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Entre o dever e o desejo: O Guarda-costas da CEO

Entre o dever e o desejo: O Guarda-costas da CEO

Yana _ Shadow

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70
Capítulo

Ângelo tinha apenas uma missão: proteger Leyla depois que o ex-marido tentou matá-la; mas ficou tentado diante da proposta ousada da CEO, "case comigo e eu pagarei as suas dívidas". Ele coçou a barba enquanto Leyla explicava, "nós ficaremos casados até eu conseguir a permanência em seu país". Meses após o casamento, o guarda-costas estava dividido entre o Dever de proteger a CEO e o Desejo de continuar casado com aquela mulher. No dia em que Leyla assinou os papéis do divórcio, Ângelo deixou ela ir, mas ele se recusou a assinar o documento. Semanas após a separação, ele descobriu que a CEO estava grávida e que casaria com um velho bilionário. Furioso, ele invadiu a festa de noivado e anunciou, "Leyla não pode casar com outro homem, ela ainda é a minha esposa".

Protagonista

: Leyla Aydin e Ângelo Oliveira

Capítulo 1 Minha vida

Ponto de Vista de Leyla

- Vamos nos atrasar, - avisei ao fitar a hora no celular sobre a mesa.

Sultan ergueu o rosto, colocou a mão sobre o aparelho de telefone móvel e puxou, encarando-me.

- Sairei daqui a pouco - ele respondeu determinado.

Naquela altura da vida, eu era esperta, queria evitar confusão. Saindo da mesa, recolhi os pratos e voltei para a cozinha. Em plena manhã, eu já estava tão cansada.

Na época, eu tinha apenas vinte e três anos e os meus ossos já doíam. Fiz um grande esforço para não demonstrar o que sentia, mas em certo momento, eu parei por um instante, sentindo uma intensa dor pela extensão das minhas costas.

- Está tudo bem, senhora? - Nadiye, a governanta, parou ao meu lado.

- Estou bem! - Menti, estava dolorida, mas não pretendia demonstrar.

- Perdoe a minha intromissão, mas não deveria aceitar isso, querida. Eu ouvi o seu choro durante a noite.

- Você sabe que o meu avô tem um acordo com a família do Sultan.

Sim, o meu avô era o culpado por todo horror que eu vivia naquela maldita mansão. Aquele turco, obtuso, entregou-me para o filho de um amigo há pouco mais de um ano. Mesmo sem amar o meu pretendente, eu aceitei a proposta com a condição de que Sultan não se intrometesse em meu trabalho na administração da empresa.

- Eu ouvi o que ele fez com você pela madrugada! - Nadiye continuou. - A senhora não deveria aceitar isso. - Tocou em minhas costas.

- Ai! - Afastei-me quando a dor aumentou.

- Precisa fugir, Leyla, - sussurrou ao tirar a mão.

- Ele está desesperado porque dei entrada nos papéis do divórcio.

A governanta era a única pessoa que sempre esteve ao meu lado. Nadiye entrou na minha vida desde que a minha mãe me abandonou. Eu era recém-nascida quando ela foi contratada para cuidar de mim. Inclusive, ela aceitou vir para o Brasil com a intenção de ficar ao meu lado e me auxiliar em casa.

O tropel de passos sobre o chão de mármore fez com que Nadiye pegasse os pratos das minhas mãos e levasse a louça para a pia.

Olhei diretamente para o rosto sombrio de meu marido. Os olhos cor de âmbar costumavam ficar verdes quando ele estava zangado.

- Posso saber qual era o assunto? - Sultan levantou a voz ao perguntar.

Apesar de seus traços britânicos por parte de sua mãe, Sultan Kiran carregava consigo as atitudes grotescas de seu pai.

Em silêncio, eu continuei sustentando o olhar frio no instante em que ele ergueu o braço. - Slapt! - Senti a força do dorso da mão de Sultan se chocando em meu rosto.

- Senhor Kiran! - Nadiye sobressaltou-se, chocada.

- Não se meta, insolente.

- Por que fez isso? - Projetei o queixo ao questioná-lo.

- Isso é para você nunca espiar o meu celular.

- Eu queria ver a hora.

- Não me desrespeite na frente da empregada.

Desta vez, Sultan tocou em meu queixo e me deu o habitual beijo na marca avermelhada da palma de sua mão em minha bochecha. Os olhos examinaram-me com frieza.

- Coloque um pouco de maquiagem nesse rosto, querida. - Um sulco vertical esboçou-se entre as sobrancelhas castanhas. - Aproveite para trocar essa roupa preta. Você fica horrível quando aparece desse jeito na empresa. - Senti a aspereza de seu dedo acarinhando o meu rosto.

Sim, eu sou uma CEO!

Apesar dos problemas em minha vida pessoal, eu administrava a filial da empresa no Brasil ao lado de Sultan. A união da corporação Kiran Aydin foi realizada no dia em que assinei aqueles malditos papéis a pedido do meu avô em Bebek, Turquia. Não tinha os meus pais para me defender. O meu pai bebia demais, meu avô sempre o chamava de fraco. Ele se envolveu num misterioso acidente de barco quando eu tinha doze anos. Segundo o meu avô, tudo isso era culpa da minha mãe que me deixou para trás quando era bebê e fugiu com o amante.

- Você deveria tirar o dia de folga para comprar roupas mais femininas, querida.

