Inês é uma órfã que vive com sua avó no interior. Lá, ela alfabetiza criancinhas, ajuda a avó a cuidar do jardim e fazer doces. É um pouco atrapalhada pois vive perdendo os sapatos, ama sentir a terra na planta dos pés, sentir o cheiro das flores molhadas pelo orvalho da manhã. Tem a vida pacata virada de ponta cabeça ao receber uma herança inesperada e se vê obrigada a casar-se com Henrique Teixeira, um homem frio, que só quer poder pegar sua parte da herança.
Capítulo 1 Inês
_ Acorde dorminhoca!
-Por favor, vovó! Hoje é sábado, ta chovendo, ta frio, quero ficar só mais um pouquinho debaixo das cobertas.
- Ande, Inês! Temos muito o que fazer. O Josias já colheu os figos, as compotas estão por fazer, você precisa me ajudar.
Era janeiro, temporada dos figos, aqui em Santa Fé, é o período de colheita dos figos e o serviço de limpar e cozinha-los para fazer os doces deve começar cedo. E os doces de vó Dorinda são famosos por essas bandas, foi vendendo doces cristalizados e compotas que ela criou a neta. Seu sítio é pequeno se não fosse pelo pomar ela não teria como sobreviver. Todos em Santa Fé se surpreenderam, quando no natal de 1990 a professora aposentada apresentou a neta, ninguém sabia que Dorinda havia se casado ou tivesse filhos, mas menina foi sendo criada e amada por todos,ela era doce e esperta, vivia de pés descalços na comunidade aprontando das suas junto com a Marta, a Luíza, o Patrício e a Denise. Ela se tornou a vida de Dorinda que sempre a preparou para o dia que esta pudesse faltar.
Incentivou-a a estudar, Inês fez pedagogia e hoje leciona na escolinha da comunidade, tem um vida simples e pacata, rodeada de amigos, mas o que preocupa vovó é sua falta de interesse em rapazes, pois quando recebeu a menina naquele dia chuvoso, recebeu, também a incumbência de guardar um segredo: Inês precisava ser protegida. Haviam pessoas que poderiam lhe fazer muito mal, vovó nunca contou ou mostrou os papeis que aquela mulher de olhar triste lhe entregou em seus últimos momentos junto com a promessa de que a menina seria amada e cuidada, que ela sempre seria protegida de toda ambição que a cercava. Dorinda fez o melhor que pode, mas hoje, aos 70 anos, sabia que seu tempo nesse plano estava chegando ao fim. Precisava contar a verdade para sua "menina". Precisava precave-la sobre os perigos que poderiam alcança-la. Gostaria que Inês tivesse arranjado um namorado e já fosse casada, assim teria um marido para protege-la e filhos para os quais viver.