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Capítulo 1
Jéssyca conclui o atendimento do último cliente na padaria. Enquanto os funcionários fecham as portas, ela se apressa em direção ao vestiário, ciente da urgência, pois está atrasada para sua primeira aula na faculdade.
Ao entrar no vestiário, retira o uniforme com tamanha pressa que não percebe que alguém entrou e trancou a porta.
- Você é linda. Ganha tão pouco aqui. Poderia vender toda essa beleza e ganhar muito mais - diz Júnior, fazendo-a soltar um grito de susto.
- Saia daqui - diz, tentando cobrir o corpo com as mãos.
Ela olha para as roupas no banco e rapidamente as segura na frente do corpo para tentar se esconder do olhar nojento de Júnior.
- Não se esconda de mim. Posso te proporcionar prazer e dinheiro pelos seus serviços. Sei que é uma mulher solitária e...
- Cale-se! Você não sabe nada sobre a minha vida. Saia. SAIA!
Contudo, alguém ouve seus gritos e tenta abrir a porta. Como não consegue entrar no cômodo, bate na porta.
- Jéssyca, abra a porta! Quem está aí com você?
- Se me denunciar, terá problemas no futuro - diz, colocando as mãos no bolso com um meio sorriso de deboche nos lábios.
- Não tenho medo - diz, indo abrir a porta, mas antes de tocar a maçaneta, ele a segura com firmeza.
- Se abrir a porta, vai me denunciar. Estou avisando que, se eu tiver problemas, você sofrerá as consequências.
Ela puxa o braço e, com os dedos trêmulos, destranca a porta, saindo apenas com as roupas de baixo e os olhos úmidos. Claudio, um senhor de meia idade, olha para Júnior com desprezo.
- Saia daí, deixe-a se trocar. O que estava fazendo? O chefe não vai gostar de nada disso.
- Ela queria...
- Ah, o quê? Seu mentiroso!
- Entre no vestiário, Jéssyca. E você, venha comigo.
Uma hora depois, Jéssyca entra na faculdade às pressas, é seu último ano. Ela estudou com excelência por quatro anos, mas, neste último ano, está frequentemente ausente nas primeiras aulas. Tentou explicar a importância de seus estudos para os patrões, mas eles não se importaram, disseram que, se quisessem, poderiam pedir demissão e procurar outro emprego.
Ela abre a porta no meio da segunda aula, fazendo com que o professor pare de falar e todos olhem para ela enquanto vai até sua mesa e se senta, o rosto vermelho de vergonha pelo atraso. Em um determinado momento da aula, ela lembra do que aconteceu após se trocar: foi direto ao escritório do patrão e não pensou duas vezes antes de acusar o colega de ofendê-la e tentar abusar dela.
Recolocando seus pensamentos em ordem, ela volta a prestar atenção na aula. Ela escolheu administração de empresas e espera conseguir um emprego assim que se formar. Seu objetivo é mudar de vida, deixar sua pequena kitnet e morar em uma casa maior.
Na saída, ela consegue uma carona com uma de suas colegas, e só de pensar que não precisa andar por quase uma hora, ela agradece, pois está exausta.
- Você está tão quieta hoje. O que houve? - perguntou Marta.
- Tive problemas com um abusador no trabalho.
- Nossa, que situação difícil.
- Ele saiu algemado da padaria. O que mais me preocupa é que ele disse que se vingaria.
- Então, fique atenta, amiga. Esse cara provavelmente vai sair sob fiança, você vai ver. Espero que ele não venha atrás de você. Desculpe, não quero te preocupar mais. Amanhã é sexta-feira, que tal sairmos para a "Night"?
- Fala sério, sou caseira, não gosto desses lugares. As músicas são ensurdecedoras, e os garotos só querem transar. Estou fora, nem pensar.
- Você até poderia transar com alguém e esquecer um pouco essa tristeza. Deve estar sem sexo há décadas.
- Não exagera. - Ela para de falar e olha para a colega um pouco envergonhada. - Tem um tempo, uns dois anos. Foi com meu último namorado, infelizmente não deu certo.
Marta escuta o que a colega diz e toma a decisão por ela.
- Você vai e não se fala mais nisso. E se aparecer um gostosão, agarre ele e seja feliz.
Jéssyca sorri com o comentário, fica calada, mesmo achando graça. Ela está certa, precisa sair um pouco e espairecer. Tem apenas um vestido adequado para essas ocasiões, e sabe que usar o mesmo vestido sempre pode ficar repetitivo, mas não tem dinheiro para comprar roupas que não sejam para o dia a dia.
Assim que desce do carro, agradece a Marta. Olhando para os lados, ela abre o cadeado do portão. Ela se sente aliviada por não precisar passar pela porta dos vizinhos; seu quarto é o primeiro assim que entra no corredor, o que a permite sair e voltar sem ser vista por ninguém. Alguns vizinhos são bem intrometidos, faz de tudo para evitar ser o próximo alvo de seus comentários, mas de vez em quando, ela ainda ouve burburinhos.
No dia seguinte, ela entra para trabalhar. Antes de ocupar seu lugar, é chamada até a sala do patrão, onde recebe uma notícia bombástica.
- Aqui está seu aviso prévio. Pode assinar e escolher se quer sair uns dias antes ou trabalhar os trinta dias saindo mais cedo.
Ela observa o patrão como se ele fosse uma cobra prestes a atacá-la, virando a cabeça de um lado para o outro indignada.
- Não acredito que estão me dispensando por causa do que aconteceu ontem à noite. É como se eu fosse a culpada pelo que aconteceu.
- Não foi por isso. Estamos cortando custos, e você é uma das funcionárias mais novas. Não queremos dispensar os mais antigos de casa.
Ela não acredita nessa desculpa esfarrapada. Não deixaram nem a poeira baixar antes de inventarem essa explicação. Não há outra justificativa; com certeza foi pelo incidente com o Júnior, fato mais do que evidente. Bando de canalhas!
Sem vontade de trabalhar, ela vai para o vestiário e libera toda a sua tristeza em lágrimas. Não é fácil encontrar outro emprego, e ela não tem economias. Trabalha na padaria há apenas dois anos, então não receberá muito. Seu receio é que o dinheiro não seja suficiente para pagar o aluguel, a faculdade e sua alimentação.
- Droga!
Horas depois, ela chega à faculdade. Como optou por sair mais cedo, teve tempo de passar em casa e fazer uma refeição.
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