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O que realmente importa

O que realmente importa

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Capítulo

One-Shot - Capítulo único. Adam Willians acabou de acordar de mau humor no hospital após semanas de recuperação , como se já não bastassem os ossos quebrados e sua família paranóica, o rosto do jovem ainda está estampado em todos os jornais da cidade. Todos querem saber sobre o possível relacionamento dele com a misteriosa garota que o salvou. E ele simplesmente não consegue saber o por quê, afinal, todo dia alguém é salvo por um super-herói...

Capítulo 1 O que realmente importa.

O que realmente importa

Por: Cupcake Queen

Adam não sabia onde se encontrava. A garganta estava seca e os olhos fechados, apenas uma coisa era evidente: todo o seu corpo doía e quando finalmente conseguiu abrir os olhos, pareceu ter levado muito tempo para fazê-lo. O teto branco que foi surgindo aos poucos lhe indicava que estava em um hospital, os fios pareciam vir de todos os lugares, espetando-o como um coador, um dos pés estava suspenso e engessado, um dos dedos da mão esquerda estava enfaixado e havia um curativo em sua bochecha direita e outro em sua testa. Virou um pouco o pescoço e viu alguém adiante, a mulher estava sentada e, Adam notou, parecia ler alguma coisa, ele não sabia quem era por estar sem os óculos, e também não sabia o que dizer.

Ele ainda ficou inerte por algum tempo, tentando identificar algo de familiar nos cabelos escuros dela e no vestido longo e listrado que usava, porém, somente quando a mulher fez barulho foi que ele a reconheceu, aquele ruído indesejado das batatas sendo mastigadas só pertencia a uma pessoa.

— Tia Liz? — falou devagar.

A mulher derrubou o saco de batatas.

— ADAM! — Sua tia se levantou exasperada. — Até que enfim você acordou, querido!

Ela segurou sua mão, a que não tinha o dedo quebrado.

— Estou tão feliz! Tão feliz! — A tia mal se aguentava, os seus olhos começaram a lacrimejar. — Pensei que te perderia…

— Meus… óculos — murmurou o enfermo.

— Estão aqui, querido. — Sua tia pegou o objeto negro e encaixou no rosto do sobrinho. — Como se sente, amor? — perguntou preocupada. Agora Adam via perfeitamente os olhos azuis dela.

— Péssimo. Quanto tempo fiquei desacordado?

Sua tia pareceu pensar.

— Umas duas semanas e meia. Você se feriu muito, tem sorte de estar vivo.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, se preparando para a pergunta que faria a seguir.

— O que aconteceu depois que eu apaguei?

— Bom… — Liz esfregou as mãos, nervosa. — Depois que você apagou, chamaram uma ambulância, o lugar se tornou uma verdadeira confusão, mais de quinze emissoras de TV filmaram o acontecimento, sua mãe ficou tão desesperada que desmaiou duas vezes e você virou notícia em tudo quanto é lugar... Na verdade, ainda é.

Ela pegou a revista que estava lendo na cadeira, que foi rapidamente aberta, e Adam não precisou de muito tempo para ler o que estava escrito: "Adam Willians sobrevive após ataque de vilão megalomaníaco."

O rapaz revirou os olhos, odiou ver sua foto estampada ali.

— Todo dia alguém é salvo por um super-herói — falou seco. — Por que justo eu tenho que virar notícia? — perguntou irritado.

Sua tia tentou dar um sorriso complacente.

— Porque aquela garota pulou de um prédio para salvar você. Passou um monte de vezes na TV, todo mundo sabe que essa gente tem superpoderes e tal, mas ela poderia sim ter morrido, depois que você apagou ela ficou lá gritando seu nome, como se você fosse a coisa mais importante do mundo e depois que você foi atendido ela sumiu. O psicopata que jogou você lá de cima apareceu todo ensanguentado em uma delegacia do subúrbio às quatro da madrugada.

Adam ficou em silêncio, virou o rosto e fitou a parede.

— Acho melhor você ligar para a mamãe, ela vai ficar feliz em saber que eu acordei.

Ele não viu a tia assentindo em silêncio e se retirando do quarto, estava cansado demais.

O resto do dia pareceu animado para todos, menos para ele. As enfermeiras pareciam eufóricas e dispostas a ajudar com qualquer coisa.

— Tem um monte de repórteres lá fora — comentou uma delas ao meio-dia —, acham que você conhece a super-heroína que te salvou. — Ela não obteve resposta. — Alguns acham que ela é, sabe... sua namorada.

