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Descendentes Dos Primórdios

Descendentes Dos Primórdios

Lumin Zild

5.0
Comentário(s)
5
Leituras
1
Capítulo

O divino apenas traz duas coisas consigo, agonia e destruição. Em Valíria, nasce uma nova era. Um grupo formado pelos piores tipos de pessoas receberam uma missão, a missão mais importante do planeta, expurgar os Primordiais. Afinal, Deuses não deveriam andar entre os mortais.

Capítulo 1 O Grande Começo

Todos os livros contam os mesmos fatos históricos, sem exceções. No início nada era vivo ou morto, apenas existia. Em meio ao vazio é sabido que seres desconhecidos se encontraram no cosmos, essências de pura energia, sem dúvida o que chamaríamos de divino. Embora semelhantes, suas desavenças eram tão grandes que um confronto parecia inevitável. De forma inesperada um dos seus semelhantes acabou perecendo no embate, é dito que sua essência criou o universo, seu sangue deu vida a todos os seres, sua consciência se tornou a sabedoria da natureza e sua carne deu forma aos animais.

Este acontecimento ficou conhecido como Magnun Satus. Criados pelos seres de energia surgiram seres elementais auto denominados de primordiais, com a missão de povoarem a terra com seus descendentes mortais, mesmo sendo frutos da mesma essência houveram também grandes desavenças entre seus iguais, criando-se uma longa batalha chamada de Proelion Primordial. Mas a terra já não era vazia, já vivias ali os primatas evoluídos pela natureza, os humanos. Seres engenhosos que usavam sua habilidade intelectual para superar sua falta de eficácia física, todavia, para os descendentes dos primórdios não importava se em alguma parte no planeta já existia vida dominante. Assim, gerou-se o terceiro e último atrito conhecido, Segregation. Humanos contra Genasis, uma guerra há mais de um milênio atrás. Com isso, mesmo após ascender a nobreza não consegui nenhuma informação realmente relevante, os anos passam e eu só pareço estar andando em círculo. Minhas perguntas aumentam e as respostas diminuem. As quatro nações estão em situações complicadas, os nobres de todos os cantos estão completamente apavorados. Os oito primordiais existentes que residem nas quatro nações, nenhum se sabe exatamente o paradeiro, mesmo aqui em Valíria, completamente abandonada pelos Primordiais o caos impregnou no coração de cada reino, em meio a todo essa desordem no mundo estou a caminho de encontrar talvez a pessoa mais insana e perigosa nesse lado do planeta, em Bahamut.

Meu território é um grande poderio militar, com pouca capacidade agrícola ou pecuária, qualquer indivíduo percebe que em poucos meses estaremos sem comida, a situação é precária. Bahamut possui campos vastos com uma quantidade absurda de gado, de fato um território rico na questão agrícola, diplomaticamente é uma ótima escolha para Dracaries, sem dúvida foi a melhor desculpa para essa viagem. Passando pelas ruas é incrível como o sistema ao todo não muda, nada é diferente desde da vitória dos Genasis. Os humanos se tornaram menos que gente, escravos e brinquedos substituíveis a qualquer momento, a diferença de força entre nós, os Genasis e seus descendentes, os Omnidianos, chega a ser sufocante. Agora eles se nomeiam de "Humanidade" enquanto somos chamados de Nullus, iguais a vira latas aos olhos deles, repugnante. O castelo de Bahamut não mudou, continua o mesmo. Sua talvez única diferença seja o aumento de quadros da família real moldurados dentro das próprias paredes por cada corredor no térreo deste castelo, mesmo dentro do banheiro a cima do espelho gigante é evidente de forma notória, explícita e exagerada o nome: "Javier Zaration Bahamut III'", o atual Monarca de Bahamut.

- Javier está me fazendo esperar de propósito? - falo irritado olhando para o espelho. - Se passaram horas desde que cheguei no castelo, como pode ser tão negligente?

- Chorume! Javier ordena que venha até ele - profana o guarda real do outro lado da porta.

Saindo do banheiro, o infeliz começa a me guiar na direção do centro do castelo mantendo mais de cinco passos de distância, novamente estou passando por todos aqueles quadros da família real Bahamut, já estou ficando enjoado apenas por olhar duas vezes. Entrando no salão principal fica evidente que aqui a maioria da riqueza está acumulada, sendo muito fácil perceber em cada canto detalhes esculpidos com ouro ou prata, um contraste de branco e dourado totalmente diferente dos corredores marrom escuro, o meio sendo a única exceção, onde no final do gigante tapete vermelho está lá, Javier. Sentado em um trono firme modelado de ouro e detalhado com joias feitas de esmeraldas vermelhas, em volta alinhados perfeitamente estão seus guardas reais com suas faces nada amigáveis, perto deles existem três pessoas anotando tudo desde o momento que entrei.

