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Pérola, uma mulher forte, classe média baixa, em uma sociedade que ela percebia como conservadora e antiquada, enfrentava desde cedo olhares e comentários que a diminuíam. As pessoas ao seu redor pareciam constantemente tentar desmotivá-la, insinuando que sua origem seria um obstáculo intransponível.
Seu lar era uma casa simples em uma comunidade, deixada por seu pai, vítima de bala perdida a caminho do trabalho. Sua mãe trabalhava como diarista, e Pérola cursava a faculdade, buscando um futuro diferente. Enfermagem era sua paixão, um trabalho que realizava com dedicação em um hospital renomado, um lugar que lhe oferecia grandes oportunidades, mas também desafios. O estágio não era fácil; muitos a olhavam com preconceito, zombando de sua condição social. Sua supervisora era áspera e tornava seu dia a dia ainda mais difícil. Recentemente, Pérola cogitou desistir após uma avaliação negativa da Dra. Salete, uma médica conceituada, mas de semblante fechado, que parecia nutrir uma antipatia imediata por ela. Uma colega comentou que Salete a havia chamado de esnobe e arrogante, prometendo "colocá-la em seu devido lugar" se voltassem a trabalhar juntas, alimentando boatos sobre o preconceito da médica.
Pérola tinha 21 anos, 1,68m de altura, era magra e chamava atenção quando se arrumava, com seus cabelos longos e sua desenvoltura, especialmente no carnaval, onde desfilava desde criança, apaixonada por dançar. Ela e sua mãe eram muito unidas e se apoiavam mutuamente. Sua mãe nunca mais se envolveu seriamente com outra pessoa após a perda do marido, focando em Pérola. Para ajudar em casa e custear parte da bolsa de estudos, Pérola trabalhava em uma loja de roupas de marca. Nunca havia namorado, e sua mãe preferia a própria companhia, tendo apenas alguns relacionamentos casuais.
Um dia, enquanto trabalhava, um homem alto e elegante entrou na loja. Com cerca de 1,90m de altura, barba bem feita e porte atlético, aparentava ter uns 28 anos e atraiu a atenção de todas as vendedoras. Seus olhares se cruzaram, e Pérola, por estar mais perto, apressou-se a atendê-lo.
- Olá, boa tarde! Tudo bem? Posso ajudar? - perguntou gentilmente.
Ele respondeu sem encará-la:
- Procuro um presente, queria algo especial...
- Tem alguma referência do que ela gosta? Chegaram essas peças novas... - ofereceu Pérola, mostrando algumas blusas decotadas e transparentes.
- Ela não gosta assim, tem outra pessoa para me atender, por favor? Somos clientes antigos aqui - respondeu ele.
Pérola se sentiu desconfortável, mas as outras vendedoras estavam ocupadas.
- Desculpe, qual a idade dela para eu ter uma noção melhor? - perguntou.
- É para minha mãe, procuro algo delicado, mais sutil, menos chamativo! - respondeu ele, sério.
Pérola mostrou um vestido vinho na altura do joelho, com mangas até o cotovelo, simples, mas elegante, com um colar de pérolas, uma bolsa de mão e brincos combinando.
- Perfeito! Vou levar - disse ele.
- Só o vestido hoje? Não quer aproveitar para levar um acessório? - perguntou Pérola, aliviada.
- Não, você não entendeu. Vou levar tudo! O vestido e tudo mais que está aí junto - afirmou ele.
Pérola ficou surpresa e animada com a comissão que essa venda lhe traria.
- Ah, desculpa, eu não tinha entendido! Que bom que gostou da sugestão! - disse.
- Não precisa ficar se desculpando a cada cinco minutos, moça! - respondeu ele, antipático.
A grosseria do rapaz a deixou abalada, mas a venda compensava seu comportamento. Ela o acompanhou até o caixa, agradeceu e voltou ao seu posto. Ele pagou e, ao passar por ela, disse "obrigado" e "tchau". Aquele tipo de tratamento era comum; muitos clientes a tratavam com desdém, como se fossem superiores. A forma como aquele rapaz falou a atingiu, fazendo-a por um instante fantasiar sobre uma possível chance com alguém como ele, mas logo se conteve, mantendo os pés no chão.
Dias depois, em uma manhã em que se sentia particularmente desanimada, Pérola acordou cedo para o estágio, pressentindo um dia difícil. No hospital, foi recebida friamente pela Dra. Salete, que informou que Pérola a acompanharia em uma cirurgia simples para cobrir a ausência de uma colega. Pérola estava nervosa por ser sua primeira cirurgia de perto, e o tratamento da médica não ajudava. Salete instruiu-a a prestar atenção a cada detalhe. Na sala de cirurgia, tudo parecia calmo, mas a médica quase não lhe dava tarefas. Em um momento de breve distração, Salete a chamou rispidamente:
- Pérola?! Pérola?! Menina insolente! Aqui não é lugar para se distrair.
- Oi... Oi, doutora, desculpe! - respondeu Pérola, constrangida.
- Assim espero! - retrucou Salete, arrogante, começando um discurso sobre a falta de profissionalismo dos jovens, insinuando que qualquer um com pouca instrução se achava competente. Pérola, nervosa, deixou cair um bisturi. A médica explodiu: - Não serve mesmo para me ajudar, sua incompetente! Eu já tinha avisado ao chefe que você não ia longe, toda atrapalhada, não consegue nem pegar um bisturi corretamente! Saia agora daqui! Anda!
Pérola saiu da sala sem dizer nada, arrasada, mas segurando as lágrimas para não dar mais motivos para críticas. Sua supervisora conversou com ela e a afastou de Salete pelo resto do expediente. Depois, Pérola foi direto para a loja, que estava movimentada. Ao ver o rapaz da outra vez entrar, tentou evitá-lo, preferindo perder a comissão a ter outro confronto. Sua colega o atendeu por meia hora e, como ele parecia indeciso e exigente, pediu a Pérola para assumir a venda.
- Olá, posso ajudá-lo? Gostou de algo? - perguntou Pérola, sem muita simpatia.
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