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Capítulo

O amor não escolhe pela aparência, não escolhe pelo seu vestimento, escolhe pelo caráter, escolhe pela paixão e principalmente escolhe pelo coração, eram esses os pensamentos de Allyson Miller, ela sempre foi uma garota que se sentia estranha vestindo vestidos e saia, usando blusas decotadas, seu gosto por roupas sempre foi diferente e isso refletiu infelizmente no que as pessoas acham dela principalmente sua mãe. Já o Henry Owen é o oposto de ally, extrovertido,sorridente,com um coração quebrado, mas colado pelos seus amigos. Entre e embarque nessa história de superação contra o preconceito e principalmente na luta pelo amor de duas pessoas completamente diferentes.

Capítulo 1 O início

ALLYSON MILLER

Acordo sentindo um braço em cima, olho para o lado e vejo meu irmão quase em cima das minhas costas. O empurrei para o outro lado, quase o fazendo cair, o filho da puta nem acordou. Olhei o relógio em cima da mesinha do lado da minha cama e, puta que pariu, já passou das 08:00... Droga, perdi meu primeiro dia de aula... Olho para o morto do meu irmão e começo a sacudi-lo.

"Ei peste, acorda, nossa mãe vai nos matar."

Dou um tapa em seu braço.

"Cala boca Ally."

Ele se vira para o outro lado da cama, então o empurro com o pé, fazendo assim, ele cair de cara no chão...

Meu irmão acordou assustado e me olhou irritado.

"PUTA QUE PARIU TA LOUCA PORRA?"

"Eu disse que era para acordar, mas parece que você é surdo."

"O que você quer? Por que me acordou tão cedo? Espero que tenha alguma razão muito boa."

"Claro que sim, hoje era nosso primeiro dia de aula e estamos dormindo, não dou dois minutos para nossa querida mãe nos chamar."

Assim que disse isso, escuto ela gritar por nós dois.

"ALLYSON... ALEX."

"OI MÃE, O QUE FOI?"

Escutamos os passos da nossa mãe e então ela entra no quarto e vê nossas caras amassadas de sono.

"Muito bonito isso, hein? Perderam o primeiro dia de aula. Estou decepcionada com você Alex, já não basta ter uma filha que mais parece um menino e que não me respeita dentro da minha própria casa, agora tenho um filho que não me respeita como a irmã. Você, Allyson, deveria parar de querer levar seu irmão para o mal caminho."

Eu comecei a rir sarcasticamente das idiotices que essa mulher que se diz minha mãe fala.

"Eu levei Alex Miller para o mal caminho? Você só pode estar brincando comigo... Que você não gosta de mim eu até entendo, mas não pense em colocar a culpa em mim se meu querido irmão não é o santo que você tanto imagina, senhora Miller."

Nos encaramos, ela com sua cara feia e eu com meu típico sorriso debochado.

"Chega vocês duas. Mãe, a senhora sabe muito bem que a Ally nunca me levou para mal caminho nenhum, eu já me cansei das brigas de vocês duas, será que não podem uma vez na vida agirem como pessoas normais dentro dessa casa? Ally, pare de retrucar nossa mãe, você parece gostar disso."

Minha mãe ficou frustrada, afinal o bebê dela, o preferido dela, não segue mais o padrão que ela impôs. Nessa casa, os únicos que me amam e me aceitam como sou são meu pai e meu irmão, porque se dependesse dela, ela não teria um casal de gêmeos e só seria meu irmão. Nunca fui a princesa que ela queria, a boneca que ela queria montar, sempre gostei de carrinhos, cabelos curtos e coisas que são de "meninos", como se brinquedos e roupas definissem o que é menino e menina, mas na cabeça dessa doida, que chamo de mãe, isso é importante... Que ela pegue esse preconceito dela e enfie ele no cu.

"Como ousa me retrucar garoto? Já te falei para não acompanhar sua irmã sem futuro. Olha só para você, perdeu o primeiro dia de aula por que saiu com ela, agora vai para o seu quarto, preciso conversar a sós com sua irmã."

Meu irmão me olhou, eu apenas balancei a cabeça e apontei para a saída, ele saiu e ficamos eu e minha querida mãe.

"Diga Srª Miller, que honra é essa?"

Minha mãe me olhou com sangue nos olhos.

"Não seja sarcástica comigo Allyson, estamos sozinhas agora, então preste atenção no que vou falar com você..." Ela chegou mais perto de mim. "Você vai para um colégio interno, você irá para bem longe do seu irmão, caso faça o que eu mando, aumento sua mesada... O que me diz?"

Sinto meu sangue ferver. Essa bruxa realmente me odeia tanto assim? Porra, sou tua filha.

