Num mundo onde a solidão é sua única companheira, Zayto cresceu incompreendido e rejeitado, seus pais o abandonaram ao nascer devido à sua deficiência. No entanto, em meio às sombras da adversidade, Zayto encontrou uma chama interior que se recusava a se apagar: um espírito de lutador e uma determinação inabalável de nunca desistir. Enquanto a perseverança fluía em suas veias, também crescia dentro dele um desejo sombrio de vingança contra aqueles que o viraram as costas. Cada olhar de pena, cada palavra de escárnio, alimentava sua sede por justiça. Determinado a provar seu valor, Zayto embarca em uma jornada rumo à vingança, treinando incansavelmente para superar suas limitações. No entanto, pelo caminho, ele se depara com pessoas que o acolhem, que veem além de sua deficiência, oferecendo amizade e compreensão. Entre a sede de vingança e o calor da amizade, Zayto se vê dividido. Será que ele cederá à escuridão que o consome, buscando vingança a qualquer custo? Ou ele encontrará forças para superar seu desejo de retaliação, percebendo que a verdadeira vitória está em seguir em frente e encontrar a paz consigo mesmo? No turbilhão de emoções e desafios, Zayto enfrentará uma jornada de autodescoberta, onde aprenderá que a maior batalha que enfrentamos muitas vezes é aquela dentro de nós mesmos.
- Quem sou eu? - Uma pergunta que Zayto sempre se faz, não importando onde está, aquela pergunta sempre lhe vinha à mente.
Ele nunca se encaixara na aldeia em que vivia, ou melhor, perambulava, sim, é isso mesmo que estão pensando, nosso jovem rapaz é um órfão que infelizmente não tem onde morar. Foi acolhido por um templo, assim que seus pais faleceram, contudo, era sempre tratado feito lixo, tomara a decisão de que estaria melhor se perambulasse na aldeia em vez de residir em um só local.
Zayto, nesse exato momento se encontra caído no chão enlameado de uma das vielas do centro comercial sua aldeia. Como ele foi parar ali? Mas é pra já que lhes respondo tal pergunta tão pertinente.
Para isso teremos que voltar um pouco no tempo...
Ano 1450
Um bebê nascia, o choro dele ecoava por todo o palácio do chefe da aldeia, uma das parteiras abre a porta do quarto em que a esposa do chefe que estava dando à luz a seu primeiro filho, em uma euforia sem tamanho, contudo ela não festejava, chegara perto do homem agoniado que andava de um lado a outro.
O homem precisava saber se o amor de sua vida estava bem, e é claro queria saber do filho, sim o homem, que se tratava do chefe da aldeia tinha a plena certeza de que se tratava de um menino.
A parteira se aproxima de Sir Vander Molendoph com receio de lhe dizer o que havia ocorrido, contudo precisava contar-lhe a condição de seu filho.
O medo se perpassava por todo o seu corpo que por consequência a um tanto tremula.
- Se-Senhor! - Ela o chamou abaixando a cabeça em forma de respeito.
- Fale! Como ela está?
Um silencio sepulcral toma conta do recinto, a parteira não sabia como dar-lhe a notícia, mesmo sabendo que a esposa do chefe estava bem, contudo quem não era saudável era o filho de ambos.
"Oh! Meu Deus! Como lhe darei tal notícia?" A parteira pensava em meio ao medo e receio que a permeava.
- Fale logo! - Vander lhe ordena.
- S-Senhor é que... o bebê...
A parteira é interrompida bruscamente.
- O que tem meu filho? -O senhor Molendoph pergunta rispidamente.
- Ele tem uma deficiência...
Naquele momento Vander não escutava mais nada, ali seu mundo viera ao chão, não conseguia mais pensar, tudo que sua mente pensava era em como falhou e em como se livraria desse bebê que não lhe serviria de nada.
- Se desfaça desse ser insignificante.
Vander ordena.
- Mas meu Senhor, a deficiência dele não o atrapalhará sua vida...
Novamente a parteira é interrompida.
- Não questione minhas ordens, para mim ele não passa de um ser que nem ao mundo devia ter vindo.
- Sim, meu Senhor, que a sua vontade seja feita - Disse a parteira inconformada com a atitude do homem, se afastou dele para cumprir sua ordem.
- Certifique que ele não sobreviva. - Ao ouvir tais palavras o coração dela doeu, não conseguia acreditar em como as pessoas podiam ser más.
***
Com o coração doendo a parteira entra no quarto onde o bebê se encontrava, pegou aquele pacote de mantas em que o 'ser insignificante' estava embrulhado para não sentir frio, o segurou apertado em seu tórax para esquentá-lo o que podia, era inverno, e todos que nasciam no inverno corriam risco de morte, não importando onde nasciam, era uma triste verdade, todos os que nasciam nessa época do ano, ou grande parte, morriam de hipotermia. Era a triste realidade que assolava o povo da aldeia mais afastada do reino.
A cada passo que dava em direção a ruela nos fundos do palácio, seu coração acelerava, não sabia o que iria fazer com aquele bebê, mas com toda certeza não o mataria ou deixaria morrer.
"O que será de mim?" Essa pergunta rondava os pensamentos da jovem parteira que ao menos havia se casado, contudo, era infértil, e seu marido não aceitaria esse bebê, realmente tudo estava perdido, não sabia o que iria fazer com o bebê que levava em seus braços.
Alguns minutos andando pela aldeia em direção a sua casa, passou em frente a um templo sem pensar duas vezes subiu as escadas, agachou-se assim que chegou as portas que estavam fechadas, colocou o pacote em que o bebê estava embrulhado aos pés da porta, se levantou e bateu o sino que ficava pendurado em uma haste de madeira que fazia parte da estrutura da varanda do templo.
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