O caminho para seu coração
A proposta ousada do CEO
Uma noite inesquecível: o dilema de Camila
Minha assistente, minha esposa misteriosa
A esposa em fuga do CEO
A Segunda Chance com Meu Amor Bilionário
Um casamento arranjado
Noiva por contrato - Bella mia(série: Destinos entrelaçados)
A ex-mulher muda do bilionário
Um vínculo inquebrável de amor
Era uma noite fria, eu estava no casebre abandonado e com cheiro de mofo da minha casa, sentindo que algo não estava bem. Ouço o choro estridente da minha irmã de 3 anos, enquanto a minha mãe quicava com ela em seus braços tentando conter o choro da Liza. Eu não entendia porque minha mãe estava tão irritada com minha irmã, será que ela estava sentindo dor? Será que aconteceu alguma coisa? Meu papai saiu já faz um tempo, eles gritaram um com o outro, meu pai com raiva me empurrou de lado e bate a porta de madeira estraçalhada que só fechava com uma corrente e cadeado.
O bip do Nokia da mamãe toca, ela larga a Liza dormindo na cama suja do barraco, atende o telefone fala meia dúzia de palavras e meio grog, vem até mim, exige gritando que eu tome conta da minha irmã e me diz que já volta, saindo quase correndo de casa com o rosto banhado de lágrimas.
Eu estava sentado no sofá pequeno, assistindo meu desenho preferido na televisão, eu não estava entendendo nada, apenas permaneci sentado esperando papai e mamãe voltarem, mamãe não colocou minha comida e eu estava com muita fome, passo a mão na minha barriga, já era noite, eu só queria minha janta. Me assusto quando um barulho estrondoso do trovão faz clarão no céu acordando minha irmã, que levanta a cabeça e não enxerga ninguém, vou correndo até ela e faço o que minha mãe pediu, me deito em seu lado e ela me olha sonolenta. Com tapinhas em seu bumbum, a faço dormir novamente, exatamente como mamãe fazia.
A chuva aumentava lá fora, os trovões e relâmpagos se tornam frequentes e a janela de madeira abre devido ao vento forte. Corro para fechar e observo alguns homens armados em volta da minha casa, olhando curiosos para dentro, não entendo e decido falar:
- O que vocês querem? Meus pais vão chegar daqui a pouco! Vão embora, eu não gosto de armas! - Digo amendrontado.
- Cala a porra da boca, seu moleque! Estamos só esperando teu pai, e se ele não chegar, vai ser vocês mesmo que vamos levar. Ninguém mandou ele se meter com o Sam, ele sabia onde estava se metendo! - O homem diz e eu nego. Eles devem estar achando que é outro pai, não o meu.
Bato a janela de madeira, e continuo sentado esperando meus pais com o coração acelerado. Passam horas, e eles não voltam.
E nem nunca mais voltaram.
Naquela mesma noite chuvosa, homens arrombaram a porta da minha casa, me puxaram pelo braço fino, pegaram minha irmã pelos cabelos, que acordou assustada e chorando sentindo dor. Era um bebê! Me balanço raivosamente tentando sair dos braços daqueles homens, tentando pegar minha irmã que a todo momento gritava "Enxo".
- Por favor, deixem minha irmã, nós estamos esperando meus pais. - Grito assustado, chorando e desesperado.
- O pai de vocês já tão até mortos, cala a boca filho da puta. - O cara encapuzado bate na minha cabeça e eu choro mais.
- É mentira! Você é um cuzão mentiroso! - Grito sentindo ódio, cuspindo enquanto eles me afundam em um carro.
Mas antes de me colocarem dentro do carro, sinto golpes na barriga, na costela, no peito, na cabeça, na barriga, eles me chutam, me socam, me dão tapa e eu fico delirando.
- "Imão" - Minha irmã berrava, chorava. Ela era a única força pra eu enfrentar tudo isso. Depois de me espancarem, eles me jogam com minha irmã na parte de trás do carro, completamente molhado da chuva e não dou um pio, apenas abraço minha irmã. Com medo, com ódio, com dor. O carro é grande, nós parecemos duas mercadorias porque não conseguimos ver quem dirige e muito menos o que tem do lado de fora, estávamos em uma caçamba de um carro.
Olho para Liza, que olha tudo assustada, eu estava com uma ideia mas ela não vai conseguir agir tão rápido quanto eu. Penso, penso e penso, rápido, olho pra ela novamente e digo, sussurrando:
- Liz, vamos fazer uma coisa agora, mas você precisa ser corajosa pra gente poder fugir desses homens maus, tá bom? - Digo rápido, ela olha pra mim, olha em direção as vozes de homens na parte da frente do carro, e assente.
