou eu, sou sua mãe” e mesmo a odiando ele a perdoaria e os dois poderiam começar a viver tudo que não tinham vivido.
Porém, naquela manhã ele se levantou da cama e caminhou sem querer até lá, chegou a segurar a cortina, mas parou, ele estava fazendo 20 anos, ela nunca tinha aparecido, ela não tinha visto as inúmeras esculturas com massa de modelar que ele tinha feito na escola e tinha guardado com tanto amor, ela não tinha recebido suas cartas, “feliz dia das Mães” quem as tinha recebido tinha sido Catherine, aliás, o que teria sido dele se Cat não o tivesse adotado? Ele olhou para os próprios pés tentando jogar os pensamentos para longe e pela primeira vez em 20 anos ele não abriu a janela para esperar por ela ele era um homem agora e ela... Ela tinha sido apenas um fruto da sua imaginação de criança.
Do lado de fora, Lílian aguardava por aquele momento de dentro do carro ela olhou para a varanda esperando por ele, todos os dias 13 de dezembro ela fazia isso, vinha ali e ficava com o carro estacionado, esperando por ele que apareceria na varanda, e então ela se enchia de coragem e colocava a mão na maçaneta do carro, abria a porta e quando estava decidida a sair e ir até lá algo dentro do seu coração a fazia sair dali e acelerar o mais rápido possível, mas hoje... Hoje ele não apareceu.
Ele caminhou até o banheiro e lavou o rosto, ficou um tempo olhando fixamente os próprios olhos refletidos no espelho, com quem será que ele se parecia, seria mais com seu pai ou com sua mãe? E aqueles olhos tão azuis e claros? Seriam os mesmos olhos dela? Balançou a cabeça afastando os pensamentos novamente e então bagunçou os cabelos, nessa hora ele ouviu um barulho no quarto e sorriu.
- Faça silêncio, Erika! Vai acordá-lo!
- Não sei por que estamos aqui, ele está fazendo 20 anos e não cinco, tem necessidade de todos esses balões?
- Pare de reclamar e me ajude...
Kurt podia ouvir as duas cochichando de dentro do banheiro e como o esperado assim que ele abriu a porta, deu de cara com o maior sorriso do mundo, Catherine estava ali com um enorme bolo de aniversário e Érika segurava os balões à contra gosto, os dois não se davam muito bem, mas ele sabia que ela estava fazendo um grande esforço em apenas estar ali, assim que ele abriu a porta ela soltou os balões que voaram pelo quarto e em um coro bastante animado elas cantaram os “parabéns a você” mais lindo que ele já tinha ouvido, naquela hora ele se sentiu novamente culpado por ter pensado em sua mãe biológica que o tinha abandonado e não ter pensado em Cat como sua mãe, ela se esforçava tanto, não esquecia uma apresentação, um aniversário, sempre estivera ali, tanto que Érika morria de ciúmes, e ainda assim quando chegava o seu aniversário, a primeira pessoa em quem ele pensava era... Naquela desconhecida.
- Feliz aniversário, meu amor!
Emocionado ele a abraçou em uma tentativa desesperada dela não ver que seus olhos estavam emocionados, talvez fosse bom não dizer obrigado em voz alta para que sua voz não soasse embargada.
- Não precisava fazer bolo mãe.
/0/2577/coverorgin.jpg?v=ea3d16b1628170985dde8b9973c45b90&imageMogr2/format/webp)
/0/6061/coverorgin.jpg?v=e4502f2817145ea1a76bac30a312188f&imageMogr2/format/webp)
/0/5608/coverorgin.jpg?v=3a105b33ae64c215fe4e93f45fbf6363&imageMogr2/format/webp)
/0/15807/coverorgin.jpg?v=2e9690deae8a9b22be6132319ab91d63&imageMogr2/format/webp)
/0/15676/coverorgin.jpg?v=be40de8e2f8639e7900fd05abd0e142c&imageMogr2/format/webp)
/0/14503/coverorgin.jpg?v=b4a4dd91855f768288eca1989aa24596&imageMogr2/format/webp)
/0/16018/coverorgin.jpg?v=c6116794f4d6529aa7642829e0f84a88&imageMogr2/format/webp)
/0/13159/coverorgin.jpg?v=f2a02688dac835df17da8c3e9df91712&imageMogr2/format/webp)
/0/15205/coverorgin.jpg?v=316f16f7a5d90756336d37e8e4412b89&imageMogr2/format/webp)
/0/17253/coverorgin.jpg?v=69851e7a5b7494fb6ced62802d1f39eb&imageMogr2/format/webp)
/0/2536/coverorgin.jpg?v=8951b41163610dad0caa6318ef6d72f7&imageMogr2/format/webp)
/0/15482/coverorgin.jpg?v=fd6b1ce2132b122efa77d0bc4d2247d9&imageMogr2/format/webp)
/0/16490/coverorgin.jpg?v=9798991e4aa52186b299d9dc63f27660&imageMogr2/format/webp)
/0/2316/coverorgin.jpg?v=d8b4d05edf43c82d960204d9d9fcb1f6&imageMogr2/format/webp)
/0/15418/coverorgin.jpg?v=54bd91be92d8781393f6a7d7dba629e3&imageMogr2/format/webp)
/0/16782/coverorgin.jpg?v=986dcf7fae32afba253a30adec35fd58&imageMogr2/format/webp)
/0/17413/coverorgin.jpg?v=c9a07da02383025febba470eac7bbb5b&imageMogr2/format/webp)
/0/16330/coverorgin.jpg?v=fe655b69eb46ab0bddb5c23624d71fdf&imageMogr2/format/webp)
/0/17653/coverorgin.jpg?v=d86344c89537d4da3f35f6b0826d795e&imageMogr2/format/webp)
/0/15998/coverorgin.jpg?v=11b72cdca8f60132708b1b42797de48b&imageMogr2/format/webp)