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Nuta era um modesto vilarejo situado às margens do pequeno rio Vorter, cercado por colinas verdejantes que escondiam as sombras da guerra. Apesar de pequeno, o vilarejo abrigava almas resilientes que lutavam diariamente para preservar sua cultura e sobrevivência. Athor, o líder da comunidade, era um homem de postura imponente e presença marcante. Alto, de cabelos negros e pele bronzeada, sua fama como um mestre da lâmina o tornava não apenas admirado, mas também temido. Ele era o tipo de homem que, mesmo no silêncio, emanava respeito e autoridade.
Darka, sua esposa, não era menos extraordinária. Seu corpo esguio e seus cabelos negros, característicos dos metamorfos, refletiam uma força que transcendia a habilidade física. Dotada de inteligência e carisma, ela era conhecida por sua sabedoria e pela calma determinação com que encarava as adversidades. Seu papel no vilarejo era tão central quanto o de Athor, e juntos formavam um casal que simbolizava resistência e esperança em tempos sombrios.
Entre eles estava Morpheus, o único filho do casal. Desde pequeno, sua presença exalava algo diferente. Seus cabelos marrons, uma peculiaridade rara entre os metamorfos, faziam com que ele se destacasse de maneira sutil, mas não menos intrigante. Ainda muito jovem, ele já demonstrava sinais de possuir habilidades extraordinárias, muito além do que se esperaria de um garoto de sua idade.
1. Os Laços dos Metamorfos e o Preço da Sobrevivência
Os metamorfos, uma raça singular entre os povos oprimidos por Hurok, eram conhecidos por sua habilidade de assumir a forma de qualquer ser. Contudo, essa dádiva que outrora os tornara temidos agora os condenava. Durante a ascensão de Hurok, os metamorfos foram declarados inimigos do Império, sendo caçados e dizimados. Seus assentamentos foram reduzidos a cinzas, e os poucos que restavam estavam obrigados a viver ocultos, tentando preservar sua existência em silêncio.
Darka carregava em seus olhos a dor do que seu povo havia perdido, mas também a determinação de proteger sua família. Athor, embora fosse um guerreiro experiente, sabia que apenas força não seria suficiente para enfrentar o Império. Como líder, ele tomava decisões calculadas, sempre priorizando a sobrevivência e segurança da sua comunidade. Ambos compreendiam o imenso peso de criar um filho em tempos tão incertos, mas encontravam forças na esperança que o pequeno Morpheus trazia.
Foi em um inverno particularmente rigoroso que essa esperança começou a ganhar novas dimensões. Com apenas três anos, enquanto brincava inocentemente na neve com seus pais, Morpheus fez algo extraordinário. Do nada, um calor intenso emanou dele, derretendo o gelo ao redor e revelando um círculo de terra exposta. O evento durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para deixar Athor e Darka inquietos. Não era apenas o fenômeno em si, mas a possibilidade de que aquilo marcasse o início de algo muito maior - ou perigoso.
Os anos seguintes trouxeram novas revelações. Aos cinco anos, durante um dia tranquilo ao longo do rio Vorter, algo semelhante aconteceu. Enquanto brincava, pequenas bolhas de água começaram a se erguer ao seu redor, flutuando como se obedecessem à sua vontade. A magia de Morpheus, ainda instável e imprevisível, não deixava dúvidas de que havia algo extraordinário nele. Ao mesmo tempo, essa força fascinante também trazia consigo medo - não apenas pelo que poderia significar para a criança, mas pelos perigos que isso poderia atrair para todos à sua volta.
Entre os metamorfos, essas manifestações mágicas eram vistas como presságios. Uma antiga profecia circulava entre eles, afirmando que metamorfos portadores de magia estavam destinados à ruína ou à grandeza. Porém, a grandeza sempre fora mais uma lenda do que uma realidade. Apenas um metamorfo na história havia superado as expectativas da profecia e alcançado feitos extraordinários: Kaelor, o Impassível, um guerreiro e estrategista que liderou as forças mágicas na batalha das Planícies Cinzentas.
Kaelor era conhecido não apenas por sua habilidade de se transformar, mas também por sua magia excepcional e liderança inabalável, qualidades que uniram raças divergentes em um breve momento de resistência contra os antigos opressores mágicos. Mesmo assim, a história de Kaelor terminou tragicamente, pois sua glória foi seguida por uma traição que o levou à morte. Desde então, os metamorfos mágicos eram mais frequentemente considerados uma maldição - um perigo para si mesmos e para aqueles ao redor.
