ra uma vez... Não, não! Essa história está longe de ser um conto de fadas. Kiara é uma moça de muita energia e com muita sede de conhecer o mundo. Sair da pequena cidade que nasceu e cresceu; extremamente focada na vida profissional e com uma ideia muito certa de que, romance não é para ela, mas como toda bela história de mocinha, no processo de crescimento um belo romance surge curando todas as feridas. Cada paixão, uma cicatriz, uma ferida e uma certeza do que quer e não quer para sua vida. Michael um jovem empresário, ambicioso e que para se sentir seguro, deve ter conhecimento de tudo e todos ao seu redor. Acredita que enquanto estiver focado na sua vida profissional e sob controle de tudo, não precisara enfrentar as dores pessoais causadas recentemente. Porém quando duas pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo iguais se encontram, não há como controlar o destino e muito menos o coração.
Um dia ensolarado de calor intenso de verão. Dia que vai ficar marcado para sempre na minha vida.
- Kiara, quantas vezes vou ter que repetir que estamos atrasados?
- Já estou indo Paipai, só fui conferir se não tinha esquecido nada.
- Espero que isso não seja um desperdício de tempo ein!
Meu pai está extremamente chateado comigo, porque ele nunca imaginou que eu realmente teria coragem de tomar estaa atitude de ir embora para seguir meus sonhos. Mas nessa cidade, não existe mais espaço para mim. Preciso achar meu próprio caminho, minhas ambições e principalmente minha felicidade.
- Não será um desperdício Pai, eu estudei e me preparei muito para isso e como já tinha falado, a proposta foi realmente muito boa.
Ele nem se deu ao trabalho de me responder, não que eu esperava por uma resposta também. Ele simplesmente entrou no carro e ficou me esperando para podermos finalmente ir até o aeroporto.
Foram quatro horas de viagem até o aeroporto. No caminho eu registrei fotos de algumas paisagens, prédios e momentos dentro do carro.
Sei que meu pai me ama, mas acima de mim existe a minha mãe e não posso julga-lo por ela vir antes de mim, ainda mais agora que estou bem crescida.
Chegando no aeroporto, Papai me ajuda a retirar minhas malas do porta mala e a levar até o saguão.
- Você precisa de mais alguma ajuda?
- Não Papai! Está tudo bem, daqui em diante me viro.
Ele simplesmente me abraça forte e envolvida no abraço, ele fala baixo no meu ouvido:
- Eu não tenho dúvida do sucesso que vais alcançar minha pequena. Você está se tornando uma mulher forte, nunca esqueça disso.
Ele se afasta de mim, dá uma última olhada ao meu redor e aos poucos vai se afastando em direção a porta. E depois de pouco tempo o perco de vista.
Fui até o balcão despachar minhas malas e fazer meu check-in para poder ir até a sala de espera e lá sentar e pensar com calma em tudo o que estou fazendo.
- Um café por favor!
O moço sem dizer nada, faz o troco do meu pedido e me entrega o copo e com pressa me deixa sozinha ao balcão. Como é interessante ver como o estilo de vida das pessoas mudam de lugar para lugar. Sai de uma cidade lenta, onde provavelmente o vendedor puxaria conversa e aqui ele se viu apressado para dar conta da demanda do público, sem querer perder mais muito tempo.
Me sento em um assento distante da muvuca do povo e fico por um tempo perdida mexendo nas redes sociais. Nunca fui uma pessoa de me expor nas redes sociais. Admiro as influencers que expõem toda a sua vida e rotina, obviamente muitas vezes mostrando interfaces, um mundo perfeito e não realista. Mas da mesma forma, admiro. Ter que lidar com todos os tipos de comentários, seja eles bons ou ruins, exige um psicológico forte, uma das coisas que não possuo.
Observo as pessoas ao meu redor, homens, mulheres, crianças, senhoras... E resolvo começar realmente um novo capítulo.
Apago minha conta atual do Instagram e do Facebook, sabendo do prazo que as plataformas dão e resolvo começar uma nova do zero, mas desta vez privada, eu irei escolher quem vai ou não me acompanhar.
Primeiro Post do novo Instagram
(FOTO DO COPO DO CAFÉ PRÓXIMO A VIDRAÇA COM VISÃO PARA OS AVIÕES ESTACIONADOS) Legenda: Uma nova etapa se iniciando!
Encontro o perfil da minha irmã, meu cunhado, meu pai e alguns amigos e conhecidos e começo os seguir. Decido largar meu celular na bolsa e aproveitar o momento.
- Você pode me ajudar moça?
Uma menina, que imagino ter uns 05 anos de idade se aproxima de mim e me pede ajuda.
- Claro. Como é seu nome mocinha? Se perdeu dos seus pais?
- Me chamo Luna. Não me perdi não, mas eles estão muito ocupados trabalhando. Você pode amarrar meu cadarço e brincar comigo?
- Claro!
