Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A proposta ousada do CEO
Minha querida, por favor, volte para mim
Um casamento arranjado
O retorno chocante da Madisyn
O caminho para seu coração
Um vínculo inquebrável de amor
O Romance com Meu Ex-marido
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A casa erguia-se solitária no meio de um amplo terreno abandonado onde o mato atingia mais de um metro de altura. A pintura branca, gasta pela contínua exposição ao tempo, descascava em toda a extensão das paredes, e a porta de tela, solta das dobradiças, encontrava-se caída na varanda.
A madeira envelhecida dos batentes das janelas revelava restos de tinta verde e, de frente para a rua, um vidro quebrado brilhava como uma teia de aranha prateada sob o sol de fim de tarde.
Apesar do mato, era possível distinguir uma calçada de cimento em torno da residência, com plantas crescendo pelas rachaduras e revelando os vários meses de total negligência. Apenas as quatro grandes árvores que se alinhavam no fundo do terreno salvavam-se da atmosfera de destruição e descaso que permeava todo o local.
Holly Simpson apertou as mãos úmidas e respirou fundo. Em seguida, desceu do caminhão, tentando disfarçar uma profunda decepção. Por um breve instante, uma onda de pânico quase a dominou, mas ela conseguiu controlar-se apesar de estar vendo sua última esperança evaporar-se diante dos olhos.
- É aqui, mamãe? É esta a casa que a sua avó lhe deixou?
Ela forçou um sorriso e virou-se para o filho de nove anos.
Trevor, apoiado na janela do velho caminhão, examinava com ar de surpresa a casa abandonada.
- É querido.
- Você disse que era bonita e que nós íamos gostar muito. - Havia um tom de acusação na voz dele.
- Ela era bonita, mas fazia muito tempo que eu não vinha aqui - Holly respondeu; sem saber como conseguia manter o sorriso nos lábios. - Nós vamos reformá-la.
Agitada por uma nova sensação de medo, Holly desviou o olhar. Não queria que os filhos percebessem como ela estava abalada. Tinha contado tanto com aquela casa e, no fim, tudo acabara se mostrando como mais uma tentativa inútil. Agora se encontrava realmente num beco sem saída.
Três filhos pequenos, uns poucos milhares de dólares que haviam sobrado do seguro, nenhum emprego e tudo que possuía para recomeçar a vida era uma casa caindo aos pedaços.
Holly respirou fundo mais uma vez e encarou outro aspecto da fria realidade: se as coisas piorassem muito, teria de vender o caminhão. Tornou a fitar as crianças e viu Ryan apertando-se ao lado do irmão para também apoiar-se na janela e observar a casa.
- É bem feia, não é, mamãe? Parece mal-assombrada! Vai ver tem uma bruxa morando lá.
Holly segurou a maçaneta da porta e lançou um olhar de repreensão ao filho de oito anos.
- Chega Ryan. Você vai deixar Megan assustada com essas bobagens.
Ele olhou para a irmãzinha e sorriu.
- Não, mamãe, ela ainda está dormindo.
- Ótimo, então desçam do caminhão. Eu vou pegá-la. - Os meninos saíram do veículo e Holly sacudiu gentilmente a filha. - Meg querida; chegamos. - A menina espreguiçou-se e Holly a levantou nos braços. Depois tirou um chaveiro do bolso da calça e o entregou a Trevor. - Vá à frente e abra a porta, está bem? Ryan, você poderia apanhar minha bolsa? - Tentando mostrar-se forte, ela ajeitou Megan no colo e
encaminhou-se à velha residência de sua avó. Rezava fervorosamente para que o interior não estivesse tão ruim quanto à aparência do lado de fora mostrava.
Seus filhos precisavam de um lugar para morar!
Sentia a ansiedade sufocá-la ao ver o filho abrir a porta! Não tinha outro lugar para ir e ninguém a quem recorrer. Nada.
- Venha, mamãe - Ryan chamou, aproximando-se. - O que está olhando? Vamos entrar.
Holly apertou Megan com mais força e subiu os degraus da varanda. Contornou a porta de tela caída no chão, parou por um instante para que seus olhos se adaptassem à penumbra e entrou.
O lugar era tão pequeno! Dez vezes menor do que se recordava. Havia poeira por toda parte, mas tudo encontrava-se exatamente como a avó deixara. Os móveis velhos, os enfeites de porcelana, as cortinas bege, os quadros de flores nas paredes, a lareira num dos cantos.
A casa cheirava a mofo e umidade, mas Holly mal atentou para o fato enquanto se recostava ao batente da porta com um suspiro de alívio. O interior não se encontrava num estado tão deplorável quanto o lado externo. Poderia transformar a casa numa moradia decente, compensando os meses de abandono e negligência com uma boa arrumação geral. Sabia que iria ter trabalho, mas isso não a incomodava. O importante era que possuíam um lar.
- Chegamos? - Megan perguntou, esfregando os olhinhos sonolentos.
