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Casualidades da vida

Casualidades da vida

Mel Pimentel

4.9
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87
Capítulo

Sigam meu ins.ta.gram: @melpimentelautora Uma invasão. Uma escolha. Um contrato de trabalho. Uma babá. Um pai solteiro. O nascimento de um amor e a resposta de uma vida. Cassandra Hall, ou só Cass, como prefere ser chamada. Foi abandonada em um orfanato assim que nasceu e sua vida não foi fácil, tudo piorou após a morte de sua mãe adotiva. Sem rumo, e persuadida por seus amigos, tinha apenas um objetivo: Invadir a casa de Isaac Jhonson, mas como nem tudo está em nosso controle, jamais imaginou que ao ser capturada, receberia uma proposta inusitada. Ou, vira babá do filho de Isaac, ou é entregue a polícia. Ser babá nunca esteve em seus planos, menos ainda dos filhos do dono da casa ao qual invadiu. Porém, quando Pietro vê a invasora, se apaixona na mesma hora, a lançando em um emaranhado de confusão e descobrimento. Sem opções, aceita esse desafio que tem prazo determinado. Ao contrário do que a menina imaginava, esse giro de 360° graus em sua vida, não vai ser tão ruim assim. Vai ser bem divertido, um grande aprendizado e revelador. Além de trazer uma maior maturidade e compreensão para a vida da garota, que nunca pensou que a felicidade um dia poderia sorrir para ela. A vida tem meios de nos pregar certas peças e nos fazer viver coisas antes inimagináveis. Cassandra não imaginava que essa invasão seria uma porta para tudo que jamais imaginou ter em sua vida. Ela entra na mansão como uma garota perdida e tem a chance de se tornar uma linda mulher ao aprender muitas coisas novas. 'A existência é feita de tal maneira que, muitas vezes, os pequeninos acasos trazem as grandes catástrofes. -Albert Delpit'

Capítulo 1 Prólogo ★

- 24 anos antes.

- Tem certeza que estamos fazendo o correto? – A mulher olhou para o marido bem apreensiva. - Acho que podemos lidar com isso. É só um bebê. – Aponta.

- Como lidaremos com isso? Ela é uma criança e acabou de gerar outra criança. – O homem disse ríspido, deixando transparecer a fúria em seus olhos cinzentos. - O pai ao menos teve a decência de ficar e assumir, foi embora na primeira oportunidade que teve.

- Vicente, se ela descobrir, jamais nos perdoará pelo que fizemos. – Argumentou chorosa pouco antes do portão do grande orfanato que vivia sempre aberto. - Acha que essa é a melhor alternativa?

- Ela tem apenas dezesseis anos. Nos desrespeitou, se entregou aquele homem e foi abandonada. – Apesar da fúria na voz, a mágoa estava estampada no olhar do homem. Ele sempre confiou na filha e se dedicou ao máximo para dar o melhor, e se sentia traído com essa gravidez não planejada. - Ela vai terminar os estudos, vai ser alguém na vida. Como sempre planejamos e vai viver em paz. Sairemos daqui, seremos felizes!

- Isso é desumano! – Disse chorando.

- Isso é necessário! – Rebateu convicto.

- Nem sempre o necessário é o que se deve fazer. – Continuou. - Ela vai sofrer.

- Ela vai superar.

O homem lá no fundo se sentia mal pela iniciativa que tomou, mas seu coração duro não fez com que qualquer tipo de arrependimento aparecesse. Por isso, se aproximou da porta pouco antes do amanhecer e deixou a pequena caixa. O bebê dentro dormia tranquilamente e as lágrimas que escaparam de seus olhos cinzas, limpou rapidamente.

- Eu prometo que você vai ter uma vida melhor aqui. – Sussurrou se aproximando da porta grande. - Eles vão cuidar de você e vai ficar tudo bem. – As palavras eram mais para si do que para a criança, afinal, ela não entendia nada ainda.

O homem bateu na porta e se afastou, correu até a esposa, a puxando para longe dali. Só foram embora quando viram a porta se abrir e alguém pegar a criança. A mulher procurou ao redor para ver se conseguia saber quem tinha deixado aquela pobre criança ali, mas foi em vão. Nenhuma identificação, apenas um nome em um papel.

Se convencer de que fizera o certo ficou cada vez mais difícil para o homem. Mesmo que enviasse anualmente uma verba boa para o orfanato, sempre no dia do aniversário da neta que foi o anterior a seu abandono, mesmo com isso, começou a definhar ano após ano. Ficando cada vez mais doente e menos comunicativo, se perdendo em seu próprio mundo de acusações e arrependimentos. Pensou estar beneficiando a todos, mas essa escolha afetou não só a eles, mas a todos envolvidos nesse nascimento.

- 22 anos depois

Nervoso ainda com o que leu no papel estirado na mesa em sua frente, o homem passa a mão em seus cabelos castanhos, retirando seus óculos em seguida. O ar sai de sua boca, ainda chocado e sem entender o que aquelas palavras significavam, ou melhor, querendo que aquelas palavras tivessem com algum erro. Que o que estava confirmando ali, fosse mentira, apenas um pesadelo e que fazia questão de acordar.

Seus pensamentos foram interrompidos quando um galho da árvore bateu raivosamente contra a janela. O dia está frio e com uma potencial tempestade forte se formando. Engoliu seco mais uma vez, decidindo levantar e tomar um copo de sua bebida mais forte. Como ela pode fazer isso com ele? Depois de tudo que fez por ela, seu pagamento foi em uma traição que dilacerou o coração.

