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Capítulo Um Socorro! Socorro! — um grito apavorado ecoa na noite fria A rua está deserta, exceto por um cachorro maltrapilho que perambula à procura de alguma comida. As luzes na rua são fracas, com alguns postes espaçados entre si. Desço do carro e corro em direção ao som angustiado. Embora não seja muito tarde, poucas pessoas se arriscam a sair à noite naquela parte da cidade. Aquela é uma região relativamente perigosa e violenta. Há um número considerável de assaltos, brigas, estupros e até mesmo assassinatos.
— Hei! — eu grito para o homem que encurrala uma jovem contra uma porta de metal de uma loja fechada. Ele tenta agarrar sua bolsa com uma mão e com a outra aperta lhe o pescoço. — Solte-a! — grito enfurecido. O homem se assusta e solta a jovem empurrando-a para o lado. Ela se desequilibra e cai soltando um gemido. O homem lança para a jovem um olhar vidrado, louco e alienado. Eu conheço bem esse tipo de olhar transtornado. Na mesma hora vejo que não é uma boa ideia enfrentar o homem, pois ele pode estar armado. Homens naquele estado geralmente não são donos de seus atos, na maioria das vezes, são inconsequentes. Eu poderia estar colocando tanto a mim quanto à jovem em risco naquele momento. Mas, o que eu posso fazer droga? Antes que eu possa pensar no próximo passo, o homem sai correndo levando consigo a bolsa da jovem. Fico dividido entre correr atrás do homem ou socorrer a jovem que geme no chão. Soltando um palavrão, eu escolho a segunda opção. — Tudo bem? — eu digo aproximando-me dela, que treme assustada. Ela está encolhida contra a porta da loja, seus cabelos caem em cascata ao redor do rosto, longos cabelos vermelhos. Uma cor tão intensa que seria impossível de ter sido fabricada. Ergo o seu rosto para observá-la melhor. — Você está bem? — insisto. Quando ela ergue a cabeça, lentamente, sinto meu mundo sair de órbita. Não estava preparado para aquilo. Diante de mim, o rosto mais lindo e angelical que eu já vi em toda a minha vida. Pele de porcelana, coberto por sardas, que comprovam a cor natural dos cabelos, nariz arrebitado e atrevido, lábios vermelhos, carnudos e sedutores. Seus lábios fariam qualquer homem querer mergulhar imensamente neles. Minhas mãos tremem levemente ao segurar aquele rosto fino. Uma carga elétrica percorre por todo o meu corpo. Retiro rapidamente a mão, em choque. — Você está bem? — repito com a voz ligeiramente rouca. A jovem suspira profundamente antes de responder. — A-a-acho que sim — gagueja. Ela abre os olhos deixando-me em transe. São os olhos mais lindos que já pude ver. De um azul absurdamente claro, cristalino, impactantes. — Minha bolsa! — ela olha além de meus ombros. — Infelizmente ele a levou — explico com pesar. — Poderia tê-lo perseguido, mas achei melhor ver como você estava. — Tudo bem — ela responde seu tom refletindo o meu. Então, ela começa a se levantar apoiando-se à porta da loja e fazendo círculos no chão com os pés como se procurasse algo. Nesse momento posso ver o quanto ela é estonteante. Um corpo curvilíneo, magra, mas na medida certa, pernas lindas, apesar de não ser tão alta. Percebo também seu perfume, um cheio almiscarado com tons suaves de florais. Ela é linda. — Minha bengala — ela sussurra trazendo-me para o presente. — Como? — franzo a testa confuso. Será que ela estava anteriormente machucada? Tem algum problema na perna? Pela forma como se apoia em uma perna e mexe a outra, acredito que não. — Minha bengala — ela diz novamente. Agarro-a rapidamente prendendo-a em meu peito largo. — Consegue ver minha bengala, senhor? — ela pergunta ofegante e um pouco assustada com meu abraço repentino. Olho ao redor e vejo uma bengala marrom opaco poucos metros adiante. Aparentemente está intacta. — Sim, está um pouco à frente — respondo. — Deixe-me pegá-la para você — digo, mas não a solto. Encaro aquela bela jovem mulher que segue olhando por sobre meus ombros. Seu olhar parado, estático. Como se estivessem fixados em um ponto longe de mim. É então que a compreensão cai em mim como uma madeira no chão. — Você é cega! — digo rispidamente. A jovem encolhe-se em meus braços. Fica visivelmente pálida e com uma expressão angustiada toma conta de seu rosto. Ela tenta se livrar do meu abraço sem sucesso. — Solte-me — ela sussurra angustiada. Afrouxo os braços, mas não a solto. Eu devo tê-la assustado. Não era minha intenção, mas ao me dar conta do fato, uma raiva enorme apodera-se de mim. Como alguém pode tentar fazer mal a alguém tão frágil como aquela jovem, ainda mais sendo cega?
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