- O que queres ralé? - Javier pergunta-me rindo.

- Venho lhe trazer uma barganha, Rei Javier - respondo com a cabeça inclinada para baixo.

Escuto leves risadas envolta após minha breve resposta, possivelmente dos guardas reais de Javier, além de pequenos comentários relacionados a minha aparência, "pele escura com cabelos prateados" aparentemente me apelidaram como 'Chorume' em Bahamut. Mas Javier não riu, nenhuma reação a base de som; como eu já esperava ele chegou ao seu limite. Seu reino enfrenta fortes rebeliões lideradas por uma mulher que veio da Nação do Caos, pelo que parece todos habitantes desse lugar são completamente insanos.

- Javier Bahamut, Minha barganha é muito simples, Dracaries lhe auxilia com suas revoltas constantes e você somente precisará abrir mão de dois fatores - falo acompanhado do ato de levantar minha cabeça.

- Quais Fatores?

A pergunta de Javier transforma completamente o ambiente do salão, os risos e comentários simplesmente cessaram.

- Metade de todo seu rendimento agropecuário anual para Dracaries...

- Metade?!, ficou louco? - Javier me interrompe ao se levantar.

- Você! Um inseto, vem no meu reino, entra na minha casa e quer tirar metade da minha comida?!, Quem você pensa que é?! – começa a gritar quase aos berros.

Porém, suas pernas estão tremendo demais para alguém irritado.

- Se eu me virar e simplesmente esperar Bahamut cair, quem você acha que os rebeldes e seu povo irão preferir? A mim, que ofereceu ajuda, ou a você? Quem recusou.

O mesmo fecha os punhos com extrema irritação, sem tirar seus olhos de mim, respira fundo e diz.

- Quarenta porcento.

Em seguida ele se senta.

- Cinquenta – exijo.

- Quarenta... e três?

- Certo – aceito o acordo com um semblante de leveza.

Talvez eu pudesse obter mais, de qualquer forma não esperava conseguir vinte e três porcento a mais do que havia planejado. Javier aponta o dedo para um garoto com cabelo cogumelo e ordena.

- Faça o acordo.

O garoto de roupas marrom clara rapidamente se aproxima com um grande pincel pena e um aparente caderno com capa de madeira, ele olha-me de canto enquanto começa a escrever o que Javier ordenou.

- Deixe bem claro que Dracaries auxiliará com somente essas respectivas revoltas – peço gentilmente baixo para o rapaz.

O garoto olha para seu rei esperando seu aval, Javier está cabisbaixo com a cabeça apoiada pelas suas mãos em frente ao seu rosto, o rapaz olha para mim e escreve o que pedi.

- Está feito, meu Rei - o rapaz diz.

Javier se levanta e caminha até nós, o clássico e comum manto vermelho dos reis, por cima de vestimentas marrom claro se arrasta por quase todo o tapete. Espeta seu dedo sujando o pergaminho com seu sangue asqueroso para ser usado no carimbo, repito o mesmo processo. No cair das gotas os respingos dos dois sangues se encontram, assim a condição foi alcançada. Olho para Javier frustrado e sussurro, "Pactum". Pisco meu olhos; vejo um lugar completamente preto, um breu completo, em baixo de nossos pés um líquido preto e pegajoso que não molha e nem nos permite afundar. Javier fica aterrorizado; ele olha para baixo de seus pés onde observa o abismo e o abismo o observa de volta, pego-me sorrindo inconscientemente aproveitando sua reação, então Javier pergunta-me.

- O que você fez?!, você não é um simples Nullu?!'.

Nessa vasta imensidão não importa onde se olhe, somente existe vazio; claro que estaria confuso e assustado, mesmo assim; sinto um sentimento tão agradável que ficaria aqui vendo Javier assim o dia todo.

- Javier, tenha em mente que iremos realizar um segundo acordo – feliz, falo com um sorriso diabólico. Javier tenta se afastar de mim, mas aqui; não existe superfície; aqui não existe nada. Não sei dizer nem como respiramos nessa escuridão imersa.

- Você é um covarde de primeira categoria, não possui nada de relevante em combate, portanto... - o choro excessivo dele interrompe minha exigência. Suas lágrimas percorrem seu rosto até caírem de seu queixo, passando por nossos pés em uma contínua queda livre até sumirem de nossas visões.

