O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A esposa em fuga do CEO
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
A ex-mulher muda do bilionário
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
Um vínculo inquebrável de amor
Era um dia lindo de sol. A praia do Leblon não costuma ser a mais bonita, mas o fato de ficar em frente ao condomínio que eu moro torna toda a logística prática o suficiente para as vezes que eu quero apenas um banho de sol.
Meu pai diz que é porque eu posso ir a qualquer momento, basta atravessar a rua, e por isso eu não valorizo uma das melhores praias do estado, de acordo com ele. Em parte ele pode estar certo. Sempre quando podemos ter algo a qualquer hora, isso automaticamente deixa de ser especial, mas não acho que isso mudaria minha opinião, de qualquer forma. Eu sempre gostei do diferente, do ousado.
Arriscar e se meter em ciladas sempre foi mais a minha vibe, do que apenas me manter no conforto. Isso já rendeu alguns surtos da minha mãe, mas meu pai apenas ri e diz que são coisas da idade. Mas admito que sou muito nova para discordar dele, então talvez ele, de fato, esteja certo. O que me resta é apenas aproveitar.
“Olha só que visão abençoada.” Cadu disse, se jogando na areia ao lado de Bia que estava deitada de bruços assim como eu, esperando o sol agir e dar um pouco de cor às nossas costas pálidas.
“Achei que você não vinha mais.” Bia se levantou, batendo um pouco de areia nas mãos.
“Deixa de ser exagerada, vocês me ligaram faz pouco tempo.” Ele se defendeu tirando a camisa e ficando apenas de calção de banho, para em seguida procurar algo em sua mochila.
“Cadu, você é basicamente o rei do atraso. Nada que você disser vai te ajudar.” continuei deitada, apenas observando os dois do meu lugar.
“Tenho um bom motivo. Esperem apenas eu… achei!” Cadu tirou uma pequena caixinha de metal da mochila.
Aquela caixinha já era conhecida. Era onde ele costumava carregar os baseados de um lado para o outro.
“Nem sempre você vai poder justificar seus atrasos assim, sabia?” Disse me levantando, apenas para olhar melhor o que ele havia trazido.
Cadu era o estereótipo perfeito de playboy da zona sul. Estudava engenharia de manhã, em uma das melhores faculdades do estado, e de noite estava usando drogas recreativas nas mais diversas boates que se poderia imaginar.
Durante o dia a dia ele optava apenas por fumar maconha e ficar de boa a maior parte do tempo, então eu e Bia não tínhamos maiores problemas com isso. Afinal, às vezes é bem-vindo um trago para relaxar, mas estávamos bem sem que ele passasse dos limites.
Cadu era nosso amigo, então tínhamos que manter ele na linha.
Tanto ele quanto Bia foram meus amigos da época do fundamental. Estudávamos na mesma escola. Cadu, filho de um dos advogados mais famosos do Rio de Janeiro, e Beatriz, filha de um casal de cirurgiões que pareciam nunca estar em casa. Foi uma união meio inusitada, mas que acabou dando certo. Desde o sétimo ano que sempre andávamos juntos para todos os lugares. Nem o fim do ensino médio, o ceifador de amizades juvenis, foi capaz de nos separar.
“Mas hoje ele tá perdoado.” Bia pegou um dos baseados e acendeu. Seu cabelo preto curto ainda estava úmido por conta do banho de bar, e sua pele já dava indícios do bronze depois do beijo do sol em sua pele.
Bia tinha uma rotina de academia que ela costumava me arrastar todos os dias da semana depois da aula. No início era um porre, mas estava se mostrando uma bela aliada assim que vi os resultados chegando. Prova disso era o belo corpo que ela ostentava.
Ela estendeu a mão depois de um trago, me oferecendo.
“Não, valeu. Estou de boa.”
“Voltando ao assunto, antes de Bia se meter onde não foi chamada.” Cadu arrancou o cigarro da mão dela, a fazendo reclamar. “Tenho um convite pra hoje a noite.” Ele disse animado.
“Se for para essas raves esquisitas, nem conta comigo.” Bia disse de antemão.
“Desculpa, Cadu, mas eu tenho que concordar. Só fomos por sua causa na última vez, e toda aquela batida de música sem sentido foi uma porcaria.” Reclamei.
Ir a uma rave foi uma das piores experiências da minha vida, e eu definitivamente não estava perdoando Cadu por isso tão cedo. Aquelas pessoas fora de si achando que estavam transcendendo para outro mundo foi o ápice da bizarrice. Minha mão não saiu de perto do celular, porque eu sabia que a qualquer momento alguém cairia no chão espumando e precisaria de ajuda. Um caos completo.
“Não, não é isso. E vocês não entenderam o conceito, tudo bem? É bom pra cacete.”
