Meu namorado, Caio, não falava comigo há cinco dias. Mas quando minha vitória no Prêmio Nacional de Arquitetura viralizou, ele finalmente ligou. Não para me parabenizar, mas para gritar que eu o tinha humilhado por não contar a ele primeiro. A nova namorada dele, Bárbara, foi quem o marcou no meu post. Foi ela também que ficou sussurrando no ouvido dele durante a ligação, dizendo que eu estava fazendo ele parecer um idiota. Aquela foi a gota d'água numa guerra fria que já durava uma eternidade. Mas o verdadeiro pesadelo começou quando Bárbara me mandou um vídeo dela torturando meu cachorro, Apolo, no nosso antigo apartamento. Depois veio a foto do corpo dele, sem vida. Corri para lá, cega de ódio, e bati a cabeça dela na parede com um cinzeiro. Caio, o homem que um dia eu amei, me empurrou com violência, me chamando de louca por machucar a mulher que tinha acabado de assassinar meu cachorro. Ele a escolheu. Ele sempre a escolhia. Enquanto eu carregava o corpo frio de Apolo para fora, fiz uma promessa. Eu faria eles pagarem. Eu transformaria a vida deles num inferno.
Meu namorado, Caio, não falava comigo há cinco dias. Mas quando minha vitória no Prêmio Nacional de Arquitetura viralizou, ele finalmente ligou. Não para me parabenizar, mas para gritar que eu o tinha humilhado por não contar a ele primeiro.
A nova namorada dele, Bárbara, foi quem o marcou no meu post. Foi ela também que ficou sussurrando no ouvido dele durante a ligação, dizendo que eu estava fazendo ele parecer um idiota.
Aquela foi a gota d'água numa guerra fria que já durava uma eternidade. Mas o verdadeiro pesadelo começou quando Bárbara me mandou um vídeo dela torturando meu cachorro, Apolo, no nosso antigo apartamento.
Depois veio a foto do corpo dele, sem vida.
Corri para lá, cega de ódio, e bati a cabeça dela na parede com um cinzeiro. Caio, o homem que um dia eu amei, me empurrou com violência, me chamando de louca por machucar a mulher que tinha acabado de assassinar meu cachorro.
Ele a escolheu. Ele sempre a escolhia.
Enquanto eu carregava o corpo frio de Apolo para fora, fiz uma promessa. Eu faria eles pagarem. Eu transformaria a vida deles num inferno.
Capítulo 1
Ponto de Vista: Helena
Eu encarava a tela brilhante, as palavras do resultado do Prêmio Nacional de Arquitetura se embaralhando diante dos meus olhos. Vencedora. A palavra parecia impossivelmente pesada, impossivelmente leve. Meu projeto, aquele em que eu tinha derramado minha alma por meses, tinha ganhado. Deveria ser o momento mais feliz da minha vida.
Meu primeiro instinto, um reflexo aprimorado ao longo de anos, foi ligar para o Caio. Ouvir a voz dele, compartilhar essa alegria explosiva. Peguei meu celular, meu polegar pairando sobre o contato dele. Mas então, parei. O calor familiar que geralmente me impulsionava a me conectar com ele não estava lá. Parecia... gelado.
Meus olhos percorreram nossas últimas trocas de mensagens. Uma semana atrás, eu tinha mandado uma foto da maquete, pedindo a opinião dele. "Ficou bom", ele digitou, nada mais. Dois dias depois, um meme bobo que eu achei que o faria rir. Nenhuma resposta. Depois, um "bom dia" discreto da minha parte. Ele leu, mas não respondeu. Ele não tinha iniciado uma única conversa em dias.
Não eram apenas as mensagens. Era o espaço vazio ao meu lado na cama nas últimas três noites. As ligações não atendidas que eu acabei desistindo de fazer. Ele estava sempre ocupado, sempre com a Bárbara, sempre lidando com a "crise de Alzheimer" da avó dela, que convenientemente parecia piorar sempre que eu precisava dele.
Um suspiro pesado escapou de mim, esvaziando um pouco da euforia da vitória. Estávamos em uma guerra fria pelo que parecia uma eternidade. Cada uma começava sutilmente, uma ligação perdida, uma promessa esquecida, e depois escalava para dias de silêncio tenso. Eu nem conseguia me lembrar do motivo desta em particular. Parecia que todas elas se fundiam em um longo e agonizante silêncio.
E o desejo de compartilhar, aquela necessidade crua e urgente de contar tudo a ele? Tinha sumido. Substituído por uma dor oca, uma indiferença profunda. Eu não queria contar a ele. Eu não me importava se ele soubesse. A percepção me atingiu como um golpe físico. O amor, ou o que quer que restasse dele, tinha secado. Simplesmente não estava mais lá.
Meu polegar se moveu, mas não para o contato dele. Rolei a tela, passando pelo nome dele, pelo fantasma do nosso passado compartilhado, e abri um novo aplicativo. Instagram. Eu precisava celebrar isso, mesmo que estivesse celebrando sozinha. Essa era a minha conquista.
Tirei uma selfie, segurando o certificado em relevo, meu sorriso largo e genuíno apesar do vazio emocional. A luz da janela bateu no meu cabelo, fazendo-o brilhar. Eu estava bonita. Me sentia forte. Digitei uma legenda, curta e direta: "Oficialmente uma vencedora nacional! Muito trabalho duro, muito coração. Um brinde a novos começos!"