- Chorar não vai te tirar daqui, metade de sua riqueza é o que desejo, mande para Dracaries, por que? Se vire para explicar o motivo, ou... - realizo uma breve pausa, encarando Javier com seus olhos azuis marejados.

- Arranco sua cabeça fora – ainda sorrindo, o ameaço.

- Eu...ace... aceito...por favor só me tira daqui!

Com um aperto de mãos o pacto está selado. Tudo brilha num tom branco tão forte que meus olhos ardem. Estamos de volta. Javier se joga ao chão completamente apavorado gritando.

- Aquilo foi real?!

Não respondo, muito menos olho para ele, apenas viro-me em direção a saída do salão com uma cópia do pergaminho em minhas mãos, com um único pensamento: 'Fácil demais, meses estocando comida desviada valeram a pena', abrindo as portas o guarda que me acompanhou olha para Javier de relance, e pergunta.

- Que merda que você fez Akiris?

Outro guarda percebe algo e anda em nossa direção.

- Já entendi que sou um Nullu sujo, me deixem em paz! - falo descaradamente alto ao sair andando.

- Você não pode andar pelo castelo sozinho - guarda que jaz na porta chama minha atenção enquanto caminha em minha direção.

Tomando uma distância maior percebo que todos eles se direcionaram ao salão, com certeza pelo grito de Javier antes de minha saída, agora os corredores estão praticamente vazios.

- Akiris, pensei que o objetivo fosse não chamar atenção – fala o guarda surpreso.

- Negociei como eu disse que faria, sem mais, nem menos - retruco o guarda. - Karla me conte logo o que descobriu.

- Ta, ta, o nome do garoto é Wally, Wally Nyer; realmente ele é um Híbrido, Genasis com Nullu, não consegui descobrir o paradeiro dele aqui dentro, mas, pelo menos descobri que todos os dias ele vem ao castelo receber algum treinamento – Karla fala saltitando.

- Ele tem uma ligação com a Nação de Energia, seu pai é um Genasis de lá, estranho pensar que alguém que é Híbrido tenha um titulo de nobre no castelo e pior; que esteja tão longe de casa - ela fala com um olhar melancólico.

- Não se sinta tão mal pelo garoto, ele não se sentiria mal por você. - Estamos ficando sem tempo, onde fica o local do treinamento?.

Em seguida Karla Balança a cabeça aflita para os corredores obviamente vazios procurando guardas apostos, e responde.

- Siga por esse corredor, vire a direita, esquerda e desça as escadas, você vai saber quando chegar - explica um tanto nervosa. Escuto o que precisava e prossigo no caminho que ela informou, descendo os grandes degraus dessa escadaria começo a me aproximar de paredes mais resistentes, porém, totalmente rachadas e com marcas de arcanias de fogo, contanto, o que me preocupa é quem está lá dentro, a presença é tão grande que minhas pernas não querem seguir para essa direção, mas também, é tão fraca que o adversário parece uma presa fácil de um jeito quase, ou mesmo, proposital.

Na entrada vejo duas pessoas paradas, sem nem mesmo se olharem por um momento por mais de dez segundos. Não me parecem uma dupla, um deles tem o cabelo curto em tranças para trás, usa uma roupa escura que possibilita esconder qualquer tipo de arma curta, ele está conversando sozinho. O outro está descalço, sujo de sangue e com uma foice afiada, uma quantidade de sangue que obviamente é de alguém que não voltou para casa com vida. Esse homem é perigoso, ele possui algo nas costas por de baixo do manto. - Melhor prevenir-me - penso sozinho prestes a passar pelos dois. Levanto minha mão com o furo, eu abro a mesma com meus dentes aprofundando a ferida juntando a minha outra mão, com as palmas grudadas em frente dos meus olhos, recinto: 'Undo Canto'. Sinto o chão tremendo, rangendo, como se estivesse sangrando, quase na arena inteira. Graças a magia passo sem problemas pelos homens na entrada que perdem seu equilíbrio; vejo um homem alto encapuzado com uma aparente armadura leve por baixo e outra pesada por cima da roupa, ele se vira e me encara usando uma máscara negra com um símbolo gigante estampado de uma ponta a outra; claro; o símbolo dos caçadores. Pela aparência misteriosa e sua máscara chamativa ele deve ser Dominus, o líder da Ordem dos Caçadores. Parece que minha magia pode afetar até mesmo um dos homens mais fortes que existem em Valíria. Ao caminhar em sua direção não é perceptível alguma reação pelo seu rosto devido a máscara e o capuz, mas suas mãos raivosas estão deixando claro qual sentimento ele está direcionando a mim.

