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Um vínculo inquebrável de amor
Nunca pensei em passar toda a minha vida numa cidadezinha do interior, com pouco mais de 10 mil habitantes.
O problema não era tanto os habitantes, mas a cidade que parecia ter parado no tempo e nada a fazia sair daquilo.
A medida que fui crescendo, fui entendendo o quanto era tedioso, já não era criança e queria mais do que praças sem graças e festas que aconteciam de vez em quando.
Queria saber o que mais tinha fora daquela cidade.
Costumava ver na televisão minhas atrações turísticas, dentro mesmo do Rio de Janeiro, e tudo aquilo me fascinava, incluindo as praias. Eram lindas. E eu queria desesperadamente conhecer tudo.
Não queria resumir minha vida, como a maioria das meninas da minha idade. Arrumavam um namorado, depois disso inventavam de ficar grávidas e quando se davam por si, tinham seis filhos e um marido que não as amava.
Eu não queria isso.
Aquela cidade era pouco para mim, tinha sede de aventura, de desbravar todos os locais bonitos que apareciam na televisão e conhecer finalmente a cidade em que havia nascido.
Rio de Janeiro.
Mas para isso acontecer, eu tinha que sair daquela cidade, mas para isso acontecer, minha mãe e meu padrasto tinham que também querer e eles davam indícios que estava mais do que bem morando naquele fim de mundo.
Pareciam dois velhos, aponsentados, esperando a morte. Mas ainda eram novos! Minha mãe tinha menos de cinquenta anos e meu padrasto, era um pouco ainda mais velho, mais nem havia chegado ainda aos cinquenta!
Chegava a ser até frustrante, um pouco decepcionante, pois já sonhava com o dia em que iriam me avisar que deixaríamos aquela cidade e voltaríamos para a capital.
Esperava ansiosamente por isso desde meus dedos anos e até aquele momento, nenhum dos dois, não havia nem tocado no assunto, mesmo eu sempre mexendo no assunto, sempre se mostravam felizes ali.
A mulher longe de mim, gesticula para sorrir, me lembrando de onde estava naquele momento.
Era minha formatura e assim como meus colegas de sala e outros alunos da escola que estavam se formando naquele dia, deveria estar feliz, mais do que isso, pulando de alegria, mas não, por algum motivo não conseguia parar de pensar no que faria em seguida.
A maioria ali, sim.
Talvez desde criança haviam sonhado com aquele momento e o que iria vir depois. Eu também havia feito isso, havia passado por todos os estágios.
Primeiro queria ser princesa, acho que toda menina já sonhou em morar num castelo igual das princesas da Disney, casar com um príncipe e viver felizes para sempre.
A medida que fui crescendo, comecei a abandonar essa ideia e me dar conta que só era contos de fadas e que o príncipe encantado que queria, não iria aparecer em cima de um cavalo branco para me salvar.
Além do mais, acreditava que não precisava de um príncipe. Homem não era tudo na vida e não me iludia facilmente.
Acabei encontrando minha verdadeira paixão, algum tempo depois, ao perceber que eu era a louca dos animais. Não podia ver um cachorro, um gato ou outro animal fofinho, que sentia meu coração aquecer. Ajudava e alimentava aqueles que precisavam, mesmo minha mãe não gostando da ideia de ter tantos animais pelo quintal, e conseguia um lar para eles assim que possível.
Foi então que decidi que queria ser médica veterinária. Fazia mais sentido do que ser princesa, da minha mãe, e estaria fazendo algo que gostava muito.
Mas havia um pequeno problema em relação à isso, na cidade onde morava, nem faculdade tinha para começo de conversa. Muito menos nas cidades vizinhas, que ficavam a mais de 20 km de distância.
A maioria das pessoas que queriam cursar uma faculdade, precisavam praticamente se mudar para outra cidade e ter que começar do zero, isso quando não se tinha uma renda fixa, precisavam procurar emprego, uma casa ou apartamento compartilhado e diminuir os gastos drasticamente, para trabalhar somente para pagar a faculdade.
