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Valentina
Os últimos dois anos, trabalhando em Manaus, cuidando de crianças em aldeias indígenas, não apenas contribuíram para que eu tivesse a certeza, de que estava no caminho certo, como me fez perceber que a pediatria não era apenas o sonho do meu pai. Meus pais, sempre foram o meu apoio, desde criança. Na adolescência, quando passei a fazer trabalho comunitário com minha mãe e na juventude, quando aos 17 saí de casa, para morar sozinha e começar a faculdade de medicina na USP. Papai, como sempre foi contra, já que quando iniciei a faculdade, ele estava em seu primeiro mandato como Senador pelo Estado de São Paulo. A política chegou na vida do homem mais importante da minha vida, por acaso e mesmo com as brigas que meus pais muitas vezes tinham por conta disso, papai amava a política honesta e limpa que sempre fez. A história de amor dos meus pais, não eram como as dos contos de fadas que eu lia quando pequena. Descobri, após adulta, que a relação deles nem sempre foi perfeita, mamãe tentou a todo custo esconder seu passado feio como ela costumava falar. Entretanto, nada disso fez com que o amor que ambos sentiam, fosse abalado. Ao contrário, apenas fortaleceu o casamento que já durava 21 anos e desse amor, nasceu eu e meus dois irmãos mais novos: Sofia e Leandro. Eu estava com 28 anos, terminei minha especialização três anos atrás e antes de assumir a diretoria da ala pediátrica do hospital da família, decidi, assim como meu pai, trabalhar como médica sem fronteiras. Enquanto eu me especializei em pediatria, meus irmãos estavam entrando no terceiro ano da faculdade de medicina e logo fariam residência no hospital da família Martinez, enquanto eu seguia meu trabalho em Manaus. Aqui na cidade, morava junto do meu namorado: Mateus, herdeiro assim como eu assumiria a presidência do hospital da sua família. Estudamos juntos desde a infância até a faculdade e ele foi meu primeiro namorado. Nossa relação não era das melhores, já que brigamos e terminamos tantas vezes, que minha mãe me dizia que se não estava dando certo, o melhor era separar de uma vez e cada um seguir o seu caminho. Contudo, Mateus todas às vezes me dizia que iria mudar, que eu precisava entender a pressão que ele sofria, que ao contrário de mim, por ser homem, tinha muito mais responsabilidades perante sua família. Meu pai vivia cobrando nosso noivado, enquanto eu inventava mil e uma desculpas para adiar. Agora, enquanto esperava por ele, senti um aperto no meu peito. Um medo que apareceu do nada, quando acordei assustada, após ter um pesadelo horrível com meus pais. Papai agora era o presidente do país, em seu primeiro mandato, com uma aprovação de 80% do seu eleitorado e eu não poderia ter mais orgulho do homem que ele era. Meu telefone fixo tocou, andei apressada até a mesinha de cabeceira que ficava em meu quarto. Aqui em Manaus, optamos em morar em apartamento, já que ficava mais tempo trabalhando do que em casa. Tirei o fone do gancho e ao dizer “alô” ouvi a voz da minha mãe do outro lado da linha. Ao ouvir a notícia que ela me deu, tive que me sentar no colchão para não desabar ali mesmo em meio ao meu quarto. Ouvia com atenção, deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto, enquanto ouvia a tragédia que se abateu na minha família e agora eu teria que voltar para São Paulo e tentar ser forte para lidar com essa situação que ninguém esperava.
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