- Acorda, acorda, acorda. – Sussurrou sentindo as lágrimas escapando de seus olhos.

Nunca foi um homem que demonstrava muito, mas quando se tornou pai, seu mundo se alegrou e tudo passou a fazer sentido. Só que agora um balde de água fria foi jogado em sua cabeça, destruindo um pouco de sua felicidade.

Ainda parado no meio do escritório, ouviu o bater alto de uma porta, que logo assimilou ser a de entrada. Isso o levou a sair a passos largos do cômodo, percebendo que a pessoa que saiu é acompanhada por um choro de bebê.

Ao abrir a porta, pode perceber a cabeça da loira inclinada para dentro do carro. Parecia não se importar com a chuva caindo enquanto prendia o bebê em sua cadeira.

- O que pensa que está fazendo? - Sua voz saiu alta e ao ouvir, a loira recebeu uma carga de tristeza atravessar seu corpo. Ele havia descoberto e ela queria ir embora o mais rápido possível. O exame de DNA deveria chegar para ela, mas infelizmente não obedeceram suas instruções e ele acabou recebendo em seu lugar.

- Estou saindo da sua vida. Como sempre quis. – Disse batendo a porta do carro e encarando o homem ainda na varanda da mansão. - Com o meu filho!

- Não quero saber o que aquele papel diz, ele é meu filho e você não vai me fazer aceitar o contrário. – Disse com firmeza enquanto começava a andar em direção a mulher.

Por alguns segundos a mulher pensou, mas sua cabeça ainda estava meio confusa. Os pensamentos conflitantes acompanhavam ela com frequência desde essa última gravidez, estava tudo mais difícil de entender e o toque estridente do celular fez com que voltasse a si. Correu para dar a volta ao carro e conseguir entrar, querendo ir o mais rápido possível.

Percebendo o que a mulher pretendia, o homem correu com rapidez e conseguiu abrir a porta de trás. Ela estava louca e sua insanidade não iria tirar seu filho, mesmo que o exame de DNA dissesse o contrário. Assim que abriu a porta, a mulher conseguiu avançar com o carro, fazendo com que o homem se jogasse para dentro.

- Selene, pare o carro agora. – Gritou enquanto se jogava para frente, para conseguir que o carro parasse.

- Eu não posso. – A mulher respondeu ainda mantendo seus olhos vidrados no portão enorme que se aproximava. - Você não vai me perdoar. Eu sou um monstro... – Acelerava mais a medida que falava. - Eu te trai e preciso consertar isso. Precisamos ir embora!

- Por Deus, não! – Disse em desespero. - Você vai nos matar, pare o carro. – Gritou e finalmente conseguiu empurrar a perna dela no freio.

Isso acarretou em uma chacoalhada para frente, mas nada que fosse tão grave. Ainda bem que o bebê estava preso e não se machucou.

- Eu te perdoo. Vamos entrar e ... – O bebê começou a chorar completamente irritado. - Vamos fazer o melhor pro nosso filho, não faz isso. – Tentou tranquiliza-la, mas não obteve resultado, já que o celular da mulher voltou a tocar e algo despertou nela.

Percebendo que não conseguiria dialogar e chegar a um consenso, se apressou quando ela saiu decidida a abrir o portão. Aproveitando a deixa, conseguiu tirar o bebê do carro, saindo depressa e tentando proteger o pequeno das gotas de chuva.

- Ele vai ficar. Você não vai tirar meu filho. – Continuou o homem, encarando a mulher. - Você não tem esse direito.

- Ele não é seu filho. – Gritou enfurecida. - Eu vou tirar tudo de você e vai ser obrigado a dar ele para mim. - Os olhos vermelhos da mulher denunciavam sua volta ao mundo dos entorpecentes.

- Selene, por favor. – Pediu ele calmamente. - Podemos resolver isso juntos. Vamos entrar, não cometa alguma loucura que possa se arrepender depois. – Apesar da fúria anterior, seu tom saiu calmo e quase gentil, tentando confortar e fazer a mulher mudar de idéia. - Não faz isso, é perigoso. Podemos conversar e resolver isso da melhor maneira.

- Isso ainda não acabou. – Foi tudo que ela disse antes de entrar no carro e ir embora, acelerando como se estivesse em fuga.

Essa também foi a última coisa que ele ouviu ela dizer naquele dia chuvoso. Policiais chegaram em sua casa horas depois, relatando o acidente de sua companheira que estava acompanhada de um homem. Mesmo sendo socorridos, não conseguiram fazer muito por eles, pela gravidade da batida. Não havia mais o que fazer, ela tinha escolhido ir, mesmo quando ele implorou para ficar.

Seu relacionamento com a mulher se iniciou de uma forma acidental quase cinco anos atrás, uma noite que resultou em uma gravidez. Mesmo tentando manter o relacionamento por um tempo e tentando ajudar a mulher, eles nunca chegaram a ter aquilo que muitos almejam em um relacionamento, o amor.

O homem não conseguiu se perdoar por isso. Resolveu criar um muro ao redor de si, protegendo seu coração e também todos aqueles que amava.

O segredo que foi revelado naquela noite, acabou sendo enterrado ali também. O elo entre pai e filho que se formou aquele dia, jamais poderia ser quebrado. Ele fez um juramento a si e ao bebê enquanto voltavam a mansão, que faria de tudo para manter aquele pequeno ser a salvo. Que se fosse preciso, daria sua vida para proteger aqueles a quem lhe foi confiado a paternidade. Ninguém poderia fazer mal a eles e que os protegeria independente de qualquer coisa, mesmo que isso o colocasse em perigo.

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