As curtidas e os comentários começaram a chegar imediatamente. Amigos, colegas, até antigos professores. "Parabéns, Helena!" "Que orgulho de você!" "Uma inspiração!" Cada notificação era um pequeno bálsamo, aliviando a dor da ausência de Caio. Meu sorriso se alargou. Era assim que a validação se parecia. Validação real, sem peso.
Então, uma notificação apareceu e fez meu estômago revirar. Bárbara Torres marcou Caio Mendes no meu post. O comentário dela dizia: "MEU DEUS, Caio! Olha a Helena, ganhando tudo! Tão feliz por vocês dois! #CasalPoderoso #Meta."
Meu sangue gelou. Vocês dois? A implicação descarada, a falsa intimidade. Eu sabia que ela fez isso para provocar, para afirmar sua presença em nosso relacionamento em decomposição. Mas antes que eu pudesse processar a onda de raiva, meu telefone vibrou novamente. Uma chamada. Do Caio.
Meu coração martelava contra minhas costelas, uma batida frenética. Respirei fundo, me preparando. Não seria uma ligação de parabéns. Eu sabia disso no fundo da minha alma.
"Helena? Que porra é essa?" A voz dele explodiu no telefone, afiada e carregada de fúria. Não era o tom animado e amoroso que eu um dia desejei. Era pura acusação.
Segurei o telefone com mais força. "O que é o quê, Caio?" Minha voz estava neutra, desprovida de emoção. A surpresa, a raiva, nada disso era forte o suficiente para quebrar a muralha que eu havia construído ao redor do meu coração.
"Esse post! No Instagram! Por que você não me contou primeiro?" Ele cuspiu as palavras, cada uma como um soco. "A Bárbara teve que me marcar! Você sabe o quão humilhante isso é?"
Humilhante? Minha mente girou. Ele não tinha ligado, não tinha mandado mensagem, não tinha nem perguntado como eu estava por dias, semanas até. Mas isso era humilhante? "Você não entra em contato comigo há cinco dias, Caio", eu disse, minha voz perigosamente calma. "Nenhuma ligação, nenhuma mensagem. O que eu deveria fazer? Esperar indefinidamente?"
"Não é essa a questão!" ele berrou, sua voz rachando de indignação. "A questão é que eu sou seu namorado! Seu namorado de anos! Isso é enorme! Você deveria ter me contado antes de postar para a internet inteira ver!"
"Ah, então você descobriu pela Bárbara, é?" zombei, um gosto amargo na boca. "Que conveniente. Talvez se você passasse menos tempo com ela e mais tempo com sua namorada de verdade, não precisaria depender dela para saber notícias da minha vida."
Houve um som abafado do lado dele, um sussurro. "...mas Caio, ela está tentando fazer você parecer um idiota..." A voz de Bárbara, enjoativamente doce e baixa, chegou pelo receptor. Ela estava bem ali. Com ele.
"Tá vendo?" Caio retrucou, ignorando a deixa manipuladora de Bárbara. "Ela também acha estranho. Você está tentando fazer parecer que eu não me importo. Que eu não te apoio!"
Minha risada foi um som agudo e frágil. "Apoio? Caio, você não se importa. Você não se importa com nada que eu faço há meses. Você está chateado porque isso reflete mal em você, não porque perdeu meu momento."
"Helena, não distorça as coisas!" ele gritou. "Eu sou seu parceiro! Você deveria me colocar em primeiro lugar! Isso é um desrespeito total! Que tipo de namorada faz isso? Você está agindo como se eu fosse um estranho, um cara qualquer!"
Eu me lembrei dele dizendo isso antes. "Você está agindo como se eu não fosse importante o suficiente para compartilhar sua alegria." Essas palavras, um eco distorcido de sua acusação atual, costumavam me ferir profundamente. Agora, pareciam um zumbido distante e irrelevante. O desejo de compartilhar estava morto há muito tempo.
"Sabe de uma coisa, Caio?" eu o cortei, as palavras finalmente borbulhando de um lugar de resolução profunda e gélida. "Você está absolutamente certo. Acabou."
A linha ficou em silêncio, um vazio súbito e chocante onde sua raiva estava. O silêncio pairou, pesado com o peso da minha decisão final. Estava feito. O relacionamento, a luta, a decepção constante. Tudo.
"Helena?" A voz de Bárbara, pequena e falsamente inocente desta vez, cortou o silêncio. "Está tudo bem? Você está chateando o Caio?"
Meu olhar endureceu, meu sangue fervendo. Eu quase podia imaginá-la, agarrada a ele, seus olhos grandes e úmidos como um passarinho assustado. Aquele teatro manipulador. Tinha me enfurecido por tanto tempo. Mas não mais. Não agora.
"Não, Bárbara", eu disse, minha voz clara e firme. "Está tudo perfeitamente bem. Na verdade, está melhor do que bem. Acabou."
O clique do telefone desligando foi alto nos meus ouvidos, um ponto final definitivo em um capítulo da minha vida que eu estava finalmente fechando. O peso daquilo, a verdade daquilo, se assentou sobre mim. Parecia ao mesmo tempo um alívio e um mergulho aterrorizante no desconhecido. Mas principalmente, alívio. Alívio real e libertador. Eu estava livre. Eu estava finalmente, verdadeiramente livre.
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