- Não, hoje é o dia de assinarmos os papéis do divórcio - disse eu, direcionando meus olhos para Sultan.

- Já disse que não vou assinar nada, Leyla! - Ele se agigantou. - O seu avô chegou ontem ao Rio de Janeiro. Contei a ele sobre essa sua decisão absurda. Se continuar com isso, perderá o seu cargo na empresa.

- Sou diretora-executiva da Kiran Aydin. A advogada disse que tenho direito a metade dos bens; portanto, parte da empresa é minha!

As mãos de Sultan pousaram em minha cintura, os dedos pressionaram o hematoma causado durante a madrugada vigorosa. Cerrei os meus olhos, aguentando o cheiro enjoativo do perfume que ele usava.

- Posso te auxiliar a comprar roupas mais femininas e coloridas, senhora! - Nadiye falou no intuito de me ajudar.

Sultan virou o rosto para a governanta, ele estava visivelmente incomodado com a intromissão.

- Que ideia excelente! - Mostrou um sorriso cavernoso, as mãos afrouxaram em minha cintura. - Talvez a Leyla se anime um pouco. - Havia um leve sorriso de desdém nos lábios carnudos. - Estou farto de vê-la perambulando por esta casa com essas roupas negras como se estivesse de luto.

Tinha mais de um ano que passei a cumprir a promessa que fiz ao meu avô. Usava roupas pretas desde o dia em que casei, pois para mim, o meu avô Osman Aydin morreu quando me entregou para a um membro da família Kiran.

- Sultan, quero que você saia da minha casa após o divórcio - pedi quando ele se virou.

- Compre um vestido novo, querida! - Sultan desviou do assunto, fingindo não ouvir o meu pedido.

Troquei olhares com Nadiye que balançou a cabeça como se estivesse dizendo para eu concordar.

- Vou comprar, querido.

- Que bom que está encenando com destreza o seu papel de esposa.

Engoli em seco ao abrir as pálpebras. Essa alusão me incomodava. Com apenas um olhar, eu fuzilei as costas de Sultan enquanto ele saia da cozinha.

- Até mais, Nadiye! - resmunguei.

- Aonde vai, Leyla? - Ela me seguiu. - O seu marido pediu para não usar roupas pretas. Devia experimentar um vestido com uma cor mais viva, querida! Que tal um magenta?

- Não vou deixar o Sultan dizer o que devo ou não devo vestir, ele nunca mais vai me dar ordens.

Eu ouvi uma voz carregada vindo do escritório, estava cochichando com alguém ao telefone.

- Isso, está tudo certo para hoje, - ele falou. - Já te mandei o dinheiro.

- Idiota! - falei baixinho.

Devia estar enviando o dinheiro para a amante. A britânica que o Sultan namorava desempenhava o papel de amante desde o nosso casamento. Em nosso quarto, ele sempre enfatizava que acabei com a vida dele e que Florence deveria estar em meu lugar.

Subi as escadas e fui até o quarto para pegar a bolsa, pois eu não queria chegar atrasada. Querendo ou não, Sultan teria que aceitar o divórcio e aceitar a minha presença na reunião do conselho. Ao entrar no quarto, vasculhei a bolsa para pegar o celular e em seguida, eu fechei o zíper.

Apressada, eu me equilibrei no salto, estava atravessando o corredor a caminho da escada quando Nadiye apareceu.

- Senhora, por favor, assine os papéis do divórcio e não vá para a reunião do conselho. A senhora sabe que o senhor Osman estará na reunião.

Segurando o corrimão, parei no primeiro degrau da escada quando Sultan apareceu.

- Vai às compras, querida?

- Claro, a Nadiye vai me acompanhar. - Encarei a mulher com o rosto marcado pelo tempo. - Vamos!

- Sim, senhora.

Sultan voltou os olhos para o celular, digitando na tela. Aproveitei que ele estava trocando mensagens com a amante e dei o braço para Nadiye.

- Que bom que mudou de ideia! - Nadiye disse quando entrou no carro.

Liguei o motor do meu Porsche vermelho e sai da garagem. Estava firme no propósito de me livrar daquele homem e nada e nem ninguém me impediria.

- Tem algumas lojas com vestidos e sandálias lindas em Copacabana.

Soltei um suspiro pesado ao verificar a hora no relógio do meu pulso e buzinei para o carro da frente depois que o sinal abriu.

- Vá logo, o sinal já está verde, - cochichei quando o veículo preto não se moveu.

- Mantenha a calma, querida! - As linhas em sua testa acentuaram quando Nadiye franziu o rosto.

Naquele instante, eu não ouvia mais nada, só queria que o automóvel da frente me desse passagem. Apertei a buzina uma, duas, três vezes...

Pelo retrovisor, vi um homem de capacete descendo da moto parada bem atrás do meu Porsche.

- Abre a fivela do cinto e se abaixe devagar.

- Por quê?

- Não faça movimentos bruscos, Nadiye - movi os lábios.

Mantive a minha mão no volante, procurando um modo de fugir. Dois homens, usando touca ninja preta, saíram do carro parado na frente. Subitamente, o motoqueiro parou do meu lado, enquanto os outros dois homens encapuzados estagnaram na frente do Porsche.

- Abaixe, Nadiye.

E agachei e me joguei embaixo do volante quando o vidro blindado foi atingido inúmeras vezes. Pus as mãos nos meus ouvidos, os meus batimentos cardíacos aceleraram.

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