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Magia...
Você já se perguntou como seria se você pudesse fazer algo flutuar ou até mesmo fazer fogos saírem pelas suas mãos? Ou melhor, se você pudesse curar alguém ou revelar o seu futuro, prever desastres, prever sonhos... Parece ser incrível, não é? Ter tudo bem nas palmas de suas mãos apenas usando a sua magia...
Mas não, não é assim que funciona, quem dera se fosse... Fazer magia tem um preço, e na maioria das vezes esse preço você só paga com a morte.
Eu venho de uma linhagem extensa de bruxas e por alguma razão eu consigo usar magias que eu não deveria. Usar magia causava uma sensação mista de intriga e força, mas a energia ao fazer ou conjurar um feitiço que você não sabe como está fazendo isso, te matava por dentro, cada vez que fazia isso, era como se estivesse acontecendo uma guerra dentro de mim... então eu não uso mais magia, pelo menos nāo como antes.
Meus pais morreram por isso, morreram por serem bruxos e usarem magia, mortos pelas mãos dos humanos quando eu ainda era só um bebê.
Vivo com a minha tia, Ofélia. Ela nunca me contou exatamente como eles morreram ou o que eles faziam no meio dos humanos. Eu sempre busquei por resposta mas eu nunca conseguia uma simples explicação... Era como se quem soubesse tentasse me poupar da verdade, então eu desisti de saber o verdadeiro motivo, pelo menos por agora.
Não podemos pisar ou nem nos aproximar num reino que antes era nosso. O Reino de Cloudencie. É tão irônico o reino ter o nome de uma das maiores bruxas que ja viveram, sendo que agora é conhecido como o reino que mais assassina bruxos no mundo.
Eu os odiava por isso.
Mas também, eu não me importava mais. Há uns anos atrás eu queria vingança, queria muito. Mas o que isso iria valer? Não traria meus pais de volta e eles não ficariam nem um pouco orgulhosos ao ver o que eu me tornei, eu tenho certeza que eles desejariam que eu tivesse um futuro melhor do que me tornar uma bruxa assassina.
Então eu apenas guardei essa ideia, não valia a pena sujar minhas mãos com o sangue humano.
Não agora...
— Imogen! — Os gritos de Ofélia tiram dos meus pensamentos me fazendo franzir o cenho. — Imogen! — Ela aparece em meu quarto rapidamente, me assustando. Tia Ofélia parecia com minha mãe, seus cabelos eram curtos e encaracolados. Ela era alta e seus olhos eram cinzas.
Reparo em um papel em suas mãos, parecia um convite.
— Aconteceu alguma coisa, Ofélia — Me coloco de pé. Ela sorria de forma sarcástica.
— " Senhoras e senhores do reino de Cloudencie, o rei acaba de anunciar o noivado do seu único filho e herdeiro do trono junto a princesa de Jurdanis. Assim fazendo com que o reino rival agora sejam aliados, e assim, em comemoração a aliança dos reinos e dos seus futuros herdeiros, haverá um baile sem tema escolhido e todos os súditos dos dois reinos estão convidados!" — Terminou, me encarando. Eu Franzi o cenho, confusa.
— E o que isso tem haver com a gente? — Minha tia revira os olhos.
— E em letras miúdas está escrito " Caso alguma bruxa tentar entrar no Palácio, serão queimadas em praça pública. Assinado, governantes de Cloudencie." — Pontuou, furiosa. Sinto o meu sangue ferver. Puxo os meus cabelos para trás, tentando acalmar o fogo que se acende dentro de mim, um fogo repleto de ódio.
Eles ainda tinham a ousadia de debochar da gente? Porque eles acham que nós iríamos perder tempo naquela merda de baile?
Eu pego o papel de sua mão e começo a ler novamente. Eles são uns idiotas!
— Como eles ousam debochar disso?. — Eu Murmuro. Ela me encarou, estranhamente.
— Eles irão se arrepender. — Sorriu, com um sorriso cruel que me fez arrepiar. Ela me deu as costas, pronta para sair do meu quarto. — Oh, Imogen! Reunião do coven às 12 da noite. Sem atrasos! — Terminou, desaparecendo do meu campo de visão.
Provavelmente todo o coven iria encarar isso como uma afronta, e os conhecendo eu saberia que isso iria causar um repercussão grande. O coven lida com ameaças e afrontas desde a muito tempo, até então desde que saímos do reino não recebemos mais ameaças ou afrontes, porque eles não sabiam onde nós nos escondíamos. Por essa razão decidimos não atacar se não fôssemos atacados.
Mas eles mexeram com forças perigosas ao debochar da nossa maior dor, que são nossas irmas bruxa que eles queimaram.
Meus pais, que eles também queimaram...
Fecho o meu livro de feitiços prendendo o meu cabelo logo em seguida e caminho para fora do meu quarto.
⚜
Observo Cloudencie de longe, dando um logo suspiro enquanto brincava com a máscara prateada de minha mãe. Ela me contava histórias que aconteceram enquanto ela usava essa máscara, inclusive, isso estava em seu rosto quando ela conheceu o meu pai. Por isso eu me sentia tão proxima deles quando eu a segurava, então comecei a andar com a máscara por toda parte.
Bem, prefiro contar essa historia depois.
Eu estava no topo de uma árvore observando o reino, eu sempre me sentava nessa árvore e me perguntava como seria se bruxas e humanos não tivessem essa rincha... Sem guerra, sem afrontas, sem caos... Eramos tão fortes, podiamos exterminá-los apenas com um simples feitiço, mas não queríamos fazer isso, isso nos faria o ser o que eles dizem que somos, montros... E nós não somos!
Eu perdoaria o que eles fizeram se ao menos nos pedissem desculpas e mostrassem arrependimento. No diário de minha mãe, ela escreve como é bom perdoar e ser perdoado, que essas são as maiores virtudes da nossa vida e que isso lava a nossa alma. Ela era incrivel...
Porque eles preferem o caos? Porque eles não opitam por se redimirem? Eu queria muito entender o que se passa na cabeca deles para preferirem semear essa discórdia, essa luta, esse odio!
Minha tia sempre me contou histórias tão crueis sobre o que eles faziam com gente da nossa espécie que eu cresci com ódio, raiva, irá... Todos esses más sentimentos, eu queria destruir eles, um por um. Acho que foi isso que abriu o poder proibido dentro de mim, era tanta mágoa tanta raiva em uma criança que eu tive que liberar esse odio.
Ao liberar tanta raiva, eu fui punida pela minha própria espécie, ou melhor... pela minha tia. Ofélia me prendia numa cela escura com meus braços amarrados com correntes enfeiticadas, eu ficava quatro dias seguidas sem comer, eu apenas me hidratava com um copo de àgua por dia. Ela dizia que isso me faria ser forte, que isso me faria ter raiva, mas não ao ponto de usar a magia que eu não conhecia.
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