As Crônicas de Marum - O Primordial
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pungente da escolha que fiz: deixar minha irmã, Réslar, entregue à sua sorte cruel. A força gravitacional do meu coração parece me puxar para trás, para ela, mas cada fibra do meu ser sab
calor onipresente torna-se um reflexo tangível do conflito que arde dentro de mim, um lembrete constante de Réslar, apesar de sua coragem, e
um breve alívio. Com movimentos arrastados, cada passo uma batalha contra a exaustão, me arrasto em direção a essa promessa de refúgio. A entrada do bu
o, no entanto, é mais do que a ausência de luz; é um véu que cobre meus
im é um leito improvisado, mas bem-vindo. Enquanto me encolho, abraçando meus joelhos contra o peito em um gesto de autoproteção, as e
u ao mesmo tempo a caçadora e a caça, perseguindo a redenção e fugindo dos fantasmas do meu passado recente. Aq
isar os outros - murmuro para mim mesma, minhas mãos, trêmulas, vasculham a bolsa em busca de materiais para um mei
ela moldando uma carta crítica para Theos. "Theos, suas suspeitas estavam certas," escrevo, a areia aderindo à estaca como se compreendesse a g
medo ao pensar nas criaturas e na ameaça que representam. "Nossas posições foram compromet
provável que tanto Réslar quanto eu estejamos nas mãos de Máterum." admito. "Mas imploro, não se detenha por
eres desconhecidos possam ser os planetas desaparecidos. Máterum deve t
cabelos, cortando uma mecha para atar a mensagem à estaca.
poder criacional dentro de mim, uma energia que flui dos meus dedos para a carta. - Que estas palavras cruzem os céus e encontrem Theos... antes que
po. A energia se esvai de mim, deixando-me exausta, mas com um sentimento de dever cumprido. Agora,
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e enviei a mensagem crucial, os sons abafados de
cho melhor nós voltarmos - comenta uma vo
a voz feminina, firme e incisiva. Enquanto ela fala, o som de passos cautelosos
ntando não emitir um único som que possa me denunciar. Meus olhos varrem a
daquela voz feminina. A figura que se revela diante de mim é um contraste surpreendente em
ada mecha joga sombras delicadas sobre suas feições. Seus olhos são duas amêndoas brilhantes, irradiando a calo
mente desenhado e seus lábios em um contorno suave de cor pêssego
atentos, eu me encolho ainda mais no meu esconderij
o precipitadamente do esconderijo ao perceber a criatura albin
dedos trêmulos mergulham na bolsa e e
se estreitam em alerta. Sem hesitar, lanço a
ira e, num movimento quase coreografado, gira seu bastão e, intercepta
ada com menos precisão, raspa a pele de seu braço, abrindo um talho que logo co
u braço. O sangue escorre lentamente, uma trilha rubra descendo
e pele alva e músculos protuberantes. Seu rosto um contraste com a beleza de Korla, seu nariz achatado, orelhas pontiaguda
que se estende até o alto crânio. Seus olhos são grandes e amendoados, sem v
ivo por pouco, sentindo o vento de seu punho passar raspando. Rapidamente me reequili
orvendo o impacto do meu chute. Uma onda de dor irrompe pelo meu
Desvio e bloqueio como posso, mas a cada contato, meus ossos tremem com o impacto. Toihid ri, uma risada
mago com a intensidade de um meteoro. O impacto é tão violento que o ar é expulso dos meus pulmões
ando-me como se eu fosse um troféu. Sinto cada fio de cabelo puxando meu cou
o por um instinto primal de sobrevivência, dispara em direção ao rosto de Toihid. O som do impacto é um estalo úmido, a sensação do
seus olhos se arregalando em raiva. Vejo o sangue escorrendo
punho, carregado com uma força selvagem, acerta meu crânio com brutalidade. Sinto o mundo girar violentamente enquanto meus ossos cedem sob a pressão do impacto.