Pelo tênis que a menina usava e suas roupas, era perceptível que a família possuí boas condições. Brincamos por um tempo com suas bonecas. Uma menina incrivelmente adorável.
Ouço o funcionário avisar que o embarque está autorizado. Luna se despede de mim com um abraço apertado, um beijo na bochecha e corre para perto de quem eu imagino ser seus pais.
Sendo assim, me levanto e vou a fila para embarcar.
A empresa que me contratou ficou responsável por toda a minha comodidade neste começo, então as passagens foram responsabilidade deles e para ser sincera, foram extremamente generosos. Meu assento é o da janela.
Nunca voei, será minha primeira vez. Quando mais nova, meus planos para as primeiras vezes em muitas coisas, incluíam pessoas que hoje não fazem mais parte da minha vida. Pensar nisso me deixou um pouco deprimida.
- Bom dia Senhorita!
Eu estava sonhando acordada que nem reparei que ao meu lado já havia um homem sentado. Alto, malhado, cabelos loiros e usava roupas sociais.
- Bom dia!
Dou um sorriso educado e volto a atenção para a vista da janela, que simplesmente é maravilhosa. Tenho a visão total da asa do avião. Fico me perguntando como deve ser ter está vista com um por do sol ou nascer do sol. Quando retiro a atenção da janela e vou olhar ao meu redor, reparo que ele está me olhando.
- Está indo ou voltando?
Demoro um pequeno instante para entender o que ele quer dizer.
- Estou indo.
- A trabalho!?
- Posso dizer que isso também. O senhor?
Ele para de me olhar por um instante, olha para o seu celular, que percebo muitas notificações silenciadas.
- Podes me chamar de Murilo. Voltando, tive alguns afazeres rápidos de trabalho por aqui. Você escolheu se mudar? Está saindo de Santa Catarina?
- Sou a Kiara, prazer! Estou sim. Recebi uma proposta de emprego que resolvi aceitar, no qual fez mudar minha vida por completo.
- São Paulo tem muito a oferecer, ainda mais na área profissional, mas tome cuidado, as pessoas são diferentes daqui elas são egoístas e muitas vezes malvadas.
- O que faz você achar que de onde eu vim não era assim?
- É perceptível, que você é uma mulher meiga e a brilho nos seus olhos, então imagino que a muita esperança. Só tome cuidado!
Concordo com a cabeça e acabo ficando pensativa. Desde que decidi mudar para sampa, sabia que enfrentaria diversas adversidades. Mas a forma como ele falou gerou um impacto que não imaginava que geraria. Eu realmente irei levar seu conselho a sério, mesmo sabendo que tudo o que passei, me fez ter um certo conhecimento dessas situações.
Em um certo momento, resolvo resgatar meu celular e capturar uma imagem da janela do avião. Mesmo sabendo que só iria carregar assim que pousássemos, eu posto no meu novo perfil a foto.
Post no Instagram
(FOTO DA VISÃO DA JANELA DO AVIÃO) Legenda: Marcar uma viagem é marcar a vida para sempre. ✈️
- Me conta Kiara, trabalha com o que?
- Organizo eventos. Fui contratada por um empresário que possui uma linha de hotéis em São Paulo, para organizar alguns eventos por lá.
- Uau, uma oportunidade e tanto. Hotelaria é uma área de grande crescimento e de muitas oportunidades, para trazerem uma moça de outro estado para o serviço, acredito que tenha se destacado bastante. Meus parabéns!
- Para ser sincera, também fiquei em choque no início. Sou nova e tenho experiências pequenas, mas da mesma forma depois de muitas reuniões fui escolhida.
- Você deve ter se destacado em diversos pontos, isso é incrível. Trabalho neste ramo hoteleiro também. Espero que nos encontremos então!
- Sério? Trabalha exatamente fazendo o que?
- Gerencio demandas. Faço visitas e autorizo toda e qualquer solicitação dos hotéis. Viajo com muita frequência, preciso sempre estar por dentro do que acontece.
- Me parece lucrativo, mas também desgastante.
- Totalmente.
Ele concorda com a cabeça e algo chama sua atenção no celular, o que foi uma deixa para eu lembrar que não respondi absolutamente nenhuma mensagem desde o momento que acordei hoje cedo.
Luh: Kiara, como você foi embora sem nem falar nada guria!? 😱😱 Todos ficaram sabendo hoje cedo, pela sua mãe. (RESPOSTA: Aconteceu, uma nova vida de agora em diante Luciana.)
