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FUGINDO DO PECADO

FUGINDO DO PECADO

RENATA PANTOZO

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Capítulo

Recém divorciada, traída e machucada, Giovana decide dar um tempo na vida amorosa e focar sua atenção na vida profissional. Sua nova jornada como professora universitária tinha tudo para ser calma, revigorante e um alívio a sua vida bagunçada. Só que Giovana não sabia que em seu caminho estaria um estudante disposto a conquista-la, lhe dar sensações bem fora dos seus padrões sexuais. Será que Giovana conseguirá fugir do pecado chamado André?

Capítulo 1 PRÓLOGO

Olho pela janela do escritório o céu se fechando, as nuvens escurecendo e a chuva querendo lavar São Paulo. Começo a me arrepender por aceitar dar aulas na faculdade aqui perto. Podia sair agora, ir pra casa, me enfiar em um pijama confortável, pedir comida e assistir um filme tomando minha taça de vinho.

- Melhor sair agora ou vai pegar a chuva forte que vai cair.

Olho para a porta e vejo Juliana, minha assistente. Ela segura uma linda e esfumaçante xícara de café.

- Depois desse maravilhoso café eu vou.

Escuto risos no corredor e vejo César passar abraçado com a Poliana, sua assistente, ex-amante e atual namorada. Rapidamente Juliana fecha a porta pra que eu não veja muito e nem escute os dois dizendo coisas fofas e safadas. Como eu nunca percebi que esses dois estavam se comendo embaixo do meu nariz?

- Giovana!

Juliana me grita e olho pra ela.

- Supera!

Fala firme e brava.

- Como? Achei que tinha um casamento feliz, que meu marido, sócio, companheiro de dez anos fosse perfeito. Então levo um murro no estomago e descubro que ele é um bosta, que comia suas assistentes e ainda por cima me deu um pé na bunda pra ficar com sua ultima assistente.

Me jogo na cadeira e como recompensa desse desabafo, ganho meu café e um olhar de pena.

- Você devia desfazer a sociedade e recomeçar.

- Não! Não vou desfazer o que demorei dez anos pra tornar sólido, lucrativo e importante pra mim. Esse escritório pode não ser muita coisa pro César, mas é a minha vida toda. Me dediquei noite e dia pra sermos uma das melhores sociedades de advogados de São Paulo, não vou abrir mão desse sonho por causa dele.

Tomo meu café e respiro fundo.

- Vou superar o par de chifres!

- O par? Se ele comeu mesmo todas as assistentes, você virou uma arvore galhuda.

Olho brava para Juliana, mas não seguro muito a raiva quando ela começa a rir.

- Desculpa!

- Eu só queria conseguir elimina-lo da minha vida, de dentro de mim. Não me importar com coisas como acabei de ver.

- Giovana, vocês se divorciaram há seis meses, tenha paciência.

- Tudo isso?

- Sim!

Meu Deus! Faz oito meses que não beijo na boca e não faço sexo. Acho que nem sei mais como é um orgasmo.

- Acho melhor ir!

Juliana comenta olhando a janela e viro o resto do café.

- Ainda não sei porque aceitei dar aulas na faculdade.

- Você queria fugir de suas noites chatas lembrando do seu casamento fracassado.

- Juliana, sua sinceridade às vezes me irrita.

- De nada!

Pego meu casaco, minha pasta, meu celular e respiro fundo.

- Seja o que Deus quiser. Só espero ter paciência com esses jovens de hoje.

- Você só tem trinta e cinco anos e fala como se fosse uma velha de oitenta.

- Sou uma jovem mulher de trinta e cinco anos por fora, que esconde a velha de oitenta por dentro.

Pisco pra Juliana e saio da minha sala correndo, tentando chegar à faculdade antes da chuva.

********************

Faz dez minutos que estou dentro do carro parado no estacionamento, observando a chuva alagar tudo. A faculdade fica do outro lado da rua e descobri que não tenho um maldito guarda chuva. A aula começa em cinco minutos e preciso sair daqui.

Pego a pasta, meu casaco e o coloco sobre minha cabeça. Respiro milhões de vezes antes de abrir a porta e quando faço, saio correndo feito uma louca em direção à entrada. Passo por alguns jovens alunos que caminham na chuva forte como se as gotas não fossem atingi-los. Parece que quanto mais velho você fica, mais você corre das coisas da vida. A chuva está tão forte e o vento tão intenso, que as gostas de água batem em todos os lados do meu corpo. Finalmente chego à parte coberta da faculdade e tiro o casaco da cabeça. Minha pasta está toda molhada e agradeço mentalmente por ser de couro. Pego meu crachá da bolsa, apresento ao segurança e passo pela catraca dos professores. A aula já devia ter começado e ainda estou no térreo. Corro para um elevador com as portas abertas, mas vejo que começa a se fechar.

