Estava a fazer as malas para a nossa viagem de aniversário, imaginando os Açores. O meu marido, Pedro, estava no banho, cantarolando uma melodia. Então, o hospital ligou. O meu pai tivera um ataque cardíaco. Estava em estado crítico. O meu telemóvel caiu da mão, e o meu mundo parou. Gritei o nome do Pedro, mas ele saiu do banho, furioso. "O que foi, Eva? Não vês que estou a tomar banho? Que gritaria é essa?" "O meu pai," consegui dizer, as lágrimas a escorrer. "Ele teve um ataque cardíaco. Precisamos de ir para o hospital. Agora!" Ele suspirou, exasperado. "Outra vez? O teu pai não pode ter um drama sem ser no pior momento?" Nesse instante, o telemóvel dele tocou. Era a Sofia, a sua "melhor amiga". O gato dela tinha subido a uma árvore e não conseguia descer. A decisão do Pedro foi instantânea. "Não te preocupes, Fifi. Estou a ir para aí." Ele começou a vestir-se, não para a nossa viagem, mas para ir ao encontro dela. "Pedro, não podes estar a falar a sério. O meu pai está a morrer!" "O teu pai está no hospital, com médicos," ele respondeu frio. "A Sofia está sozinha." "Um gato é mais importante do que o meu pai?" "Não sejas dramática, Eva. Eu vou lá, e depois falamos do teu pai. Chama um táxi." Ele saiu, deixando-me ali, com o bilhete dos Açores a troçar de mim. No hospital, o médico disse: "Ele precisa de uma cirurgia de bypass urgente. Custa 50 mil euros." Liguei ao Pedro, implorei que me atendesse. A sua resposta veio por mensagem: "Estás louca? 50 mil euros? Esse dinheiro é para a nossa casa. Não vou gastar as nossas poupanças num velho que mal se aguenta em pé." "O teu pai já viveu a vida dele. Nós estamos a começar a nossa. A Sofia concorda comigo." O meu mundo desabou. Ele não quis saber. A vida do meu pai não valia o nosso dinheiro, mas um gato, sim. A raiva subiu-me à cabeça. Ele não ia arruinar-me. A decisão de destruir esta farsa de casamento era agora uma necessidade urgente.
Estava a fazer as malas para a nossa viagem de aniversário, imaginando os Açores.
O meu marido, Pedro, estava no banho, cantarolando uma melodia.
Então, o hospital ligou. O meu pai tivera um ataque cardíaco. Estava em estado crítico.
O meu telemóvel caiu da mão, e o meu mundo parou.
Gritei o nome do Pedro, mas ele saiu do banho, furioso.
"O que foi, Eva? Não vês que estou a tomar banho? Que gritaria é essa?"
"O meu pai," consegui dizer, as lágrimas a escorrer. "Ele teve um ataque cardíaco. Precisamos de ir para o hospital. Agora!"
Ele suspirou, exasperado. "Outra vez? O teu pai não pode ter um drama sem ser no pior momento?"
Nesse instante, o telemóvel dele tocou. Era a Sofia, a sua "melhor amiga".
O gato dela tinha subido a uma árvore e não conseguia descer.
A decisão do Pedro foi instantânea. "Não te preocupes, Fifi. Estou a ir para aí."
Ele começou a vestir-se, não para a nossa viagem, mas para ir ao encontro dela.
"Pedro, não podes estar a falar a sério. O meu pai está a morrer!"
"O teu pai está no hospital, com médicos," ele respondeu frio. "A Sofia está sozinha."
"Um gato é mais importante do que o meu pai?"
"Não sejas dramática, Eva. Eu vou lá, e depois falamos do teu pai. Chama um táxi."
Ele saiu, deixando-me ali, com o bilhete dos Açores a troçar de mim.
No hospital, o médico disse: "Ele precisa de uma cirurgia de bypass urgente. Custa 50 mil euros."
Liguei ao Pedro, implorei que me atendesse.
A sua resposta veio por mensagem: "Estás louca? 50 mil euros? Esse dinheiro é para a nossa casa. Não vou gastar as nossas poupanças num velho que mal se aguenta em pé."
"O teu pai já viveu a vida dele. Nós estamos a começar a nossa. A Sofia concorda comigo."
O meu mundo desabou. Ele não quis saber.
A vida do meu pai não valia o nosso dinheiro, mas um gato, sim.
A raiva subiu-me à cabeça. Ele não ia arruinar-me.
A decisão de destruir esta farsa de casamento era agora uma necessidade urgente.
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