Desejo proibido- 2 edição
lado da mesa no pequeno barzinho na Avenida Atlântica. O pagode romântico que tocava ao fundo, unido ao fedor de cerveja misturado com cigarro, contribuía para o crescimento da minha nostalgia. Quant
e constituirmos uma família. Eu só me dei conta do quanto estava sendo iludida e usada há dois dias, quando Fábio pegou meu cartão do banco para retirar o dinheiro do aluguel e raspou minha conta para desaparecer como poeira em seguida, levando até o último tostão do dinheiro que ganhei sozinha e que seria o nosso futuro, um futuro que sonhei sozinha também. Depois de esgotar meu estoque de lágrimas, finalmente perdi as esperanças de que ele pudesse ter sido assaltado - o que seria impossível, considerando que um assaltante não o obrigaria a sacar até o último centavo da conta -, me convenci de que fui feita de otária e levantei-me da cama, perguntando-me o que me restava. A resposta era só uma: voltar às ruas e começar do zero, desta vez sozinha, afinal não existe um meio de se sair dessa vida que não por conta própria, principalmente para quem não tem uma formação escolar adequada para arranjar um emprego que pague o suficiente para se ter abrigo e comida. Imaginar que eu teria que passar por tudo de novo, tolerar cada madrugada fria nas ruas, cada piadinha de discriminação e deboche jogada pelas pessoas que passavam cad
sustentar? - Margô indagou, após dar uma grande tragada no seu cigarro. - E viver apanhando como as garotas que optam por essa saída? Nem morta! - Talvez você ache um que não bata. Deve ter um cara bom no meio de tanto lixo. - Um homem jamais vai tratar bem uma mulher se a tirar dessa vida e não tem como esconder isso. Todo mundo na cidade sabe o que fazemos, porque ficamos expostas na rua. Se tivesse como esconder, seria uma saída. Margô ficou me encarando em silêncio, até que seus olhos se arregalaram. - Acho que tive uma ideia. - declarou com entusiasmo, tirando seu smartphone da bolsa. Digitou alguns botões antes de me entregar o moderno aparelho, que certamente comprara de algum ladrão e trocara o chip. - Olha isso. Peguei o aparelho de sua mão e vi a imagem de uma cidade que parecia francesa, ou italiana. - O que tem isso? - perguntei sem entender nada. - Leia o título do artigo, criatura. Fiz o q