“Se você tem que entupir o rabo de MD para aproveitar, então pode ter certeza que é uma porcaria.” Bia completou.
“Não é pra rave que eu vou chamar vocês. Pelo que eu percebi, mais nunca que estarei chamando vocês para isso, ao que parece.” Disse fazendo uma careta, inconformado.
“Então para de enrolar e fala logo.” Pedi impaciente.
“Vocês sabem o Boca? o cara que me fornece?”
“Já não começamos bem…” Bia divagou, mas era basicamente a mesma coisa que eu estava pensando.
“Ele me chamou pro baile funk que vai ter hoje de noite. Lá no morro Pavãozinho.” Cadu disse animado.
“É Pavãozinho mesmo? Não é no Cantagalo?” Bia perguntou confusa. Cadu deu de ombros.
“Ah, sei lá. É tudo a mesma merda, tudo favela.”
“A Pavãozinho é mais perto de Ipanema, não?” Tentei ajudar, mas eles não pareciam mais interessados em geografia. Revirei os olhos, pensando que, para jovens que tiveram ensino de ponta a vida inteira, estávamos ruins na matéria.
“Enfim, baile funk hoje a noite. Quem topa?” Cadu perguntou dando mais um trago. O cabelo dele havia crescido um pouco mais, estava batendo no ponto em que começava a linha de seu maxilar. Ele era praticamente loiro, além de ser magro e alto, o tipo que fazia muito sucesso quando adolescente, apesar de ser narigudo.
“Não sei, não… subir pro morro me parece perigoso, Cadu. Faz nem um mês que houve tiroteio.” Bia disse afundando as mãos na areia e brincando de pegar algumas quantidades em punhos para em seguida soltar.
Me sentei, ficando mais ereta na medida que ficava pensativa. Eu nunca havia subido ao morro na minha vida, tipo, nenhuma vez. E também tinha noção que, seja lá o que Cadu conhecia, também era muito pouco. Nada além do lugar em que ele pegava suas encomendas. O que era bem raro de acontecer, porque o Boca sempre estava levando as coisas para ele em pontos específicos da cidade.
E nem eu e nem Bia conhecíamos muito bem o Boca. Apenas de longe, pelas vezes em que ele havia surgido nas festas para salvar o Cadu.
E sendo sincera, eu não confiava nele.
“Deixa de ser chata, Bia. nas praias mesmo acontece arrastão, e tipo, aqui é o Rio. Não é como se a gente precisasse tá no morro pra correr risco de verdade. Isso é até um pouco preconceituoso, sabia?” Cadu disse em tom acusatório.
Bia soltou uma risada de incredulidade.
“Não é preconceito, Cadu, para de ser idiota. Estamos sendo realistas. Se a favela fosse um lugar bom, seu pai estaria morando lá, não em condomínio fechado.” Bia retrucou.
“Não fode, Bia. Estou garantindo que vai ser de boa, não custa nada a gente tentar uma coisa diferente.”
“Eu topo.” Disse de súbito. Tanto Bia quanto Cadu me olharam depressa.
“Você tá de brincadeira, não é?” Ela perguntou irritada.
Não, não era. Toda a conversa de Cadu me deixou levemente reflexiva. Era perigoso em todo lugar, de qualquer forma. Não custava nada tentar ir se divertir um pouco em um lugar um pouco diferente, correto? Me desconstruir um pouco, sair da minha bolha. Poderia ser desastroso como a rave que Cadu nos levou, mas também poderia ser apenas divertido.
Eu só saberia se fosse.
E admito, sempre tive curiosidade para saber como eram esses bailes. Por mais que eu morasse relativamente perto, as únicas coisas que eu havia visto sobre as comunidades haviam sido por novelas e filmes, nada que fizesse o ambiente parecer receptivo. E eu sempre tive a leve sensação de que poderia ser um julgamento deturpado. Ainda mais quando minha mãe passava com o carro por perto e entortava a cara só de ver o morro de relance, bem longe.
E sempre estávamos dançando música que era produzida nesses lugares nas festas que íamos, então o que poderia acontecer de tão ruim? Era só eu me manter sã para não me meter em encrenca, e aproveitar para dançar e pronto. Ficaria tudo bem.
E foi basicamente isso que expliquei para Bia, que ainda assim parecia receosa, como se estivesse sendo mandada para os portões do inferno.
“Até a hora da festa você já tem voltado ao normal, e então vai ver o que está falando para si mesma. Sério, Cecília? Você realmente vai baixar o nível assim?” Bia disse, ainda em meio aos seus protestos.
“Você está parecendo minha mãe falando assim.” Provoquei. Cadu riu.
“Quer saber, se vocês querem ir tanto, vamos. Mas se der merda, vocês tem obrigação de livrar a minha cara, entendido? Principalmente você, seu Cadu.” Disse ainda emburrada.