Temerosos de que as habilidades de Morpheus fossem mais uma maldição do que uma dádiva, Athor e Darka tomaram medidas drásticas. Mudaram-se para uma área isolada do vilarejo, erguendo uma cabana entre colinas que ofereciam pouca visibilidade para curiosos. Eles reforçaram as regras:
- Morpheus não deveria usar magia em público, nem mesmo nas brincadeiras mais inocentes.
- A transformação deveria ser praticada apenas sob supervisão de Darka, sempre com cuidado para não chamar atenção.
Apesar de jovem, Morpheus obedecia, compreendendo em sua inocência que havia algo incomum e perigoso em si mesmo.
Aos doze anos, Morpheus já havia aprimorado sua habilidade natural como metamorfo. Sob as orientações rigorosas de sua mãe, ele havia aprendido a transformar-se com precisão. Darka o ensinava com paciência, destacando os limites e riscos do dom:
- Nunca tentar reproduzir alguém com diferenças físicas muito grandes, pois isso causaria dor excruciante ao corpo.
- Transformações mais duradouras exigiam um vínculo com algo pertencente à pessoa - um objeto ou fragmento de DNA.
- A metamorfose era um dom baseado na precisão, e um erro pequeno poderia comprometer todo o disfarce.
Morpheus se destacou pela habilidade de copiar traços e maneirismos, embora sua mãe o advertisse sobre os perigos de se perder na identidade de outra pessoa. Para Darka, o maior risco da metamorfose era esquecer quem você realmente era.
Ainda assim, o jovem revelava uma inteligência notável, dominando os princípios de sua transformação de maneira impecável. Ele dedicava-se com afinco, praticando os ensinamentos enquanto mantinha uma rotina simples de trabalho no pequeno sítio da família.
Apesar de suas interações limitadas com os outros jovens do vilarejo, Morpheus carregava uma curiosidade latente pelo mundo além das colinas. Mas o medo silencioso de seus pais pelo cumprimento da profecia de ruína o mantinha confinado - protegido, mas também aprisionado.
2. Um Inverno Memorável
O inverno havia envolvido o vilarejo de Nuta em um frio cortante, onde o branco da neve contrastava com os tímidos sinais de vida que insistiam em perdurar. Apesar disso, a rotina seguia como sempre. Athor, com sua postura imponente e movimentos calculados, cuidava dos animais com a mesma destreza com que empunhava sua lâmina. Darka, por sua vez, ocupava-se na pequena cabana, onde o aroma de especiarias começava a encher o ar enquanto ela preparava o jantar.
Morpheus, como de costume, auxiliava seus pais onde podia. Naquele dia, foi enviado por seu pai para buscar lenha. Com um pequeno machado em mãos e uma cesta de vime presa ao ombro, ele partiu em direção à floresta, uma área que conhecia tão bem quanto os próprios arredores de sua casa.
Embora fosse um garoto obediente, sua curiosidade frequentemente o levava além do esperado. Conforme adentrava mais na floresta, os troncos das árvores pareciam abraçá-lo com sua imensidão, e o som de seus próprios passos na neve era quase hipnotizante. Ele demorou-se, observando pequenos esquilos subindo pelos galhos e o rastro de aves migratórias no céu.
Quando finalmente decidiu retornar, percebeu algo incomum. O cheiro de fumaça, inicialmente sutil, tornou-se mais forte a cada passo. Morpheus parou, levantando o olhar para os céus. Nuvens cinzentas subiam em diversas direções, manchando o azul pálido do dia.
Seu coração acelerou. Sem pensar duas vezes, apressou-se em direção à cabana de sua família. Cada passo parecia mais pesado, como se o vento frio conspirasse contra ele, retardando sua chegada. Ao alcançar o pequeno sítio, a visão foi desconcertante: a cabana estava vazia, as cinzas ainda quentes na lareira indicando que seus pais haviam partido há pouco.
Morpheus olhou ao redor, tentando entender a situação. Não havia sinal de Athor ou Darka, mas ele sabia que algo estava errado. Com sua mente correndo em várias direções, deduziu que seus pais deviam ter ido ao vilarejo para ajudar. Era a única explicação lógica, e ele precisava encontrá-los.
Largando o machado e a cesta no chão, Morpheus correu. O caminho até o centro de Nuta parecia mais longo do que nunca. Perguntas tomavam conta de sua mente enquanto ele sentia a adrenalina pulsando. *O que causou o incêndio? Foi algum acidente? Será que seus pais estavam seguros?
Quando finalmente chegou, deparou-se com o caos. O vilarejo que antes conhecia tão bem agora era quase irreconhecível. Corpos estavam espalhados pelo chão, cobertos por neve vermelha de sangue. As chamas consumiam as casas, transformando madeira e telhados em cinzas. Soldados, com armaduras pesadas e espadas desembainhadas, atacavam qualquer um que resistisse.
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