- Você! Acabou de quase matar a todos nós! - Dominus fala com uma voz que ecoa quase perfeitamente para uma máscara.

- O garoto não é tão fraco assim...

- Ele é! - Dominus interrompe-me aumentando mais ainda o tom.

- Se ele tivesse saído mesmo que por um minuto, toda a cidade pereceria.

Ele Respira fundo e continua.

- Eu te conheço Akiris, o que você quer?

- Quero o mesmo que você.

- Acha que não sei dos seus pactos? Era o que pretendia com Aska? - os punhos de Dominus ficam mais firmes após a pergunta.

- Não, apenas achei sensato preparar-me quando na entrada, se encontra um homem com as roupas banhadas em sangue.

- Fomos atacados no caminho.

Dominus fica quieto por poucos segundos e começa a esconder suas mãos em suas costas.

- Não entregarei o garoto a Dracaries, Akiris, mesmo que nossos objetivos estejam alinhados, nossas visões não são as mesmas...

- Não tente preparar o terreno comigo Dominus, vá direto ao ponto - interrompo irritado.

- Venha e acompanhe o garoto até a ilha, julgue com seus próprios olhos - o líder dos caçadores respira fundo mais uma vez.

- De qualquer forma eu iria encontrar você em algum momento, podemos conversar melhor quando chegarmos - Dominus diz já com um tom de fala contínuo. Sem nem ao menos esperar uma reação ou uma resposta de minha parte Dominus levanta a cabeça e diz.

- Vocês dois acompanhem o Wally, Soltrone não o perca de vista.

Os aparentes caçadores não respondem apenas se mexem, ainda parecem abalados pela magia de sangue assim como Wally que passa por nós sem nem olhar para o lado junto com os caçadores. Ao saírem eu viro-me para terminar minha conversa com Dominus, quando percebo ele já ficou relativamente longe de mim, quando pisco; ele simplesmente desaparece. "Não parece que eu tenha muitas opções no momento, ir até a ilha é tudo que posso fazer", falo sozinho. Dominus não passou nenhuma instrução ou dica do local de partida, O Líder dos Caçadores é tudo o que dizem, reflito por um momento. Começo a caminhar em direção a saída tomando o mesmo caminho de minha vinda á arena de treino, talvez para minha má sorte ela está aqui novamente, Karlamitas. Ela balança os braços para o ar e vem saltitando em minha direção enquanto grita.

- Aquii!, aquii!, ei!, aquii! – com uma cara de felicidade e claramente sem seu disfarce.

Continuo andando pelos corredores até então vazios tentando ignora-la, logo ela me alcança.

- Akiris como foi? Encontrou o garoto? - ela pergunta ao barrar minha passagem.

- Encontrei, mas não fui o primeiro, Dominus estava lá recrutando ele. – respondo esgueirando-me para passar.

- Ah claro, Dominus... Dominus?! - Karla soa preocupada. - Eu que não iria querer me esbarrar com esse cara - Karla prossegue enquanto olha aos arredores inquieta.

- Realmente, Dominus merece a reputação exagerada analisei ele de perto, não é alguém que você iria querer como inimigo - falo continuando meu caminho.

- De perto?! E você está tão calmo? Que frieza, até pra alguém da sua idade - Karla antes parada começa a andar ao meu lado. - E agora? Continuo com as Revoltas? Parece que tem um monstro explodindo coisas pelo reino... juro que não fui eu - Karla fala começando a saltitar outra vez.

- Suas ataques, essa tal criatura fará para você por um tempo, então apenas se prepare para partir. - E para de pular em volta de mim enquanto falo, todo esse barulho de metal batendo é agoniante.

Ela não fala mais nada, se vira e sai pulando de alegria pra direita e para esquerda como uma criança que acabou de comer sua refeição favorita. Olhando para ela sinto algo estranho; em um instante; percebo uma mão em meu ombro e uma presença atrás de mim.

- Então é ela? A descendente de Vlouthier? - Pergunta Dominus.

- Quem sabe? – pergunto olhando para frente. A mão sai do meu ombro e a presença consequentemente some. Saio andando sem olhar para trás, isso foi ele mostrando que está me observando? Mais uma vez reflito comigo mesmo. Antes de sair do castelo, sinto algo em meu corpo. Minhas pernas desabam, acompanhadas dos meus batimentos acelerados. Meu corpo ainda não esqueceu, aquela pressão que o garoto emanou quando enfraqueci a arena, foi perturbadora. Eu estou tremendo sem parar.

- Nem nos meus piores pesadelos eu imaginei que ele teria dentro dele, a porra de um Primordial.

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