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ARTHUR
Desembarquei em Las Vegas ainda sem acreditar na reviravolta que
minha vida tinha acabado de dar. Eu iria participar do The Ultimate Fighter,
maior reality show de UFC da porra do planeta. E ia ficar dois meses sendo
treinado pelo próprio Jon Jones. O cara era não só era um dos meus maiores
ídolos como também era pica para caralho, só havia sido derrotado no
octógono uma única ocasião. De bônus, ainda pisaria fora do Brasil pela
primeira vez. E logo na Cidade de Pecado. Não tinha como combinar mais
comigo.
Eu sempre lutei, desde criança. Comecei no judô com 5 anos de idade e de
lá até a adolescência passei pelo muay thai, jiu jitsu, boxe e capoeira. Além
de, claro, uns treinos ocasionais dando porrada nos filhos da puta que
implicavam com a minha irmã na escola. Eles sempre chegavam confiantes
acreditando que como eu era mais novo, seria fácil me derrotar. Se fodiam.
Mas foi quando ingressei na faculdade de jornalismo que passei a me
dedicar ao treino de forma profissional.
No meu primeiro semestre, numa Chopada, conheci meu parceiro e
irmão de vida, Edu. Ele na época era meu veterano do quinto período. Toda a
nossa interação aconteceu basicamente porque ele queria pegar uma garota,
mas ela disse que não deixaria a amiga sozinha.
― Fala aí, brother. Tá vendo aquela mina? ― ele disse, se aproximando
de mim e apontando para uma garota loira um pouco afastada.
― Gostosa. ― respondi, analisando a garota de cima a baixo.
― Então, eu quero pegar a ruivinha do lado, mas ela meteu o caô de que
não quer deixar a amiga sozinha. ― ele não precisava dizer mais nada. Eu já
tinha entendido o recado.
― Tô ligado. Deixa comigo. ― aproximei-me da loira gostosa e em dois
minutos minha língua já estava dentro da boca dela.
De lá pra cá, eu e Edu tínhamos nos tornado inseparáveis. Foi ele quem me
apresentou pela primeira vez à um amigo que era empresário e agente
esportivo. Henrique, o agente, pediu para assistir alguns dos meus treinos e
me perguntou se eu teria interesse de lutar profissionalmente MMA, um
esporte que misturava todas as artes marciais. Assinamos um primeiro
contrato mais curto e com lutas de pequeno porte, como um teste para ver
como eu me saía.
No primeiro ano de contrato, venci as 24 lutas que competi, 23 com
nocaute. Meu desempenho começou a chamar a atenção de algumas equipes
e outros empresários. Recebi inúmeros convites que me permitiriam
conseguir uma escalada vertiginosa para o ramo mais disputado do MMA.
Mas foi Henrique que me ofereceu tudo quando eu ainda não tinha nada e por
isso segui com ele, ainda que o caminho pudesse ser mais demorado.
Ano após ano, segui lutando campeonatos estaduais, até me tornar
conhecido no esporte. Nos últimos dois anos, meu nome já estava
relativamente famoso no Brasil, principalmente porque eu me destacava mais
do que a maioria dos meus oponentes.
Fui campeão do campeonato nacional e mantive meu desempenho
invicto. Nenhuma derrota. Para felicidade da minha mãe e da minha irmã,
Helena, que se desesperavam cada vez que eu lutava. As duas ainda não
tinham nem conseguido assistir a nenhuma luta pessoalmente de tanto
nervosismo.
Com os dois títulos nacionais e a empresa de Henrique crescendo
exponencialmente, recebi no final do ano passado o convite mais incrível da
minha vida. A chance de participar do The Ultimate Fighter. Se eu
conseguisse me sagrar o campeão dessa temporada, eu assinaria um contrato
de 2 anos com o UFC, 12 lutas e uma bolsa por luta de 12 mil dólares.
Com esse dinheiro eu conseguiria investir nos cursos de especialização em
jornalismo esportivo que eu tanto queria. Quando me formei na faculdade,
mesmo amando lutar, eu tinha o sonho de me tornar apresentador de algum
programa de esporte. Mas esse nicho é fodidamente inacessível para quem
não tem um “padrinho” dentro da televisão.
A única parte ruim de participar do TUF era ter que encarar o fodido do
Renan durante mais tempo do que eu gostaria. Ele era um filhinho de papai
que também era agenciado pelo Henrique como troca de favores para o pai
dele. A gente se detestava desde a primeira vez que nossos olhares tinham se
cruzado. Sem motivo, gratuitamente. Mas eu sabia ele era um filho da puta,
então tinha razão em odiá-lo.
◆◆◆
Eu tinha conseguido chegar na final. E melhor ainda, o babaca do
Renan tinha batucado nas quartas de final. A minha carreira de lutador tinha
crescido mais nos últimos meses do que em todos esses anos. Com a
transmissão do reality show semana após semana, minhas redes sociais
bombaram. Meu Instagram tinha acabado de bater 500 mil seguidores e eu já
estava recebendo contatos para algumas propagandas de material esportivo e
suplementos. Henrique disse que meu nome ficou nos trending topics do
Twitter no Brasil durante a transmissão da minha luta na semifinal.
No meio dos treinos diários, por horas a fio, eu conseguia tirar um
pouco das noites para me distrair e sair para conhecer a cidade. E de
preferência, voltar acompanhado para o hotel. Apesar de amar o esporte, a
única atividade física que jamais me cansava e que eu nunca recusaria era
sexo.
Eduardo: Fala, mlk. O grande dia tá chegando, hein. É amanhã
A mensagem de Edu brilhou na tela do meu celular. Eu tinha acabado
de pedir ao barman um drink para a mulher sentada no bar ao meu lado. Eu
seguia bebendo água, já que amanhã seria o dia da final do TUF.
Arthur: Vou acabar com aquele fdp no 2o round, pode anotar
Eduardo: Pq no 2o?
Arthur: Não quero tirar a graça da galera q tá pagando pay per view
e acabar a luta nos primeiros minutos, né brother
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