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Ele me chamava de sua rosa selvagem, a órfã que ele resgatou das ruas. Ele construiu para mim uma gaiola de ouro e me disse que aquilo era amor.
Então eu vi a mensagem: minha melhor amiga, Carla, exibindo o anel de noivado que ele acabara de lhe dar.
Corri para o escritório dele, apenas para ouvir a verdade. Eu era apenas um "estepe", uma "vira-lata que ele pegou na rua", um brinquedo útil para manter sua família feliz enquanto ele planejava seu futuro de verdade com ela.
Ele riu de como era fácil me controlar.
"Um pouco de manipulação, alguns presentes bem escolhidos, e ela voltará para o lugar dela. Na palma da minha mão."
Seu último ato de amor? Me drogar e me entregar a um monstro, me sacrificando como uma "sósia" para proteger sua preciosa Carla.
Ele achava que eu era apenas uma órfã quebrada sem ter para onde ir. Ele achava que podia me apagar.
Ele estava errado. Enquanto o jato particular em que ele me colocou explodia sobre o oceano, eu já tinha partido — salva pela família poderosa que eu nunca soube que tinha. Agora, estou voltando, e eles vão pagar por cada mentira.
Capítulo 1
Flora Viana POV:
O frio da noite me abraçava, um companheiro familiar dos meus dias pulando entre lares adotivos. Isso foi antes de Guilherme Monteiro. Ele me encontrou, uma garota perdida, presa na correnteza de uma vida que eu não escolhi. Ele me tirou de lá, me ofereceu uma mão, e depois um mundo inteiro. Eu pensei que era amor. Pensei que era para sempre. Eu estava errada.
Ele me chamava de sua rosa selvagem. Dizia que eu era linda, indomável, algo que ele precisava proteger. Eu acreditei nele. Ele não sabia sobre a Academia Paulista de Música. Ele não sabia sobre a música que vivia dentro de mim, a única coisa que era verdadeiramente minha. Ele não teria entendido. Ele gostava de possuir coisas. Ele gostava de me possuir.
Lembro-me da primeira vez que realmente senti que pertencia a ele. Foi uma briga de rua estúpida, um marginal tentando assaltá-lo num beco. Ele era rico, mas não tinha a malandragem das ruas. Eu tinha as duas coisas. Não pensei duas vezes. Meus punhos voaram, minhas unhas rasgaram, meus joelhos atingiram a carne. Eu era um tornado de fúria, protegendo o homem que me deu um lar. Ele me olhou depois, machucado e sangrando, mas com um olhar que eu nunca tinha visto antes. Uma mistura de admiração e possessividade.
Ele mesmo enfaixou meus nós dos dedos naquela noite, seu toque surpreendentemente gentil.
"Flora", ele sussurrou, traçando a linha da minha mandíbula. "Você é minha."
Eu me inclinei em seu toque. "Sempre, Guilherme."
Ele selou com um beijo, uma promessa gravada no calor de seus lábios. Ele comprou uma casa para nós no dia seguinte, uma mansão imponente no Morumbi com vista para a cidade. Ele a encheu com tudo que eu poderia querer. Roupas, joias, possibilidades infinitas. Ele me disse que era tudo nosso. Nosso futuro. Nossa vida. Eu nunca tive nada meu, de verdade. Então, me agarrei a ele, à gaiola de ouro que ele construiu para mim. Eu acreditei em nós. Eu acreditei nele. Eu acreditei no para sempre.
Era uma terça-feira. Eu estava mexendo no tablet do Guilherme, procurando um filme. As mensagens dele apareceram. Carla. Minha melhor amiga. Uma foto. A mão dela, perfeitamente manicure, sobre uma caixa de anel de veludo. Um diamante brilhava, me cegando.
Uma onda fria me percorreu. Começou no meu peito, uma dor súbita e aguda, e se espalhou pelas minhas veias. Meus dedos ficaram dormentes. A tela ficou embaçada. Isso não podia ser real. Não a Carla. Não com o Guilherme.
Eu tinha que ver. Eu tinha que saber. Meu coração martelava contra minhas costelas, um pássaro frenético preso numa gaiola. Eu precisava de respostas, mesmo que elas estilhaçassem meu mundo. Vesti-me rapidamente, meus movimentos rígidos, robóticos. Chamei um táxi, dando ao motorista o endereço do escritório do Guilherme na Faria Lima. Meu estômago se revirava a cada quarteirão que passávamos.
Eu os vi através das paredes de vidro da cobertura do escritório dele. Guilherme, de joelhos, um anel deslumbrante erguido. Carla, seu rosto iluminado por uma alegria que me cortou como uma lâmina de barbear. Ela disse sim. Ela se jogou nos braços dele, sua risada ecoando na rua silenciosa abaixo, uma serenata cruel para o meu coração despedaçado.
O ar me faltou. Meus joelhos cederam. Parecia que alguém tinha arrancado tudo de dentro de mim, deixando um vazio oco e dolorido. O mundo inclinou. Guilherme. Meu Guilherme. Meu para sempre. Era tudo uma mentira.
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