A água já batia na porta do meu carro, subindo perigosamente na Baixa de Lisboa. O céu era negro, o telemóvel morria, e a minha barriga de oito meses apertava-se contra o volante. Liguei ao Tiago, o meu marido, pela décima vez, implorando ajuda. "Tiago, o carro está preso na inundação! A água sobe, não consigo sair!", gritei, o bebé chutava, agitado. Ao fundo, ouvi o choro exagerado da sua meia-irmã, Catarina. "Laura, resolve isso. Não posso deixar a Catarina, ela torceu o tornozelo e está em pânico," ele respondeu frio, e desligou. O clique ecoou no carro que se enchia de água. Fui abandonada. Acordei depois, no hospital, a minha barriga vazia. O stress e a hipotermia levaram ao parto prematuro. O meu filho estava morto. Tiago e a família chegaram, sem condolências, apenas acusações: "Imprudência, Laura!" Catarina, sem um arranhão, dramatizava a sua 'dor' . A dor gélida virou raiva. Olhei para aqueles rostos, vazios de humanidade. Eu e o meu filho nunca fomos a prioridade. Nunca. Ele escolheu a suposta fragilidade de Catarina, comprando-lhe um colar de luxo no dia da nossa tragédia, enquanto eu lutava pela vida. Mas havia um detalhe que eles ignoravam. O Tiago, por "segurança", havia instalado no meu telemóvel uma função que gravava todas as chamadas. Cada palavra da sua traição, da sua indiferença, estava ali. Era a prova. "Quero o divórcio", anunciei, a minha voz firme. Não era vingança, era justiça. E eu tinha as ferramentas para a conseguir.
A água já batia na porta do meu carro, subindo perigosamente na Baixa de Lisboa.
O céu era negro, o telemóvel morria, e a minha barriga de oito meses apertava-se contra o volante.
Liguei ao Tiago, o meu marido, pela décima vez, implorando ajuda.
"Tiago, o carro está preso na inundação! A água sobe, não consigo sair!", gritei, o bebé chutava, agitado.
Ao fundo, ouvi o choro exagerado da sua meia-irmã, Catarina.
"Laura, resolve isso. Não posso deixar a Catarina, ela torceu o tornozelo e está em pânico," ele respondeu frio, e desligou.
O clique ecoou no carro que se enchia de água. Fui abandonada.
Acordei depois, no hospital, a minha barriga vazia.
O stress e a hipotermia levaram ao parto prematuro. O meu filho estava morto.
Tiago e a família chegaram, sem condolências, apenas acusações: "Imprudência, Laura!"
Catarina, sem um arranhão, dramatizava a sua 'dor' .
A dor gélida virou raiva. Olhei para aqueles rostos, vazios de humanidade.
Eu e o meu filho nunca fomos a prioridade. Nunca.
Ele escolheu a suposta fragilidade de Catarina, comprando-lhe um colar de luxo no dia da nossa tragédia, enquanto eu lutava pela vida.
Mas havia um detalhe que eles ignoravam.
O Tiago, por "segurança", havia instalado no meu telemóvel uma função que gravava todas as chamadas.
Cada palavra da sua traição, da sua indiferença, estava ali. Era a prova.
"Quero o divórcio", anunciei, a minha voz firme. Não era vingança, era justiça. E eu tinha as ferramentas para a conseguir.
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