- Sim, querida. Estamos em casa.
- Eu quero ver.
A menina agitou-se nos braços da mãe, desejando ir para o chão. Holly a abaixou e, vendo-a afastar-se correndo, esticou o corpo para dissipar a tensão que se acumulara nas costas e pescoço.
Olhou em volta com mais cuidado e reparou que nada havia mudado. O aposento à esquerda da entrada servia como sala de jantar, com seu pequeno espaço sobrecarregado de móveis pesados e antigos. Para a direita ficava a sala de estar e, no fundo desta, uma porta levava a um dos dois quartos. O lugar ficaria agradável quando ela removesse parte da mobília e limpasse tudo.
Afastando o cabelo do rosto com ambas as mãos, caminhou até o quarto da avó. Controlando a emoção, reviu a cama antiquada junto a uma das paredes. Apenas um plástico transparente cobria o colchão de aparência relativamente nova. Havia um pequeno criado-mudo ao lado da cama, uma penteadeira com espelho e um grande armário ainda repleto de roupas. Holly sentiu os olhos molhados de lágrimas ao perceber os velhos vestidos pendurados em cabides de madeira, mas não tardou a fechar a porta do guarda-roupa e sair do cômodo. Precisava concentrar-se na situação presente e avaliar as possibilidades. A única mobília que possuía eram as camas das crianças, mas o quarto era tão pequeno que não havia espaço sequer para o berço de Megan.
A cozinha mostrava sinais de mudanças recentes, que incluíam dois armários novos e uma lavadora de pratos. O chão, contudo, conservava o mesmo piso escurecido que ela observara em sua última visita, havia dez anos. Abriu a torneira da pia por mero acaso e surpreendeu-se ao ouvir um ruído nos canos e, em seguida, deparar-se com um jato de água límpida. Experimentou o interruptor de luz e as lâmpadas fluorescentes piscaram e encheram o ambiente com sua luz clara. Fechou a torneira e franziu a testa, intrigada. Talvez o advogado que cuidara do patrimônio de sua avó houvesse providenciado para que a água e a luz fossem ligadas novamente ao receber o comunicado de que Holly não queria mais vender a casa, mas pretendia ir morar lá. Nem pensara em indagar sobre esses detalhes quando fora buscar as chaves com a secretária dele.
Holly virou-se para a geladeira, esperando pelo pior. Porém, a porta entreaberta mostrava que o interior parecia ter sido limpo. Talvez tivessem cuidado disso também, ela pensou.
O segundo quarto, que se situava além da cozinha, encontrava-se vazio, exceto por uma velha máquina de costura, uma enorme penteadeira, uma cadeira e a estrutura de uma cama de campanha.
O aposento era pequeno, mas, por sorte, os meninos dormiam em beliche e seria possível acomodá-los bem. Afinal, o tamanho da casa era um problema irrelevante; pelo menos agora tinham um lar.
Holly deu uma olhada rápida no banheiro antes de retornar à cozinha e abrir a porta dos fundos, curiosa por saber por onde as crianças andariam. Reparou no pequeno galpão que fora construído havia poucos anos e que agora servia como depósito para móveis velhos. Entre as peças ali armazenadas havia um fogão a lenha que devia ter mais de cem anos.
Ela examinou a relíquia com cuidado. Antes de se casar, trabalhava para um comerciante de móveis usados que se interessava imensamente por antigüidades. Com certeza ele adoraria aquela peça. O fogão estava em excelentes condições e poderia valer uma pequena fortuna se fosse vendido para a pessoa certa. De repente, possuir tal preciosidade em sua própria casa a fez sentir-se mais segura e, pela primeira vez em muitos dias, respirou aliviada.
Holly levantou os olhos na direção da garagem e viu uma mulher baixa e roliça aparecer junto ao portão. Observou o rosto sorridente e sardento, o andar apressado, e deduziu que aquela só poderia ser Liz Crawford. Sua avó descrevera a vizinha em suas cartas e sempre se referia a ela com grande afeição.
A recém-chegada acenou e abriu um sorriso ainda maior ao se aproximar de Holly.
- Oi! Sei que você é Holly; eu a vi nas fotografias de sua avó. Estava esperando desde cedo e pensei que nem vinham mais! - Quando chegou suficientemente perto, ela estendeu a mão. O rosto alegre revelava sua natureza extrovertida. - Sou Liz Crawford. Moro a duas casas daqui, rua abaixo. Bem vinda a Jennings.
- Obrigada - Holly respondeu, sorrindo. - Eu também achei que não chegaria mais. Foi uma longa viagem.
- Ainda mais com crianças junto, não é? - Liz comentou, rindo. - Os meus brigam, discutem e reclamam até estarmos a dez quilômetros do nosso destino. Então, encostam a cabeça no banco e dormem.
- Bem, os meus passaram os últimos mil e duzentos quilômetros brigando pela janelinha.