dor latente em meu crânio ferido. Luto para manter a consciên
vanta seu punho, preparando-se para desferir o golpe fatal. No entanto, em um êxtase de adrenalina, reúno as últimas reserva
e tenta se aproximar, mas, com habilidade surpreendente, ela gira seu bastão e, num
s dedos, tentando recuperar as armas no voo. Entretanto, antes que pudesse atingir o chão, T
apertando como uma corda ao redor da minha garganta. Engasgo, lutando por cada lufada de ar enquanto me debato em suas
ordens de Máterum - avisa Korla com a mão s
voz cautelosa. - Ela não deve morrer. - Sua mão pressiona o fer
eu corpo em um esforço desesperado, meus pés batendo contra o tronco robusto de Toihid, mas é
erverso. Com um movimento brusco, ela me lança ao chão. O impacto é brutal, como se cada osso do me
tempo, posiciono duas shurikens entre meus dedos, prontas para serem lançadas. Toihid se a
ndo Toihid avança, seu punho como um projétil em minha direção. Intercepto seu golpe no último segundo, minha mão chocando-se contra seu p
o, seus olhos expressam uma centelha de surpresa. Ela recua, mas apenas por um instante, recupe
, mas carrega um tom de aviso sombrio. - mas fútil, Lésnar! Não será pare a para nó
! - Res
de violência controlada. Ela gira o bastão com maestria, o ar vibra com o zuni
xa brechas para recuar e, a dor e
triz. Mas ela não deixa brechas para recuar e, a dor e a exaustão começa
ontra carne soa, uma dor aguda irrompe, irradiando pelo meu
, Lésnar, mas completamente superada - rodopiando o bastão
sso desistir - penso, tentando manter a guarda alta. A luta é desesperada, uma batalha
seus ataques. Cada golpe seu é mais rápido, mais feroz, um
ontroladamente. - Não posso cair agora - eu me forço a pensar, apesar da escuridão que com
Com uma explosão de força, meu pé se lança contra o peito da albina. Os músculos de Toihid absorvem a força, mas, desta vez, o impulso é
ens, que estavam no chão, contra mim. Com um giro ágil, desvio das sh
ameaçadores, rangem em um eco de raiva. - Não se meta, Korla! - E
ndo do agarram de Toihid direcionado as minhas pernas. - Arf! Se ela me agarrar, será meu fim - reconheço, meus músculos g
a novamente, seus braços como guilhotinas buscando me quebrar ao meio. Com movimentos ágeis, esquivo de seus
parece se mover contra mim, um desafio
ta, mira minha cabeça. No último segundo, me lanço para o lado, evitando por pouco o impa
ncia da minha situação me enchendo de um terror frio. Minha respiração é ofegante, cada desvio um tributo à minha exaustão, mas a ad
lexos um borrão de velocidade. Em um contra-ataque feroz, ela dispara um chute poderoso em minha dorsal. Bloqueio o golpe com meus antebraços, mas o
vacilam, e minha defesa se desfaz. Toihid, reconhecendo sua vantagem, avança par
nalina e desespero, atiro uma rajada de shurikens em sua direção. Os pro
agarra no ar e, girando-o habilmente, criando uma barrei
girando. Desvio desesperadamente, mas cada movimento é um tributo à dor e exaustão
m movimento instintivo de sobrevivência, evitando por pouco o golpe mortal do bastão de Toihid. Durante minha queda, m
quanto me esquivo e bloqueio os golpes imparáveis de
ta por mais alguns minutos - murmuro p
sprovidos de cor, estão fixos em mim, calculando cada um dos meus passos. Sua
o. Sua postura é a de alguém que sabe que a vitória é certa
penso, meus músculos doem, meus ossos gritam em desespero, mas ou continuo, ou é
que me ataca em contraste com o amarelado dourado da areia sob o Sol. - Preciso de uma brecha, um momento, qualquer coisa. - A esper
os olhos para Korla, minha adversária, sentada sobre uma imensa pedra de areia. Ela me observa atentamente. Apesar da noss
ferente à dor e ao desconforto da ferida. Seu rosto mantém-se sereno e imperturbável. S
o de seu olhar, avaliando cada um dos meus movimentos, me lembrando a todo
inclina a cabeça ligeiramente, seus cabelos dançando ao vento, e suas palavras chegam até mim como um julgamento sombrio: - Desista, Lésnar. Toihid é mais ve
pitada de respeito relutante. Ela reconhece minha bravura, mesmo enquanto destaca a futilidade de min
a e o sangue em minha pele, formando rastros sujos que marcam meu esforço. Minha respiração é ofegante, cada inspiração é uma luta. Apesar da verdad
taques. Cada passo dela faz a areia vibrar sob meus pés, enquanto tento em vão mant
nso, mas Toihid, como se lesse meus pensamentos, se adianta com velocidade estonteante. Suas feições distorcidas em raiva e
choque com o solo é um martírio: cada osso do meu corpo protesta contra o abuso. Sinto o sabor do sangue inundando
consigo pensar, antes que os dedo
esmagando minha traqueia. Minha visão se enche de manchas e
to, um sorriso macabro se desenha em seus lábios enquanto aperta ainda mais. Sinto os ossos do meu p
so. Meus últimos pensamentos é uma súplica silenciosa por um resgate que sei que não virá. Enquanto a escuridão me
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a batalha contra a agonia, enquanto o sangue que escorre de meus ferimentos pinta a areia de vermelho
Ou me levanto, ou morrerei aqui - penso. O tempo é um luxo que não tenho; cada segundo perdido é um convite p
está focado em uma única missão: encontrar Lésnar. A cada passo, a realidade da minha situação me
o com o fim. O mundo ao meu redor se torna um borrão, um cenário distante e irreal. A única c
