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Eu era a filha do chefe da máfia mais poderoso do Rio de Janeiro. Por seis meses, fui chantageada para ser a amante secreta e informante do queridinho da Polícia Federal, Caio Mendonça. Mas, bem quando me apaixonei por ele, ele anunciou seu noivado com a filha de um senador em rede nacional.
Ele chamou nosso relacionamento de "arranjo político" e me disse que eu era apenas uma garantia para manter meu pai na linha.
Sua nova noiva, então, me humilhou publicamente, me chamando de "lixo".
Eu sacrifiquei tudo por ele, até mesmo o filho secreto que poderíamos ter tido, apenas para ser usada e descartada como um brinquedo do qual ele se cansou. Será que eu fui algo mais do que um trabalho para ele?
A vergonha da minha desgraça pública matou minha avó. Meu pai, vendo meu mundo destruído, tirou a própria vida para me dar uma nova. Ele forjou minha morte, me deu uma nova identidade e me deixou uma fortuna. Analu Moretti estava morta, mas Anna Russo estava apenas começando sua vingança.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Analu Moretti
A primeira vez que vi o Delegado Federal Caio Mendonça, ele estava do outro lado do salão lotado do Copacabana Palace, um copo de uísque na mão, parecendo o dono do lugar. Ele provavelmente era. O baile de gala anual da PF era o seu reino, e todos ali eram seus súditos.
Ele era o convidado de honra, representando a Polícia Federal.
Eu não deveria estar ali. Minha presença era um insulto a tudo que aquela noite representava. Eu era Analu Moretti, filha do chefe da máfia mais poderoso do Rio. Para aquelas pessoas, eu não era uma convidada; eu era a inimiga, vestida em alta-costura.
Caio era tudo que eu não era. Ele era a lei; eu era o crime. O nome de sua família estava gravado na história da polícia federal, um legado de honra e dever. O nome da minha família era sussurrado em becos escuros e falado em voz baixa nos tribunais, um legado de medo e sangue. Éramos dois lados da mesma moeda manchada, eternamente opostos.
E, no entanto, todos os olhos naquele salão estavam nele. Eles o observavam com uma mistura de admiração e respeito, suas conversas diminuindo para um murmúrio sempre que ele passava. Ele tinha a reputação de ser implacável, ambicioso e brutalmente eficaz. Diziam que ele era o futuro da PF. Uma estrela em ascensão.
Nossos olhos se encontraram por um segundo fugaz do outro lado do salão. Os dele eram de um azul surpreendente, penetrante, frios e analíticos. Eles passaram por mim sem um pingo de reconhecimento, como se eu fosse apenas mais uma peça da decoração suntuosa.
Mas eu sabia que não era verdade.
Mais tarde, enquanto a orquestra tocava uma melodia suave e os casais dançavam na pista, ele passou por mim. O cheiro de seu perfume, uma mistura nítida e limpa de bergamota e algo mais escuro, como cedro, me envolveu. Por um momento, esqueci de respirar.
Quando ele passou, meu olhar caiu sobre o punho branco e impecável de sua camisa. Logo abaixo do tecido caro, espiando por baixo da manga, estava o traço fraco e escuro de uma tatuagem. Era um padrão familiar, um pequeno e intrincado desenho de espinhos entrelaçados.
Um desenho que eu conhecia intimamente, porque minha própria tatuagem correspondente estava escondida sob a seda do meu vestido, uma marca secreta logo acima do meu quadril.
Eu o vi ajustar sutilmente o punho, seus movimentos suaves e treinados, escondendo a marca da vista. Foi um gesto rápido, quase imperceptível, mas que me causou um arrepio na espinha. O segredo que compartilhávamos era um fogo perigoso, que poderia queimar nossos dois mundos até o chão.
Horas depois, o baile era uma memória distante. A formalidade sufocante foi substituída pelo silêncio de sua cobertura na Zona Sul, com as luzes da cidade brilhando como diamantes espalhados lá embaixo. O ar aqui era diferente, carregado de uma tensão que era ao mesmo tempo aterrorizante e inebriante.
Ele estava parado junto à janela do chão ao teto, de costas para mim, a cidade projetando longas sombras pelo cômodo. Ele havia afrouxado a gravata e o primeiro botão da camisa estava desabotoado.
"Você estava me encarando", ele disse, sua voz baixa e rouca, cortando o silêncio.
Eu não neguei. "Você também."
Ele se virou então, e a máscara fria do agente da PF havia desaparecido. Em seu lugar estava o homem que eu conhecia nas horas roubadas da noite, o homem cujo toque era tanto um castigo quanto uma prece.
"É um risco, Analu", ele murmurou, cruzando o espaço entre nós em três longas passadas. Suas mãos encontraram minha cintura, me puxando para junto dele. "Você sabe disso."
Eu sabia. Ah, eu sabia. A filha de um chefão da máfia e o queridinho da PF. Não era apenas um risco; era um pacto suicida. Se alguém descobrisse, minha família seria destruída. Sua carreira, seu legado, seriam aniquilados. Estávamos brincando com fogo em um quarto cheio de gasolina.
No momento em que seus lábios encontraram os meus, um zumbido agudo vibrou de seu celular na mesa de centro. O som quebrou o momento, nos puxando de volta para a realidade brutal de nossas vidas.
Ele se afastou, um brilho de fúria em seus olhos, e pegou o telefone. A tela lançou uma luz azul pálida em seu rosto, iluminando as linhas duras de sua mandíbula.
Então eu vi. A manchete que piscou na tela.
Caio Mendonça, da PF, Anuncia Noivado com Isabela Almeida, Filha do Senador Almeida.
O ar sumiu dos meus pulmões. O mundo girou. Meu coração, que batia descontrolado contra minhas costelas momentos antes, parecia ter parado. Gelou.
"Caio?" Minha voz era um sussurro engasgado.
Ele não olhou para mim. Seus olhos ainda estavam fixos na tela, sua expressão indecifrável.
Eu me afastei dele, o calor de seu corpo agora parecendo uma queimadura. "O que é isso? Um noivado?"
Ele finalmente olhou para cima, seus olhos azuis tão frios e distantes quanto estavam no baile. "É um arranjo político. É bom para a minha carreira."
As palavras foram como tapas no meu rosto. Cada uma mais fria e mais dura que a anterior. "E o que eu sou?", perguntei, minha voz tremendo com uma dor tão profunda que parecia uma ferida física. "O que eu fui para você nos últimos seis meses?"
Ele não respondeu. Apenas me observou, seu rosto uma tela em branco.
"Eu sou apenas... uma garantia? Uma maneira de manter meu pai na linha?"
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