O fim das eras.

Este é o 686ºA.Ô(ano de ômega), 06 de junho. Atualmente se tem o conhecimento de que há milhares de dimensões. No entanto, as três mais movimentadas são: 001 171 e 666. Elas são respectivamente conhecidas como Céu, Terra e Inferno (lar de satã). Nessas dimensões habitam seres dos mais complexos aos mais simples. Na 1ª dimensão se encontram os Ortus, seres completamente espirituais que guardam as fronteiras entre as dimensões. Na Terra vivemos nós, mas não pense que estamos sozinhos.

Conosco 'vivem', os Capiaturs, seres da milésima dimensão chamada Ômega que tinha fronteira muito próxima a Terra, antes da Grande Explosão (que torna a segunda guerra mundial briga de criança se comparada a ela). No Inferno, você deve imaginar como é. Mas não é assim. Eles têm um império reinado por Satã San, o satã mais poderoso dentre todos eles. Os habitantes de 666 são chamados Maledictus, 'amaldiçoados por satã', ou, simplesmente, de satãs. Essa dimensão é o oposto de 001, é pra onde vão todos aqueles que não têm o bem dentro de si.

Você deve estar se perguntando o que houve com Ômega. Pois bem, para entender Ômega é preciso saber que há humanos, espíritos e intermediários. Os homens, ou humanos, são os que habitam a Terra. Entretanto esses homens estão divididos em classes de acordo com o seu nível de aproximação com o Grande Poder Divino. Os humanos têm espírito, ou alma, presos ao seu corpo físico enquanto estiverem vivos. E uma áurea, que é manifestação desse espírito. Quando o corpo morre, a alma se desprende do corpo e a tendência é que ela ascenda ao Céu. Porém em alguns casos o espírito ainda está fortemente conectado com essa dimensão, a 171. Se isso ocorre, em condições normais, esse espírito fica em 'retiro' na dimensão Ômega, porque já não há corpo que o possa manter na Terra.

Os espíritos que não ascendem ao Céu, são os Capiaturs, são presos entre a existência humana e iluminação espiritual. Os Ortus são os espíritos que, em casos raros, tornam-se guardiões das fronteiras entre as dimensões e são responsáveis pela guarda dos espíritos fracos lutando, até, de frente contra os maledictus. Antigamente, o trabalho dos ortus não era tão intenso, mas há 686 anos tudo isso mudou por causa da ambição de um intermediário influenciado por Satã San. Não foi da noite para o dia, mas, Albert Maxiluz causou o rompimento das barreiras de Ômega.

Um intermediário é um humano que pode tocar outras dimensões a partir da Terra, pois todas estão interligadas. Ele pode ainda influenciar os Capiaturs para o bem ou mal, dependendo de qual vertente o influente siga. Todos achavam que esse intermediário do mal já havia sido contido pelos Ortus e que estaria a tempos na dimensão 666. Há várias classes de intermediários, ou como dizem os leigos: médiuns. Existem médiuns: sensíveis; auditivos; visuais e influentes.

Os sensíveis, que são a maioria dos médiuns, apenas sentem a áurea dos capiaturs, maledictus e dos humanos. Os auditivos podem ouvir e falar com os espíritos, mesmo sem vê-los, que é a diferença entre o auditivo e o médium visual. Os influentes, raríssimos, e que nunca haviam surgido dois em uma mesma geração, são os humanos com a maior quantidade de o Grande Poder Divino em si. Esses são os responsáveis pelo encaminho dos capiaturs que atravessam sua sorte. Apesar de ser preciso um evento com espíritos não esperados para que o Poder se manifeste nos influentes, ao contrário dos outros, com pouco de treino e muita leitura, um influente rapidamente se torna mais forte.

Há ainda uma classe extra de médiuns que, normalmente, é deixada de fora dos livros. Os intermediários psíquicos são influentes que veem a linha do tempo de acordo com a realidade em que se encontra. Esses só aparecem quando algo muito problemático está para acontecer. Ou, se, na remota possibilidade de dois influentes de sexos opostos se encontrarem em uma mesma geração, uma criança for gerada por eles. E isso aconteceu, vejamos...

Em uma linda tarde ensolarada, no Parque de Santa Rosa, uma jovem mulher, trabalhava como vidente em uma barraca. Quando, de repente, ela começa a sentir um terrível calafrio e a ter, o que ela pensava que fossem, alucinações. Ela via grandes sombras, com algo parecido com rostos. Em dado momento, uma dessas sombras tentou lhe tocar e falar com ela, e com isso ela desmaiou. Um casal que estava a receber "consulta" da vidente, apesar de aturdidos com a situação, socorreram e levaram-na para o hospital mais próximo. Chegando lá a jovem foi atendida prontamente por um curandeiro. Cerca de 30 minutos após sua entrada ela acordou. Enquanto ela despertava, o curandeiro observa-a. Era uma jovem de provavelmente, diria Alma de Pássaro (o curandeiro), 20 anos de idade, com a pele morena, cabelos lilás e de cachos volumosos.