e e a escuridão. Olhando para baixo, meu coração se aperta ao ver a estaca ensanguentada, embebida em sangue e adornada por fios dos meus cabelos r
turantes quanto a dor física. Ela ri, uma risada cruel e desprezível, que ecoa em meus ouvidos. - Suas estacas foram um belo passatempo. Admito, você me surpreendeu - ele diz, brincando com a estaca ensanguentada e enrolando meus cabelos em torno duro... No dia da sua morte, estarei lá para garantir que sofra como nunca! - prometo com uma voz de
nsegui cumprir sua última vontade - minha voz se quebra, um murmúrio carregado de pesar e remorso. M
cido refletindo a maldade em seu coração. - Ah, então você
ha cabeça para trás, expondo meu pescoço vulnerável. Sem hesitaç
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ústia, desespero e medo. Seu coração pulsava descontroladamente, ecoando em seus ouvidos como
os de alegria e os laços de amizade que construiu. Lembrou-se das promessas não cumpridas, dos sonhos não re
Assistindo, impotente, à cena que desenrolava diante de seus olhos. O choque e o desespero tomando conta dele, fazendo com que seu coração primordial se apertasse em agonia. Seus lábios se moveram em um grito silencioso de
tarde demais para evitar. O ser mais poderoso de todos, o invencível Primordial
intacta, aceitando o inevitável. Jurando a si mesma que, mesmo em sua morte, ela seria uma lembr
estões de milésimos, rompido apenas pelo grito angustiado e dilacerante de Máterum, um som que ecoa
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palavras não fossem capazes de salvá-la. Guerra tola em pro
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ados ao longo da luta, parecem ter sido em vão. Uma sensação de desalento a envolve; mesmo que por um milagre ela consiga se desvencilhar das garras de Korla e Toihid,
lsar dentro dela. Não é o medo da morte que a impele a continuar, mas sim um sentimento mais profundo. O sentimento. É como se a essênc
oderosa e inconfundível, chama por ela, reacendendo uma centelha de esperança em seu coração. Essa chamada não é
razendo consigo uma nova onda de energia. Seu corpo, emb
r superada, mas com a voz do Sentimento chamando-a, no aguarde de seu retorno, ela está
o meu corpo, envolvendo minhas pernas ao redor de seu braço. A dor aguda do meu movimento brusco é quase sufocante, mas a negação ao fim é m
com toda a minha fúria e desespero, a sensação dos ossos de seu rosto cedendo sob meus punhos é tanto vingativa quanto
inha mente, embora turva pela dor e cansaço, reage rapidamente. Agarro as últimas shurikens e as arremesso,
nto um lembrete da brutalidade da luta. Olho para Korla, caída e sangrando, e sinto uma mistura de satisfação e aversão pela violência que acabo de cometer. O sangue pinga das shurikens, a realidade da bata
ui... -
fim é o fim. O amor nos faz lutar, mas a luta será
rça insuportável, ela me ergue do chão, elevando meu corpo no ar. O terror e a dor se entrelaçam ao sentir seu punho se choc
onseguindo se manter sentada. Sua voz, fraca e tremula, m
rosto deformar sob a força de seus golpes, ossos se quebrando e carne se rasgando. A dor é indescritível,
esponde mais aos meus comandos. A sensação de despersonalização cresce enquanto a violência continua. A
distante a cada segundo. Os golpes de Toihid, agora apenas ecos dis
ismo da inconsciência. Cada piscar de olhos é uma luta contra a escuridão que se insinua. Sinto meu corpo afundar cada ve
do meu tormento. É a voz do Sentimento, a voz do meu amado, ressoando com uma clareza cristalina
ó não deixe de pensar em viver - ele ordena, sua voz uma âncora no caos. Seus olhos negros brilham, banindo
minha alma cansada. Sinto uma onda de energia percorrer m
centra em uma única missão: lutar, sobreviver, viver. Sua ord
har em Toihid, a questão que me assombra é respondida. - Não vou morrer aqui! - declar
a cabeçada, seu crânio colidindo com o meu com um estalo horrível. Sinto a dor gritar pelo meu crânio, mas, movida pela voz de so
sível, está ao meu lado, um clarão em meio ao caos. A cada vez que sinto desfalecer, a voz amo
gue escorre pelo meu rosto deformado, formando linhas vermelhas que marcam meu
ntindo cada músculo e ferida gritar em protesto. Minha mão, trêmula e ensanguentada, se fecha ao redor do bastão. Com uma explosão de adrenalina, golpeio o rosto de Toihid com toda
culas de água dançam no ar, criando uma névoa que me envolve em um abraço silencioso. - Na hora certa - penso com uma ponta de
batalha em um mundo de sombras e silhuetas distorcidas. Com meu tempo
úmido, aproveitando o nevoeiro para me camuflar. Escutando as queixas de Toi
liada no momento, torna difícil discernir a direção e a distância, mas ofereço cada grama de energia que me resta para escapar, deixando um rastro de sangue e agonia na
o, quando permito que meu corpo castigado encontre um breve descanso na areia fria, a névoa se esvai lentamente ao meu redor, d
mente seu rosto, permitindo-me vislumbrar as marcas da angústia que o assolam. O semblante do Universo, antes uma força p
encontram os seus, buscando alguma compreensão nesses olhos cinzentos e cheios de um luto silencioso. A conexão entre nossos olhares é mais el
ce tão vulnerável quanto me sinto, sua voz, ao quebrar o silêncio, soa quebrada e carregada de pesar. - Sinto muito, minha pequena - ele murmura, suas palavras ca