Meio absurdo, não é? Mas é a realidade de muitos.
Meu problema não estava em trabalhar, já havia trabalhado como babá, mesmo minha mãe não querendo e ressaltando todos os dias antes de eu sair para trabalhar, que não precisava. Trabalhei em uma papelaria para ganhar metade de um salário e depois em uma lanchonete para ganhar por semana, de acordo com as minhas vendas e era gratificante ter meu próprio dinheiro, não ter que pedir para minha mãe ou meu padrasto.
Minha mãe não fazia questão de dinheiro, nunca fez, entre todas as pessoas que conhecia, era a pessoa que mais gastava. Fazia questão de se vestir bem, comer bem e ter uma vida padrão e invejada por muitas pessoas.
A verdade é que nunca vi minha mãe trabalhar, nem as tarefas domésticas ela gostava de fazer. Acreditava que meu padrasto bancava todas aquelas mordomias dela e ele não parecia nem um pouco de importar, só não gostava quando ela queria comprar mais uma bolsa, quando já tinha mais de dez em um cômodo, aonde havia inventado de fazer um closet que, por sinal, já estava abarrotado de coisas.
Era um fato que ela era materialista e já não nos importávamos mais, as vezes parecia que ela estava fazendo uma espécie de terapia, toda vez que voltava com alguma sacola, ficava mais radiante, mais calma.
Mas tinha dias, que ela não era ela mesmo, pelo menos era essa impressão que eu tinha. Sempre ficava nos cantos, olhar distante, tensa, como se algo a perturbasse mas, sempre depois de uma conversa com meu padrasto, ela aparentava um pouco melhor e não demorava para chegar com alguma sacola de roupa ou sapato em casa.
Mas, o que vou fazer da minha vida?, penso, enquanto cantava o hino nacional, evitando a todo custo de olhar para minha mãe que tinha os olhos fixos em mim.
Há uns dias atrás, uma ideia perigosa surgiu em minha mente. Os riscos da minha mãe ter um troço por causa disso, eram bem altos, só que eu acreditava que se ela entendesse meu lado, depois de não estar mais ao seu lado, iria entender e no final tudo acabaria “bem”.
Só precisava tomar a iniciativa.
Na teoria era fácil, mas de antemão a prática já deixava claro que não seria.
Quando o hino acaba, começa a distribuição dos certificados. Como na maioria das vezes, estou entre as primeiras e mantenho um sorriso simpático, enquanto a diretora vem me parabenizar e o canudo é entregue.
Desço do pequeno palco e não demora para braços compridos me abraçarem e me manterem no casulo por alguns segundos. Mesmo com os olhos fechados, reconheci o perfume e o inalei profundamente.
Quando minha mãe se afasta, ela segura meu rosto entre as mãos e me dá um selinho, como costumava fazer, sorrindo sem mostrar os dentes.
Naquela noite havia caprichado ainda mais na maquiagem. Estava mais intensa, dando destaque aos olhos e os lábios vermelhos. O iluminador, espalhado estrategicamente, deixava a maquiagem ainda mais perfeita.
- Devia ter passado um pouco de maquiagem, Aurora - murmura, franzindo levemente o cenho - Veio com o rosto sem nada.
- Não gosto de maquiagem, mãe - Acho que já não era um segredo para ninguém daquela cidade. O clima ali era completamente contraditório a maquiagem, era muito quente e a maquiagem iria para o brejo assim que eu saísse de casa e começasse a suar.
Mas para isso, minha mãe tinha um truque. Toda sua maquiagem era à prova de água, só que isso no meu caso, apenas me deixaria mais agoniada para tirar.
- Só um batom não iria matar você - Ela continua.
- Ela não gosta de maquiagem, Marcela - diz meu padrasto.
Ela revira os olhos, olhando para ele.
- É a formatura dela e parece que ela estava indo para mais um dia de aula.
Passo a mão pelo rosto, vendo ali um ponto positivo para não estar usando maquiagem.
- A gente vai discutir por causa disso? - pergunto.