— Eles estão esperando. — falou outra enfermeira, que mexia no controle do ar-condicionado.

— O quê? — murmurou Adam.

O sorriso da mulher aumentou.

— Ela vir te ver — concluiu e saiu muito contente, o por quê Adam não sabia.

Horas depois sua primeira visita chegara. Sua mãe estava histérica, lhe beijava a cada minuto, ele lamentou a dor de cabeça que lhe causara e quando perguntou pelo pai, ela lhe disse que ele estava no trabalho, mas que ficara aliviado. O jovem na cama duvidou que o pai viera lhe ver mais de uma vez.

Adam teve que tomar mais remédios à noite, sentia náuseas e o monte de fios ligados a ele não ajudavam. Quando a enfermeira ligou a televisão, ele ficou cansado de ver notícias a seu respeito e acabou adormecendo.

Os dias se passaram anuviados.

Adam recebeu muitas visitas, pois haviam muitas pessoas preocupadas, no entanto ele nunca falava muito. Já se sentia melhor, mas as noites eram sombrias e o sono pesado, quase sempre acompanhado de sonhos com pessoas cujo rosto ele não conhecia.

Era sexta-feira quando ele acordou alarmado por mais um pesadelo, a janela do quarto estava com as cortinas abertas, lá fora a lua aparecia grande e cheia, mas Adam não olhou para ela, seus olhos estavam na garota parada ali, fitando o mundo lá fora. Ele não precisava colocar os óculos para saber quem era, todavia os pegou por instinto, mesmo com a luz fraca ele ainda podia enxergar os longos cabelos castanhos de Karin, também não era difícil reconhecer o casaco preto e o jeans rasgado que a menina usava.

— Pensei que não viria — ele balbuciou, a voz rouca ecoou por todo o cômodo.

Ela não se virou, nem ao menos se mexeu, ao contrário dos outros, não pulou para abraçá-lo.

— Você se lembra do que aconteceu? — ela perguntou.

— Sim — Adam respondeu meio irritado por ela estar de costas —, lembro de algumas coisas.

— Me diga exatamente do que se recorda, Adam — sua voz estava séria de uma maneira que ele nunca havia visto.

— Bom... — começou ajeitando os óculos. — Nós marcamos de nos encontrar no mesmo restaurante de sempre. Você se atrasou e eu acabei encontrando a Betanny, nós começamos a conversar, e você apareceu cinco minutos depois de mau humor, me culpando por um problema que eu nem sabia qual era — a voz de Adam era fria naturalmente, mas estava pior. — Sinceramente, Karin, eu não sou responsável por tudo de ruim que acontece na sua vida, somos adultos e devemos encarar nossos problemas, enfim, chegamos ao ponto em que você disse que não precisava mais de mim... — Ele sorriu para o vazio. — E eu disse que tudo bem, já que não me importava mais com você. Saímos do restaurante e íamos seguir cada um para um lado quando ouvimos os gritos, tinha um prédio pegando fogo, você correu pra lá, eu me virei e tentei pôr na cabeça que não era da minha conta, mas quis ver se estava tudo bem, não estava, Jhon te armou uma armadilha…e você caiu. Eu nunca vi você tão mal. — Ele tossiu.

— Então, você foi lá — murmurou a voz sombria da garota, que encarava a janela.

— É. Você pode me chamar de idiota quantas vezes quiser, mas eu sabia que aquele seria o seu fim, as pessoas veriam uma super-heroína morrendo, porém eu só consegui enxergar você sufocando dentro daquela roupa. — Embora costumasse guardar seus sentimentos para si, foi impossível não sentir o ressentimento em sua voz. — A última coisa de que me lembro, é da dor da minha costela quebrando.

Ele esperou, mas não obteve nenhum comentário dela.

— Você está com raiva por causa do carro, não é? Eu li no jornal que no meio da confusão caiu um poste em cima dele — ele se referia ao Porsche dela.

Mais uma vez, não obteve resposta.

— Karin?

— Sabe — a garota disse, enfiando as mãos nos bolsos —, as pessoas acham que super-heróis são imortais, que não importa qual mal ameace as pessoas, eles sempre vão vencer. Os humanos vivem inventando histórias sobre como é a vida deles quando não estão salvando o mundo, sobre com o que trabalham, o que comem… E, por fim, todo super-herói deve ser perfeito, quando colocam a roupa ficam livres de quaisquer defeitos. Mas nós dois sabemos que não é assim, não é mesmo, Adam? As coisas não são exatamente dessa forma. Eu, por exemplo, tenho alergia a abelhas, morro de medo de sapos e estou longe de ser perfeita e o meu pior defeito, Adam, é que eu sou extremamente egoísta! — a voz dela era amarga.

