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Doei meu rim para o meu marido e acordei de um coma de um ano. A primeira coisa que vi não foi seu rosto amoroso, mas ele me traindo com a minha irmã, no meu próprio quarto de hospital.
Consumida pela fúria, fui pedir o divórcio, apenas para descobrir que nosso casamento havia sido anulado dez meses atrás. Ele já tinha se casado com ela.
Enquanto eu estava indefesa, eles me apagaram da minha própria vida. Agora, o pai poderoso dele tem um novo plano para mim: um casamento forçado com outro herdeiro rico que também está em coma.
Capítulo 1
Ponto de Vista de Helena Carvalho:
O primeiro pensamento coerente que tive depois de um ano em coma não foi sobre a luz, a dor ou o marido para quem eu doei meu rim. Foi que eu precisava de um divórcio.
"Helena, do que você está falando?" Minha irmã adotiva, Júlia, correu para o meu lado, suas mãos com unhas impecáveis pairando perto do meu rosto. "Você acabou de acordar. Está delirando."
Eu afastei a mão dela. Meus músculos pareciam barro molhado, fracos e sem resposta, mas a repulsa era um fio elétrico dentro de mim. Olhei para além dela, meus olhos fixos na porta do quarto de hospital estéril. "Chame um advogado. Quero o divórcio de Ricardo."
"Não, você não entende", ela insistiu, a voz melosa, cheia de uma preocupação falsa. Ela pegou um diário grosso, com capa de couro, da mesa de cabeceira. "Olhe isso. O Ricardo escreveu para você todos os dias em que você esteve inconsciente. Todos os dias, Helena."
Ela o abriu, as páginas repletas da caligrafia elegante e familiar de Ricardo. Meu coração, um músculo estúpido e traiçoeiro, deu uma pontada dolorosa.
"Ele nunca saiu do seu lado", continuou Júlia, sua voz subindo com uma emoção teatral. "Ele lia para você, tocava suas músicas favoritas. Ele dormiu naquela cadeira desconfortável todas as noites durante um ano."
Ela apontou para a poltrona gasta no canto, com um buraco afundado na almofada.
"E no nosso aniversário", disse ela, a voz baixando para um sussurro conspiratório, "ele dirigiu três horas até Ubatuba, só para pegar aquela concha que você sempre quis daquela prainha que íamos quando éramos crianças. Ele disse que isso a traria de volta para ele."
Ela ergueu uma concha pálida e perolada. Era linda. Era uma mentira.
"Quando os médicos disseram que suas chances eram mínimas, ele fez uma peregrinação. Uma peregrinação, Helena!" Ela estava praticamente chorando agora. "Ele andou quilômetros descalço até o Santuário de Aparecida para rezar por você. Ele trouxe isso de volta."
Ela tirou uma corrente de prata delicada da bolsa. Pendurado nela, havia um pequeno amuleto, primorosamente esculpido. Um amuleto de proteção, supostamente abençoado. Parecia tão real, tão cheio de esperança.
"Ele te ama mais do que tudo", ela finalizou, a voz embargada pelas lágrimas. "Você não pode fazer isso com ele. Não pode partir o coração dele depois de tudo o que ele fez."
Eu a encarei, encarei a performance, a teia de mentiras cuidadosamente construída. Eu queria gritar. Queria rasgar aquele diário em pedaços e espatifar aquela concha estúpida contra a parede.
"Para com isso", finalmente consegui dizer, minha voz um grasnido rouco. "Só... para."
Porque eu me lembrava.
Eu me lembrava do momento em que acordei. Não foi um retorno suave à consciência. Foi um tranco violento. Em um segundo, eu estava em um vazio preto e silencioso, no segundo seguinte, meus olhos estavam abertos, encarando as placas do teto do hospital. O bipe rítmico do monitor cardíaco foi o primeiro som que ouvi. O segundo foi um gemido baixo.
Minha cabeça estava virada para o lado, meu olhar caindo no espaço entre minha cama e a janela. E lá estavam eles.
Ricardo, meu marido, o homem por quem eu voluntariamente me deitei em uma mesa de cirurgia, estava pressionado contra a parede. Seu terno caro estava amassado, o rosto enterrado no pescoço da mulher em seus braços.
E essa mulher era Júlia. Minha irmã.
Os braços dela estavam firmemente enrolados em seu pescoço, os dedos entrelaçados em seu cabelo. O vestido dela estava erguido até o alto de suas coxas. Os sons que eles faziam eram baixos, íntimos e absolutamente repugnantes.
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