o deus esquecido pdf

MARIA ALICE

Me sento na primeira fila bem no centro do auditório, não quero perder nada, não posso nem piscar!

__ Com vocês o grande e único, um dos maiores se não for o maior neurocirurgião da atualidade, Doutor Maximiliano King!

Puxo o ar dos pulmões e tento me controlar, eu não posso desmaiar, estou tão emocionada, estou realizando um grande sonho, o sonho da minha vida, estou conhecendo o Dr Maximiliano, ele é uma lenda viva da medicina, todos que estudam medicina sonham em um dia poder conhecê-lo e comigo não seria diferente, ele tem doutorado através de uma técnica que desenvolveu sobre aneurisma cerebral, o homem é praticamente um Deus.

Curso faculdade de medicina e estou a pouco de me forma e fazer minha residência em neurocirurgia, ele é tudo que quero ser um dia, quero me tornar uma grande neurocirurgiã e sei que ainda tenho muito caminho a percorrer e o Doutor King tem sido minha grande inspiração.

Hoje é um grande dia para mim, tive que me desfazer de minhas economias para estar aqui, pois uma palestra dessas não é nada barato e não podia pedir aos meus pais que já me ajudam custeando meus estudos, mas tenho certeza de que valera apenas esse investimento, é assim que vejo, um investimento para futuro, tudo que se gasta com aprendizado e conhecimento é um investimento, pois aprendizado não tem preço.

Quando o Doutor Maximiliano sobe no auditório me vejo fascinada por ele, muito alto e forte, com um porte que lembra a um rei, o que faz jus ao seu sobrenome. Ele parece pertencer a realeza!

O vejo caminhar ao centro do palco e tomar o microfone para si, já tinha visto fotos suas na internet, mas nada se compara a olhá-lo pessoalmente, seu rosto é quadrado e bonito, cabelos negros e muito bem penteado com alguns fios soltos, sobrancelhas grossas fazem um contraste perfeito com seus olhos azuis, muito azuis, sua boca numa linha firme, e sim esse homem não é apenas um Deus na medicina, ele é um Deus na beleza também!

Na mesma hora sinto minhas bochechas queimarem e fico constrangida com meus pensamentos, ele é casado e sempre que pousa para uma foto está ao lado de sua mulher, uma loira alta com um corpo escultural, perfeita! Sei que ela é ex-modelo e deixou a profissão assim que se casou com Maximiliano, pois eu pesquisei sobre eles.

Logico que ele seria casado, o homem tem mais de 40 anos e embora não pareça de forma alguma a idade que tem, é rico e lindo e ainda é o diretor chefe do maior hospital de Cambridge o: Mount Aubum hospital, inclusive pesquisas revolucionarias feitas em seu hospital já ganhou até prêmio Nobel.

Eu me chamo maria Alice e sou brasileira, mas moro em Massachusetts, na cidade de Cambridge nos USA com meu pai a muitos anos, tenho dupla nacionalidade, não moro na mesma casa com meu pai, moro sozinha num pequeno apartamento próximo a faculdade,

Meu pai é americano e minha mãe brasileira, o casamento deles não deram certo e meu pai voltou aos Estados Unidos, costumo falar que meu pai não aguentou tudo que minha mãe é, ela é demais mesmo, em todos os sentidos da palavras, eu acabei vindo morar com meu pai ainda pequena para estudar, enquanto minha mãe ficou no Brasil, me considero metade brasileira e metade americana.

curso medicina na HMS (Harvard Medical School) eu considero a maior faculdade de medicina do mundo, e entrar aqui não foi nada fácil, mas dediquei minha vida para isso acontecer, é o que amo fazer, com certeza nasci para ser médica.

Saio dos meus desvaneio quando uma voz rouca potente e firme quebra o silêncio.

Daí em diante não consigo mais desviar os olhos e nem a atenção dele, é como se eu estivesse sobre o efeito do seu poder hipnótico.

__ Uma vez alguém falou que não somos Deuses, que não sabemos de tudo!

Ele Fala com uma das mãos no bolso e outra segura o microfone, em seguida termina a frase.

__ falem por vocês! Quando meu paciente está sob os meus cuidados, sendo operado por minhas mãos...

Ele retira a mão do bolo e ergue-a mostrando uma mão enorme compatível com seu tamanho,

__ Eu sou sim um Deus e eu sou obrigado a saber de tudo, eu não tenho o direito de errar, a vida está literalmente em minhas mãos, eu decido quem vive e quem morre, eu tenho o poder da vida...

O que ele fala pode soar totalmente arrogante, prepotente e nada humilde, mas eu concordo com ele, eu concordo com absolutamente tudo que esse homem fala, ele é o melhor e sem falar que na nossa profissão não há espaço para os humildes.

Ele começa a palestrar divinamente, fala sobre sua técnica usadas em suas cirurgias realizadas e inclusive mostra vídeos de uma cirurgia que comandou com maestria onde separou gêmeos siameses ligados pela cabeça, esse homem nem parece humano, parece uma criatura divina celestial falando.

Mesmo estando na primeira fila e o olhando sem piscar, em nenhum momento da palestra o Doutor me olha de volta, seu olhar está sempre centralizado e isso me deixa bem frustrada, saber que nem ao menos fui notada, mesmo estando na primeira fila, me sinto invisível, insignificante.

É dado um intervalo para um coffee-break, a palestra está sendo realizada no auditório do hospital que ele é o chefe, uma mesa que foi posta no canto esquerdo da sala tem vários lanches rápidos, biscoitos e bolos, tem também café e chá.

Me levanto e vou até a mesa e me sirvo de chá, não bebo café, na verdade eu odeio café e não consigo beber sem que me venha uma forte ânsia de vômito, isso é desde criança.

Meus olhos acompanham o Doutor Maximiliano a todo tempo enquanto beberico meu chá.

Ele conversa com outros médicos recém formados que os rodeiam, parecem abelhas em torno do mel, queria ter a coragem de me aproximar, cumprimentá-lo, poder ao menos tocar na sua mão, dizer o quanto sou fã e admiro seu trabalho, mas morro de vergonha, sem falar que ele deve escutar isso o tempo todo, então e me resigno a ficar só o olhando, o admirando em segredo.

Quando do Doutor Maximiliano retoma a palestras, eu também retorno ao meu estado de demência, ele é incrivelmente perfeito, tão perfeito que nem acredito como possa ser real.

Ao término da palestra novamente ele é rodeado de pessoas querendo tirar uma foto ao seu lado, ou apenas vê-lo de pertinho, me pergunto: quando terei uma outra oportunidade dessas de falar com ele novamente?