- Segura!

Grito na intenção de que alguém dentro me escute. Uma mão segura à porta e entro rápido.

- Obrigada!

Digo a um jovem, que sorri pra mim. Meus olhos rapidamente percorrem sua camisa branca molhada colada ao corpo definido e vejo uma tatuagem no ombro direito, pegando o peito. Desço os olhos conforme a camisa branca colada me permite ver mais desse corpo muito, muito, muito definido e sarado. Um pigarrear me faz erguer os olhos e vejo o jovem me encarando com um sorriso malicioso. Merda! A tiazinha aqui foi pega devorando a criancinha com os olhos. Antes de me virar, olho o rosto dele, que é tão perfeito quanto seu corpo. Ele é alto, deve ter seus quase 1.90mts, olhos escuros, pele morena, lábios muito carnudos, cabelo raspado, um brinco de argola pequena na orelha esquerda, bem de adolescente rebelde.

Viro rápido e espero o elevador subir ao décimo andar. É o único botão apertado e sei que o jovem sarado e rebelde vai para o mesmo andar que o meu. Só espero que não seja na minha sala, não quero vê-lo com sorrisinho pra mim, por tê-lo levemente cobiçado. No segundo andar o elevador lota e tenho que recuar. Ai merda! Sinto um corpo atrás do meu quando o elevador lota demais com muitos alunos falantes. Eu sei de quem é o corpo e só consigo pensar nos músculos, na tatuagem, na boca e nos olhos escuros me encarando com malicia. Fecho meus olhos, aperto a pasta contra o meu peito e sua respiração bate perto do meu ouvido. Esse elevador é devagar demais.

Finalmente chegamos ao décimo andar e quando as portas se abrem, empurro as pessoas da frente e escuto os resmungos. Saio do elevador e a passos rápidos sigo para a sala 1010. Abro a porta, entro e quando vou fecha-la, o jovem aluno gostoso impede. Ah não! Ele sorri pra mim e ignorando o belo sorriso, o deixo na porta e vou pra mesa. Coloco minha pasta sobre a mesa, deixo meu celular no mudo e percebo que meu casaco, assim como grande parte da minha roupa está molhada. Penduro na cadeira pra secar um pouco e respiro fundo. Viro para a turma de cinquenta jovens estudantes do segundo ano de direito e abro um pequeno sorriso.

- Boa noite a todos! Sou Giovana Palocci, professora de direito de família de vocês.

Começam murmurinhos, risos e quero entender qual a graça. O jovem do elevador se levanta no fundo da sala, abre sua mochila e tira uma jaqueta cinza. Vem em minha direção e se coloca a minha frente.

- É melhor usar isso!

Sussurra me olhando e coloca sua jaqueta em minhas costas.

- Por que?

Questiono sem entender e seus olhos vão pra minha camisa social branca, completamente transparente como a camiseta dele. A merda do meu sutiã preto bem evidente e quero me dar um soco. Como não percebi que estava exposta assim? Acho que estava mais atenta a exposição de outra pessoa.

- Pronto!

Ele diz após fechar o zíper da jaqueta, me cobrindo por completo.

- Obrigada!

Agradeço sem graça e sua língua passa suavemente em seus lábios.

- Eu que agradeço a bela visão.

Pisca safado e se vira, voltando para o seu lugar. Tenho certeza que estou ruborizando. Os risos continuam e é hora de me impor.

- Espero que fiquem felizes assim quando olharem as notas no fim do semestre.

O silêncio surge e me viro pra lousa.

- Essa primeira aula será de apresentação e vou passar o cronograma da matéria.

******************

A aula termina e recolho minhas coisas. Os alunos vão saindo para o intervalo e me preparo pra ir pra casa. Hoje só tenho aula no primeiro período. Uma sombra surge sobre mim e viro a cabeça pra ver quem é.

- Preciso te devolver a jaqueta.

- Pode usa-la nas próximas aulas.

- Não tenho mais aulas hoje.

Retiro a jaqueta e rapidamente visto meu casaco ainda molhado.

- Obrigada mais uma vez.

- André!

Diz seu nome como se eu não tivesse gravado após a chamada. Também descobri que tem apenas vinte anos e é filho de um advogado atuante de um escritório próximo ao meu. Dr. Edgar Fanzinni, pai do meu aluno André Fanzinni.

- Boa noite!

Digo ao me virar e ele responde com a voz rouca e sensual.

- Boa noite, Giovana!

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