"Quer que eu vá para longe do meu irmão e do meu pai? Está louca se acha que vai se livrar de mim tão fácil... Primeiro, não é você quem me dá mesada. Segundo, eu tenho meu próprio dinheiro, afinal, eu trabalho para isso. Terceiro, mas não menos importante, EU. NÃO. VOU. EMBORA, esqueça isso querida mãe."

Aumentei meu sorriso e a empurrei para longe.

"Você quer testar minha paciência Ally? Não faça isso, você sabe que irá perder."

"Veremos querida mamãe. Agora saia do meu quarto e pode cancelar minha matrícula, caso já tenha feito, não irei embora dessa casa nunca."

Ela sai do meu quarto e eu fecho a porta a trancando, sento no chão e me acabo de chorar, soltando tudo aquilo que estava preso em mim por tantos anos. Sou uma pessoa andrógina, gosto de coisas masculinas, isso não me faz diferente de ninguém, mas desde uma mentira muito bem contada feita por pessoas que se diziam minhas amigas, minha vida virou um inferno em casa. Minha mãe simplesmente não acreditou em mim, preferiu acreditar nas mentiras do que na própria filha, alem de dizer o quanto sente nojo pelo meu corpo nascer diferente, que espécie de mãe eu fui ter? Meu pai é um homem de muita paciência para ter se casado com um lixo como esse.

Escutei batidas na porta do meu quarto, nem sei que horas são, me levanto e abro a porta, meu irmão entra me abraçando e eu solto mais lágrimas.

"Pequena, me perdoa? Sou um péssimo irmão, eu deveria cuidar de você, sendo o mais velho e, simplesmente abaixei a cabeça. Me perdoa por não ter feito muita coisa quando te atacaram na escola, eu nunca mais vou permitir isso Ally, eu prometo te proteger. Chora tudo que estiver sentindo irmã, depois vamos conversar sobre uma possibilidade, ok?"

Levanto minha cabeça e o olho estranhamente.

"O que quer dizer com uma possibilidade?"

Meu irmão suspira e então solta uma bela bomba.

"Bom, ela já tinha comentado comigo sobre ir para o internato, mas como eu não dei bola, acabei não falando com você. O meu é só para meninos e o que ela queria te matricular só tem meninas, então pensei na possibilidade de você ir para o internato no meu lugar, pois sei o quanto você ama futebol e música e, na nossa escola, não tem mais o futebol feminino e no masculino não te deixam entrar. Portanto, enquanto eu fujo com a minha banda para fazer show em Amsterdã e em alguns outros lugares no mundo, você pode me substituir e ficar lá, pois farei uma turnê de um ano, o que me diz?"

"Turnê? Show? Desde quando você tem uma banda, Alex? E por que nunca me contou?"

"Peço desculpas Ally, mas era para ser um segredo até a banda dar certo, depois que conseguimos uma gravadora, iríamos começar a turnê do novo álbum que lançamos... Provavelmente já me escutou nas rádios, mas ainda não sabia que era eu, tirando que você nem olha redes sociais. Enfim, eu tenho essa banda com o Jhony, Brenner e Caio, todos eles você conhece certo?"

Eu assenti, ainda assustada por tanta informação.

"Então, como faremos isso sem que nossos pais descubram? Porque nossa mãe não é burra."

"Já pensei nisso. Eu tenho uma amiga chamada Katy, ela se parece bastante com você e me deve um favor. Pedirei a ela que fique no seu lugar no internato enquanto você fica no meu, é só por um ano, então não precisaria continuar no meu lugar, a não ser que você queira, afinal é um lugar cheio de homens e futebol, que é sua grande paixão, e, eu vejo o quanto você aprecia a bunda do nosso professor de educação física."

Meu rosto esquenta.

"Ta legal, entendi, não precisa lembrar. Enfim, acho que podemos fazer isso, quando a mudança ocorrerá?"

"Vou jogar um verde na nossa mãe, para saber quando iremos mudar e, assim, programo o plano."

"Acha mesmo que sua amiga vai topar fingir ser outra pessoa?"

"Tenho certeza que sim. Outra coisa, precisamos ver como funcionam os internatos e se nossa mãe precisa enviar fotos nossas para lá. Caso seja necessário, iremos trocar a minha foto pela sua."

Assenti e senti minha mente mais leve. Me livrar da minha mãe é um sonho. Depois de um tempo, meu irmão foi para seu quarto e eu fui comer alguma coisa. Desci e vi que a casa estava vazia. Meu pai saía para trabalhar cedo e nossa mãe era apenas a dona da casa, nunca gostou de trabalhar, sempre viveu do dinheiro suado do meu pai que, graças a Deus, nunca deixou nossa família passar necessidade, sempre deu do bom e do melhor para toda família, porque se dependesse da nossa mãe... Bom, faço dois sanduíches e um copo de Toddy, subo as escadas, sento na mesinha do meu computador e tomo meu café da manhã tranquilamente até receber uma mensagem, assim que olho, vejo que é um número desconhecido.