Ok.
Seguro em sua mão, porque se eu colocar ela no colo, pode ser pior, podemos nos machucar mais do que já vamos.
Olho pra maçaneta dos fundos do carro, puxo devagarzinho e noto que está aberta. Olho pra Liza, e quando digo 3, abro completamente a porta dos fundos do carro, puxo a Liza e me jogo pra fora. Caio, bato com o cotovelo no chão, grito de dor e Liza há 2 metros de mim, chora com a pancada. Levanto rápido quando vejo que o carro muito mais a frente, para, possivelmente notando algo de diferente.
Desesperado, pego a Liz nos meus braços e corro mato a dentro. Estávamos em uma estrada, e caímos próximo a um rio sujo, em volta muito mato alto. Corro pelo matagal, tentando encontrar uma saída, algo que nos proteja, peço pra Liz não chorar e ficar em silêncio, ela me obedece e quando canso de correr, me jogo no chão e puxo a Liza pra deitar do meu lado, tapando sua boca.
Ouço vozes distantes gritando, aperto os olhos com muito medo de que eles nos encontrem. Ainda com bastante dor das pancadas, rolo pra uma parte mais escura e puxo a Liz.
Acho que eles desistem, pois ouço as vozes se afastarem e o pneu queimando no asfalto com a aceleração. Respiro um pouco mais leve, aperto minha irmã em meus braços e sem perceber, fecho meus olhos e me embriago em um sono profundo.
Acordo sentindo minha irmã cutucar meu rosto, olho em volta e percebo que estamos mais próximos do rio que deveríamos, levando sentindo muitas dores, mas não consigo permanecer em pé, me sento novamente e respiro fundo.
- Que foi, imão? - Liz pergunta.
- Muita dor, Liz... - Choramingo.
3 ANOS DEPOIS
Liz segura minha mão forte, correndo, enquanto carrego dentro de uma bolsa, diversos biscoitos e danones roubados que estavam na dispensa do Orfanato. Meu coração acelerado com medo de ser pego, eu planejava essa fuga desde que cheguei aqui nesse lugar deplorável. Eu estava no Orfanato com minha irmã, mas nada do mundo me separaria dela como já tentaram fazer diversas vezes.
Depois de nos perdermos no matagal, achamos a volta da estrada e sem esperar, estávamos no Centro do Rio de Janeiro. Dormimos na rua e eu pedia esmola pra alimentar minha irmã, eu tinha que proteger ela, minha mãe me exigiu, ela era minha única parceira. Mas logo a Assistente Social bateu, eu tentei correr, mas esqueci da Liz deitada, em frente a Candelária, num pano que encontrei na rua.
Tive que buscá-la, mas foi tarde demais, eles já tinham nos cercado e sem querer, nos colocaram dentro de um carro com mais outras crianças para ir pro abrigo. Meu pior pesadelo.
Saímos do Orfanato, e pelo menos, de barriga cheia e abastecidos, não se sabia por quanto tempo iríamos vagar pelas ruas. Subi pela parte de trás do ônibus com minha irmã, e dei um grito de agradecimento ao motorista. Me sentei com a Liz, ofegantes e suados, mas com sorriso de vitória em meus lábios.
Pulamos para fora do ônibus quando ele chegou no ponto final, e eu nem ao menos sabia onde estávamos, mas descobri que estávamos num lugar com movimentação estranha, homens armados na entrada de uma subida. Minha irmã alterna o olhar entre mim e eles, aperto suas mãos e vamos pro lado oposto daquela subida, entramos numa rua sem saída, com apenas alguns feirantes despejando seus lixos.
Encontro o lugar perto, debaixo de um telhado e um meio fio espaçoso. Estendo o lençol que trouxe do Orfanato, e sento com minha irmã, pego a garrafa de 2 litros com água e bebo um pouco, ela pega e bebe também, ainda com os olhos atentos a mim.
- Irmão, a gente vai ficar aqui? - Pergunta, e eu assinto. - Não tem outros lugar? Eu tô com medo. - Ela sussurra.
- Liz, não temos mais pai, não temos mais mãe, só temos um ao outro, então a gente vai ter que ficar aqui até... - Me perco nas palavras, ela entende e encosta o rosto no meu ombro.
Ela já tinha entendido que só tínhamos um ao outro, no inicio foi difícil, ela chorava querendo nossa mãe, mas ela nunca voltou, e conforme eu crescia, a minha raiva só aumentava. Eu roubava pra sobreviver, e depois de 1 ano vagando nas ruas, uma feirante nos parou, ela já era uma moça na casa dos 40, com pena da nossa situação, da nossa sujeira, ela falou que levaria a gente para casa dela.