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Por cinco anos, eu tive três empregos para sustentar o sonho do meu marido. Despejei até o último centavo da herança do meu pai na "dívida" dele e acreditei que estávamos construindo uma vida juntos.
Hoje, eu o vi no noticiário. Meu marido "batalhador", Ricardo, é o herdeiro bilionário de um império, e nosso casamento foi o seu "Desafio do Zero" de cinco anos.
Sua noiva de verdade, Isabela, estava ao lado dele. Quando cheguei em casa, nosso filho de cinco anos, Léo, me olhou com olhos frios.
"Você foi reprovada no teste, Helena", ele disse, sem emoção. "Papai disse que você tem mentalidade de escassez."
Então veio a ligação final de Ricardo. Léo não era meu filho. Era filho dele e de Isabela, e eu era apenas uma "cuidadora de socialização". Minhas contas foram congeladas. Fui deixada sem nada.
Mas eles se esqueceram do último presente do meu pai.
Um notebook antigo com um aplicativo de registro em blockchain inviolável, guardando o registro imutável de cada hora que trabalhei e cada centavo que dei a eles. Eles me chamaram de um ativo. Agora, eu vim cobrar a conta.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Helena Ferraz
Por cinco anos, eu fui a esposa de um empreendedor que mal conseguia pagar as contas. Ou era nisso que eu acreditava. Hoje, descobri que meu marido, Ricardo Medeiros, é o único herdeiro de um império imobiliário multibilionário, e nossa vida inteira foi o seu "Desafio do Zero" de cinco anos para provar seu valor ao conselho de sua família.
Os últimos cinco anos passaram pela minha mente, um filme de exaustão e sacrifício. Mil oitocentos e vinte e cinco dias. Esse é o tempo que eu trabalhei em três empregos. Minhas manhãs começavam às 5 da manhã, com cheiro de café extraforte e o leve aroma de aguarrás dos meus trabalhos de design gráfico de madrugada. Meus dias eram uma maratona de projetos como freelancer, seguidos por um turno à noite como garçonete numa lanchonete onde os clientes de sempre me conheciam pelo nome e sentiam pena dos meus olhos perpetuamente cansados. Minhas noites eram passadas curvada sobre o notebook, correndo contra prazos de logotipos e panfletos, minha vista embaçava até as letras dançarem na tela.
Tudo isso foi por ele. Por Ricardo. Pelo sonho dele.
Eu acreditava nele com cada fibra do meu ser. Quando ele me contou sobre os milhões em dívidas estudantis e de negócios que o esmagavam, meu coração doeu por ele. "Nós vamos superar isso, Ricardo", eu sussurrei, envolvendo-o com meus braços em nosso minúsculo e apertado apartamento. "Juntos."
E nós superamos. Ou melhor, eu superei. Fui eu quem controlou meticulosamente cada real, quem escolheu a marca genérica de cereal, quem remendou os buracos nas calças do nosso filho Léo em vez de comprar novas. Fui eu quem vendeu meu próprio carro, quem resgatou os modestos títulos que meu falecido pai me deixou, tudo para despejar no buraco negro da sua suposta "dívida".
Minha própria carreira como designer gráfica, antes promissora, era agora uma coleção de trabalhos mal pagos que eu pegava na calada da noite. Meu portfólio estava desatualizado, meus sonhos acumulando poeira em uma pasta na área de trabalho, todos sacrificados no altar do nosso futuro.
Mas eu acreditava que valia a pena. Toda vez que eu via a esperança nos olhos de Ricardo, toda vez que ele beijava minha testa e sussurrava: "Só mais um pouco, Helena. Eu prometo, vou compensar tudo isso", o esgotamento se dissolvia, substituído por um amor feroz e protetor. Estávamos construindo algo real. Uma família. Uma vida forjada na dificuldade, o que tornaria o sucesso eventual ainda mais doce.