— Por que está dizendo essas coisas? — ele questionou, mas foi como se ela nem tivesse ouvido.

— Eu sempre admirei você, desde a primeira vez que te vi, sentado sozinho em uma mesa na aula de ciências. Todos os alunos se matando para fazer a atividade e você alheio a tudo, segurando um gibi nas mãos. O irônico é que quando eu saí da minha mesa para sentar ao seu lado, pensei que você sabia tão pouco da atividade quanto eu, porque não havia te visto tocando uma única vez no caderno, eu te dei bom dia e você tirou os olhos do gibi, eu deveria saber pela maneira como você me olhou por detrás dos óculos, pelos cabelos impecavelmente penteados, pelos lábios sérios, que você sabia mais do que qualquer criança naquela sala de aula. Você não se importou de me ajudar e isso me deixou muito feliz… Mas quando eu sorri, você não sorriu de volta e na hora do intervalo eu sentei com você, meu estranho amigo solitário.

Ele ficou calado, era óbvio que Karin não estava normal.

— Você não me convidou para ir à sua casa, fui eu que o segui num sábado e quando sua mãe me convidou para almoçar, você revirou os olhos. Eu me lembro bem de quando vi seu quarto pela primeira vez, todos aqueles gibis raros e figuras de ação que ninguém podia tocar, o tempo passou e você teve que se acostumar com a ideia de que eu não sairia da sua vida tão cedo, embora às vezes parecesse que você não ligava se eu estava lá ou não. — Ela cerrou as mãos nos bolsos. — Até o dia em que eu fui nadar no rio e sofri aquele acidente, o mesmo acidente que me deu superpoderes. O resto você já sabe, você teve a ideia de eu virar uma super-heroína, criou a roupa, me deu um nome e foi a única pessoa com quem compartilhei o único grande segredo da minha vida.

— Onde você quer chegar com isso? — perguntou cético.

—Você sempre fez tudo por mim, sempre esteve lá quando eu precisei, mesmo depois que crescemos, e você se tornou ainda mais inteligente, mais sério e mais focado, os olhos continuaram do mesmo tom azul-claro, gélidos e indecifráveis.

Adam ergueu uma sobrancelha, Karin estava construindo uma espécie de linha do tempo.

— Há um mês, em uma aula de sociologia na faculdade, meu professor perguntou para a turma do que mais tínhamos medo, não valiam os medos banais, tinham que ser medos reais, ele queria que refletíssemos sobre o que mais nos deixaria atormentados, eu não soube dar uma resposta, mas eu admito, aquela foi a aula mais tensa da minha vida. Os outros começaram a dizer coisas terríveis, porém eu não consegui pensar em nada, afinal eu era uma super-heroína, do que teria medo? Minha conclusão não me deixou satisfeita, passei o dia inteiro pensando naquilo, tanto que fiquei paranoica e em vez de achar um medo enorme, comecei a me encher de pequenos temores, tinha medo de bater o meu carro caríssimo, de atropelar alguém se dirigisse rápido demais e, mesmo quando estava salvando alguém, esses medos continuavam, ou ainda ficavam piores e a ideia de nunca ter um dia ou uma vida normal era um deles.

— Mas… você é uma super-heroína — contestou Adam, tentando usar sua racionalidade predominante.

Karin deu uma risada seca, quase sem vida.

— Ah, Adam... Quando foi que você se esqueceu que eu sou um ser humano também? Tão defeituoso e falho quanto o resto.

O jovem de cabelos negros suspirou.

— Prossiga. — Se Karin queria fazer um flashback, lhe restava ver aonde ela queria chegar.

Ela alisou um dos dedos. Adam passara muito tempo se perguntando se Karin se ferira no incidente, mas ela parecia bem, pelo menos por fora.

— Crescer foi muito complicado, salvar o mundo e tentar ter uma vida normal, acabou fazendo com que eu me desenvolvesse cheia de problemas, mas você, Adam, só melhorou com os anos. Sua inteligência te fez superar qualquer problema que aparecesse em seu caminho. Você passou para as melhores faculdades e me ajudou a me tornar uma grande heroína, enquanto eu tentava lidar com a minha vida desconjuntada, tentando me tornar alguém de quem você sentisse orgulho. E esse, Adam, é o ponto.

Adam balançou de leve a cabeça, Karin parecia estar entrando em um local sombrio de sua mente que ela nunca havia compartilhado com ele. A Karin que estava vendo ali não se parecia com a que ele conhecia.

