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Contos cômicos: 10 contos para rir

Contos cômicos: 10 contos para rir

Assis Silva

4.8
Comentário(s)
9.3K
Leituras
9
Capítulo

O autor Assis Silva reuniu diversas histórias muito engraçadas e as transformou contos, dando um presente aos seus leitores que gostam de histórias humoradas.

Capítulo 1 Prefácio

Os dez contos selecionados apresentam um toque de humor, que levam não só o leitor a se deliciar em boas histórias, assim como o leva a dar boas gargalhadas.

Não é um humor sem conteúdo, que busca simplesmente o riso, mas um humor que leva a reflexão. A prova disso é o texto de abertura: “A traição”. Uma cena que busca o trágico e ao mesmo tempo traz um fundo de humor, levando o leitor a refletir sobre a paixão. Ou ainda em “Entendedores de Deus”, trazendo à tona o tema sobre a diversidade religiosa e o respeito que se deve ter frente a esse tema, às vezes, espinhoso.

O livro tem a pretensão, com suas narrativas, de levar um pouco de sorriso, mas sem deixar de tocar em temas importantes para a sociedade.

Assis Silva

A traição

Um silêncio pairava sobre o apartamento, as luzes estavam desligadas, parecia não haver ninguém. Um homem chega em frente do prédio, olha fixamente para as janelas de um apartamento, dá uma longa respirada e chega próximo ao portão. O portão se abre.

— Boa noite, seu Marcelo!

— Boa noite! Responde o homem com os olhos arregalados. Pensei que o senhor só voltaria na semana que vem.

— Pois é, voltei mais cedo, aconteceram uns contratempos.

O porteiro, não sei porquê, assim que avistou o homem pegou o interfone e ficou segurando durante a conversa. Continuou o homem, que parecia cansado da viagem:

— Vim sem avisar ninguém, queria fazer uma surpresa a Janice...

— Ela, sem dúvida, ficará surpresa — interrompeu o porteiro.

O homem se retirou. Entrou no elevador e apertou o número 9. Conforme subia, ia tirando o paletó e afrouxando a gravata. Saiu do elevador já em frente de seu apartamento. Abriu a porta, estava escuro, ouviu uma música vinda do segundo andar...o interfone tocou.

— Pois não!

— Desculpe seu João, disquei o número errado.

Franziu a testa, achou estranho, pois o porteiro nunca errava o número dos apartamentos, apenas respondeu, tudo bem. Sentou-se no sofá, não acendeu as luzes, ficou ali um minuto — a música no segundo andar não parava—, tirou seu revólver e seu distintivo de policial e pôs na mesinha de centro. Mudou de ideia. Levantou-se, recolheu apenas o revólver e subiu para o segundo andar. Estava cansado. A porta estava entreaberta,

apenas a luz do abajur iluminava o quarto.

No corredor, a música parou e do quarto vinham suspiros e gemidos. Foi caminhando devagar com o revólver em punho. Empurrou a porta. Na cama, estava sua jovem e linda esposa com um jovem e lindo rapaz. O jovem o viu primeiro, empurrou-a. Virando-se, ela também o percebeu; ele estava imóvel parado e trancando a saída pela porta.

A mulher não disse nada, fugiu pela janela; o homem, sentiu pela primeira vez o gosto de chumbo

descarregado de forma covarde e sem nenhuma palavra. E, ali, antes de fechar os olhos para sempre, entendeu que ela não o amava, só queria seu corpo, pois se não, teria ficado com ele, e partilhado o gosto

amargo e ardente das balas. Mas preferiu fugir pela janela, sem se importar com a

altura de nove andares.

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