Ao despertar, Sarah se viu em uma má situação. Estava deitada em uma maca e um senhor, que beirava os 50 anos, de pele escura e vestes brancas como seus cabelos a observava.

- Com licença. - Disse Sarah, um pouco encabulada- Como cheguei aqui?

- Também gostaria de entender - disse o homem a sua frente - O casal que a trouxe, disse-me que vocês estavam em um parque e que a senhora desmaiou. Por um acaso, a senhora está gestante?

-O quê? -Sarah disse com os olhos esbugalhados. - Não há como. Não tenho relações há quase um ano.

- Ah, claro. Eu gostaria de fazer algumas perguntas.

- Responderei se o senhor responder as minhas antes - disse Sarah interrompendo Alma.

- Mais é claro, minha cara. O que deseja saber?

- Onde estou? Como cheguei aqui? Quando poderei sair? Quem é o senhor? E, entraram em contato com algum familiar? - Sarah terminou ofegante, o que deixou o curandeiro risonho.

-Você está em um hospital, mais especificamente, no Hospital e Maternidade Santa Orquídea. Como já falei o casal que estava contigo trouxeste-te. Terás alta ainda hoje e não conseguimos contato com nenhum familiar por que não sabíamos quem a senhorita é. Chamo-me Alma de Pássaro e sou seu curandeiro por hoje. - Concluiu com um sorriso amistoso que só os médicos sabem fazer. Ao se dar conta de que seus pertences estavam na mochila em seu armário da barraca, Sarah prontamente se apresentou.

- Me chamo Sarah, Sarah Mercant. Trabalho no Parque de Santa Rosa como vidente, apesar de não o ser. E gostaria de saber o que tem de errado comigo. - disse Sarah com a voz ao mesmo tempo cansada e triste.

- Minha querida. Ainda não há como saber. Foi colhido seu sangue e seus exames serão entregues logo. Enquanto isso, você me deve respostas. - Sarah corou, pois se deu conta de que não havia respondido e nem havia dado chances a Alma para lhe fazer-lhe perguntas. Então apenas balançou a cabeça positivamente.

- Pra começar me conte do que você se lembra. - Sarah forçou um pouco a memória até que conseguiu lembrar-se, e não podia acreditar.

-Eu estava no parque com os clientes, eles se chamam Michael e Alex. Queriam previsões para saber se uma criança estava em seu destino, pois queriam ter pelo menos um filho. Foi quando senti terríveis calafrios e algo como uma mão no meu ombro. Quando olhei pra trás acho que vi um rosto em meio a sombras e várias sombras enormes tentando me falar algo. Eu, pelo menos senti que queriam falar. E então eu ouvi um grito, acho que meu, e desmaiei. - Sarah estava confusa com as próprias palavras e ao olhar para Alma não conseguiu decifrar sua expressão.

- Minha jovem. Algo parecido já aconteceu? Vozes, sombras, sonhos estranhos?

- Pensando bem. Esta semana vi sombras no espelho, mas achei que fosse apenas o sono. - Alma estava perplexo. Seria uma grande coincidência ter ocorrido isso em seu turno, mas aconteceu.

- Minha jovem, você é intermediária. Resta-nos descobrir o quão poderosa é. - Sarah estava em choque. Como? Como ela nunca percebeu?

- Querida? Querida? Está bem? - Sarah divagava sem perceber.

- Oh, sim. Estava pensando. Como nunca descobri? Como nunca percebi? Por que eu?

-Minha linda, não há como saber. O destino gosta de brincar conosco.

-Como vou saber o nível do meu poder?

- Você terá que se concentrar e convocar capiaturs. Não posso te dizer como, você terá que descobrir.

- Hmnn. - Então Sarah se concentrou. Após alguns segundos ela começou a ouvir uma voz como que pedindo ajuda. E de repente a sombra surgiu a sua frente e ela viu uma menina de olhos cor de mel como os delas e de pele e cabeços claros. Conversaram por um tempo e a menina se transformou em um ponto de luz e voou pela janela. Alma assistia a tudo maravilhado.

- Querida. Você estava conversando. E isso é incrível.

- Eu vi, eu vi uma linda garotinha que virou uma luzinha parecendo um Vagalume. Foi lindo. - Sarah deixou escapar uma lágrima. Alma ficou estático tentando assimilar.

- Sarah, você é uma influente! Não acredito!

- E nem eu! É uma grande responsabilidade. Não sei o que fazer. Como posso ser uma influente se mal conheço o mundo das dimensões?- Sarah se sentia perdida.

- Você me daria à honra de ser seu mentor?

- Sim. Irei precisar. Obrigada. - Uma enfermeira chegou com os exames e Alma prontamente os verificou.

- Você está liberada com a condição de que me prometa que voltará para conversarmos.

- Sim. Foi e será um prazer Senhor. Até mais- Deram as mãos e Sarah saiu com a certeza de que algo grande aconteceria com ela.