Ontem à noite, nós comemoramos. Ricardo chegou em casa, o rosto radiante, e me ergueu do chão. "Conseguimos, meu amor! Finalmente estamos livres!", ele gritou, sua risada ecoando em nossa pequena sala de estar. Ele disse que um investidor final tinha aparecido, limpando seu último obstáculo. A dívida tinha acabado. Nossa vida estava prestes a começar.
Eu chorei lágrimas de pura e absoluta alegria. Abrimos uma garrafa de espumante barato que eu estava guardando para este exato momento. Fizemos planos. Uma pequena casa com um quintal para o Léo. Férias, as nossas primeiras. Talvez eu pudesse finalmente largar meus outros empregos e focar no meu trabalho de design novamente. O futuro, antes um sonho distante e nebuloso, estava finalmente ao nosso alcance.
Hoje, eu estava me dando um luxo raro: um café de uma cafeteria de verdade, não a borra instantânea que eu costumava beber. Eu estava esboçando um novo design em meu caderno, sentindo uma centelha de criatividade que não sentia há anos, quando meus olhos se desviaram para a grande tela de televisão na parede.
Um canal de notícias de negócios estava passando. E lá estava ele. Meu Ricardo.
Mas ele não era o meu Ricardo. Ele usava um terno tão primorosamente cortado que provavelmente custava mais que o nosso carro. Seu cabelo estava perfeitamente penteado, não o visual charmosamente bagunçado a que eu estava acostumada. Ele estava em um palco, um sorriso confiante, quase arrogante, que eu nunca tinha visto antes. Ao lado dele, uma mulher deslumbrante em um vestido branco elegante, a mão dela repousando possessivamente em seu braço. O nome dela, de acordo com a legenda na parte inferior da tela, era Isabela Montenegro.
A manchete brilhava na tela, gravando-se em meu cérebro: "HERDEIRO BILIONÁRIO RICARDO MEDEIROS CONQUISTA O TESTE FINAL: POR DENTRO DO 'DESAFIO DO ZERO' DE CINCO ANOS."
Minha mão congelou, o lápis caindo dos meus dedos e batendo no chão. O mundo ao meu redor pareceu recuar, a conversa alegre da cafeteria se transformando em um zumbido surdo. A voz do repórter cortou a névoa, cada palavra um golpe de marreta.
"...único herdeiro do império imobiliário Medeiros... um experimento social de cinco anos projetado pelo conselho para provar sua perspicácia nos negócios... vivendo com uma renda baixa simulada... um teste de garra e caráter antes de assumir as rédeas da corporação multibilionária..."
Meu sangue gelou nas veias. O café no meu estômago virou ácido.
Eu saí tropeçando da cafeteria, o mundo girando sob meus pés. O caminho para casa foi um borrão. Minha chave se atrapalhou na fechadura, minhas mãos tremiam tanto que mal consegui encaixá-la.
A primeira coisa que vi quando abri a porta foi nosso filho de cinco anos, Léo. Ele não estava brincando com seus blocos de madeira gastos de sempre. Ele estava sentado no meio do chão, cercado pela embalagem de um robô novinho em folha, de aparência obscenamente cara. O tipo que eu via nas vitrines das lojas de brinquedos e sabia que nunca poderíamos pagar.
"Léo, meu amor? Onde você conseguiu isso?", perguntei, minha voz um sussurro tenso.
Ele não me olhou com seus olhos brilhantes e adoradores de sempre. Em vez disso, seu olhar era frio, avaliador. Era uma expressão que eu nunca tinha visto em seu rosto doce.
"Papai comprou para mim. Ele disse que o teste acabou", ele disse, sua vozinha assustadoramente neutra.
Meu coração parou. "O teste?"
Ele finalmente olhou para mim então, seus olhos carregando uma frieza que me estilhaçou. "Você foi reprovada no teste, Helena."
Eu só conseguia encarar, minha mente se recusando a processar suas palavras. "O que... o que você está falando, meu anjo?"
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