Quase todos os dias recebo mensagens de idiotas desse nível baixo. Talvez seja bom sair da minha escola e dessa casa, ou então ficarei louca Olho para meus braços onde tem vários cortes de tentativas de suicídio falhas, nem morrer eu consigo, talvez eu apenas tenha um anjo da guarda muito bom.

***************

COLÉGIO LEXVILL

HENRY OWEN

Merda, minha cabeça dói e acho que sei o motivo, talvez seja por causa das bebidas da festa de ontem, só talvez. Abro meus olhos de forma sonolenta e vejo a bagunça que está meu dormitório. Ontem teve a festa da fraternidade da escola, da qual sou o criador. Todo começo de semestre eu faço uma festa para comemorar, com estilo, mais um ano nessa merda. Claro, dou um jeito de por meninas aqui dentro também, afinal eu sou um homem que gosta de aproveitar a vida da melhor maneira possível.

"Seu puto, olha a merda desse quarto, esqueceu que esse ano você vai ter um colega de quarto?"

Olho para a pessoa cuja voz parece estar gritando na minha mente e vejo Brian, meu melhor amigo.

"Calado, minha cabeça dói e sinto que não vou sobreviver hoje se eu não dormir bem, afinal, segunda temos aula."

"Tem que doer mesmo. Eu te avisei pra não fazer uma festa, mas parece que você só escuta se forem os gemidos de uma mulher, o resto você ignora com força."

Solto uma gargalhada, ele me conhece tão bem.

"Desculpa, minha esposa, acho que extrapolei, não puna seu marido."

Sinto um travesseiro na cara e me levanto assustado.

"Não me estressa Henry. Levanta, escova os dentes e toma um banho pois você está fedendo. Venha me encontrar na cantina para tomarmos o café da manhã, não demora, temos que falar sobre o novo time."

Eu assenti e então Brian se foi. Fiquei me situando no mundo e depois resolvi me levantar, me dou uma cheirada e, puta merda, de fato estou fedendo a cheiro de perfume de mulher barato e bebida. A única parte ruim de ir a festas é o fedor que você sente no outro dia, mesmo depois de tomar banho. Sigo para o banheiro, tiro minha cueca boxe, que era a única coisa que estava vestindo, e tomo um banho quente e relaxante, lavo minha cabeça e debaixo do chuveiro escovo meus dentes. Depois disso, sigo para meu guarda-roupa, procuro um moletom confortável, visto uma cueca e depois coloco uma calça. Arrumo meu cabelo em frente ao espelho, preciso pintá-lo novamente, está ficando amarelado, quero ele mais branco. Calço meu chinelo, saio do meu quarto e vou em direção a cantina. Chegando lá, encontro meu segundo melhor amigo Enzo. Brian e Enzo eram namorados desde a infância, que foi quando nos conhecemos, e estão junto até hoje, são o casal mais fofo que conheço e os melhores amigos que eu poderia ter.

"FALA MEUS MARIDOS!!"

Eles olham para trás e reviram os olhos.

"Que bela recepção vocês fazem para o marido de vocês. Sabe, acho que se continuarem assim, terminarei essa relação poliamorosa."

Sorrimos e eu me sento no meio deles. Somos como os três mosqueteiros, sempre juntos e, independente de qual situação seja, resolvemos juntos. Tê-los como meus amigos foi a minha salvação. No começo foi estranho vê-los como namorados, éramos muito novos, mas hoje, não imagino o Enzo sem o Brian e vice-versa. Amo esses putos que chamo de irmãos.

"Pare com suas idiotices, temos coisas importantes para conversarmos. Assim que as aulas começarem, precisamos selecionar os novos alunos para o time, precisamos ganhar, pela terceira vez, a taça do melhor time colegial. Estamos precisando de um atacante, mais um goleiro e um zagueiro. Precisamos escolher bem quem vai entrar no time."

"Eu sei Brian, não se preocupe, sou o capitão do time, alguma vez escolhi mal algum dos jogadores?"

Brian sabia bem que eu era muito bom com julgamentos e iria escolher os melhores para ganharmos.

"Sabemos disso Henry, apenas estamos preocupados. Você anda em muitas festas e mal vimos você essas férias, portanto, espero que seu julgamento dessa vez esteja correto. Soube que no time da escola CPC conseguiram um monstro do futebol que ganhou vários jogos mistos para eles."

"Fica tranquilo Enzinho, deixa pro papai aqui. Eu ainda sou o melhor dessa cidade."

Conversamos mais um pouco e depois fui para meu quarto, precisava dar uma arrumada nele antes do meu novo colega de quarto chegar. Rezo que não seja uma pessoa chata e irritante, às vezes gosto do meu silêncio para compor minhas músicas.

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