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Meu casamento era perfeito. Eu estava grávida do nosso primeiro filho, e meu marido, André, me tratava como uma deusa. Pelo menos, era o que eu pensava.
O sonho se estilhaçou quando ele sussurrou o nome de outra mulher na minha pele, no escuro. Era Karina, a jovem associada do meu escritório que eu mesma havia treinado.
Ele jurou que foi um engano, mas suas mentiras se tornaram uma bola de neve à medida que as armações de Karina ficavam mais cruéis. Ele me dopou, me trancou no meu ateliê e provocou uma queda que me mandou para o hospital.
Mas sua traição final veio depois que Karina forjou um falso acidente de carro e me culpou.
André me arrastou para fora do meu carro pelos cabelos e me deu um tapa no rosto. Em seguida, forçou uma enfermeira a tirar meu sangue para sua amante — uma transfusão que ela nem precisava.
Ele me segurou enquanto eu começava a ter uma hemorragia, me deixando para morrer enquanto corria para o lado dela. Ele sacrificou nosso filho, que agora sofre de danos cerebrais irreversíveis por causa da escolha dele.
O homem que eu amava se foi, substituído por um monstro que me deixou para morrer.
Deitada naquela cama de hospital, fiz duas ligações. A primeira foi para o meu advogado.
— Ative a cláusula de infidelidade do nosso contrato pré-nupcial. Quero que ele fique sem nada.
A segunda foi para Júlio Guedes, o homem que me amou em silêncio por dez anos.
— Júlio — eu disse, minha voz fria como gelo. — Preciso da sua ajuda para destruir meu marido.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Helena Salles
O primeiro sinal de que meu casamento tinha acabado não foi uma mancha de batom ou uma mensagem suspeita no celular; foi um nome sussurrado na minha pele no escuro, e não era o meu.
Há semanas, André andava distante. Vinha trabalhando até tarde, consumido por uma fusão que era, nas palavras dele, "um monstro total". Quando estava em casa, ficava assistindo a vídeos antigos meus no celular — vídeos da nossa lua de mel, de antes da minha barriga crescer com nosso filho, antes do meu corpo se transformar em algo que eu mal reconhecia. Ele disse que era porque o médico desaconselhou intimidade no primeiro trimestre, e ele sentia minha falta. Eu acreditei nele. Eu sempre acreditava nele.
Naquela noite, eu queria quebrar essa distância. Queria sentir as mãos dele em mim, não apenas seus olhos em uma tela. Eu comecei, meus movimentos lentos e deliberados, tentando mostrar a ele que eu ainda era a mulher daqueles vídeos, apenas com uma nova e preciosa curva na barriga.
Ele respondeu com uma urgência perturbadora, uma fome que parecia mais desespero do que paixão. Suas mãos se moviam sobre mim com uma familiaridade que de repente se tornou estranha, seu toque ao mesmo tempo íntimo e impessoal.
— Eu amo essa sua pintinha bem aqui — ele murmurou, seus lábios traçando um caminho pela minha clavícula.
Eu congelei.
— André, eu não tenho uma pintinha aí.
Ele não parou.
— Claro que tem. Eu a beijo toda noite. — Ele pressionou os lábios no local novamente, insistente. — A minha favorita.
Um pavor gelado começou a se infiltrar nos meus ossos, um calafrio que não tinha nada a ver com o ar-condicionado. Ele estava errado. Tinha tanta certeza, e ainda assim estava completamente errado. Era um detalhe que um marido de cinco anos não deveria errar. Não um marido que afirmava adorar cada centímetro do meu corpo.
— André — sussurrei, minha voz tremendo um pouco. — Olhe para mim. Você ao menos sabe quem eu sou?
Seus movimentos pararam. Por um momento, houve apenas o som de nossas respirações no quarto silencioso. Então, ele se inclinou, sua voz carregada de uma ternura que não era para mim.
— Claro que sei, minha doce Karina.
O nome me atingiu com a força de um soco. Meu ar sumiu. O mundo girou, o som se transformando em um zumbido baixo nos meus ouvidos. Ele disse de novo, um suspiro suave e amoroso.
— Karina.
Uma onda de náusea e repulsa me invadiu. Minhas mãos voaram para o peito dele e o empurraram, com força. Ele foi pego de surpresa, seu corpo caindo para trás da cama com um baque surdo quando sua cabeça bateu na quina afiada do criado-mudo.
Uma dor aguda, como uma cãibra, atravessou meu abdômen. Eu ofeguei, me encolhendo, a traição um veneno se espalhando por minhas veias.
Karina.
Karina Couto. A advogada júnior do meu escritório. A garota brilhante, de olhos inocentes, que encontrou o erro crítico nas plantas do projeto do Edifício Mirante, salvando minha carreira de um desastre apenas três meses atrás. André insistiu em "orientá-la" como um agradecimento pessoal, uma forma de pagar a dívida que ele sentia que ela merecia em meu nome. Ele comprou um carro novo para ela, pagou seus empréstimos estudantis, gestos que eu vi como generosos, talvez um pouco excessivos.
Como eu pude ser tão cega? Como confundi uma víbora com uma salvadora?
A frieza que começou nos meus ossos agora alcançou meu coração, envolvendo-o em gelo.
O celular dele, que havia caído do criado-mudo, começou a tocar. Era o próprio número dele ligando. Confusa, percebi que devia estar conectado ao carro. Ele deve ter apertado o botão de emergência. Observei, paralisada, enquanto ele gemia e procurava o aparelho.
— Alô? — ele disse com a voz rouca, atordoado.
— Sr. Bastos, aqui é da Central de Segurança do Veículo. Recebemos uma notificação de colisão. O senhor está bem?
— Estou bem — ele murmurou. — Só... caí da cama. Bati a cabeça.
— Tem alguém com o senhor? Sua esposa, a Sra. Salles, está aí?
Uma pausa. Então sua voz clareou, tornando-se o tom suave e preocupado que eu conhecia tão bem.
— Não, ela... ela está na casa da mãe dela hoje. Estou sozinho. — Ele estava mentindo. Mentindo para um estranho sobre eu estar bem ali. — Você pode... pode ligar para ela para mim? Não quero preocupá-la, mas quero ouvir a voz dela.
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