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*Sammy*
Vamos começar assim:
Aquele seria meu último fim de semana na cidade. Minhas amigas — Nanda e Lara — fizeram questão de uma festa à nossa maneira. Cheguei a este país e, especificamente, a Cambridge, aos dezenove anos para fazer minha graduação em Matemática; agora estava partindo para meu curso de Mestrado em Matemática Financeira, no mais conceituado programa nessa área, em Nova Iorque.
Olhei para o espelho e um sentimento me preencheu: havia duas mulheres dentro de mim. Uma adorava a cultura de meu povo: véus coloridos, saias compridas, família acima de qualquer coisa, devoção a nosso deus. Esta não havia sido convidada para a festa! A outra estava ali à minha frente, com um vestido preto que acabava exatamente na dobra das minhas nádegas, de salto alto e fino, maquiada e sem vergonha alguma na cara, quem dirá véu! Odiando a ideia de que nós mulheres somos submissas. Me perguntei o que minha mãe diria se me visse vestida assim. Meu pai, certamente, enfartaria.
— Sammy, você está pronta? — Nanda gritou.
— Estou só colocando os brincos!
— Posso pedir o carro no aplicativo, então?
— Quê? Nada disso! Deixa Thales chegar, que vocês verão a surpresa! Se esta vai ser minha última noite aqui, que seja memorável!
— O que meu namorado e você estão tramando, hein? — Lara entrou na conversa, colocando metade do corpo para dentro do meu quarto.
— Ah, espere e verás!
Dei mais uma olhada, conferindo se o batom desenhava perfeitamente meus lábios. Peguei minha bolsa e saí do quarto. Nanda permanecia em pé, de costas para mim, com os olhos vidrados na tela do celular. Ela usava um vestido de mangas compridas, vinho, que deixava suas grossas pernas à mostra; eu conhecia aquela roupa e sabia que, na frente, haveria um decotão. Fiz um gesto de silêncio para Lara e fui me aproximando, dando-lhe um tapão na nádega esquerda, fazendo com que ela se assustasse.
— Sua vaca! Se eu morrer do coração, você não vai para festa alguma!
Nós três rimos. Olhei para Lara, dos pés à cabeça:
— Esse look é novo? — ela estava com um vestidinho, de frente única, um tanto mais comprido, porém de saia soltinha.
— Thales me deu de presente, especialmente para hoje! E você, não se cansa desse tomara-que-caia preto? Se eu tivesse teu dinheiro, eu compraria um vestido por dia e jamais o vestiria de novo!
— Ah, esse vestido é prático, só isso! — argumentei, passando as duas mãos pelo meu próprio corpo. — Ótimo para mostrar os peitos para o bartender e ser atendida o mais rápido possível!
Ficamos ainda conversando abobrinhas na sala, quando Lara afirmou, conferindo o celular:
— Thales está lá embaixo nos esperando... Vamos ver qual é a tal surpresa!
Entramos no elevador, rindo, felizes, escandalosas e ainda nem estávamos bêbadas.
— Podemos nos comportar um pouco? — Até aquele instante, eu ainda pensava em manter a imagem da amiga comportada do trio, que vim cultivando por esses anos.
— Não! — elas responderam em coro e Lara continuou:
— Na verdade, acho que podemos aprontar aqui! Vamos deixar o segurança excitado?
Ela puxou Nanda e se reposicionou para que o beijo que elas trocavam fosse bem captado pela câmera de segurança. De início, dei apenas um “tchauzinho” tímido, mas, pensando melhor, aquela era a minha última noite na cidade, então que se dane! Quando íamos chegando ao térreo, abaixei meu tomara-que-caia em direção à câmera, colocando-o em seu lugar antes que as portas se abrissem. Um casal estava à espera e passamos por eles, como se fôssemos três moças super comportadas. Ao sairmos pela guarita do condomínio, uma voz rouca e masculina foi ouvida.
— Belos peitos, senhorita Sammy! — Thomas elucidou num tom alto, para ter certeza de que eu ouviria, apesar do trânsito. — Ganhei a noite, mas apaguei a gravação. Não queremos que o Senhor Gerald veja...
Apenas lhe sorri, levantando os ombros, num gesto de “tanto faz”.
— Parou de paquerar o Thomas? Onde está Thales?
Como ele não podia estacionar bem em frente ao nosso prédio, fui olhando em ambas as direções e vi, ao longe, os fortes braços de Thales acenando do final da rua.
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