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NARRAÇÃO MIGUEL
Paro o carro em frente à casa de Elias. Respiro fundo antes de sair da minha paz e ir para a agitação do mundo. Daqui do carro posso ouvir o som alto da música de sua casa. Se ele não fosse noivo da minha irmã Luana, teria dito que não viria a essa maldita festa. Aliás! Nenhuma festa dele presta. Sempre cheio de amigos escandalosos, mulheres fúteis, bebida demais, cigarro pra todo lado e não só os normais. A verdade é que venho mais para ficar de olho em Luana. Temo que ela se torne uma fútil, viciada em drogas e acabe com sua vida. Venho para vigia-la! Graças a Deus em todas as festas ela evita contato com os viciados.
Elias não é uma má pessoa. Ele apenas possui amigos estranhos demais e não evolui como homem. Parece ser ainda o idiota universitário que Luana começou a namorar na universidade há quatro anos atrás. Meu Deus! Não parece que faz tanto tempo assim que estão juntos. Quando vou abrir a porta do carro pra sair, meu celular toca. Respiro fundo antes de atender o Pedro. Espero que não seja nada com a Geovana.
- O que foi?
Sua risada alta me irrita.
- Só pra saber se está tudo bem na festa, mas pela sua voz não está nada bem.
Ri ainda mais e minha vontade é de ir até a casa dele e soca-lo. Somos mais velhos que Luana e nos revezamos nessas festas, para vigia-la. Mas como Geovana está no fim da gestação, meu irmão fica com ela e tenho que fazer esse papel de guarda costas de irmã sozinho.
- Vou entrar agora. Quando terminar aqui te ligo. Para de me encher a porra do saco.
- Cuidado pra não cair na lábia de uma das amigas do Elias. Já imaginou se apaixonar por uma mulher fútil e novinha?
- Vai se ferrar Pedro! Sabe muito bem que não existe essa possibilidade. Depois te ligo.
Saio do carro e seguro firme minha garrafa de vinho. Se vou ter que ficar aqui, que seja com uma boa bebida e não aquelas misturas estranhas que fazem. Paro em frente à porta da casa e dou algumas batidas. Duvido que com esse som alto, consigam me ouvir. Seguro a maçaneta e antes que consiga girar, ela roda bruscamente na minha mão e a porta se abre rapidamente.
- Você é um babaca, Diogo!
Uma loira passa por mim chorando e a vejo correr em direção à rua. Quando penso em tentar ajuda-la, entra em um carro e vai embora cantando pneu.
- Mulheres!
Escuto uma voz masculina e olho para ver quem é. Um homem bem alto, talvez uns centímetros a mais do que eu, e sorri como um cretino. Tem os cabelos castanhos e olhos verdes.
- Vai entrar?
Pergunta me encarando, nunca o tinha visto antes nas festas do meu cunhado.
- Sim.
- Então fecha a porta.
Diz se virando e indo embora. Deus! Me dê sabedoria para entrar e sair daqui sem socar um idiota como esse. Entro e fecho a porta. Começo a procurar pela minha irmã e encontro Elias antes.
- Miguel!
Vem todo sorridente e me abraça.
- Que bom que veio.
- Trouxe um vinho.
Olha minha bebida como se fosse um veneno. Graças a Deus, pois assim poderei beber sozinho.
- Se me der uma taça, me viro com ele.
- Temos apenas copos plásticos. Não queremos ter que lavar e limpar nada depois da festa.
Aponta para o balcão cheio de latas e garrafas de cervejas, misturado a copos plásticos. Prefiro beber meu vinho no bico a tomar nesse copo ridículo.
- Eu me viro. Onde está Luana?
- Conversando com algumas amigas.
Aponta para um canto e a encontro falando com algumas fúteis que odeio. Vou esperar estar sozinha para me aproximar.
- Vou ali. Precisa de alguma coisa?
- Não...
Elias some e me pego sozinho com meu vinho, em meio a uma enorme muvuca de desconhecidos.
************
Já faz meia hora que espero Luana sair de perto das amigas e nada. Tomei meia garrafa de vinho no bico e preciso me sentar. Olho em volta e nada. A casa está toda socada de gente. Me lembro da varanda do quarto do Elias. Tem uma mesinha e duas cadeiras. Lugar perfeito para me esconder e aparecer no fim da festa para ver se Luana está sóbria. Ando em direção a escada e subo um pouco escondido, para ninguém me seguir. Só espero que não tenha um casal trepando na varanda. Na festa passada entrei no banheiro e peguei duas mulheres na maior pegação. O mais constrangedor foi tentar sair do banheiro com as duas querendo me enfiar na safadeza delas. Disse que era gay e tinha nojo de mulher. A maior blasfêmia que já falei. Sou completamente apaixonado pelo corpo feminino. Entro no quarto do Elias e sigo para a varanda. A porta já está aberta.
A cortina balança com o vento que entra e vou seguindo para fora. Passo pela porta e ando em direção à grade de ferro que cerca o pequeno espaço. O vento bate em meu corpo e solto um longo suspiro aliviado. Ainda posso ouvir a música, mas parece que estou longe o suficiente pra ficar em paz.
- Acho que não sou a única pessoa fugindo da festa.
Uma voz doce surge atrás de mim. Me viro e vejo uma linda mulher sentada em uma das cadeiras.
- Me desculpa! Não sabia que já tinha gente se escondendo aqui.
Digo e fico paralisado em seguida, vendo um belo sorriso crescer em seus lábios. Mas o que me paralisa não é seu sorriso. São seus lindos e enormes olhos azuis.
- Estava procurando silêncio e paz. Muita agitação pra mim lá embaixo.
- Então acho que vou procurar outro lugar pra fugir também.
Ando em direção à porta da varanda.
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