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Em 1996, Mojstrana - Eslovênia.
Elizabeth tinha 22 anos, era uma jovem bela, sonhadora e trabalhava como vendedora em uma loja de discos. Era do tipo reservada e quase nunca saía com as outras garotas de sua idade, Elise era sua grande amiga e companheira de trabalho.
— Hoje tenho ingressos para o show do Bon Jovi. — disse Elise muito animada e com um grande sorriso.
— Prefiro ficar em casa, estou cansada e minha mãe ultimamente não tem me deixado sair de casa! — respondeu Elizabeth.
— Por favor, Elizabeth, você nunca sai comigo e dessa vez vai ser divertido. Vamos, por favor! — insistiu Elise até que Elizabeth concordou, e as duas combinaram onde deveriam se encontrar naquela noite.
O show estava lotado, Elizabeth tentava encontrar a amiga em meio à multidão que se aglomerava em frente à entrada do local. Andou o quanto pôde, mas não a encontrou, suspirou e desistiu de entrar naquele lugar, já que não fazia tanta questão de estar ali em meio àquela quantidade de pessoas.
Com a grandiosidade daquele evento, os ônibus já não podiam mais circular nos arredores do local e Elizabeth precisou caminhar até encontrar um táxi.
Elizabeth percorria aquelas ruas tomadas por vários carros estacionados, sentindo um frio diferente ou talvez uma sensação de que algo estava prestes a acontecer com ela. Desde pequena, tinha sensações sobre coisas e pessoas que se aproximavam de sua vida, como se fossem premonições.
Para chegar até o ponto de ônibus, ela precisava passar por um beco escuro que a levaria até a avenida principal. Estava frio, e Elizabeth cruzou os braços rente ao corpo buscando um pouco de calor enquanto caminhava mais rapidamente, sempre mantendo a vigilância.
Quando faltavam alguns metros para a luz, ouviu um som como se algo tivesse sido lançado do topo de um dos prédios ao chão e ela se virou depressa para trás.
Um homem belo e jovem a olhava de maneira voraz, cabelos na altura dos ombros... era robusto e tinha belos olhos em um tom verde que ela jamais vira igual e que se mesclavam ao brilho daquela lua minguante. Elizabeth não sabia explicar como ou por que, seu corpo deixou de ser seu domínio, ela estava entregue ao olhar dele.
— Por que me temes, minha bela? — Ele não se movia, apenas a olhava como se pudesse enxergar além do que os olhos podiam ver. Quem sabe pudesse ver através das roupas dela. Estendeu-lhe a mão e ela, sem pensar em mais nada, caminhou em direção a ele. Ele retirou seus cabelos delicadamente, desnudando sua nuca e cheirando sua pele, que ao sentir sua barba recém-feita, arrepiou-se.
— O que quer de mim? — Perguntou ela, assustada.
Ele a olhou nos olhos e, a partir daquele momento, ela não soube dizer como, mas sentiu-se repousar em uma imensa cama macia e sentiu o cheiro de incenso de mirra. Velas, lençóis de cor vermelha, sangue e seus corpos nus. Ainda se lembrava de não sentir nenhum pudor por estar desnuda ao lado de um desconhecido.
— Seus lábios, tão bela! — Desenhou seus lábios com seu dedo indicador, enquanto repousou seu corpo sobre o dela e se beijaram com desespero e ardor. Ela o queria mais do que respirar e sabia que ele a queria. Uniram-se não só de corpo. Seus dedos percorriam sua pele branca e arrancavam suspiros de prazer, algo que jamais havia sentido em toda a sua vida.
Despertou ainda sentindo o cheiro do incenso e da pele dele. Passou a mão sobre o lençol e, para sua surpresa, estava em casa e em sua cama. Estranhou aquele sonho tão real e que jamais poderia transformar em palavras. O fato é que estava nua e em seu corpo pôde ver as marcas deixadas por ele.
Foi no mesmo dia que Elizabeth falou com Elise, e esta confirmou tê-la visto pela última vez no show. Assim, o que acontecera de alguma forma era verdade. Elizabeth decidiu que não contaria a ninguém sobre o encontro com o desconhecido, pois sabia que seria julgada e ofendida pelas pessoas. Porém, não conseguiu esconder por muito tempo que já não era mais virgem, pois ficou grávida daquele homem estranho.
Enfrentou muitas dificuldades até que seus pais aceitassem que ela criasse seu filho. Eles insistiam em saber quem era o pai, mas Elizabeth conseguiu esconder a verdade. Ela tinha um grande amigo chamado Anthony, que sempre nutriu um sentimento de amor por ela. Ela deu a ele a chance de cuidar dela e do filho, mesmo que não sentisse o mesmo amor por ele.
Dois anos depois, Elizabeth ficou grávida de Eugênia. Anthony ficou feliz em ter um filho que compartilhava o seu sangue, embora nunca tenha feito diferença entre os dois e fosse muito amoroso com ambos. Eles moravam em uma fazenda no interior, onde Anthony criava cavalos, e viviam em paz e tranquilidade. Porém, esse cenário de calmaria logo mudaria drasticamente.
A escuridão se abateu sobre o mundo em questão de dias. Relatos sobre ataques a pessoas começaram a surgir primeiro nas cidades grandes. Em pouco tempo, a humanidade estava convertida em criaturas famintas por sangue humano, chamadas de licantropos/Lycans. Apenas alguns eram escolhidos para serem transformados, enquanto os julgados como inferiores eram devorados sem piedade.
O líder dessas criaturas era conhecido apenas como o grande Alfa, e ele comandava todas as ações da alcateia. Os humanos foram condenados a se esconder, criando uma pequena vila, para selar um pacto com os licantropos. A cada primavera, uma vítima era sacrificada e enviada para o castelo, onde Alfa decidia se seria usada como alimento ou se juntaria à alcateia.
Elizabeth narrando – 2023
Aprendemos a viver imersos na escuridão. Eugênia era uma de nossas líderes: forte, linda e imponente, sempre ao lado do irmão Thor, tomando as decisões importantes que, até então, nos mantiveram vivos. Todos sabiam que a partir das 19:00 era o toque de recolher; ninguém podia sair de dentro de casa, pois aquele era o momento da caçada.
Thor havia quebrado o pacto ao se envolver com uma mestiça chamada Lilith, que era a preferida do Alfa. Ela sempre estava por aqui, escondida entre as árvores para ver meu filho sair e poderem acasalar. Assim que os vi juntos, uma lágrima escapou de meus olhos, e eu sabia que ele estava condenado à morte por cometer aquela heresia.
Os dois estavam se banhando no lago e, para minha infelicidade, Bryana estava comigo e gritou para todos.
— Estamos condenados! Todos seremos devorados feito animais por culpa dele!
Em questão de segundos, todos da vila estavam a caminho. Lilith saiu correndo nua pela floresta. Os outros mestiços sempre estavam a nos vigiar, e era óbvio que isso chegaria aos ouvidos do líder, e estaríamos perdidos.
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