— Eu acho — continuou ela — que eu acabei, sem querer, me apegando demais a você. Mais do que "deveria". Nesses últimos tempos, eu tentei parecer distante e fria o suficiente para não ter que admitir isso para mim mesma.

— Não foi isso que você deixou passar naquela noite — ele retrucou. Mas ela não pareceu ouvi-lo.

— Naquela noite eu estava atrasada, como sempre, desde a aula de sociologia meu carro parecia uma lesma, ao contrário do que você acha, eu não estava de mau humor, pelo menos não até ver você sentado conversando com Betanny Thompson.

— Nós nos esbarramos enquanto eu te procurava e começamos a conversar — defendeu-se Adam. — Você que chegou me tratando como se eu não fosse nada, Karin, como se eu não importasse o mínimo.

O sorriso dela foi irônico.

— Naquele momento eu não consegui pensar em nada. Depois que eu a vi sentada na minha cadeira, eu só senti incômodo e, no fundo, apenas queria que aquela sensação acabasse. Quando começamos a brigar, eu só conseguia pensar que se eu mentisse e me desfizesse de você, aquele nó na minha garganta sumiria.

—Você disse que não precisava mais de mim — ele entoou calmamente.

— Eu blefei. E na hora achei que havia me saído bem na mentira, mas então você me olhou, com a expressão que eu evitei a vida inteira, tão fria e sem vida: " Tanto faz se você precisa de mim ou não, não é como se eu me importasse tanto com você, para ser sincero". Aquilo acabou comigo, de verdade, foi como se você tivesse enfiado uma faca no meu peito e eu só quis ir para casa, deitar na minha cama e chorar. No entanto, ouvimos os gritos, tinha um prédio pegando fogo e carros por todos os lados, parecia que o mundo iria acabar. Eu fiz o que pude, salvei o máximo de pessoas que deu, tentei apagar o fogo do prédio, mas por algum motivo parecia que só aumentava mais, como o ódio de alguém. Estava tudo uma confusão, porém eu ainda consegui ver o Jhon Prest, sorrindo para mim enquanto presenciava meu fim, ele era o causador do fogo, a praga que estava causando toda aquela destruição.

— O maior show de sua vida.

— Eu achei que conseguiria vencê-lo, que era mais forte que ele, mas não aconteceu. Sem você eu não tinha tanta ideia do que fazer, Jhon estava mais poderoso do que nunca. Era mais rápido do que eu e mais forte, não teve dificuldades em me aprisionar, pude sentir seus dedos esmagando meu pescoço enquanto eu tentava, em vão, escapar. Foi aí que você apareceu, com a camisa toda suja e a testa vermelha pelo esforço, bateu no Prest com alguma coisa, ele me soltou e foi para cima de você, eu tentei me recuperar o mais rápido possível, pisquei e ele já havia te jogado de lá de cima.

Karin parou. Adam nunca prestara tanta atenção em alguma coisa, era como se seu gibi mais louco tivesse ganhado vida, ele pôde ver a pessoa mais determinada que conhecia, que parecia nunca se abalar, começar a enxugar as lágrimas com a manga do casaco.

— Eu… Eu pulei para salvar você. E, de repente, tudo havia sumido, dando lugar ao pior pesadelo da minha vida, quanto mais eu esticava minha mão para pegar você, mais longe você ficava, eu senti o ar faltando nos meus pulmões e então… Todos os pequenos medos que eu sentia foram sumindo e uma coisa grande e pavorosa foi surgindo, o maior medo que já tive, que eu nem sabia que existia, a expectativa alucinadora... — Karin se virou para ele, o rosto sombrio. — De perder você.

— Karin, eu...

Ela começou a se aproximar dele.

— Esse medo que senti foi a única coisa que aumentou minha determinação para, finalmente, a poucos metros do chão, segurar você. Chamei seu nome, várias e várias vezes, mas você não respondia e a dor dentro de mim só aumentava. Eu posso ser uma super-heroína, Adam, meu dever é salvar as pessoas, porém naquele momento eu fui egoísta o suficiente para querer salvar só você, mesmo que me odiasse, mesmo que não se importasse mais comigo, você ainda é tudo que eu tenho. A ambulância chegou rápido, o mundo pareceu esquecer todos os seus problemas para prestar atenção em nós, as emissoras de TV chegaram. Os enfermeiros te arrancaram de mim, colocaram em uma maca e te trouxeram para cá, saí dali antes que a quantidade de flashes aumentasse. Eu me sentia tão vazia, achei que você não fosse sobreviver e eu espero de verdade que você nunca saiba como é essa sensação.

