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Scarlett
Em alguma época da adolescência...
Estou sentada no chão da sala de brinquedos da mansão onde moro. Minha babá e minha prima, Joyce, me acompanham.
No som ambiente, Backstreet Boys cantam suas músicas que simplesmente sou apaixonada, tanto que quando completar quinze anos quero ter um show exclusivo deles como presente, já até avisei meu pai.
Minha prima pega uma das Barbies espalhadas no chão, coloca um vestido branco e véu enquanto observo tudo fazendo careta.
Minha prima ama brincar de casamento.
— Vem, Scar, vem brincar comigo. Seja o Ken, o noivo.
Faço mais uma careta e pego a Barbie que está vestida de terninho e maleta.
— Joy, não quero brincar disso. Quero brincar de ser uma empresária. — Mostro a boneca que está em minhas mãos.
— Ah, Scar, que chato! Brincar de casamento é melhor, olha como os dois ficam lindos juntos. — Mostra a Barbie e o Ken um ao lado do outro enquanto sorri deixando à mostra seu aparelho dentário.
Minha prima é minha melhor amiga desde que me lembro. Ela é da minha idade, poucos dias mais nova, é doce, gentil e muito sonhadora, diferente de mim, que sou direta e digo o que me agrada ou não sem me importar se isso machucará alguém.
Ela tem os olhos puxados como os meus, cabelo preto e liso e é um pouco mais baixa do eu.
Somos descendentes de coreanos que vieram para o Canadá em busca de um sonho.
O pai dela, o tio Stephan, é irmão do meu pai e são completamente diferentes. Enquanto meu pai trata a todos com carinho e respeito independente de sua classe social ou posição, meu tio olha a todos como se fosse superior. Sem contar que sempre alfineta o jeito de ser do meu pai, dizem que meu pai não nasceu para ser rico e dono de uma empresa de renome com o grupo Seri. Meu pai, por outro lado, diz que simplesmente temos que tratar meu tio bem por ser família e família é coisa sagrada.
Depois que a mãe de Joy morreu em um acidente e meu tio se casou novamente, minha prima veio morar com a gente, algo que acho maravilhoso já que adoro a sua companhia.
Minha prima, me olha com expectativa, esperando minha resposta e sorrio.
— Joy, não perca tempo sonhando com um casamento, pensa grande... Pensa em se tornar uma grande empresária de sucesso como nossos pais. Olha o que eles conquistaram com a empresa durante os anos.
— Scar, não precisamos nos preocupar com isso. Papai me disse que tenho que me preocupar apenas em encontrar um bom marido e então construir uma família digna.
Meu tio é muito hipócrita, vive falando em família, mas todos sabem que ele mantém casos amorosos por aí, inclusive já esteve envolvido em um escândalo sobre paternidade. Algo foi abafado e até hoje não sei que fim levou essa história que se tornou proibida de ser comentada ou questionada aqui em casa.
— Joy, não cai nessa. Você não pode depender de um homem para ser feliz. Você precisa se bastar e aí sim, procurar alguém para estar com você, te completando.
A babá ri olhando para nós duas.
— Scar, te escutando falar assim até parece que sabe algo sobre relacionamentos. Não acha que está muito nova para isso? — Cris, a babá, diz colocando a mão na cintura.
Cris, ajuda a cuidar de mim, desde que nasci. Na verdade, eu a vejo como uma tia boa que nos agrada dando tudo que queremos, escondida, quando a mãe proíbe.
— Cris, só estou sendo realista, você não viu no seriado que simplesmente amo assistir, o The Body Type, as mulheres sendo autossuficientes e não dependendo de homem algum? E olha que elas ainda sofrem quando se deixam envolver com alguém, mas superam se bastando e vivendo atrás de alcançar o sucesso em suas carreiras.
— Acho que temos que proibir essa mocinha de ver esse seriado.
Olho para a porta e vejo minha mãe entrar falando, em seu impecável vestido azul-marinho e salto.
Minha mãe sempre está muito arrumada, mesmo ficando encarregada de cuidar apenas da casa e de mim.
Ela nunca passou um dia em que ela não esteja maquiada, com o cabelo impecável e roupa elegante.
— Mãe, não faz isso, é a hora que mais gosto do dia. Amo ver a Sutton, a Jane e a Kat em suas buscas por reconhecimento na profissão. Mas confesso que quando crescer quero ser igual a Jacqueline, a chefe delas que é linda e todos respeitam. A mulher por onde passa é reconhecida — digo me imaginando de terninho passando pelos corredores da empresa e todos me admirando.
— Filha, acho que isso ainda vai demorar um pouco. — Dá risada e afaga meu cabelo. — Mas se você quer ser uma empresária de sucesso...
— Empresária e CEO da empresa do papai — digo a interrompendo.
Ela ri e balança a cabeça em negativa enquanto ainda afaga meu cabelo.
— Filha, nunca deixe de sonhar, mas você além de ser uma grande profissional precisa construir uma família e um lar feliz. Veja como seu pai e eu temos um relacionamento firme e é o que nos ajudar a passar pelas turbulências do dia. — Ela olha para minha prima e estende a mão.
Joy se aproxima e minha mãe acaricia seu longo cabelo preto.
— Você duas tem sonhos maravilhosos, mas precisam saber dosar tudo. Lembrem-se, o equilíbrio é a chave de tudo. Não pode só pensar em se casar e nem só pensar em trabalhar. O equilíbrio torna a pessoa mais sábia e feliz.
Sorrio para minha mãe, mas confesso que não penso em me casar, afinal acho isso uma perda de tempo.
Ter encontros, se apaixonar e, as vezes, ficar anos namorando para lá frente ver que não era o que os dois queriam.
Definitivamente não quero passar por isso.
Eu quero ser autossuficiente, ser respeitada e admirada no meio empresarial.
Eu ainda serei uma grande CEO do grupo Seri e irei orgulhar muito meu pai, o meu exemplo.
— Bom, meninas, vim aqui para dizer que o professor Mathew já chegou e está à espera das duas. Está na hora da aula de idiomas e depois tem a professora de etiqueta.
— Ah, mamãe, mas já? Nem tivemos tempo de brincar direito.
— É, tia, nem fiz o casamento dos dois — minha prima diz mostrando os bonecos, fazendo bico e sorrio.
— Isso vai ficar para depois, vamos — minha mãe diz se levantando.
Seguimos minha mãe pelo corredor até a sala onde o professor nos aguarda.
Ele é um senhor de meia idade, careca e com bigode. Às vezes acho que ele saiu de algum museu afinal sua roupa cheira a naftalina.
Sorrio com meu pensamento.
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