Isa: Miga, precisa que te busque no aeroporto? Eu estou tão ansiosa por te ter todos os dias novamente como no passado! 🥰❤️ (RESPOSTA: Não miga, você não precisa se incomodar em me buscar. Alguém do hotel ficou responsável por isso! Estou tão ansiosa também, temos muito o que falar! ❤️❤️)
Pai: Minha filha, assim que chegar avisa que está tudo bem. Não quero que tudo que aconteceu entre você e sua mãe afete nossa relação. Está bem? (RESPOSTA: Pode deixar Pai! Eu irei lhe avisar de tudo todos os dias, para você não ficar preocupado. Eu sei papai. Mas essa situação é só entre mim e a mamãe, não se preocupa viu! Amo você! ❤️)
Mana: Mana, eu sei que essa semana foi intensa e muito difícil, mas saiba que eu estou aqui com você e estou muito orgulhosa e extremamente feliz por você, agora você vai escrever a sua própria história! Aliás, por favor nãooo esqueça de ir me avisando! Amo você pequena ❤️ (RESPOSTA: Sem sobra de dúvidas que vou te contar tudo 🤭 Você sempre foi minha caixinha de pandora, agora não seria diferente! Só estou triste, porque agora estou ainda mais longe de você 😭😭)
Sabia que todas as minhas respostas só seriam carregadas na hora que aterrissássemos, mas ver as mensagens me deu um novo ânimo, uma nova esperança. E obviamente deixei lágrimas caírem ao ler a mensagem da minha irmã. Ela também passou por uma situação muito difícil em casa e seguiu seu próprio caminho muito nova, a grande diferença entre nós é que ela seguiu acompanhada. Achou um homem realmente bom e conseguiu sua felicidade. Foi morar em Rio grande do Sul com o namorado e em pouco tempo ela e o Lucas acabaram noivando, fico extremamente feliz e ansiosa pelo casamento deles. Por conta da distância, nos víamos pouquíssimas vezes e agora eu indo a São Paulo a distância aumentou.
Quando dei por mim, já estava sendo avisado que faltava poucos minutos para pousarmos. Aproveitei os últimos minutos para responder algumas mensagens e para me organizar.
- Boa sorte Kiara! Desejo realmente que você tenha muito sucesso e caso precise de qualquer coisa, só me avisar!
Ele me estende um cartão, se levanta e se retira. Eu fiquei um tempo processando a situação, sem nem olhar, jogo o cartão na bolsa e começo a me levantar para sair também.
O aeroporto de São Paulo é enorme, nem se compara com o de navegantes, o que me deixou extremamente nervosa, com medo de eu não encontrar a pessoa que viria me buscar e de me perder no meio de tanta gente.
Depois de estar com minhas malas, vou andando a procura de alguém que provavelmente estará me esperando. Vejo de longe o Murilo que estava sentado ao meu lado no voo, conversando com outro homem. Enquanto eu estava analisando, alguém se agarrou a minha mão.
- Senhorita Kiara, agora eu me perdi, podes me ajudar encontrar a mamãe?
Agarrada a mim estava a menininha, Luna. Era visível em seus olhos que ela estava desesperada.
- Lógico, vamos encontra-la, fique tranquila.
Ela se agarra a mim com tamanha força e juntas vamos a procura da sua família. Em Navegantes eu olhei de relance para eles, mas não conseguiria encontra-los. Fomos caminhando e olhando ao redor. Fomos a um guichê para pedir ajuda. Pouco tempo depois sua mãe apareceu com uma funcionária do aeroporto. Depois de conversamos um pouco e ela me agradecer, me passa seu cartão com seu contato e vamos cada uma para seu caminho.
Depois disso, volto a me concentrar a encontrar a pessoa que estava responsável por me buscar. Avisto o mesmo homem que estava conversando com o Murilo, com uma placa com meu nome.
- Bom dia, sou a Kiara Myller.
- Bom dia Srta. Myller. Podemos ir?
Ele me olha de cima a baixo, o que me deixou um pouco constrangida, afinal eu estava vestindo algo confortável para uma viagem. Uma calça legging, uma T-shirt simples e um tênis comum. Enquanto ele estava usando terno super elegante. Sem contar na sua beleza. Pele clara, olhos azuis, cabelo castanho escuro e mesmo com a vestimenta é perceptível que seu corpo é uma escultura.
- Podemos sim, Sr?
- Ah sim, me chamo Michael.
Assim que ele termina de falar seu nome eu acabo congelando por um tempo.
- Desculpa Sr. Michael, não sabia que seria o Sr. que me buscaria.
- Não se preocupe, na verdade, nem mesmo eu sabia. Houve um pequeno problema com nosso motorista e também em nosso hotel. Como todos estavam focados em resolver os problemas e não querendo lhe deixar aqui, me senti na obrigação de mim mesmo vir lhe buscar. Vamos lá.
Michael, nada mais é do que o dono de toda uma linha hoteleira, sendo assim meu chefe. Confirmo com a cabeça e saímos. No estacionamento, entramos em um carro esportivo de luxo.
A viagem até o hotel é tranquila, mesmo sendo silenciosa. Me impressiono nas ruas, o movimento e a quantidade de pessoas e carros. Como dizem: Cidade Grande.
Chegando ao hotel, é surpreendente. É lindo, sem ser extravagante. Minha palavra para definir de primeira vista? Acolhedor.