— O que você fez depois?

Karin já estava bem ao lado dele.

— Cacei o Jhon, pois ele havia fugido. Eu fui atrás dele como um gato persegue um rato, minhas forças dobraram com o ódio que surgiu em mim, acho que por muito pouco não o matei.

Adam podia ver o rosto de Karin agora, os olhos castanhos cansados e as olheiras profundas que chegavam à alma.

— Está tudo bem agora — ele tentou acalmá-la, estava alarmado, não queria ter feito a amiga padecer daquele jeito, Karin deveria ser aquela que jamais se afetava.

— Você quebrou duas costelas, fraturou a perna, quebrou um dedo da mão e teve uma parada cardíaca, sem contar os ferimentos menos graves ao redor do corpo. Você pode não saber, mas eu venho te visitar todos os dias no mesmo horário desde então, velando seu sono.

Ele estendeu a mão boa para pegar a dela.

— Karin — disse enquanto apertava a mão dela —, o que aconteceu não foi culpa sua, eu quis subir lá e proteger você, não fique se martirizando, eu não gosto quando você chora.

Karin tirou a mão da sua.

—Você está errado — ela disse dando um meio sorriso. — Eu fui a culpada por você quase morrer, se eu não tivesse brigado com você, não teria ficado em apuros e você não precisaria ter me salvado e tudo por quê? — ela desmoronou de vez. — Porque eu estava com medo de admitir que estava com ciúmes de você com a Betanny.

— Ciúmes? — Adam franziu a testa. — Mas eu dou mais atenção a você do que a qualquer outra pessoa. Por que raios você sentiria ciúmes?

— Porque eu amo você.

— Perdão? — falou o jovem, perdendo o raciocínio lógico.

— Tudo bem agora — falou a garota mais para si mesma do que para ele —, tudo bem eu admitir que com o passar dos anos, acabei precisando mais de você do que pretendia, tudo bem admitir que toda vez que eu encosto minha cabeça no travesseiro é em você que penso, e eu tentei de tudo, principalmente achar outra pessoa, mas a única coisa que consegui foi pensar que nenhum deles era você e eu não queria que você soubesse o tamanho desse nó na minha garganta, acho que no final… Era só medo de ser rejeitada. — Karin fungou. — Mas agora tudo bem, porque eu descobri que consigo viver em uma vida longe de você, porém não em um mundo onde você não exista.

Depois disso veio o silêncio, porque havia acabado, o nó havia sumido.

— Boa noite, Adam.

E então ela se foi, sem ouvir o que aquele que lhe acompanhara durante anos tinha a dizer. Todo herói tinha um ponto fraco, o de Karin Mason era Adam.

Na manhã seguinte, quando Karin foi para a faculdade, já sabia o que responder para seu professor.

"Meu maior medo.", respondeu a garota que não tinha mais olheiras, "É viver sem as pessoas que eu amo, os outros medos passam e são superados, mas as pessoas que amamos de verdade são as que realmente devemos temer perder, porque quando elas se vão, levam um pedaço de nossas almas junto com elas. E mesmo que consigamos superar, jamais será igual novamente, na vida, cada um se importa com uma coisa mais do que com outra, na minha o que realmente importa é manter as pessoas que me fazem feliz perto de mim."

Naquela noite, quando Karin chegou em seu apartamento, havia uma carta para ela e ao abri-la deu de cara com seguinte mensagem:

Cara Karin Mason, que tipo de pessoa faz você acordar no meio da noite para dizer que te ama há mais de dezoito anos e vai embora? Sem nem ouvir o que o outro tem a dizer? É, no mínimo, grosseiro, principalmente quando essa pessoa não pode correr atrás de você para puxar seu cabelo. Me deve um pedido de desculpas. Quanto ao resto, por favor, uma ama jamais deve dizer ao seu fiel vassalo que não precisa mais dele, faz com que nos sintamos inúteis e perdidos, você bem sabe como é a sensação de perder alguém importante. Você não precisa ser perfeita para mim, porque eu a adoro do jeito que você é, nunca foi por causa dos poderes, se serve de consolo, eu descobri que te amava quando tínhamos dez anos e você me ofereceu metade do seu único biscoito, e era um biscoito tão pequeno Karin…Você não pode simplesmente dizer que gostaria que eu te amasse, porque eu fiz isso a minha vida inteira.

Adam.

P.s: Esqueça o pedido de desculpas e me traga uma pizza. A comida do hospital é terrível.

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